quarta-feira, 11 de março de 2015

POR UMA NOVA CULTURA POLÍTICA



Rui Peralta, Luanda

Malcolm X

A 21 de Fevereiro de 1965, enquanto discursava no Audubon Ballroom, em New York, Malcolm X, 39 anos de idade, foi assassinado. O seu corpo tombou crivado de balas. Uma semana antes sofrera um atentado em casa. Malcom X acusou a Nação Islâmica e o líder deste movimento islâmico negro, Elijah Muhammad, de - em colaboração com a CIA (que infiltrara o movimento) e o FBI - o quererem assassinar.

Seis meses antes discursou no mesmo auditório em que foi assassinado. Nessa ocasião apresentou a Organização de Unidade Afro-Americana (OAAU), nos seguintes termos: "Uma das primeiras coisas que as nações africanas independentes fizeram foi formar uma Organização de Unidade Africana (OUA) (...) O propósito da (...) OAAU é o mesmo da OUA (...) lutar até a completa independência. Pretendemos, assim a independência dos afrodescendentes no Hemisfério Ocidental e primeiro nos USA (...) alcançar a libertação destes povos, por todos os meios necessários (...) Pretendemos começar no Harlem, onde existe a maior concentração mundial de afrodescendentes. Existem mais africanos por metro quadrado no Harlem que em qualquer cidade do continente africano (...) A Carta das Nações Unidas, a Declaração Universal dos Direitos do Homem, a Constituição dos USA e a Bill of Rights são os princípios em que acreditamos (...). Na nossa luta pela liberdade tivemos e temos apoio das comunidades vizinhas: italianos, irlandeses, judeus (...) mas é tempo de parar de fugir do lobo e de agir como raposas (...) A auto-preservação é a primeira lei da natureza (...). Nós, africanos, devemos recorrer ao direito da autodefesa, consignado na Constituição dos USA, que afirma o direito do cidadão á posse de armas, forma superior da garantia se autodefesa da cidadania face ao Estado (...). A História da violência impune contra o nosso povo indica claramente que temos de estar preparados para nos defendermos (...) não podemos continuar a suportar a brutalidade, a violência e o racismo (seja qual for) (...) ”.

Malcolm Little (assim era o seu nome, o sobrenome X, que adoptou, simbolizava o nome africano perdido) nasceu em Omaha, Nebraska, no dia 19 de Maio de 1925. Filho de Louise Norton Little e do orador baptista, Earl Little, um apoiante do nacionalista negro Marcus Garvey, Malcolm gozou uma infância normal, entre os seus sete irmãos, mas na adolescência "descarrilou". Vendeu drogas e dedicou-se ao assalto e roubo. Foi preso várias vezes e numa das suas estadias na cadeia aderiu à Nação Islâmica. Essa adesão transformou a sua vida.

Em pouco tempo Malcolm tornou-se num dos grandes oradores e propagandistas da organização. Ascendeu rapidamente na hierarquia do movimento negro islâmico, tornando-se um dos seus melhores dirigentes. A discursar em comícios, meetings, palestras, conferencias e acções de rua, pela Nação Islâmica, Malcom X era um dos nomes mais indicados e com maiores apoios nas comunidades da Nação Islâmica. Mas Malcolm rompe com a organização e forma a OAAU.

Foi uma das mais notáveis figuras da América Negra do século XX. Representava a América Urbana Negra, a sua cultura e a sua Politica. Militante activo na luta contra o racismo e o colonialismo, possuía uma visão internacionalista da emancipação, que partilhava com pan-africanistas como Du Bois e Paul Robertson. Aprendera com Marcus Garvey a importância de construir instituições negras fortes e partilhou com Martin Luther King Jr o ideal de Paz e Liberdade. Manteve contactos com Amílcar Cabral e  Eduardo Mondlane (e acompanhou de perto o desenvolvimento da luta armada na Guiné-Bissau, conduzida pelo PAIGC e em Moçambique, conduzida pela FRELIMO). Foi a Meca como peregrino, percorreu o Medio-Oriente e África (só em 1964 viajou pelo estrangeiro mais de 6 meses, discursando na Europa, Africa e Medio-Oriente). A CIA tinha um agente no seu encalço, um jornalista que cruzou-se em diversas ocasiões com Malcolm X (mais tarde, apos o assassinato de Malcolm X, este agente tentou infiltrar-se na FRELIMO e formou diversos operacionais dos Serviços Secretos Sul-Africanos, no tempo do apartheid, em Pretoria).

Um ano antes da sua morte, Malcolm X foi a Detroit, onde discursou: " (...) tal como o nacionalismo remove o colonialismo da Asia e de Africa, o nacionalismo negro removerá o colonialismo das mentes de 22 milhões de afro-americanos no nosso país. (...) os negros ouviram as falácias, as mentiras e as falsas promessas dos brancos durante demasiado tempo. Tornaram-se desiludidos. Tornaram-se desencantados. Tornaram-se insatisfeitos (...) as frustrações na comunidade negra dos USA tornaram a situação mais explosiva que qualquer bomba atómica que a Rússia possa inventar. (...) marchámos entre as estátuas de Lincoln - um morto - e de Washington - outro morto - cantando We shall overcome. (...) fizeram de nós tolos! Fizeram-nos pensar que íamos a algum lado e, afinal, não fomos a lado nenhum, andámos apenas entre as estátuas de Lincoln e de Washington. Por isso, hoje, o nosso povo está desiludido, desencantado, insatisfeito e frustrado. Por isso temos de passar á acção (...)".

Este discurso de Malcolm X - efectuado um ano antes do seu assassinato e já depois da ruptura com a Nação Islâmica - demonstra a sua evolução ideológica e a sua radicalização (no sentido primeiro e autentico da palavra: ir á raiz) politica. Aliás este discurso político e ideológico de Malcolm X influenciou toda uma futura geração de líderes comunitários negros nos USA e pode ser encontrado, uma década depois, na Africa do Sul, em Steve Biko.

