sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

EUA. 11 DE SETEMBRO FOI FARSA, REVELAM CIENTISTAS




Cientistas dinamarqueses deixam questões para se refletir, fatos descobertos pelos pesquisadores revelam que o atentado do 11 de setembro foi uma grande farsa: "A ganância do ser humano não tem limites."

Muito já se falou sobre o suposto ataque terrorista às Torres Gêmeas do World Trade Center, no 11 de Setembro. Surgiram teorias, surgiram especialistas, surgiram muitas questões... Mas quando um investigador cientista encontra explosivos Nano Thermite em destroços do World Trade Center cai por terra a ideia de um ataque terrorista ou, pelo menos, a versão oficial começa a feder e muito.

"A ganância do ser humano não tem limites."

Uma equipe de oito pesquisadores liderados pelo professor Niels Harrit da Universidade de Copenhaguem (Dinamarca), comprovaram a existência de explosivos altamente tecnológicos em amostra dos escombros das torres gêmeas e do prédio 7.

Essa pesquisa vem confirmar um trabalho semelhante previamente executado pelo professor Steven Jones nos Estados Unidos. Outras matérias que vêm de encontro a esse achado são as da equipa de Arquitectos para o 9/11.

Com esse achado explica-se a queda livre dos prédios num processo de demolição implosiva controlada. Os aviões não poderiam derrubar as torres gémeas devido a temperatura do combustível não ser suficiente para derreter aço. O impacto também não pode ter afectado a estrutura no nível afirmado pelo governo americano, uma vez que o prédio foi desenhado para suportar aviões daquele tamanho. Ferro derretido na base dos prédios ficou vivo por várias semanas.

E por três meses fotos infravermelhas de satélites mostraram bolsões de alto calor nas três torres. Larry Silverstein comprou o leasing do WTC entre 2000 e 2001, dois meses antes do “ataque” ele segurou os prédios em dois bilhões de dólares contra ataque terrorista, algo como todos sabemos um tanto incomum. O ataque 9/11 serviu para:

1. Criar ódio contra os árabes e fomentar as guerras americanas na saga pelo petróleo e a hegemonia Israelense no Médio Oriente.

2. Desaparecer com 1,5 trilhões de dólares a fundo perdido das contas do Pentágono (Rumsfeld declarou um dia antes).

3. Documentos provas contra a Enron que desapareceram na queda do predio 7.

4. Auto-pagar os empreiteiros, talvez via Larry Silverstein e a fortuna que ele arrecadou de seguro. Existem evidências que agentes do Mossad (serviço israelense) foram capturados no dia carregando explosivos. Todos foram libertados pelo FBI. (esta informação precisa ser confirmada).
 


RACISMO EM ALTA MANCHA REPUTAÇÃO DA FRANÇA




O 'país dos direitos humanos' foi a única democracia que proibiu manifestações em defesa dos palestinos, que vivem numa verdadeira 'prisão a céu aberto.'

Leneide Duarte-Plon, de Paris

A França foi até pouco tempo considerada como um exemplo a ser seguido no continente. Não é mais. No relatório do comissário para os direitos humanos do Conselho da Europa, divulgado na terça-feira, 17 de fevereiro, o país passou a figurar na lista dos que sofrem "deterioração da coesão social".

Ser criticada em razão do "recuo da tolerância" e pelo "aumento de agressões verbais e demonstrações injuriosas com caráter odioso ou discriminatório" é um duro revés. Afinal, a França cultivava o histórico orgulho de ser "o país dos direitos humanos", epíteto sempre lembrado por jornalistas e políticos, em referência à Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789, elaborada logo depois da Revolução Francesa pela primeira Assembleia Nacional Constituinte francesa.

O comissário Nils Muiznieks, nativo da Letônia e diplomado em Ciências Políticas pela Universidade de Berkeley (EUA), pondera em seu relatório de 52 páginas que o antissemitismo e a islamofobia são muito graves em todos os países europeus que passaram pelo exame da Comissão de Direitos Humanos. Na França, contudo, esses dois tipos de racismo são mais graves e os casos mais numerosos porque o país reúne a maior população de judeus e de muçulmanos do continente, cerca de 600 mil para o primeiro e 6 milhões para o segundo grupo.

Na França, a coexistência de judeus e muçulmanos é muitas vezes explosiva, sobretudo por causa da ferida exposta pelo sexagenário conflito palestino-israelense, cada vez mais agudizado pela progressiva ocupação israelense dos territórios palestinos da Cisjordânia. 

