quinta-feira, 9 de julho de 2015

Enquanto no Brasil "Maju" é alvo de racistas, em Portugal, jornalista negra faz história




Lisboa/Portugal - Na mesma semana em que, no Brasil, a jornalista Maria Júlia Coutinho, apresentadora do tempo do Jornal Nacional, da Rede Globo, se tornou alvo de hostilidades e ataques racistas, em Portugal, Conceição Queiroz, jornalista portuguesa nascida em Moçambique assumiu o jornalismo da TVI24, canal de notícias a cabo da TVI, uma das principais estações da televisão portuguesa.

É o que relata, o jornalista Alberto Castro, correspondente de Afropress em Londres. "Um dia após os restos mortais do grande Eusébio da Silva Ferreira receber honras de Estado e passar a repousar eternamente no Panteão Nacional, ao lado dos grandes vultos da história de Portugal, o país do agora imortal Pantera Negra, marcou mais um golaço em favor da inclusão e da sua diversidade étnico-racial" conta Castro, ao mencionar a data em que Queiroz assumiu o telejornalismo do canal. 

Ela tem nacionalidade portuguesa, mas nasceu em Moçambique. Desde sábado (04/07), a jornalista assumiu a apresentação do telejornal da TVI24, que vai ao ar das 09h às 15h, na TVI. Conceição tornou-se, 21 anos depois, a segunda pessoa negra a sentar-se na bancada principal da estação de TV. A primeira foi José Mussuali, também de origem moçambicana que, em 1994, fez história ao se tornar no primeiro homem negro a apresentar um telejornal, e logo em horário nobre. 

''É importante assumir a diferença. Assumo toda a minha africanidade'', disse Conceição, em entrevista ao jornal luso Diário de Notícias. Ciente da realidade e dos preconceitos raciais que disse já ter sentido na pele, a jornalista mostra-se, no entanto, otimista quanto ao futuro, lembrando ser perfeitamente comum a presença de âncoras das mais diversas etnias no panorama televisivo de países como a Inglaterra ou os Estados Unidos. 

''Acho que vamos chegar lá. Vai demorar algum tempo, mas esta situação já é um bom sinal, estamos no bom caminho", afirmou.

Em Portugal, segundo Alberto, são poucos os casos de profissionais de imprensa originários de minorias étnicas como apresentadores principais de programas informativos ou de entretenimento. "A jornalista Alberta Marques Fernandes foi o primeiro rosto marcadamente afrodescendente do noticiário da televisão em Portugal. Atualmente moderadora de programas e apresentadora de noticiários na RTP Informação, ela fez história em 1992 quando se tornou na primeira pessoa a abrir as emissões da SIC", afirma.
 

*Alberto Castro é correspondente de Afropress em Londres e colabora em Página Global

40 ANOS DA INDEPENDÊNCIA DE MOÇAMBIQUE JUNTA ARTISTAS NO REINO UNIDO




Artistas moçambicanos como Mingas, Moreira Chonguiça, Pedro Ben e Otis estão no Reino Unido para abrilhantar diversas galas organizadas para celebrar os 40 anos da independência nacional, assinalados a 25 de Junho último.

Este leque de artistas nacionais inclui ainda músicos e dançarinos como Teresa Maiuko, Benvindo Fonseca, Elias Kacomanolis, Hélder Pack e o grupo local de dança Xipane-Pane.
As celebrações dos 40 anos da independência de Moçambique no Reino Unido tiveram o seu principal momento formal no dia 3 de Julho de 2015, com a realização de uma recepção oficial, que teve lugar no “Instituto dos Directores”, em Londres.

A cerimónia foi abrilhantada pelo consagrado saxofonista moçambicano Moreira Chonguiça, que interpretou o hino nacional, “Pátria Amada”, e ainda pelo artista nacional Otis.

Participaram membros do corpo diplomático, homens de negócio, académicos, organizações não-governamentais, amigos e membros da comunidade moçambicana, representados pelas associações “Casa de Moçambique” e “Mulher Moçambicana”.

O Governo britânico foi representado pela Baronesa Lynda Chalker, membro da Câmara dos Lordes e Cidadã Honorária de Moçambique, e por outros altos funcionários.

Na ocasião o alto-comissário de Moçambique no Reino Unido, Carlos dos Santos, destacou a alegria e orgulho dos moçambicanos pelos 40 anos da independência, pelas conquistas alcançadas, os desafios e a responsabilidade para um futuro ainda melhor.

A Baronesa Lynda Chalker destacou o crescimento qualitativo e quantitativo das relações bilaterais entre os dois países nos últimos anos, em particular as relações político-diplomáticas, de cooperação e económico-comerciais.

Neste contexto, mencionou a decisão dos dois Governos de elevar o nível das relações através da “Parceria de Alto Nível para a Prosperidade”, aprovada em 2014, decorrendo desde então discussões sobre como maximizar as oportunidades em áreas de interesse comum como a agricultura, indústria extractiva, serviços financeiros, ambiente de negócios e a formação/capacitação nas mesmas áreas.

A celebração dos 40 Anos da Independência de Moçambique no Reino Unido inclui a realização de três galas culturais, no dia 4 de Julho no “Leicester Square Theatre”, em Londres, no dia 6 de Julho no “St George’s Concert Hall”, em Liverpool, e ontem, novamente em Londres, na “Brunei Gallery” da “Escola de Estudos Orientais e Africanos – SOAS, da Universidade de Londres.

Notícias (mz)

Moçambique. Polícia prende ex-militar envolvido em assaltos com arma do exército




A Polícia moçambicana deteve um ex-militar suspeito de pertencer a um grupo que se dedicava ao roubo de viaturas com uma arma supostamente desviada do exército em Manica, centro do país, disse hoje à Lusa fonte policial.

Belmiro Mutadiua, porta-voz da Polícia de Manica, disse que o homem foi detido após assaltar e roubar um taxista na capital provincial, Chimoio, tendo a polícia encetado uma perseguição, que culminou com o despiste e capotamento da viatura em que seguia o grupo.

O ex-militar foi preso, mas outras duas pessoas fugiram, segundo o porta-voz.

"Era um grupo que a Polícia já vinha investigando por roubo de viaturas de serviço de táxi", declarou Belmiro Mutadiua, acrescentando que o grupo "usava uma pistola de marca Rubi, exclusivo para defesa pessoal de dirigentes das Forças de Defesa e Segurança" e cujo calibre de munições já não é usual na Polícia.

"Interessa-nos saber agora a proveniência da arma e das munições", observou Belmiro Mutadiua.