Quando se converteu ao Islão, Malcolm assumiu o nome de El-Haji Malik El-Shabazz. Curiosamente manteve no seu pseudónimo o nome cristão, Malcolm (o seu pai era um pastor baptista) e o X indicativo da identidade africana perdida. Perdida, talvez, mas não ignorada. Malcolm conhecia bem os meandros da política africana. Uma vez, na embaixada do Quênia nos USA, o embaixador queniano, de forma nada diplomática e mal-educada, disse-lhe que ele, Malcom ou El-Haji Malik "não tinha o direito de ir ao Quénia (...)" que a "sua presença só causava problemas às autoridades" do país. Com modos cavalheirescos e num tom tranquilo (simultaneamente dando uma lição de comportamento diplomático e de boa educação) Malcolm respondeu ao exaltado funcionário: "Bom, se os senhores não fazem as coisas que o governo norte-americano faz, nem fazem as coisas que o governo norte-americano manda fazer, então as autoridades quenianas não precisam de preocupar-se com o que eu digo".

Esta conversa com o prepotente funcionário queniano, revela o profundo conhecimento que Malcolm X tinha da política africana: os governos progressistas, os regimes neocoloniais e a dialéctica das lutas de libertação nacional no continente africano (a luta de classes no seio do movimento de libertação nacional, a emancipação cultural e o objectivo final das independências nacionais).

A imagem que a propaganda oficial vende de Malcolm X é a de profeta da violência, um racista negro e xenófobo (uma facção mais sofisticada da comunicação social tóxica associa-o ao fascismo). Esta falsidade demonstra a falácia predominante da versão histórica (o mais correcto é: "obsessão histérica") das elites oligárquicas norte-americanas (brancas ou negras, anglo-saxónicas, africanas ou hispânicas, caucasianas ou melanianas). Malcolm X não é uma voz isolada num fenómeno de minorias raciais. Bem pelo contrário! O nacionalismo negro norte-americano tem raízes profundas na História dos USA e Malcolm X foi um dos seus mais proeminentes activistas e teóricos, num universo de pensadores e homens de acção que reivindicam os anseios das massas negras norte-americanas desde o século XVIII, algo que a máquina propagandística e a superstrutura ideológica do Império não gosta de mostrar á opinião pública internacional e muito menos aos seus concidadãos. No seu lugar é montado um cenário hollywoodesco que passa ao mundo (e em particular a África e á comunidade negra norte-americana) a imagem idílica de um presidente negro na Casa Branca.

50 anos depois do assassinato de Malcolm X o povo afro-americano está cada vez mais "desiludido, desencantado, insatisfeito e frustrado". As manifestações desta realidade? Os motins, o mal-estar permanente, a violência policial, os guetos pobres infestados de droga, prostituição e miséria...pois...é, de facto, uma imagem haitiana a que melhor expressa a realidade social norte-americana actual...

A História sem fim ?

A frustração manifesta-se na cidade de Fergunson, Missouri, mergulhada em profundas tensões sociais, uma realidade do apartheid nos USA, apartheid expresso pelo primeiro-ministro israelita, um Herodes que viajou  à capital do Império e vociferou a verborreia segracionista no Congresso, onde foi ovacionado pelos senadores imperiais. À semelhança da elite sionista que carrega o fardo árabe, a oligarquia imperial carrega o fardo negro. Chatices da Historia, que leva os polícias brancos a assassinar negros porque são suspeitos de terem feito algo que ninguém viu. Esta é a América meio século depois de Malcolm...

Centros opulentos e periferias miseráveis é uma contradição imanente do capitalismo, faz parte da sua lógica específica, operada pela globalização do capital. O discurso ideológico dominante ignora esta contradição, porque a solução deste problema questiona a lógica do sistema. Ora, as ideologias dominantes são visceralmente conservadoras. As instituições são consideradas eternas. Por isso as ideologias do Poder (ou seja, a superestrutura do Poder, as visões do seu núcleo central) adoptam os valores morais trans-históricos e são, todas elas, o Fim da História.

Nas sociedades anteriores ao capitalismo observamos que as ideologias do parentesco, nas sociedades comunitárias (o primeiro estágio social, aquele que evoluiu a partir da horda) e as ideologias da religião nas sociedades tributárias (feudais) também transportam este mito do Fim da História. Não é a religião, na percepção que faz de si própria, no seu dogma, uma resposta definitiva? Legitimado pela religião no mundo feudal, o Fim da Historia é agora legitimado pela eficiência económica, pela vulgata conceptual em que o capitalismo transformou o mercado. A alienação religiosa foi substituída pela alienação económica.

O discurso dominante amalgama os valores, misturando-os. Os princípios da organização política (Estado de Direito, Direitos Humanos, Democracia), os valores sociais (liberdade, igualdade, individualidade), os princípios de organização da vida económica (propriedade privada, mercados) são submetidos à acção trituradora e transformados num sumo incolor e sem sabor. Os valores são apresentados (e vendidos) como se constituíssem um todo, uma lógica una e indivisível, um pensamento único que identifica capitalismo e democracia como se fossem farinha do mesmo saco ou frutos da mesma árvore.

Basta um olhar rápido e descuidado pela Historia para verificar o  contrário, que afinal a democracia conquista-se, não é um produto natural do capitalismo.

Educação e Cultura: Futuro ou Submissão

IA realidade cultural africana (aqui englobado o continente africano no seu todo e as comunidades afrodescendentes na América e na Europa, geradas pela escravatura e pela emigração) já não é a pré- colonial (o que seria impossível e um fenómeno a-histórico e anacrónico) mas é produto dos elementos tradicionais, misturados com os introduzidos pelos processos coloniais arabes e europeus (islamismo e cristianismo) e pelas vivências dos afrodescendentes e emigrantes que assumiram a América e a Europa como  a sua nova casa. Mas a cultura não existe sem um sistema difusor de um conjunto de valores e de conhecimentos e sem um sistema de recepção que permita a percepção e o conhecimento adquirido provindo das culturas externas, ou seja as culturas não são compartimentos estanques, mas vivem e renovam-se no relacionamento, por isso necessitam de pontes.

Um dos sistemas difusores de valores e de conhecimento é o ensino. Uma política de Educação que garanta e honre a Educação como direito baseia-se na única via que permita o ensino chegar a todos, ou seja, envereda pela democratização do ensino. Esta politica de pouco ou nada serve se o ensino (por muito acessível que seja) for de baixo nível. Em África, durante os processos de emancipação foi travada uma luta contra as autoridades coloniais em duas frentes: pelo acesso ao ensino e pela qualidade do mesmo. Por exemplo nas África colonizada pela França as autoridades coloniais permitiram aos africanos um maior acesso ao ensino, mas com padrões inferiores de qualidade ao exigido na metrópole, o que levou os nacionalistas africanos a exigirem a mesma qualidade de ensino praticada em França, ou seja lutaram pela igualdade de oportunidades.