O comissário não mencionou em seu relatório, mas durante os bombardeios a Gaza, em julho do ano passado, o "país dos direitos humanos" foi o único Estado democrático no mundo que proibiu manifestações em defesa dos palestinos de Gaza, que vivem numa verdadeira "prisão a céu aberto", segundo organizações de direitos humanos insuspeitas. Em total desacordo com suas tradições de liberdade de expressão, o governo francês não deu autorização às manifestações em Paris, que não eram promovidas por muçulmanos, mas por partidos de esquerda e por cidadãos franceses pró-palestinos de diversas origens. O primeiro-ministro Manuel Valls justificou, sem convencer, que o país não podia importar para território francês o conflito Israel-Palestina. A tampa na panela não impede as vivas tensões: os simpáticos à causa palestina entenderam a proibição como um parti pris pró-israelense da parte do governo francês.

O atentado de janeiro contra um supermercado casher e outros atos anti-semitas recentes, assim como mais de uma centena de agressões a mesquitas somente este ano, comprovam que a mobilização nacional contra o racismo que o presidente François Hollande vai anunciar em breve é mais que oportuna.

Entrevistado pelo Le Monde, o comissário para os direitos humanos do Conselho da Europa disse que, ao reconhecer como um tipo de "apartheid" a exclusão de que são vítimas os moradores das banlieues, o primeiro-ministro Manuel Valls fez uso de um verdadeira arma de eletrochoque, prova de vontade política de atacar o problema.

Paradoxalmente, foi o mesmo Valls que, em setembro de 2013, ainda como ministro do Interior, declarou que "os ciganos (roms, em francês) têm vocação para voltar à Romênia ou à Bulgária e para isso é preciso que a União Europeia, com autoridades desses países, encontre um meio de integrar essas populações em sua terra de origem". Esse mesmo governo do primeiro-ministro Valls se orgulha de ter aumentado as expulsões de terrenos ocupados ilegalmente pelas populações ciganas e o envio aos países de origem dos que não têm documentos franceses.

A banalização do discurso discriminatório na França em relação a certas minorias – a mais visada é a comunidade de franceses muçulmanos – na boca de diversos políticos franceses, de esquerda como de direita e de extrema-direita, foi apontada pelo comissário de Direitos Humanos do Conselho da Europa como altamente preocupante. Segundo ele, esse tipo de linguagem envia um sinal à polícia, aos funcionários e aos cidadãos de que o discurso racista pode ser assimilado pela sociedade. Os policiais são frequentemente acusados de violência no tratamento com migrantes, vindos do mundo inteiro, que vivem ilegalmente em Calais, na esperança de atravessar o canal para chegar à Inglaterra.

Mesmo no que diz respeito à acolhida de exilados sírios que buscam a Europa fugindo da guerra, o comissário mostra como a França está longe de sua tradição de "terra de asilo". Em 2015, o país acolherá apenas 500 sírios, o mesmo que em 2014, enquanto a Alemanha deu asilo a 10 mil sírios no ano passado.

Evidentemente, a França não foi o pior aluno entre os países europeus, na visão da Comissão de Direitos Humanos. Mas já teve melhores notas. O relatório anterior, datado de 2006, apontava o país  como o berço dos direitos humanos na visão de muitos europeus. E constatava que ele oferecia "um alto nível de proteção aos direitos humanos".

Apesar de todas as reservas, Nils Muiznieks pensa que a França tem uma excelente legislação e mais instrumentos para implementar uma política de igualdade que a maioria de seus vizinhos. Entre muitas críticas, o relatório abre outra exceção: considera excepcional o trabalho das associações humanitárias.

Com o mesmo número de páginas, um relatório do governo francês respondeu às acusações sem, contudo, conseguir justificar todas as críticas apontadas no texto do Conselho da Europa.


Carta Maior

SwissLeaks. Informante do caso HSBC diz que ainda há 'um milhão' de dados por vir




O ex-funcionário do HSBC em Genebra, Herve Falciani, é o homem por trás do maior vazamento de dados na história dos bancos.

Kamal Ahmed, editor da economia da BBC News – Carta Maior


Oito anos depois, ele disse, em entrevista à BBC, que se sente “vingado” e “aliviado”, já que os dados revelados por ele finalmente vieram à tona e o escândalo vem sendo investigado em várias partes do mundo.

Segundo Falciani, estamos longe do fim da história, já que ainda há muitas informações sobre o esquema do HSBC.

