Portugal
venceu ontem o País de Gales no Euro2016. Ganhou passagem para a grande final a
disputar em Paris. O delírio invadiu ontem à noite, em Portugal, os
portugueses. Em França a festa foi de arromba para a comunidade portuguesa,
sendo que muitos deles(as) já são franceses, lusodescendentes. O município de
Paris, gentil, iluminou a Torre Eifel com as cores da bandeira de Portugal. Os
portugueses pelo mundo festejaram a vitória da seleção portuguesa. A seleção
dos empates que passo a passo chegou à final a jogar em Paris no próximo
domingo. O adversário ainda é desconhecido porque falta saber que equipa será
apurada no duelo entre a França e a Alemanha. Quem vencerá? Quem vai estar a
confrontar-se com a seleção de Portugal para conquistar o título de campeão do
Euro2016? Alemanha ou França? Daqui por algumas horas já saberemos.
Se
é verdade que existem portugueses espalhados por quase todos os cantos do mundo
há também os que sem serem portugueses sentem Portugal de modo muito especial,
incluindo no futebol. Foi isso que vimos em Timor-Leste. Pelo relatado e pelas
imagens partilhadas as manifestações de alegria e de apoio à seleção lusa
extravasaram o que muitos viam e sentiam nos timorenses de forma minimalista. E
então foi o espanto, a comoção, a lágrima no canto do olho por ver que a
dezenas de milhares de quilómetros de Portugal, no traseiro do mundo, nos
antípodas, há um povo que em grande número tem Portugal no coração – no futebol
e em muito mais.
Testemunha
disso foi (é) o insuspeito enviado residente da Agência Lusa, o jornalista
António Sampaio, que em Díli fez a cobertura do acontecimento, da “festa” que
em caravanas medonhas comemorou a vitória da seleção portuguesa. O seu texto está
esparramado na postagem a seguir, aqui no PG. O que ali não está tão livre,
comovido, singelo, alegre, grato e espantado é a sua reação a algo que nunca
vira nem imaginava poder ser tão imenso: a ligação dos timorenses a Portugal,
aos portugueses. Ainda bem que a viu e sentiu. Não sabemos se rolou uma lágrima
pelo canto do olho mas dá para apostar que sentiu muitos arrepios. A prova está
naquele curto desabafo no Facebook. Diz ali o jornalista António
Sampaio (e junta vídeo):
“Em
Timor já vi grandes manifestações, incluindo as gigantes pré-referendo em 1999,
algumas grandes caravanas partidárias e dias de celebração de vários tipos. Mas
confesso que nunca tinha visto nada assim. Nem sabia que havia tantas bandeiras
portuguesas em Díli. Aliás, acho que nunca na história de Timor-Leste houve
tantas bandeiras portuguesas em Timor. Pode dizer-se muita coisa e haverá quem
possa querer tirar leituras disto. O que vi hoje foi alegria genuína, gente
jovem e não tão jovem, famílias montadas em motas, camiões carregados de
jovens, muitos deles para quem a ligação a Portugal nunca existiu, formalmente.
Alegria e uma celebração sem precedentes a mostrar uma ligação com 500 anos,
que se marcou com formalismos e um caravela em novembro do ano passado, com
missas e concordatas também em 2015 mas que se sente nestas coisas. Nesta festa
timorense de uma vitória portuguesa. E sim. Há aqui quem não veja valor na
ligação a Portugal, à sua língua, à história e cultura comum. Esses hoje devem
ter ficado a pensar o que motiva tanta gente a sair à rua. Sem que ninguém os
obrigue, sem ordens de partidos, governos, ideologias, visões sobre identidade.
Só para cantar uma vitória que todos nós que falamos português ou a esta língua
e história que nos une, celebramos hoje. Obrigado timorenses por esta lição que
nos deram, a Timor e a Portugal. E, já agora, aos vizinhos aqui mais próximos.
E agora vamos para a festa rija na final!"
António
Sampaio, no Facebook
Há
muitas mais bandeiras portuguesas em Timor-Leste
Depois
disto é evidente que Timor-Leste e os timorenses são um país e um povo muito
especiais para Portugal e para os portugueses. E vice-versa. Não só no futebol.
Existem muitas provas disso. A distância geográfica que nos separa, em milhas
ou quilómetros, em oceanos, tem tido o condão de nos aproximar como a nenhuma
outra ex-colónia, e mesmo nos tempos da terrível colonização essa era a evidência
que aqueles que conhecem Timor-Leste experimentavam. Timor no coração, quem, de
nós, não o tem?
Refere
António Sampaio no texto: “Mas confesso que nunca tinha visto nada assim. Nem
sabia que havia tantas bandeiras portuguesas em Díli. Aliás, acho que nunca na
história de Timor-Leste houve tantas bandeiras portuguesas em Timor.”
Quem
não vê é como quem não sabe. Mas agora António já sabe. Muitos outros ficaram a
saber. Viram, sentiram, ficaram siderados por aquela visão e calor que só os
timorenses sabem dar… quando sentem e querem. Há ainda muitas mais bandeiras de
Portugal em Timor-Leste, portugueses.
Obrigadu
barak, mauns timoroan.
Mário
Motta / PG
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