O mesmo aconteceu nos USA onde os afro-americanos travaram as mesmas lutas pela democratização e pelo elevado nível de qualidade do ensino democratizado, para que estivessem numa situação de igualdade ao nível do conhecimento e tivessem oportunidades iguais no mercado de trabalho. No entanto estas preocupações foram ignoradas pela maioria dos Estados africanos após a independência e na actualidade, em muitos desses Estados a educação é um negócio efectivo e um direito esquecido, para além de um tema obrigatório nas campanhas eleitorais e nas notas propagandistas dos governos.

A perspectiva nacionalista afro-americana, com e após Malcolm X, aprofunda a luta pelos direitos cívicos (que com Martin Luther King Jr transformaram-se num grande movimento de massas) e reequaciona a questão cultural e toda a sua complexidade no movimento de libertação nacional africano. O baixo nível de escolaridade das comunidades negras norte-americanas era similar ao baixo nível de instrução das colónias africanas. Tal como os movimentos afroamericanos, os Estados africanos recém-independentes levaram a serio este problema. E chegou-se a resultados inegáveis, no curto e médio-prazo, tanto nos USA, como em África. Por exemplo antes de 1958 existia produção literária africana, mas publicada na Europa, porque não existia uma imprensa africana e era escasso e insuficiente o número de tipografias.

O mesmo passava-se com os estabelecimentos de ensino. Hoje, de Dakar a Dar Es-Salam, de Casablanca a Tananarive, de Lusaca ao Cairo, (não menciono o Cabo -"do Cabo ao Cairo", como Cecil Rhodes - porque a África do Sul encontrava-se noutra fase de evolução: ali o problema era o do acesso, como nos USA), os estabelecimentos de ensino (escolas básicas, ensino medio, técnico-profissional e universidades) são uma realidade, representativa do esforço de investimento público feito pelos Estados africanos. (O ensino privado é recente na África independente, excepto na África anglófona. Surge em força na segunda metade da década de 80. No resto do continente, fora do sector público existiam escolas religiosas cristãs - católicas e protestantes - e islâmicas, estas com papel preponderante na formação das elites técnicas e intelectuais norte-africanas).

IIUma questão cultural (e educacional) que nas últimas décadas assume particular relevo nas políticas educacionais é a questão das Línguas nacionais. No início das independências foi considerado o argumento de que as línguas nacionais seriam obstáculos á unidade nacional (assim como o multipartidarismo), argumento a que os sectores ditos Progressistas do movimento de libertação nacional deram um retoque mais internacionalista ou pan-africanista, dependendo do posicionamento ideológico (marxismo matiz soviética, maoismo, terceiro-mundismo) e do alinhamento na guerra fria (alinhado assumido, alinhado não-alinhado ou não-alinhado alinhado) afirmando que as línguas nacionais seriam um obstáculo á unidade africana.

Existiam também outras razões mais sérias e realistas, que prendiam-se com questões pedagógicas, da gestão das alterações e dos impactos programáticos, ou sobre a preparação de alfabetos, silabários, gramáticas e manuais. E uma questão que revelou-se fundamental e que foi a causa da diferenciação: o quadro herdado pelos novos Estados não era idêntico em todo o lado. Nas nações colonizadas pelos franceses e portugueses o ensino era nas línguas do colonizador (francês nas colónias francesas, português nas colónias portuguesas). Nas nações colonizadas pelo Império Britânico o ensino primário era iniciado na língua materna das crianças e só depois passava-se ao inglês, em três ou quatro anos.

Esta diferença permite hoje avaliar os resultados obtidos pelas independências na área do ensino. Nos Estados francófonos a taxa de insucesso escolar era enorme. Por exemplo, já em 1971 o Mali apresentava uma taxa de insucesso escolar de 75%, só no ensino primário. Estes números obrigaram os Estados africanos de Língua Oficial Francesa a reverem a sua posição. Mali, Burkina Faso, Níger, Congo e Guiné-Conakry são exemplos de uma mudança atempada que reverteu esta situação. Já os Estados africanos que se libertaram do domínio britânico, não passaram por este problema, demonstrando a superioridade de um sistema que parte da língua materna dos alunos. Ghana, Nigéria, Quénia, Tanzânia, Botswana, Zâmbia e Zimbabwe, são alguns exemplos que comprovam a solidez deste sistema, com reduzidas taxas de insucesso, assegurando uma formação mais eficaz e dentro de parâmetros de qualidade bastante razoáveis, introduzindo no mercado de trabalho quadros médios e superiores em quantidade suficiente e com excelente preparação.

Por outro lado a reivindicação do uso de línguas nacionais representa uma adaptação á economia-mundo e á modernização do aparelho produtivo, permitindo que o contacto com as ciências e tecnologias actuais se torne acessível a um maior numero de africanos, ou seja, sejam acessíveis às massas e não segredos esotéricos maçónicos ou rosacrucianos na posse de elites estéreis que não fazem qualquer aplicação desse conhecimento, a não ser para as suas actividades predatórias, corruptas e corruptoras. A vaga reivindicativa iniciada por inúmeros intelectuais africanos (assim como afroamericanos e afro-europeus) nos anos 60 relativas á utilização das línguas nacionais (Cheikh Anta Diop, Pathé Diagne, Abdou Moumouni, o filósofo togolês Laurent Ankundi, o filósofo camaronês Maurice Towa, Paulin Houtondji ou homens de Estado como Nkrumah no Ghana e Julius Nyerere na Tanzania, que traduziu o "Julio César" de Shakespeare para suaíli), continuou nas décadas seguintes, até porque esta é uma questão actual que deve ser situada num contexto politico-cultural determinante para o pan-nacionalismo africano, essa sim, uma Nova Cultura Politica que movimenta-se nas águas tépidas do pântano africano e alimenta-se das lutas históricas da libertação de África e nas grandes batalhas pelos direitos cívicos dos afroamericanos, no qual Malcom X é um eixo de referência.

Bibliografia
Marable, M. Malcom X: A Life of Reinvention Columbia University Press, 2011
Allen, R. Histoire du mouvement noire aux Etats-Unis Ed. Maspero, Paris, 1971.
Nyerere J. Freedom and Unity, 1952-1965 Oxford University Press, 1966.
Amin, S. Itinéraire intellectuel Ed. L'Harmattan, Paris, 1994
Moumouni, A. L'Education en Afrique Ed. Maspero, Paris, 1964
Antubam, K. Ghana's Heritage of Culture Ed. Koehler und Amelang, Leipzig, 1963
Towa, M. Leopold Sédar Senghor: Négritude ou Servitude? Ed. Clé, Yaoundé, 1971
Houtondji, P.Y. Libertés Ed. Renaissance, Cotonou, 1973.
Benot, Y. Ideologies des independances africaines Ed. Maspero, Paris, 1969
Presence Africaine, n.° 52, 1964.
Jeune Afrique, Archives
New York Times - Archives
Le Monde, Archives.