O porta-voz manifestou preocupação com a criminalidade e a proliferação de armas de fogo em "mãos alheias" em Manica, supostamente vindas de outras regiões do país.

Há duas semanas a Polícia moçambicana na Beira, província de Sofala, deteve um grupo de três desmobilizados do exército, quando tentavam assaltar uma agência bancaria na segunda maior cidade do país.

Lusa, em Notícias ao Minuto

PERGUNTAS PARA SE FAZEREM CAIR MÁSCARAS!



Martinho Júnior, Luanda 

1 – A passagem por Angola dos cinco combatentes cubanos anti terrorismo recentemente libertados, deveriam suscitar muitas perguntas por parte dos angolanos e, em particular, por parte de membros de sua juventude.

De facto, na essência da questão, está a própria democracia e as tergiversas ilusões que sobre ela recaem, quando ela é posta à prova como o foi com a decisão de prender, julgar e condenar todos e cada um dos cinco heróis cubanos que lutaram pela verdade contra o terrorismo!
  
2 – Há uma pergunta-chave que poderá merecer todo o tipo de encadeado de perguntas:

Como um estado como os Estados Unidos da América, que se diz exemplar e exponencial em relação à democracia, aceita soltar por decisão política, aqueles que havia prendido durante tanto tempo, julgados e condenados tão levianamente, conforme o foram os cinco heróis cubanos?

A partir dessa pergunta outras mais se poderão suscitar, entre elas:

- Que tipo de manipulações houve com os respectivos processos judiciais, ferindo o próprio quadro de leis dos Estados Unidos da América?

- Que tipo de branqueamento foi feito, em termos de informação pública e pelos “média de referência” contaminados, relativo às decisões ditas “judiciais” produzidas pelos Tribunais dos Estados Unidos da América?

- Como funciona o sistema prisional da “maior democracia do mundo”, perante casos desta natureza?

- Quantos (e quais) presos políticos não estarão afinal sujeitos às condições de prisão mais rigorosa alguma vez concebida, na “maior democracia do mundo”?

Como é possível o aprisionamento até de povos inteiros ao “diktat” da conveniência dos poderosos 1% que procuram dominar nos Estados Unidos da América e no mundo, como por exemplo o que tem vindo a acontecer com Porto Rico e o Haiti, algo que tanto tem a ver com um mal disfarçado racismo que se tem vindo a prolongar século após século?
  
3 – Vem tudo isto a propósito da campanha desencadeada pela “colina do Miramar”, directa ou por interpostas pessoas ou entidades, sobre a detenção e investigação em curso que pesa sobre os 15 jovens “revolucionários” em relação aos quais se aguarda julgamento, tendo em conta que um deles, o Carbono, conseguiu escapar e “pedir asilo político”!

Razão tinha (e tem) o Comandante Hugo Chavez: com tanto carbono (por lástima quanto preze inclui-se o carbono puro), à latitude de Luanda (e não só na sala principal do edifício da ONU), também “cheira a enxofre por aqui”! 

Foto: Jovens angolanos recepcionam “os cinco” no Aeroporto 4 de Fevereiro em Luanda.

Angola. UMA GESTÃO RESPONSÁVEL CONTRA A MARÉ



Filomeno Manaças – Jornal de Angola. opinião

Apesar das adversidades que a economia angolana passou a conhecer (e não foi a única), na sequência da queda do preço do petróleo no mercado internacional a partir de Junho do ano passado, Angola tem estado a fazer face a esse período conturbado com uma boa gestão e desempenho macroeconómico satisfatório

O período conturbado representado por essa quebra do valor das ramas ainda não foi de todo ultrapassado, mas o ligeiro desafogo na situação financeira do país anunciado pelo Presidente José Eduardo dos Santos na reunião do comité central do MPLA, assente principalmente no aumento verificado do preço do petróleo, das receitas não petrolíferas e do recurso a linhas de crédito, confere mérito à estratégia adoptada pelo Executivo e abre, assim, boas perspectivas de retoma da economia num ambiente praticamente de “contra maré”. Há uma gestão responsável da economia que contraria muitos dos maus prognósticos que foram feitos quando despoletou no mercado a crise do preço do petróleo, com os valores a registarem uma queda vertiginosa mês após mês.

E é aqui que ganha peso significativo a dose de optimismo com que encaramos a aposta do Executivo num ligeiro aumento da despesa pública destinada aos sectores sociais, com prioridade para a saúde e educação, a par da manutenção do ritmo do processo de diversificação da economia através do asseguramento do investimento estrangeiro.

A visita do Presidente francês a Angola não foi apenas um acontecimento político. François Hollande disse no final da sua estadia que a grande presença de empresas francesas em Angola é um sinal claro de que o país tem um grande futuro económico pela frente. Estivesse Angola em caos e “prestes a explodir”, como a UNITA anda por aí a propalar, o estadista francês não teria cá posto os pés.

Hollande falou do prestígio de Angola e do seu Chefe de Estado. Não o fez porque quis agradar às autoridades angolanas, mas sim porque há factos concretos que provam a grande figura de estadista que é José Eduardo dos Santos.

Da presença de Hollande no nosso país resultaram acordos que vão não só reforçar a cooperação económica entre os dois países, mas a sua importância deve ser vista porque estão direccionados para a diversificação da economia e para a criação de empregos.

No mesmo sentido se enquadrou a visita do Presidente José Eduardo dos Santos à China, onde foi também possível obter financiamentos para dar continuidade a muitos dos projectos concebidos para melhorar as condições de vida das populações, promover o progresso social e económico, e sobretudo o ensino e a educação.

Mas isso tudo não agrada a quem quer ver Angola a caminhar para a frente. Uma série de notícias falsas foram de imediato postas a circular, com as redes sociais a ampliarem a sua divulgação. E foi dito, por exemplo, que Angola vendeu à China a província do Cuando Cubango. Como se a Constituição angolana permitisse tal barbaridade. Mas isso não nos admira. É fácil descortinar qual a origem de tão grande falsidade.

Contra os chineses temos aliás assistido à divulgação de informação não verdadeira e de cunho claramente xenófobo, o que não é feito em relação a outras nacionalidades.

O motivo está à vista: a cooperação com a China permitiu a Angola sair do sufoco pós-guerra em que se encontrava, pondo em marcha uma série de projectos que hoje ninguém ousa negar que vieram dar um grande contributo para a mudança de imagem do país. As centralidades são apenas as obras mais emblemáticas. As estradas que permitiram relançar a circulação rodoviária pelo país vêm de seguida. E há muitos outros projectos realizados e outros em curso.E tudo isso vai, dentro de poucos anos, transformar Angola num grande país. É com trabalho que o país cresce e se desenvolve e não com mentiras e intrigas políticas sem pernas para andar.