Aliás, para ser bem preciso, há um milhão de bits em dados, afirma o ex-funcionário.

Ele diz que o trabalho de análise desses dados deve começar em breve e que uma grande empresa de petróleo pode ser a próxima a sentir os efeitos de um vazamento em massa de informações.

Estrelas do showbiz e traficantes

O esquema revelado por Falciani permitiu que, entre 2005 e 2007, centenas de bilhões de euros transitassem, em Genebra, por contas secretas de 106 mil clientes, entre eles, empresários, políticos, estrelas do showbizz e esportistas, mas também traficantes de drogas e armas e suspeitos de ligações com atividades terroristas.

Os documentos vazados por ele também incluem dados sobre 5,5 mil contas secretas de brasileiros, entre pessoas físicas e jurídicas, com um saldo total de US$ 7 bilhões (cerca de R$ 19,5 bilhões).

A BBC teve acesso a um e-mail, obtido pelo jornal francês Le Monde, que foi enviado por Falciani em 2008 ao órgão britânico que equivale à Receita Federal no Brasil (Her Majesty's Revenue and Customs ou HMRC), no qual ele dava detalhes do esquema.

“Mas como não obtive resposta, eu também liguei para denunciar o caso para um telefone de denúncia de evasão fiscal. Também sem sucesso.”

Ainda não está claro por que o HMRC não respondeu aos contatos do ex-funcionário do HSBC e por que levou tanto tempo para que a informações se tornasse pública.

O HSBC afirma que o banco passou por reformas e que agora há menos clientes e um controle mais rígido.

Mas para Falciani, o banco tem de ser punido de qualquer jeito.

“A punição tem que ocorrer, não importa o quão grande eles são”, diz ele, acrescentando que talvez haja centenas de outros bancos envolvidos em esquemas para ajudar os ricos e fugir do pagamento de impostos.

Segundo ele, é crucial que agências europeias, americanas e asiáticas trabalhem em conjunto para combater a corrupção em bancos.

Proteção aos informantes

As pessoas que se dispõem a denunciar esses esquemas também deveriam, segundo Falciani, receber maior proteção para que possam revelar o que sabem.

Mas seus críticos – e há muitos – dizem que é preciso ter cuidado com o informante e o acusam de ter tentado vender as informações.

Ele nega a acusação.

“Isso é mentira. É exatamente isso que eles tentam fazer, minar sua reputação, assim como a máfia faz”, disse. “Mas já está sendo provado que eu estava certo. Eu nunca pedi dinheiro em troca das informações e agora estou podendo provar isso.”

Falciani diz que enfrentou diversos problemas nos últimos sete anos, por ter vazado as informações.

Ele afirma que não tem uma casa e que viaja com o apoio de uma rede de pessoas que também estão envolvidas na luta contra o sigilo bancário.

“Foi imenso o impacto negativo que esse caso teve na minha vida, seja na pessoal ou na profissional, e também na minha reputação.”

Para ele, denunciantes tem de estar dispostos a enfrentar uma longa luta.

“Isso prova o quanto é difícil e complicado fazer denúncias como essa. Certamente, tudo isso levou muito anos mais do que eu esperava que levaria. É uma grande jornada.”

O EURO EM FASE TERMINAL




– Um governo de ruptura deve, à cabeça, nacionalizar os bancos e instituir o controlo dos movimentos de capitais

Jorge Bateira [*]

Quando participei no primeiro debate televisivo realizado em Portugal sobre o euro ("Prós e Contras", 15/Abril/2013), afirmei que a moeda única iria acabar. Da mesma forma que a Inglaterra de 1931 não aguentou a política de austeridade imposta por um sistema monetário que excluía a desvalorização da moeda – no padrão-ouro, o reequilíbrio externo teria de ser alcançado por redução dos salários, a chamada "desvalorização interna" –, também nos nossos dias, um dos países sujeitos à política cruel imposta pela UE acabará por sair. O primeiro será a Grécia, os outros vão a seguir, ao ritmo do respectivo ciclo político.