Portugal. “METES NOJO AO POVO”, DISSERAM A PASSOS NO PARLAMENTO - vídeo




Passos interrompido por protestos nas galerias do parlamento

O início da resposta do primeiro-ministro ao líder da bancada do PS, Ferro Rodrigues, foi hoje interrompido por protestos de pessoas das galerias, que exigiram a demissão de Pedro Passos Coelho, no debate quinzenal no parlamento.

"Demissão, demissão, demissão!", ouviu-se, antes de a presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, exigir que as forças de segurança retirassem os manifestantes do hemiciclo, numa sessão marcada pela polémica com a carreira contributiva do chefe do executivo da maioria PSD/CDS-PP.

Um grupo de uma dezena de pessoas reclamou um pedido de desculpas ao povo por parte de Passos Coelho, gritando ainda "metes nojo ao povo", com os punhos erguidos, enquanto Assunção Esteves apelava ao "respeito pelo parlamento", cujos trabalhos foram assim interrompidos pouco mais de um minuto.

Entretanto, em comunicado, a Associação de Combate à Precariedade (Precários Inflexíveis) reclamou para si a autoria do protesto, considerando ser «insustentável, num país que persegue ferozmente os seus trabalhadores mais precários, a recibos verdes, que o primeiro-ministro possa escapar incólume do facto de ter estado pelo menos cinco anos sem pagar à Segurança Social».

«A permanência de Passos Coelho na posição de primeiro-ministro é uma afronta ao regime democrático. É a materialização de dois pesos e duas medidas. Há cidadãos de primeira e cidadãos de segunda. Passos Coelho autonomeou-se cidadão de primeira enquanto os milhões de trabalhadoras e trabalhadores, precárias e desempregados, são os cidadãos de segunda», lê-se ainda.

TSF - foto Global Imagens / Leonardo Negrão 


Portugal. QUEREM ROUBAR E VIGARIZAR À VONTADE. NÃO SE FARTAM DE “MAMAR”




Maioria rejeita projetos que endurecem regras para políticos

A maioria PSD/CDS-PP vai rejeitar os quatro projetos de lei da oposição de alargamento das incompatibilidades de titulares de cargos públicos, períodos de nojo e a exclusividade de deputados e autarcas, disse hoje à Lusa fonte parlamentar.

"Em princípio, vamos chumbar todos os diplomas porque mantemos a coerência relativamente a outras ocasiões em que se discutiram estas matérias", afirmou a fonte da coligação que sustenta o Governo de Passos Coelho e Paulo Portas.

Outra fonte da maioria admitiu alguma abertura para "não chumbar 'ad inicium' as iniciativas de PS e PCP, relativamente às incompatibilidades e pausas entre o desempenho de cargos públicos e atividades em empresas privadas dos mesmos setores, mas rejeitou as propostas bloquistas, no sentido da exclusividade de funções.

O Parlamento vai discutir quinta-feira um projeto de lei socialista, outro comunista e dois do BE sobre matérias conexas, tratando-se do segundo ponto da ordem de trabalhos da sessão plenária que começa às 15:00, com um tempo total previsto de 40 minutos.

O texto do PS retoma em larga medida projetos já apresentados pela anterior direção socialista, liderada por António José Seguro. O período de nojo a aplicar aos políticos após o final do exercício de funções públicas executivas fixa-se em três anos, não podendo o político exercer cargos nas empresas do setor que tutelou, ou que tenham recebido benefícios ou, ainda, que, entretanto, tenham sido alvo de privatização.

Veda-se também a ex-membros do Governo "a aceitação de cargos de funcionários ou consultores de organizações internacionais com as quais tenham realizado negociações em nome do Estado Português - uma norma que, se estivesse em vigor no início da presente legislatura, teria impedido o ex-ministro das Finanças, Vítor Gaspar, de exercer agora funções no FMI (Fundo Monetário Internacional).

O projeto do PCP sobre incompatibilidades impede os deputados de serem membros de órgãos sociais de empresas públicas e estabelece um período de nojo de cinco anos para ex-governantes transitarem para empresas por si antes tuteladas.

Entre outras mudanças na legislação, o PCP pretende impedir que deputados sejam membros de "órgãos sociais ou similares de empresa pública, de empresa de capitais públicos ou participada pelo Estado ou outras entidades públicas, de forma direta ou indireta, ou de instituto público autónomo".

O BE considera que "o exercício das funções de deputado em regime de exclusividade é hoje uma exigência democrática", apesar de "não pretender, com a exclusividade da função de deputado, proceder a uma profissionalização do deputado, até porque essa ideia de carreira é incompatível com o sistema democrático e com os valores republicanos".

A proposta bloquista estende "o âmbito das incompatibilidades e impedimentos, com especial ênfase para as que visam o exercício de funções e atividades relacionadas com instituições de crédito e sociedades financeiras e sociedades que sejam emitentes de valores mobiliários admitidos à negociação em mercado regulamentado ou que com estas se encontrem em relação de grupo".

Segundo os diplomas do BE, defende-se a reposição dos "princípios da rotatividade dos deputados", além da imposição de que "os eleitos locais que exerçam o seu mandato em regime de permanência a tempo inteiro passem a exercer o seu mandato em exclusividade".

"Já os eleitos locais que exerçam o seu mandato em regime de permanência a meio tempo passam a ter um regime específico de incompatibilidades" e "o regime de incompatibilidades e impedimentos dos eleitos locais é estendido aos titulares dos órgãos das entidades intermunicipais e associações municipais de fins específicos", lê-se no texto bloquista.

Lusa, em Notícias ao Minuto - título PG

Portugal. Advogado de Sócrates: "Prisão preventiva foi decretada por entidade incompetente"




A defesa de José Sócrates esclareceu o pedido de 'Habeas Corpus' no processo 'Marquês'. Advogados acreditam que o Ministério Público não tinha autoridade para mandar prender o ex-primeiro-ministro.