A ideia de que o país está “insustentável” e “prestes a explodir” só cabe na mente de quem ainda sonha com o passado de guerra e está sempre à espreita da mínima oportunidade para tentar lançar o caos e a desordem.

Apesar de um certo relaxamento na análise da situação por parte de alguns sectores da sociedade, é de levar a sério a advertência feita pelo Presidente da República de que “não se deve permitir que o povo angolano seja submetido a mais uma situação dramática como a que viveu em 27 de Maio de 1977, por causa de um golpe de Estado”.

Acompanhámos e sabemos todos como foi executada a “cartilha de Kiev”. Como começou e que evolução teve. Quem esteve a apoiar e que envolvimentos estrangeiros estiveram implicados na acção. Vimos como funcionaram as redes sociais que foram utilizadas para empolar a situação. Escusado será dizer quem lá esteve por diversas vezes a dar orientações.

E tivemos uma boa lição de que em democracia há manifestações e manifestações. Há as legítimas, legais e pacíficas. E há as que configuram claramente acções de natureza criminal. Lançar combustível aos pneus e atear fogo aos mesmos para construir barreiras e obstaculizar o trânsito de pessoas e viaturas, não tenhamos dúvidas, é arruaça, logo é uma acção que cai na alçada da justiça.


E não nos venham, pois, com a ladainha de que em democracia tudo é permitido! Precisamos todos de encarar com responsabilidade a condução do país e pôr de parte o infantilismo político.

Contingentes militares do Gabão e da Guiné Equatorial na Independência de São Tomé




A 12 de Julho

São Tomé – Dois contingentes militares do Gabão e da Guiné Equatorial vão desfilar no acto central comemorativo da Independência no próximo domingo, 12 de Julho, em conjunto com as tropas santomenses.

No total são cerca de 80 homens, 45 militares gaboneses e 34 equato-guineenses, que estarão nos próximos três dias, entre 9 e 12 de Julho, em São Tomé.

«A
razão desta presença é a solidariedade que esses países quiseram exprimir em relação a São Tomé e Príncipe. Mas, para nós também é um gesto de profundo reconhecimento, porque esses países são os dois Estados vizinhos que acolheram o movimento nacionalista que conduziu à luta de libertação e o nosso país à independência», justificou o ministro da Presidência do Conselho de Ministros e dos Assuntos Parlamentares, Afonso Varela, perante os deputados.

O Parlamento aprovou esta quarta-feira a resolução que permite ao Presidente da República autorizar a presença de tropas estrangeiras no território nacional, de acordo com a Constituição.

Os deputados da oposição, particularmente do PCD e do MLSTP/PSD, criticaram o procedimento que não respeitou as normas processuais, obrigando a convocação «de emergência» da plenária, apenas para abordar esta questão.

Há uma semana, quando o Parlamento esteve reunido, questionado por um dos deputados da bancada do PCD, o Presidente da Assembleia Nacional, José Diogo, afirmara na ocasião que não tinha recebido qualquer documento do Governo neste sentido.

As celebrações do 40.º aniversário da Independência contarão ainda com a presença de entidades, artistas e grupos culturais estrangeiros.

(c) PNN Portuguese News Network – Jornal Digital

CURTAS DO QUOTIDIANO DA GUINÉ-BISAU EM “CONSENSO DITATORIAL”, A REALIDADE




Do Ditadura do Consenso, de António Aly Silva, em Bissau, selecionamos algumas breves notícias e apontamentos que nos aproximam muito mais de realidade da Guiné-Bissau.

- RIP/ÚLTIMA HORA: Faleceu em Lisboa o escritor guineense António Felix Siga. Paz à sual alma e condolências à família.

- Kanua matchu na hora di duzuspero... - O Conselho de Ministros aprovou a construção de um novo bairro a que chamou (erradamente) NOVO BISSAU. Se Bissau é no feminino porque é que o nome será NOVO e não NOVA?! Temos de ser sempre medíocres em tudo o que fazemos? Mudem esse nome para NOVA BISSAU - já!

- TORTURADO ATÉ À MORTE: O juíz de Instrução Criminal decretou ontem a prisão preventiva a cinco dos 10 agentes da polícia de ordem pública de Bissorã, acusados de terem torturado até à morte o cidadão nacional Tchutcho Mendonça, de 37 anos de idade, na sequência de uma denúncia da Liga Guineense dos Direitos Humanos. Aos restantes cinco foram aplicadas medidas de coação de termo de identidade e residência. 

- EUA admitem colaborar com a Guiné-Bissau em exercícios militares - Os Estados Unidos da América admitem colaborar com a Guiné-Bissau em exercícios militares, anunciou hoje o secretário de Estado da Marinha norte-americano, Ray Mabus. "Falámos de programas específicos em que a Marinha e os fuzileiros podem colaborar com a Guiné-Bissau", nomeadamente, na realização de exercícios e treinos conjuntos, referiu após encontros com as autoridades guineenses.

Ray Mabus, o mais alto dirigente da administração norte-americana a visitar a Guiné-Bissau até hoje, reuniu-se com a ministra da Defesa, Cadi Seidi, com o primeiro-ministro, Domingos Simões Pereira, e com o Presidente da República, José Mário Vaz. A visita inseriu-se num périplo daquele responsável por países africanos.

Os encontros com as autoridades guineenses serviram para reforçar "o envolvimento que existe entre os dois países. Dei os parabéns ao Presidente pelo aniversário da democracia", numa alusão às eleições do último ano que puseram fim ao regime de transição que sucedeu ao golpe de Estado de 2012.

O secretário de Estado norte-americano Ray Mabus destacou também a atual agenda reformista guineense. "A democracia, a transparência do Governo e o controlo civil dos militares permitem este relacionamento" entre EUA e Guiné-Bissau, concluiu.

- NOTÍCIA DC: O Procurador Geral da República, telefonou pessoalmente ao actual secretário de Estado da Cultura e Desportos, Tomás Barbosa, para lhe dar conta de que será ouvido em futuras diligências por causa da sua passagem pelas Pescas. A resposta do governante é que não foi de modas: "Sr. Procurador, eu não tenho medo de nada. Há pouco tempo tinha toda a tropa à minha procura!"...Tomás Barbosa referia-se à caça ao homem de que foi alvo depois do golpe militar que depôs o primeiro-ministro, Carlos Gomes Jr.