“Foi destruída a presunção de inocência e o direito a um julgamento justo do engenheiro José Sócrates.”. É assim que a defesa do antigo primeiro-ministro vê a ordem dada pelo Ministério Público para prender preventivamente José Sócrates.

Em conferência de imprensa, João Araújo e Pedro Delille criticaram a investigação. A falta de detalhe na primeira ordem de prisão foi lembrada por Pedro Delille: “Só por engano é que o senhor juiz podia fazer comunicado público sem especificar se a corrupção do engenheiro Sócrates era passiva ou ativa”.

Falou também da relação próxima  entre a imprensa e o sistema legal: “Vocês (jornalistas) revelam há anos que o engenheiro Sócrates está a ser investigado em processos, graças à violação do segredo de justiça.”.

João Araújo acabou com uma crítica às “mudanças constantes” na acusação: “Isto aborrece-nos bastante. Nós trabalhamos segundo um quadro. Se esse quadro é movediço, torna difícil preparar uma defesa.”.

Notícias ao Minuto

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Governo português está a acompanhar situação de português detido em Timor-Leste




Lisboa, 11 mar (Lusa) -- O secretário de Estado das Comunidades Portuguesa disse hoje estar "muito preocupado" com a situação do cidadão português detido preventivamente em Díli, Timor-Leste, suspeito do crime de branqueamento de capitais, sublinhando estar "a acompanhar a situação".

O português Tiago Guerra foi detido em Díli, juntamente com a mulher, no passado dia 18 de outubro. Está atualmente em prisão preventiva na cadeia de Becora, em Díli, e a mulher, Fonf Fong Chan, está com Termo de Identidade e Residência (TIR), impossibilitada de sair de Timor-Leste.

Em declarações hoje à agência Lusa, a propósito deste deste assunto e de queixas de familiares do detido sobre a atuação do Governo português, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, garantiu estar "a acompanhar a situação".

"Estive há pouco tempo em Timor-Leste e falei com variadíssimas entidades e transmiti-lhes a nossa preocupação com a situação. Obviamente salvaguardando uma questão: a de não interferirmos na investigação, nos tribunais", explicou.

José Cesário disse à Lusa ter pedido a várias entidades timorenses "a máxima celeridade no processo" e atenção à saúde do cidadão português.

"Na semana passada, o cidadão em causa foi visitado pelo encarregado da secção consular. Tem sido visitado com regularidade e a família sabe disso. Eu próprio, quando estive em Timor-Leste, falei com a mulher", relatou.

A família de Tiago Guerra iniciou na terça-feira nas redes sociais uma campanha de sensibilização para o caso.

Inês Lau, irmã de Tiago Guerra e atualmente a residir no Brasil, é um dos familiares envolvidos na campanha, tendo já enviado uma carta ao primeiro-ministro timorense, Rui Araújo, com conhecimento para o chefe de Estado timorense, Taur Matan Ruak, o chefe do Governo português, Pedro Passos Coelho, e para o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário.

Na carta, a que a Lusa teve acesso, Inês Lau manifesta preocupação pela detenção do seu irmão, sem que, até ao momento, tenha sido feita qualquer acusação e com as condições em que este se encontra na prisão.

Nas suas declarações hoje à Lusa, o secretário de Estado das Comunidades reafirmou que esta a acompanhar a situação e sublinhou que a investigação judicial que está a decorrer "é de grande complexidade".

"Tiago Guerra é suspeito de ter participado num crime de branqueamento de capitais. É uma matéria complicada. O possível 'cabeça' da rede está preso nos Estados Unidos da América (EUA) e tem havido troca de informações entre os EUA e Timor-Leste", adiantou José Cesário.

De acordo com o governante português, este "é um processo que precisa de tempo".

"Espero que demore o menor tempo possível, mas recordo que estamos a falar de investigações policiais, de um processo-crime, de autoridades criminais e judiciais. Não admitimos em Portugal que haja interferência com a nossa atividade, também não podemos admitir que se passe no exterior. Limitamo-nos a fazer as diligências diplomáticas", enfatizou.

No que diz respeito às condições na prisão, José Cesário vincou que são iguais para Tiago Guerra como para qualquer outro cidadão ali detido.

"É igual para ele e para qualquer cidadão timorense, ou seja, as condições são muito más. É a prisão que eles têm. Não está em situação pior do que qualquer cidadão que lá está", considerou.

DD (ASP) // ARA

Português detido em Díli é suspeito de branqueamento de capitais, diz procurador-geral




Díli, 11 mar (Lusa) - O procurador-geral timorense, José Ximenes, disse hoje à Lusa que Tiago Guerra, um cidadão português detido preventivamente desde outubro em Díli, é suspeito do crime de branqueamento de capitais.

"É suspeito do crime de branqueamento de capitais. Estamos a investigar a origem dos crimes", disse José Ximenes, à margem da cerimónia de tomada de posse do diretor-geral e da diretora nacional de Finanças e Orçamento da Procuradoria-Geral.

José Ximenes explicou que, "no caso do arguido Guerra", estão em causa "factos que aconteceram em vários países".

Por isso, e escusando-se a revelar pormenores adicionais sobre o caso, explicou que já foram enviadas cartas rogatórias com pedidos de informação para Portugal e para Macau.

"Mandámos as cartas rogatórias para saber algumas informações adicionais", afirmou, sem precisar quando será formulada a acusação contra o cidadão português.

O procurador-geral falava à Lusa depois de a família de Tiago Guerra ter iniciado nas redes sociais uma campanha de sensibilização para o caso, na qual pede também que sejam enviadas cartas às autoridades timorenses.

Tiago Guerra foi detido em Díli, juntamente com a mulher, no passado dia 18 de outubro. Está atualmente em prisão preventiva na cadeia de Becora, em Díli, e a mulher, Fonf Fong Chan, está com Termo de Identidade e Residência (TIR), impossibilitada de sair de Timor-Leste.

Inês Lau, irmã de Tiago Guerra e atualmente a residir no Brasil, é um dos familiares envolvidos na campanha, tendo já enviado uma carta ao primeiro-ministro timorense, Rui Araújo, com conhecimento para o chefe de Estado timorense, Taur Matan Ruak, o chefe do Governo português, Pedro Passos Coelho, e para o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário.

Na carta, a que a Lusa teve acesso, Inês Lau manifesta preocupação pela detenção do seu irmão sem que, até ao momento, tenha sido feita qualquer acusação.

"Até à presente data, o Tiago continua detido em prisão preventiva em Bécora e a sua mulher está com um Termo de Identidade e Residência, impossibilitada de se ausentar do país", escreveu.

"Sabendo que o Tiago, ao fim de cinco meses de detenção, ainda não foi formalmente acusado, nem tão pouco diretamente responsabilizado por qualquer crime por ele cometido, venho manifestar junto de Vossa Excelência a minha profunda preocupação pela situação do Tiago, agravada pelas insuficiências do sistema judicial de Timor-Leste", reforça.

A irmã de Tiago Guerra apela à "intervenção pessoal" do chefe do Governo timorense para "a breve resolução desta lamentável situação".

Inês Lau denuncia as condições da prisão onde se encontra o irmão, referindo que este está a partilhar uma cela com outros presos, "em débeis condições de higiene (sem água canalizada, cama ou sequer um colchão)".

ASP // ARA

PM timorense recorda Konis Santana e lamenta os que traíram ideias da independência




Díli, 11 mar (Lusa) - O primeiro-ministro timorense recordou hoje o comandante das Falintil, Konis Santana, quando se cumprem 17 anos da sua morte, lamentando que o aniversário coincida com uma operação conjunta para travar os que "traem os ideais" da independência.

"Um crime contra o Estado, independentemente de todas as razões por detrás dele, constitui uma traição aos ideais porque se lutou" em Timor-Leste, disse à Lusa Rui Maria Araújo.

Rui Araújo quis homenagear, em nome do Governo, Konis Santana, um "herói nacional" que trabalhou para libertar a nação timorense, considerando que todos devem "recordar os heróis da pátria e os valores que defenderam" e atuar diariamente "para manter vivos esses ideais".

O chefe do Governo falava à Lusa um dia depois do Governo timorense aprovar uma resolução que autoriza uma operação conjunta da polícia (PNTL) e das Forças Armadas (F-FDTL) para "prevenir e reprimir a atuação criminosa de grupos ilegais que estão a causar instabilidade no país".

Medidas de repressão e prevenção para evitar que ataques semelhantes ao de domingo na esquadra da vila de Baguia, que feriu quatro agentes policiais, se repitam noutros pontos do país.

O Governo atribui responsabilidade pelos ataques de domingo ao ex-guerrilheiro Mauk Moruk e Rui Araújo lamentou hoje que envolva pessoas "que estiveram nas mesmas trincheiras que os grandes heróis como Nino Konis Santana".

"Mas uma coisa é certa, se há crime contra o Estado, o Estado tem que atuar. E neste caso os órgãos de soberania estão conscientes e sensíveis ao facto de que pessoas que contribuíram para a libertação do país, estão agora no outro lado da barreira a cometer crimes", afirmou.

Sexto comandante das Falintil, Nino Konis Santana (Antoninho Santana) nasceu em 1957 na aldeia de Vero, na ponta leste de Timor-Leste onde foi professor até à invasão indonésia, em 1975.

Juntou-se à luta armada na ponta leste e, em 1993, Konis Santana assumiu o comando das Falintil, substituindo Ma'Hunu que foi capturado, poucos meses depois de ter substituído Xanana Gusmão, também capturado.

Rogério Lobato, que foi ministro da Defesa da República Democrática de Timor-Leste, declarada unilateralmente pela FRETILIN em 28 de novembro de 1975, Xavier do Amaral, capturado em 1978, e Nicolau Lobato, morto em combate em 31 de dezembro de 1978, foram os primeiros comandantes das FALINTIL.

Responsável pela reorganização da resistência, com o estabelecimento do Conselho Executivo da Luta Armada e da Frente Clandestina, Konis viveu os últimos anos da sua vida na região de Ermera.

Foi ali que, debaixo de um oratório dedicado a N. S. de Fátima, montou um esconderijo - uma sala, um quarto e uma casa-de-banho - onde viveu seis anos, comandando as forças no terreno através de 'caixas', os estafetas que serviam de correio para as mensagens da luta.

Apesar de Konis Santana ter morrido a 11 de março, vítima de uma queda quando se dirigia a um abrigo, a sua morte só foi conhecida fora de Timor-Leste a 30 de março.

Uma mensagem em rádio, feita em nome do sucessor de Konis Santana como chefe do Estado-Maior da Falintil, Taur Matan Ruak - hoje Presidente da República - anunciou nesse dia, ao povo timorense, a morte de Konis Santana.

Em 2007 o Governo timorense criou o Parque Natural Konis Santana, que engloba o ilhéu sagrado de Jaco, na ponta leste do país e que está inserido no sub-distrito de Tutuala, de onde era natural o comandante das Falintil.

Em 2012 as principais figuras do Estado timorense participaram na transladação dos restos mortais do ex-comandante para o Jardim dos Heróis em Metinaro, a leste de Díli.

Além de Nino Konis Santana, foram traslados para o mesmo local, a cerca de 30 quilómetros de Díli, Hermenegildo Augusto Pereira Alves (Busa), Carlos César dos Mártires de Carvalho Correia (César Maulaka), Aníbal Araújo (Manu Coli), Óscar Leopoldino Pereira Araújo (Manu Quei) e Artur Maria do Nascimento (Budu).

ASP // DM

Timor-Leste. Fundação apela ao Governo timorense para que recolha armamento desaparecido




Díli, 11 mar (Lusa) - A organização timorense Fundação Mahein (FM) apelou hoje ao Governo timorense para que estabeleça uma nova política de recolha do armamento espalhado pelo país, fortalecendo ao mesmo tempo a capacidade dos serviços de informação.

Segundo a FM, os Ministérios da Defesa e do Interior devem "fortalecer a sua cooperação" e atuar para recolher armamento desaparecido durante os confrontos que se viveram em Timor-Leste em 2006.

Em comunicado enviado à agência Lusa, a organização pede ainda que se crie um inventário nacional de armamento militar e policial, levando a cabo uma campanha pública para informar a população sobre aquele material desaparecido.

"A FM apela ao Governo para que continue a criar capacidade e a dar recursos suficientes aos serviços nacionais de inteligência (informação) para que facilitem o processo de informação", refere o comunicado.

Os apelos da organização surgem na sequência do ataque de domingo à esquadra da vila de Baguia, em que ficaram feridos quatro agentes da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL).

No comunicado, a FM refere que, nos últimos sete anos, o Governo produziu várias resoluções autorizando quer a PNTL quer as Forças Armadas (F-FDTL) a procurar e recolher o armamento desaparecido, especialmente granadas e pistolas da polícia.