Na foto: António Aly Silva – Ditadura do Consenso 

UNIÃO EUROPEIA APOIA A GUINÉ-BISSAU NA LUTA CONTRA O NARCOTRÁFICO




Com laboratório de análise de drogas

Bissau - A delegação da União Europeia (UE) junto da República da Guiné-Bissau assinala esta quarta-feira, 8 de Julho, pelas 11.30 horas, na sede da Polícia Judiciária em Bissau, a inauguração do laboratório de análise de drogas sob a responsabilidade da Polícia Judiciária.

O laboratório permitirá ao Estado bissau-guineense actuar mais eficazmente contra o narcotráfico. Provisoriamente armazenados na delegação da UE desde o golpe de Estado de 12 de Abril de 2012, até ao empossamento das autoridades legítimas em 2014, os materiais que compõem este laboratório químico foram entregues ao Governo da Guiné-Bissau em Novembro de 2014.

Foi completada a formação dos agentes da Polícia Judiciária que utilizarão o laboratório, e finalizada a sua instalação, no âmbito do projecto EUTranscrim, inteiramente financiado pela UE com cerca de 406 milhões de Francos CFA (620 mil euros) e implementado pela ONUDC.

Este projecto tem como objectivo principal a diminuição dos crimes transnacionais na Guiné-Bissau, incluindo o tráfico de drogas, através do reforço das capacidades do sistema de justiça criminal para investigar criminosos e o estabelecimento de mecanismos de cooperação entre as autoridades de polícia criminal.

Com o acto da inauguração oficial do laboratório de análise de drogas a UE reitera o seu apoio ao Governo da Guiné-Bissau na luta contra os crimes transnacionais e na construção de um Estado de Direito.

(c) PNN Portuguese News Network - Jornal Digital

MISSÕES TÉCNICAS APOIAM TRIBUNAL DE CONTAS E PARLAMENTO DA GUINÉ-BISSAU




Bissau, 08 jul (Lusa) - Duas missões técnicas estão na Guiné-Bissau para dar formação ao Tribunal de Contas do país e à Assembleia Nacional Popular, o Parlamento guineense, anunciou fonte da organização das missões.

No Tribunal de Contas, o objetivo é ajudar as equipas locais a elaborar os pareceres sobre a Conta Geral do Estado de 2009 e de 2010, num trabalho com a assistência técnica da União Europeia, segundo é referido em comunicado.

No que respeita ao Parlamento, pretende-se fazer a revisão e atualização do Plano Estratégico da Assembleia, tratar do reforço da fiscalização parlamentar sobre os instrumentos de cooperação internacional e os projetos de desenvolvimento em curso no país.

Outros dos objetivos passa pela elaboração participada de um Código de Ética, Integridade e Responsabilidade Pública para os parlamentares eleitos.

Ambas as missões estão enquadradas no Plano Anual do Trabalho de 2015 do "Pro PALOP-TL ISC", um projeto inteiramente financiado pela UE no montante de 6,4 milhões de euros e executado pelo escritório do PNUD de Cabo Verde.

O projeto inclui ações a serem realizadas em todos os PALOP e em Timor-Leste no período de dezembro de 2013 a até final de 2016.

LFO

LUTA PELA INDEPENDÊNCIA DE CABO VERDE COMEÇOU HÁ 193 ANOS




No fim-de-semana em que os cabo-verdianos assinalavam os 40 anos de independência, o historiador Eduardo Camilo Pereira defendeu no Luxemburgo que o primeiro o projecto de independência em relação a Portugal foi em 1822, com a criação do partido Pro-Brasil.

“O objectivo era separar Cabo Verde de Portugal e implantar uma república ligada ao governo de Rio de Janeiro, com administração britânica. Quem estava por detrás disso eram os liberais exaltados, a maioria residentes no Rio de Janeiro, mas também em Cabo Verde, onde os padres eram dos principais líderes do partido Pro-Brasil”, disse o historiador cabo-verdiano ao CONTACTO.

Eduardo Camilo Pereira esteve no sábado na sede do CLAE para apresentar a 3a edição do seu livro “Política e Cultura: As revoltas dos Engenhos (1822), de Achada Falcão (1841) e de Ribeirão Manuel (1910)”.

Para o historiador e professor da Universidade de Cabo Verde, as revoltas foram “um dos instrumentos do partido Pro-Brasil para fazer uma profunda revolução política, social e económica em Cabo Verde e conseguir a emancipação de Portugal”, entretanto falhada. 
As duas primeiras edições do livro esgotaram-se rapidamente e a terceira vem "provar a actualidade de temas como a escravatura" no arquipélago, diz Eduardo Camilo Pereira.

"Há todo um estereótipo construído por volta dessa altura e que se observa ainda hoje. Algumas pessoas em Cabo Verde ainda mantêm a mentalidade de que são civilizadas e de que outras apenas possuem a força braçal. É o que pensam, por exemplo, das pessoas do interior de Santiago, pessoas conotadas com força física".

"A separação Norte-Sul" é outro dos exemplos ainda existentes na sociedade cabo-verdiana, sustenta o historiador.

"Esse regionalismo é um discurso forjado pelo então deputado Teófilo Dias e o governador Joaquim Pereira Marinho, e que permanece até hoje. O Teófilo Dias dizia que a ilha de Santiago nunca haveria de se civilizar, e não é por acaso que o primeiro liceu foi construído na ilha de São Vicente, onde queriam construir um modelo de desenvolvimento para as outras ilhas, com o objectivo de exterminar os negros. A cidade ideal de Mindelo [capital de São Vicente], mandada elaborar pelo Marquês Sá da Bandeira, foi criada para abrigar a civilização e o escravo não podia entrar ali, segundo o governador Marinho, com excepção daquele que tivesse um ofício reconhecido", acrescenta o investigador, que defende o abandono desses preconceitos.

Sobre a independência, de há 40 anos, o professor diz que “foi a melhor coisa que poderia ter acontecido na história de Cabo Verde".

"Valeu a pena a independência. O povo cabo-verdiano passou a ser respeitado pelo seu trabalho e temos uma cultura reconhecida no mundo. Apesar de termos ainda muitas dificuldades, acredito que somos um país viável", concluiu Eduardo Camilo Pereira.

Henrique de Burgo – Contacto

Portugal ajuda Cabo Verde a transformar campo de concentração do Tarrafal em museu




Portugal vai ajudar Cabo Verde a transformar o antigo campo de concentração do Tarrafal, norte da ilha de Santiago, num projeto que também deverá envolver outros países, disseram hoje fontes governamentais na Cidade da Praia.