O incidente de Baguia, adianta a organização, é um exemplo claro de que "a implementação das políticas de recolha de armamento em Timor-Leste continua a ser um problema".

Por isso, sublinha que este é um assunto que deve merecer a "atenção urgente" do VI Governo Constitucional.

ASP // ARA

Instituto Camões coordena projeto de modernização nos PALOP e Timor-Leste




Cidade da Praia, 10 mar (Lusa) - O Instituto Camões está a coordenar um projeto para desenvolver a modernização administrativa nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e Timor-Leste e aproximar o cidadão da administração pública, disse hoje a presidente da instituição.

Ana Paula Laborinho falava hoje à agência Lusa na Cidade da Praia no quadro de uma visita técnica de 24 horas a Cabo.

Segundo a presidente do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, o projeto, delegado pela União Europeia e com supervisão técnica da Agência de Modernização Administrativa (AMA) de Portugal, vai apostar no desenvolvimento da governação eletrónica nos institutos e serviços públicos de Cabo Verde, Angola, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Guiné Equatorial e Timor-Leste.

"Evidentemente que não vai resolver todos os problemas nos diferentes países, na medida em que estão em diferentes estádios de desenvolvimento em termos de governação eletrónica", reconheceu Ana Paula Laborinho, destacando o nível mais avançado na governação eletrónica de Cabo Verde, país onde o projeto está instalado.

"Isto revela que Cabo Verde está num ponto muito mais avançado em termos de governação eletrónica e outros países estão a caminhar para lá. Este projeto pretende introduzir melhorias no sistema e, eventualmente, fazer o ponto da situação nas áreas que forem identificadas para cada um dos países em termos de prioridades para o desenvolvimento", reforçou.

"Cabo Verde terá um papel importante, tendo em conta o seu desenvolvimento em matéria de governação eletrónica. Mas a sua experiência também permite dizer o quão importante é para os países de África e Timor Leste também próprios avancem neste sentido", prosseguiu.

Durante a sua estada em Cabo Verde, Ana Paula Laborinho visitou várias entidades, incluindo o Núcleo Operacional da Sociedade de Informação (NOSi), que tem desenvolvido o sistema de governação eletrónica e que desperta o interesse de vários países.

Nas declarações à Lusa, a presidente do instituto Camões disse que outro objetivo do projeto, que terá a duração de três anos, é fazer os países desenvolverem projetos de inovação, como forma de internacionalizar a língua portuguesa.

"Para a internacionalização de uma língua é preciso inovação", sustentou, dizendo que as questões de governação eletrónica são também de cidadania, uma vez que ajudam a aproximar os Governos dos cidadãos e facilitar a vida dos cidadãos.

Ana Paula Laborinho disse também "quanto mais próximo os Governos estiverem dos cidadãos, mais desenvolvimento revelam e, do ponto de vista da democracia, revelam os seus avanços. E é isso que todos queremos", salientou.

No próximo mês de abril, indicou Ana Paula Laborinho, o comité de direção reúne-se para aprovar os projetos de cada país e os seus respetivos orçamentos, para depois avançar com a sua concretização.

Ana Paula Laborinho veio a Cabo Verde à frente de uma missão técnica, que integrou também o presidente da AMA, Paulo Neves, e quadros do Camões - Instituto de Cooperação e da Língua.

RYPE // EL


Festival de cinema lusófono regressa em abril a Lisboa e homenageia Timor-Leste




Lisboa, 11 mar (Lusa) - Timor-Leste será o país homenageado no FESTin - Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa 2015, marcado para abril, no cinema São Jorge, em Lisboa, anunciou hoje a organização.

O festival, que cumpre a sexta edição, decorrerá de 08 a 15 de abril, numa semana em que serão exibidos cerca de 80 filmes provenientes de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e Portugal.

Sendo Timor-Leste o país em destaque, o FESTin fará uma itinerância por esse país, em novembro, numa parceria com o Instituto Camões.

Em abril, no FESTin, haverá ainda oficinas de cinema e debates subordinados ao tema "O cinema e a televisão".

O FESTin teve a primeira edição em 2010, com o objetivo de "incentivar uma maior cooperação entre os países do espaço lusófono na produção cinematográfica".

O programa da sexta edição do festival será apresentado no dia 17, em Lisboa.

No ano passado, o documentário "De armas e bagagens", da realizadora portuguesa Ana Delgado Martins, e a ficção "Cores", do realizador brasileiro Francisco Garcia, foram os principais premiados.

SS // MAG

INDONÉSIA AMEAÇA AUSTRÁLIA COM “TSUNAMI” DE REQUERENTES DE ASILO




Jacarta, 11 mar (Lusa) -- Um ministro indonésio advertiu a Austrália de que pode vir a ter um "tsunami humano" de requerentes de asilo se continuar a pressionar pela clemência de dois traficantes de droga australianos que estão no corredor da morte.

Myuran Sukumaran, de 33 anos, e Andrew Chan, de 31, estão no corredor da morte desde 2006, depois de condenados como cabecilhas de um grupo que se dedicava ao tráfico de heroína da ilha de Bali para a Austrália, e devem ser executados por um pelotão de fuzilamento dentro de pouco tempo.

A Austrália tem feito numerosos apelos de clemência e o primeiro-ministro, Tony Abbott, chegou a dizer que Jacarta se deveria lembrar da ajuda de Camberra após o tsunami no sudeste asiático em 2004, o que terá ofendido a Indonésia.

Esta semana, o ministro da Segurança indonésio, Edhy Purdijatno, disse que o seu país podia soltar um "tsunami humano" de requerentes de asilo em retaliação.

"A Indonésia tem feito muito para evitar que imigrantes ilegais de outros países vão para a Austrália", disse, citado por media indonésios.

"Se Camberra continuar a agir desta forma, Jacarta libertará certamente os migrantes que querem ir para a Austrália", adiantou, assinalando que existem "mais de 10.000 atualmente na Indonésia" e que se os deixarem ir "será como um tsunami humano".

Vários estrangeiros aguardam em prisões indonésias a execução por crimes relacionados com droga e o Presidente Joko Widodo tem recebido vários pedidos de clemência.

Além dos dois australianos, estão no corredor da morte um francês, um brasileiro e três nigerianos, assim como cidadãos das Filipinas e do Gana.

PAL // VM

Indícios de homicídio de jovem português morto em Macau não foram investigados - advogado




Macau, China, 11 mar (Lusa) - O advogado da família do jovem português Luís Amorim, encontrado morto em Macau em 2007, tentou provar hoje em tribunal que a tese de homicídio nunca foi investigada.

Foi hoje iniciado o julgamento da ação interposta pelos pais contra o Governo de Macau por negligência na investigação da morte do seu filho, considerada suicídio, uma tese refutada por uma segunda autopsia feita em Portugal já depois de o caso ter sido arquivado.

Na sessão foram ouvidos dois inspetores da Polícia Judiciária (PJ) diretamente envolvidos com o caso. Ambos negaram que o suicídio tenha sido declarado à partida e que se tenha rejeitado a possibilidade de homicídio, mas admitiram nunca encontrar indícios nesse sentido.

Luís Amorim foi encontrado por baixo da Ponte Nobre de Carvalho no dia 30 de setembro de 2007. Tinha 17 anos.

O advogado Pedro Redinha fez referência a vários indícios de homicídio, como as lesões que o Instituto de Medicina Legal Português considerou incompatíveis com uma queda em altura e depoimentos de amigos referentes a cenários de assassínio.

Para o advogado, vários factos durante o processo apontam para negligência: a lavagem do local logo após a retirada do corpo, informações contraditórias sobre se o jovem foi encontrado com ou sem vida, testemunhos pouco credíveis que acabaram por determinar a sua presença na ponte, inquirições que só aconteceram meio ano depois da morte e relatos de testemunhas que dizem ter sido condicionadas pela Judiciária durante os seus depoimentos.

"Até hoje não tenho uma conclusão se foi suicídio, se foi acidente. De homicídio não temos dados palpáveis, nada indica ser um caso de crime", disse o investigador da PJ Luís Filipe da Rosa Estorninho.

Também o inspetor Porfírio Souza considerou hoje que se tratou "de suicídio ou acidente", apesar de dizer que na altura o "homicídio não foi excluído". Para o responsável, ninguém se arriscaria a atirar o rapaz da ponte ou colocá-lo na avenida, morto ou gravemente ferido, sabendo que há câmaras na ponte.

No entanto, nessa noite as câmaras da Nobre de Carvalho não estavam em funcionamento. As gravações do bar onde o jovem esteve antes - e onde se acredita que algo relevante terá acontecido - também não estavam disponíveis.

Os dois inspetores defendem que Amorim esteve na ponte, já que foram encontradas pegadas das suas sapatilhas e duas testemunhas indicaram que o viram lá. Segundo relataram, duas jovens que, apesar de não conhecerem o rapaz se cruzaram com ele no bar, informaram a polícia que viram Amorim na ponte nessa madrugada.

As jovens dizem ter passado de táxi perto da ponte, pouco tempo antes de o corpo ter sido encontrado, e visto um rapaz parecido ao que viram no bar. No entanto, não afirmaram taxativamente que se tratava do Luís.

Pedro Redinha exibiu algumas fotografias do rosto do jovem e listou alguns exemplos de ferimentos que os médicos legistas de Portugal consideraram incompatíveis com a queda: estrias de arrastamento no pescoço, lesões debaixo dos olhos e uma incisão na testa "que só poderia ter sido provocada por um instrumento perfurante", sendo que não há no local nenhum ponto de embate antes do solo que explicasse essa perfuração.

Estorninho considerou, no entanto, que as lesões - que viu a partir de fotografias - "eram compatíveis com um caso de queda" e que "se fosse agressão haveria hematomas".

Redinha disse que pediu para ouvir 25 testemunhas, a maioria não ouvida pelas autoridades. Segundo o advogado, os amigos trouxeram a lume várias teses, como a possibilidade de ter havido "um incidente grave no [bar] Bex", que Amorim "tivesse sido morto por engano" ou sobre "suspeitas de ligações a máfias ou a tráfico de droga".

No entanto, Estorninho defendeu que a PJ "não obteve informações úteis" e que "os amigos não deram dados concretos sobre a razão [da morte]".

ISG // VM

Jornalista Adelino Gomes em Macau dia 20 para falar sobre liberdade de expressão




Macau, China, 11 mar (Lusa) -- O jornalista português Adelino Gomes vai falar em Macau na próxima semana sobre liberdade de expressão, uma iniciativa que tem como ponto de partida o ataque ao jornal satírico francês Charlie Hebdo, que "atingiu o coração do jornalismo".

O 'workshop', promovido pelo Programa Académico da União Europeia em Macau, em parceria com a Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau (AIPIM) e a Fundação Rui Cunha, vai decorrer a 20 de março.

"O ponto de partida são os ataques ao Charlie Hebdo e a morte de uma parte importante da sua redação. É a partir daí que vamos discutir a questão da liberdade de expressão no mundo. (...) Tem havido muita polémica, até em França, apesar da quase unanimidade na condenação, com aqueles milhões de pessoas que vieram para a rua, e discute-se muito se há limites ou não há limites à expressão da liberdade", afirmou à agência Lusa Adelino Gomes.

O antigo jornalista do Público vai "avançar com pontos de vista (...), mas sobretudo ouvir", já que esta é uma iniciativa também aberta aos jornalistas em Macau.

"A minha preocupação é que haja um bom debate. Mas levo esta tese que está no título [do workshop "Charlie, Estado Islâmico e o coração do jornalismo"]: acho que o que se passou no último ano -- seja no caso em Paris com o Charlie Hebdo, como noutros acontecimentos que têm jornalistas como vítimas ou protagonistas relacionados com o Estado Islâmico --, é qualquer coisa que atinge o coração do jornalismo", concluiu.

Na quarta-feira, 18 de março, Adelino Gomes vai apresentar o livro "Os Rapazes dos Tanques", no âmbito do festival literário Rota das Letras, que decorre em Macau entre 19 e 29 de março, informou a organização do certame.

Lançado no ano passado em Lisboa, o livro "dá voz conjunta a militares das unidades de Cavalaria que estiveram frente a frente no Terreiro do Paço e no Carmo, no dia 25 de Abril de 1974 -- entre eles, o cabo-apontador celebrizado por Salgueiro Maia", segundo a Porto Editora.

Adelino Gomes foi jornalista durante 42 anos, na rádio, na televisão e na imprensa escrita e foi provedor do ouvinte da RDP (2008-2010).

É docente no mestrado em Comunicação Aplicada da Universidade Autónoma de Lisboa (UAL) e investigador associado do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do ICSTE (CIES-IUL).

FV // APN

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