A informação foi avançada a imprensa pelo ministro da Cultura cabo-verdiana, Mário Lúcio Sousa, e pelo secretário de Estado da Cultura de Portugal, Jorge Barreto Xavier, que iniciou hoje uma visita de três dias ao país africano para fortalecer as relações culturais e bilaterais.

O antigo campo de concentração do Tarrafal, situado na localidade de Chão Bom, foi criado pelo regime colonial português em abril de 1936 sob o nome de "Colónia Penal do Tarrafal" e encerrou oficialmente em 1954, embora a maior parte dos então detidos tenha sido libertada em 1945, após o final da Segunda Guerra Mundial.

Em junho de 1961, o então ministro do Ultramar português, Adriano Moreira, ordenou a reabertura das instalações sob o nome de "Campo de Trabalho de Chão Bom", desta feita para encarcerar resistentes à guerra colonial em Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde, tendo a segunda fase durado 13 anos, até ao seu encerramento definitivo, a 01 de maio de 1974.

"Já há um entendimento entre nós para criar uma equipa conjunta para fazer a musealização final do antigo campo de concentração do Tarrafal. As coisas terão os seus passos, já avançamos, há uma equipa a trabalhar nos projetos, já há um acordo político e agora sim se vai formar a equipa que começará a trabalhar logo que seja possível", indicou Mário Lúcio Sousa.

Para o ministro cabo-verdiano, os dois países querem "reinventar" novas formas de cooperação, fora dos planos indicativos, que "levam mais tempo e que precisam de mais meios".

"Setorialmente podemos ir fazendo algumas coisas, com reciprocidade, com afeto e generosidade", prosseguiu Mário Lúcio Sousa, assegurando o envolvimento de outros países, como Moçambique, Angola e Guiné-Bissau, mas não avançando datas para o início dos trabalhos.

Reconhecendo o "simbolismo" do também conhecido como "campo da morte lenta", o secretário de Estado da Cultura de Portugal disse que a transformação em museu é um sinal de como se pode celebrar enquanto cidadãos, falantes da língua e pertencentes a uma comunidade.

A transformação do campo de concentração do Tarrafal em museu é um dos pontos de um protocolo de cooperação que será assinado sexta-feira, último dia da visita do governante português, e que abrangerá ainda áreas como património, bibliotecas, literatura, artes, direitos de autor e direitos conexos, arquivos e política do livro, entre outros.

Além de reuniões de trabalho com Mário Lúcio, o governante português será recebido por Manuel de Pina, presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande de Santiago - conhecida como Cidade Velha -, capital cabo-verdiana da cultura em 2015.

Na quinta-feira, Jorge Xavier Barreto desloca-se ao Tarrafal, onde se reunirá com o edil local e visita o antigo campo de concentração, atualmente denominado Museu da Resistência e que guarda hoje num mal conservado edifício a memória de centenas de antifascistas portugueses e nacionalistas africanos que ali estiveram encarcerados.

No último dia, o secretário de Estado português fará visitas ao Banco da Cultura de Cabo Verde, uma iniciativa do governo cabo-verdiano que promove o financiamento a artistas e agentes culturais locais, e ao futuro Museu da Música, que está a ser edificado na Cidade da Praia.

Lusa, em Notícias ao Minuto

PORTUGAL É “UM PAÍS QUE PRATICAMENTE FOI VENDIDO AO ESTRANGEIRO” - Bagão




Bagão Félix analisou o debate do Estado da Nação e a legislatura de Pedro Passos Coelho.

No comentário na SIC Notícias sobre o debate do Estado da Nação, Bagão Félix acredita que um “debate repetido e repetitivo” é cansativo para as pessoas e não traz “um arejamento de ideia de esperança” que os portugueses precisam de ter.

O comentador admite que, em algumas das “grandes questões, retirando a questão da dívida, o país está melhor”. O economista explica que a composição do produto foi alterada, em termos de exportações, contudo, é necessário saber se este é “sustentável”.

Mais ainda, “a questão da redução de défice e do endividamento externo, são aspetos que devem ser tidos como património, como dados adquiridos, independentemente do modelo que se queira construir”, explica Bagão Félix ao enumerar os pontos fortes conseguidos pela legislatura.

Porém, as questões a nível social, como o desemprego, são difíceis “de suportar do ponto de vista humano e do ponto de vista dos sistemas de prestações sociais”. A emigração é também um assunto que fica longe de estar resolvido e que, segundo explica Bagão Félix, prejudica a suposta descida do desemprego, já que a população ativa que abandona o país deixa de contar para os números mas o desemprego mantém-se bastante alto.

O economista aborda também o facto de, no fim da legislatura, haver “um país que praticamente foi vendido ao estrangeiro”, o que faz com que “a nossa soberania esteja muito mitigada”, ao terem sido perdidas grandes referências económicas nacionais.

Notícias ao Minuto

Portugal. O ESTADO DA NAÇÃO




O país recuou mais de uma década. O poder de compra dos portugueses regrediu a níveis comparáveis com o dos anos 90. Os direitos laborais degradaram-se e mais de um milhão e duzentos mil portugueses estão no desemprego, mesmo após o êxodo forçado de cerca de meio milhão, principalmente de jovens qualificados.

A produção cultural contraiu-se num fechado núcleo de estruturas que tiveram condições para fazer frente à asfixia financeira ou que ainda conseguem obter uma das migalhas que sai do bolso da DGArtes. O apoio do Estado à produção cultural nunca foi tão baixo em democracia.

A cultura cada vez mais se resume ao papel de adorno social e estético de uma pequena-burguesia que, apesar de tudo, está em decadência.

O emprego nunca foi tão precário. Ou melhor, precário sempre foi, mas nunca ouve tão pouca compensação pela precariedade do vínculo.

Os salários representam a menor fatia do rendimento nacional de que há memória, sendo apenas comprável a sua proporção ao que se viveu nos tempos do fascismo.

A Ciência e a Tecnologia venderam-se ao mercado das publicações ao quilo, e os laboratórios do estado foram substituídos por unidades que disputam projectos atrás de projectos como se de projectos e financiamento concorrencial vivesse o progresso.

A Universidade e o Ensino, em poucos anos, abandonaram a formação da cultura integral dos indivíduos e passaram a ser espaços de treino onde se formam as peças da engrenagem capitalista, dotadas de aguçadas competências e rombos conhecimentos.

O aparelho produtivo converteu-se num nichozinho de exportações, onde não há lugar para a agricultura familiar, as pescas e a produção industrial.

As empresas públicas foram entregues para posterior desmantelamento, empacotamento e remessa para o estrangeiro.

Milhares de portugueses alinham nas filas para as sopas e a lata de conserva pagas por outros portugueses no supermercado com sede no paraíso fiscal.

Os corredores dos hospitais têm número de cama atribuído nos sistemas de gestão hospitalar e os velhos encostam a solidão nas paredes das alas de urgências, paga a devida taxa moderadora.

O ambiente e as nossas riquezas naturais são lavrados gananciosamente por quem tenha dinheiro para seduzir o governo, seja chinês ou canadiano. De resto, os aerogeradores inflam a factura da electricidade que paga IVA à taxa normal e decoram a paisagem abandonada das reservas e parques naturais.

Os pobres não pagam. Não pagam mas também não andam. Com a agravante de ser o Governo dos ricos a ditar quem é pobre, fixando o limiar da miséria cada vez mais abaixo da linha da sobrevivência.

Os trabalhadores portugueses, já sem horários e pagamentos extraordinários, empobrecem a trabalhar ao invés de poupar.

Os tribunais despacham em catadupa os processos dos ricos enquanto fecham as portas a quem não qualifica como isento na taxa de justiça.

As forças policiais caem lestas sobre os trabalhadores em greve, mas não os protegem nos seus bairros nem nas suas ruas.

Os portugueses suportam cerca de 8 mil milhões anuais com gastos do serviço da dívida e mais 20 mil milhões de amortizações de capital. O Governo corre a substituir esses pagamentos por nova dívida e apresenta-se contente por ter conseguido comprar mais produtos financeiros no mercado dos abutres.

A pátria dos governantes resume-se à bandeira nacional que usam na lapela como marca registada do produto que vendem aos seus donos.

Independentemente da retórica que hoje faça sorrir os títeres parlamentares do capitalismo, independentemente da troca de palavras e ideias e de quem "ganhe" o debate e convença mais portugueses da sua bondade, a prática é o critério da verdade. E este é o estado da nação.

É o Estado construído à imagem dos caprichos da agiotagem e da usura, um Estado repressivo e opressor, que usa a força e a lei para desviar a riqueza dos portugueses para os manipuladores de marionetas que riem de bandeiras nacionais à lapela e do folclore das democracias. É esse Estado que Abril proibiu e eles reconstroem que nos põe, a 8 de Julho de 2015, no estado a que isto chegou.

Miguel Tiago - Manifesto 74, em Junta a Tua à Nossa Voz (Facebook)

Portugal. ABRIR HORIZONTES DE PROGRESSO - PCP apresenta Programa Eleitoral




O programa eleitoral é um importante instrumento de esclarecimento

O PCP apresentou, anteontem, num hotel de Lisboa, o seu Programa Eleitoral às eleições legislativas de Outubro. Na sua intervenção, que reproduzimos na íntegra nestas páginas, Jerónimo de Sousa sublinhou que o programa propõe a «ruptura com as receitas e caminhos que afundaram o País» e aponta a um «horizonte de progresso e desenvolvimento». Com ele, os comunistas têm um importante instrumento de intervenção, esclarecimento e mobilização dos trabalhadores e do povo.

Progresso e desenvolvimento, dignidade e soberania nacionais, resistência e luta. Estas foram algumas das palavras-chave da intervenção do Secretário-geral do Partido na apresentação do Programa Eleitoral, e correspondem acima de tudo a linhas essenciais e marcantes da proposta política do PCP, consubstanciada no programa «Política Patriótica e de Esquerda – Soluções para um Portugal com Futuro».

Perante uma sala repleta e uma plateia atenta e participativa, Jerónimo de Sousa reafirmou ser precisamente «no caminho da resistência e da afirmação da soberania, e não no da vassalagem aos centros do capital transnacional, que se defendem os interesses e direitos do povo português e do País». É este o caminho que o PCP aponta no seu Programa Eleitoral.

As três questões essenciais identificadas pelo Partido são demonstrativas da natureza antimonopolista da sua proposta: a renegociação da dívida, a recuperação pelo Estado do comando político da economia e uma mais justa política fiscal. Se a primeira representa uma «condição de desenvolvimento» e deverá ser articulada com o estudo e preparação do País para se libertar do euro, já a segunda implica a «retoma, por via da nacionalização, negociação adequada ou outros instrumentos, de empresas e sectores estratégicos, a começar pela banca».

A terceira questão resumiu-a Jerónimo de Sousa ao defender uma «política fiscal que inverta a transferência de rendimento do trabalho para o capital e desagrave as desigualdades». Se há «impostos a mais» sobre as camadas trabalhadoras e populares, há a menos, «e bem a menos, sobre o grande capital, os seus lucros e dividendos». 

Sem ruptura não há solução 

Após traçar as linhas gerais do Programa Eleitoral do PCP, Jerónimo de Sousa respondeu às perguntas dos jornalistas presentes, que incidiram sobretudo sobre a situação na Grécia e eventuais entendimentos com o PS. Quanto à primeira questão, o dirigente do Partido valorizou a corajosa resposta do povo grego, que se levantou contra a chantagem e a ingerência da União Europeia e do FMI. A situação na Grécia, acrescentou, dá razão ao PCP quando defende a necessidade de preparar e estudar a saída do euro: «Sem o caminho de ruptura não há solução duradoura para os problemas do País.»

Sobre os eventuais acordos com o PS, Jerónimo de Sousa lembrou que o PCP não tem qualquer problema à partida com acordos, compromissos e negociações. A questão, precisou, é sempre a mesma: saber que política emanaria desses acordos. «Para continuar a política de direita, não contem com o PCP», reafirmou.

A abrir a sessão, Fernanda Mateus, da Comissão Política, destacou o processo de construção do Programa Eleitoral, ligado à vida e aos problemas e aspirações dos trabalhadores e do povo. Francisco Bartolomeu encantou os presentes com a sua interpretação, ao piano, de canções como «Venham mais cinco», de José Afonso; «Valsinha», de Chico Buarque; «E depois do Adeus», de Paulo de Carvalho»; ou «Lisboa Menina e Moça», de Carlos do Carmo.


A LIGA DOS ADMIRADORES DO FMI




Há uns dias, um ex-governante socialista perguntava-me: já leste a coluna de hoje do líder de opinião da nova direita? Fui ler.

Francisco Louçã – Esquerda.net, opinião

Escreve Vital Moreira, no seu estilo do-alto-da-escada-monumental-eu-vos-contemplo: “O Governo Syriza fez tudo para tornar a divida insustentável e agora invoca a insustentabilidade autoprovocada para reclamar a reestruturação da dúvida. Os contribuintes dos demais países da União que paguem os irresponsáveis desmandos do Syriza”. Portanto, a culpa foi do Syriza, eles é que tornaram a dívida insustentável e agora querem que paguemos a conta, coitados de nós. Prova do crime, o relatório do FMI da semana passada.

Eis o que o trecho que Moreira triunfalmente apresenta, apoia e cita para demonstrar o “desmando” do Syriza:

“o FMI acrescenta que se fossem tomadas as medidas recomendadas na última revisão do programa agora terminado, a dívida grega não se tornaria insustentável:

If the program were implemented as specified at the last review, debt servicing would have been within the recommended threshold of 15 percent of GDP on average during 2016–45 . This would require primary surpluses of 4+ percent of GDP per year and decisive and full implementation of structural reforms that delivers steady state growth of 2 percent per year (with the best productivity growth in the euro area) and privatization.”

Leia com cuidado, se faz favor. Diz o FMI e repete o embevecido Moreira: se a austeridade tivesse sido aplicada como convinha, o serviço da dívida seria 15% do PIB de 2016 a 2045. Trinta anos. Para garantir esse pagamento, a Grécia só teria que assegurar um saldo primário acima de 4%. Durante trinta anos seguidos. Mas para isso ainda seria preciso que tivesse um crescimento real anual de 2% durante trinta anos, o que implicaria nada menos do que o “melhor crescimento da produtividade da zona euro”. Durante trinta anos.

A mais forte economia da Europa, a Alemanha nunca teve saldos primários de 4% durante uma década seguida nos tempos modernos, quanto mais durante trinta anos. Ou seja, a condição imposta à Grécia é uma impossibilidade, nunca houve nada de comparável, é uma impostura.

A hermenêutica do texto sagrado do FMI produz estes absurdos: onde o FMI indica que o plano é impossível, Moreira ou Passos Coelho descobrem as virtudes salvíficas da política de austeridade. Para eles, quanto pior melhor, se se cobrarem ainda mais impostos ou se se reduzirem as pensões então sobrará para pagar aos credores e aos seus juros, estamos salvos.

Se tivesse lido este relatório como ele é, a demonstração triste do fracasso do “ajustamento”, Moreira não teria ficado estarrecido com o resultado do referendo. Agora, escreveu ele na noite do referendo, “só pode esperar-se o pior, ou seja, a impossibilidade de um acordo de assistência financeira a curto prazo e a rápida degradação financeira, económica, social e política na Grécia”.

O percurso fulminante de Moreira leva-o por isso a afastar-se da “austeridade inteligente” para se aproximar da versão bruta de Sigmar Gabriel e, entre nós, do PaF. Passos Coelho não podia ter melhor aliado nas diatribes contra a Grécia, que são o seu argumento eleitoral último. Humilhem os gregos, corram com eles, incendeiem Atenas, que nós, “os contribuintes dos demais países da União” não pagamos “os irresponsáveis desmandos” da esquerda. Faltava-lhe um “professor de direito de Coimbra pelo amor de Deus” para avalizar a sua pose austeritária.

Artigo publicado em blogues.publico.pt a 7 de julho de 2015.

* Professor universitário. Ativista do Bloco de Esquerda.

OCDE: Em Portugal e na Grécia trabalha-se mais de 400 horas por ano que na Alemanha




O relatório sobre emprego da OCDE revela que o número médio de horas de trabalho dos trabalhadores portugueses e gregos por conta de outrém continua a ser bem superior ao dos alemães.

As estatísticas divulgadas pela OCDE servem mais para verificar a tendência da evolução das horas de trabalho num determinado país do que para fazer comparações entre países, avisa a organização. Isso acontece devido às diferentes fontes e métodos para chegar ao resultado final de cada um. E as contas também incluem o trabalho a tempo parcial.

Tendo em conta essas diferenças, as estatísticas mostram que em 2014, os trabalhadores por conta de outrém gregos trabalharam em média 1733 horas, mais 6 horas que no ano anterior. Os portugueses trabalharam 1719 horas, mais 26 horas do que em 2013. E os alemães ficaram-se pelas 1302 horas de trabalho, mais 11 horas que no ano anterior. A diferença em relação aos dois países do Sul da Europa é de mais de 400 horas de trabalho.

Se contabilizarmos o emprego total, a diferença alarga-se: Na Grécia contabilizaram-se 2042 horas/ano, em Portugal 1857 horas/ano e na Alemanha 1371 horas/ano. São menos 486 horas do que em Portugal e menos 671 horas do que na Grécia. Neste ranking, a Grécia surge como o quarto país com mais horas de trabalho por ano, numa lista encabeçada pelo México, seguindo-se a Costa Rica e a Coreia do Sul. Portugal está em 12º lugar, abaixo da Hungria e acima de Israel e a Alemanha aparece na última posição, abaixo da Holanda.

O relatório da OCDE traça o retrato global do emprego e assinala a grande desigualdade na recuperação do emprego após a crise financeira, considerando que “o desemprego irá permanecer alto até 2016”, depois de atingir a taxa média de 7.1% no conjunto dos países membros da organização no último trimestre de 2014, ou seja, 1.6 pontos acima dos valores antes da crise. Outra das conclusões é que a desigualdade salarial é menor nos países que apostaram na qualificação dos seus trabalhadores.

Esquerda.net – foto Paulete Matos

Portugal. "Governo transformou o país numa gigantesca venda de garagem"




Catarina Martins confrontou o primeiro-ministro com números da dívida, do desemprego e da emigração durante o seu mandato. Lembra que Passos Coelho “ ficou conhecido por formar técnicos de aeródromos que não existiam com dinheiro europeu” e acusou o governo por estar a vender o país em saldos, com as privatizações ruinosas.

A porta-voz do Bloco concentrou a sua intervenção ao Estado da governação e começou por afirmar: “Hoje aparentemente vale tudo”.

Catarina Martins exemplificou então: “O emprego desce e o primeiro-ministro congratula-se porque o emprego sobe. A dívida sobe – este governo aumentou a dívida como nenhum outro – e a maioria rejubila porque a dívida é uma questão do passado. O INE ontem dizia-nos que a balança comercial se agravava e Pires de Lima vinha gabar-se do seu sucesso”.
A porta-voz do Bloco apontou então: “um primeiro-ministro, que na sua vida ativa ficou conhecido por formar técnicos de aeródromos que não existiam com dinheiro europeu e com o amigo Relvas a assinar despachos no governo, devia ter mais cuidado antes de lançar acusações sobre outros povos”.

O Governo está em estado de negação

“Portugal perdeu 300 mil postos de trabalho desde que o seu governo tomou posse e é hoje o país com a maior taxa de emigração da União Europeia. O PIB caiu 11 mil milhões de euros. O nível de vida recuou 25 anos e a dívida pública subiu mais de 50 mil milhões de euros. O país tem mais de 700 mil pessoas desempregadas sem qualquer apoio. Mais de 2 milhões de pessoas vivem em situação de pobreza e este é um número que não pára de crescer”, sublinhou a porta-voz do Bloco.

“Bem pode o governo estar em estado de negação e querer fazer só o discurso da propaganda” declarou Catarina Martins, que denunciou então o escândalo das privatizações.

“O país das compras low-cost”

No debate sobre as privatizações a deputada abordou os casos das privatizações da EDP, REN, Tranquilidade, Novo Banco.

“Talvez nada marque tanto o Estado da nação do que ter tornado Portugal o país das compras low-cost e dos negócios milionários para a finança internacional”, declarou Catarina Martins.

A porta-voz do Bloco apontou então que “as privatizações, que o Tribunal de Contas já denunciou como lesivas do interesse público, são a imagem da gigantesca venda de garagem em que este governo transformou o país”.

Catarina Martins concluiu com o caso do Novo Banco, apontando que “o défice público pode chegar aos 6% com os mais de 2.000 milhões de prejuízo com a venda do Novo Banco”.

Esquerda.net

PORTUGUESES PREFEREM "ARCO DA CORRUPÇÃO" A GOVERNAR - sondagem



PS está 4,9 pontos percentuais à frente da coligação PSD-CDS, mas sem maioria absoluta

37,6% para o PS, 32,7% para a coligação da maioria é a intenção de voto dos inquiridos que defendem categoricamente um Governo de maioria e um Presidente da República diferente.

O PS fica em primeiro lugar com uma diferença de 4,9 pontos percentuais em relação à coligação PSD-CDS na projecção dos resultados sobre intenções de voto da sondagem em urna feita pela Intercampus para o PÚBLICO, a TVI e a TSF, cujo trabalho de campo decorreu entre 26 de Junho e 4 de Julho.

Os socialistas atingem assim os 37,6% de intenção de votos, ainda distante de uma maioria absoluta, enquanto a coligação fica com 32,7%. O que significa que se as eleições fossem hoje a vitória eleitoral caberia do PS, já que nesta sondagem a margem de erro máximo de amostragem considerado pela Intercampus é de mais ou menos 3,1%.

Por sua vez, a CDU surge com 11% de intenção de voto e o BE com 6%. Nos resultados trabalhados pela Intercampus, em que os dados foram projectados descontando os indecisos e os abstencionistas, os outros partidos somam 6,7% e os votos brancos ou nulos atingem os 5,9%.

Há quatro anos, a última sondagem feita pela Intercampus e editada pelo PÚBLICO, a TVI e a Rádio Comercial, colocava o PSD de Passos Coelho (36,5%), 5,4 pontos percentuais à frente do PS de José Sócrates (31,1%).

Governo de maioria

No que se refere à formação de Governo, os inquiridos são categóricos a preferirem uma solução com maioria absoluta, escolhendo esta resposta 65,7%, enquanto 25,4 % optam por um Governo sem maioria. Já no caso de não haver maioria absoluta, 36,4% preferem “um governo de coligação entre ‘os partidos de poder’” e 33,4% optam por um “governo de coligação de partidos de esquerda”. A Intercampus não inclui nesta pergunta a hipótese de os inquiridos escolherem a coligação de direita, pois como o PSD e o CDS já concorrem coligados a preferência por esta solução corresponde a um governo de maioria referida na pergunta que surge imediatamente antes no estudo.

A maioria dos inquiridos considera que o PS  ganhará as legislativas de Outubro (45,9%) e que a coligação PSD-CDS as irá perder (31,4%). Acrescente-se que 30,9% dos inquiridos se afirma “mais próximo” do PS, enquanto 27,4% se diz “mais próximo” do PSD, 4,8% “mais próximo” do CDS, 10% “mais próximo” da CDU e 5,1% mais próximo do BE.

Quanto à apreciação de como deve actuar o ocupante do primeiro órgão de soberania, 84,6% dos inquiridos consideram que o próximo Presidente da República deve ter uma actuação diferente da que tem tido o actual Presidente, Aníbal Cavaco Silva.

Resultados em bruto

Olhando
para os resultados deste estudo da Intercampus em termos brutos, sem projecção, ou seja incluindo as respostas dos indecisos, dos abstencionistas e os votos em branco, o PS atinge 30,3% das intenções de voto, a coligação PSD-CDS 26,3%, a CDU 8,9%, o BE 4,8 %.

Já no ranking de partidos mais pequenos ou dos novos partidos temos o MRPP com 1,9%, o Partido pelos Animais com 0,8%, o Partido Democrático Republicano com 0,6%, o Livre/Tempo de Avançar com 0,5% e a coligação PTP/Agir com 0,2%. Os votos brancos atingem 4,7%. Já os inquiridos que se declaram indecisos são 9,7% e os abstencionistas são 9,9%, de uma amostra de 1014 inquiridos, dos quais 539 são mulheres e 475 são homens.

Quanto às prioridades do futuro Governo, à frente, com 83,3% das escolhas, surge a “criação de emprego”, seguindo-se “baixar impostos” com 55,1%. Em terceiro lugar aparece a “recuperação do poder de compra” com 45,9%. Com 42,6% aparece o “garantir condições para o crescimento”. Em quinto, “repor os cortes feitos na função pública” (25,8%) e apenas 25,4% dos inquiridos consideram prioritário "reduzir o défice e manter a credibilidade”.

A avaliação do estado do país é, nesta sondagem, negativa. Numa escala de 0 a 10, a média das respostas situa-se em 4,1, sendo que a categoria que mais respostas obtém é “muito mal” com 37,6%. Já na comparação do estado do país com o de há quatro anos a média desce para 3,4, numa escala igual. Sendo a resposta mais votada a de “pior” com 37,7 das respostas. E apenas 23,6% dos inquiridos respondem que está “melhor” ou “muito melhor”.

Já sobre se "a resposta do Governo à crise foi melhor", a média fica de novo negativa (3,5) sendo que a maioria (34,1%) considera que ela o foi “poucas vezes”. Mas é também negativa (3,7%) a apreciação sobre se “a oposição apresentou propostas e ideias melhores”, com 41,9% das respostas a caírem na categoria “poucas vezes”.

São José Almeida - Público - Título PG


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