Entretanto, o discurso do medo voltará às televisões. Dir-nos-ão que sair do euro é uma calamidade porque perderemos metade do poder de compra, que os bancos vão falir e perderemos as nossas poupanças, que o Estado não pagará aos funcionários públicos e pensionistas, que seremos excluídos dos mercados para todo o sempre e, argumento último de quem está inseguro, que a Alemanha nos invadirá para restabelecer a ordem. Do serviço público de televisão, gerido por comissários políticos, não se pode esperar uma informação isenta e fundamentada. Não haverá recolha de depoimentos de especialistas estrangeiros que ponham em causa o pensamento dominante, não haverá debate honesto com uma participação plural que ultrapasse o discurso partidário rotineiro. Dos canais privados também não podemos esperar que cumpram as exigências básicas de pluralismo, nem que as autoridades competentes o exijam. O que temos visto fala por si. Aliás, os analistas que ocupam o palco estão no bolso dos grupos económicos e da finança. Um governo de salvação nacional também terá de resgatar a comunicação social e pô-la ao serviço do interesse público.

Recordemos então algumas ideias simples que os portugueses não têm direito a debater nos media de grande audiência. Quando Portugal sair do euro, todos os contratos realizados sob jurisdição nacional ficam automaticamente redenominados em novos escudos, segundo a jurisprudência internacional ( lex moneta, 1 escudo = 1 euro). Assim, todos os empréstimos bancários, depósitos, salários, pensões, preços nas lojas, etc., passam a escudos e, a partir desse dia, o Estado apenas paga e recebe em escudos. O Estado fica sem problemas de liquidez porque os seus défices - necessários para estimular a economia - ficam cobertos por financiamento interno, quer do sector privado, que procura obrigações do Tesouro para aplicações seguras, quer do Banco de Portugal, a entidade pública que emite moeda. Portanto, sair do euro significa a libertação do país dos humores dos mercados financeiros. Quanto às necessidades de financiamento em outras moedas, os últimos dias mostraram--nos que os EUA estão dispostos a ajudar para evitar o recurso aos seus rivais. Note-se que os BRIC têm agora um banco que é alternativa ao FMI.

Um governo de ruptura deve, à cabeça, nacionalizar os bancos e instituir o controlo dos movimentos de capitais. Seria vantajoso comprá-los em bolsa, à cotação do momento, e proceder à sua recapitalização, tudo com emissão monetária. A inflação será o custo a pagar para recuperarmos a soberania. Mas será um custo transitório (inicialmente, cerca de 12%, muito menos nos dois anos seguintes) que pode ser distribuído com justiça social através de compensações a atribuir aos rendimentos mais baixos. A classe média/alta, vendo os seus desempregados recuperarem a dignidade de voltar a trabalhar em condições decentes, aceitará de bom grado alguma perda temporária de poder de compra. Como seria de esperar, o novo paradigma da política económica dará prioridade ao emprego, ao contrário da finança, que diaboliza a inflação e acha inevitável este desemprego típico dos anos trinta do século passado.

À medida que se forem abrindo espaços de debate público informado sobre o que significa sair do euro, os portugueses ficarão cada vez mais receptivos à proposta de uma Europa de países soberanos. Por muito que custe aos federalistas, não creio que os portugueses queiram viver num protectorado sujeito a diktats. 


[*] Economista, co-autor do blogue Ladrões de Bicicletas

O original encontra-se em http://www.ionline.pt/iopiniao/euro-fase-terminal/pag/-1

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ 

A DIGNIDADE NÃO TEM PREÇO




A mudança política a que a Europa tem assistido - o Syrisa e o Podemos no horizonte - é também o resultado de um regresso a uma dignidade entretanto roubada. Os movimentos ditos populistas, como é sobretudo o caso do Podemos, invariavelmente associados a ideias vagas, a alguma inanidade e apoiados na retórica ao invés da ideologia, representam a resposta a esse roubo da dignidade dos povos do sul da Europa. O já referido populismo, dito de forma depreciativa, é uma nova forma de ver e fazer política - nova e diferente em oposição ao convencionalismo que se instalou na Europa; tudo o que fugir a esse convencionalismo acinzentado será considerado de forma depreciativa pelos poderes instalados.

Quando se leva os povos ao limite das suas capacidades, quando se humilha e se anula o conceito de futuro, os povos respondem. Felizmente para a Europa, essa resposta tem sido dada num contexto de democracia, fortalecendo-a. A resposta poderia ter chegado através de vias menos democráticas ou até mesmo num inserida num contexto de democracia a resposta poderia ser paradoxalmente a antítese de democracia como já aconteceu no passado.

Os poderes instalados continuarão a fazer o seu caminho, repudiando qualquer mudança, julgando contar com povos amedrontados e receosos dessa mudança. Já não será bem esse o caso, como se vê na Grécia e como se começa a vislumbrar em Espanha ou até mesmo na Irlanda.

Não é por acaso que Alexis Tsipras refere amiúde a necessidade de recuperação da dignidade de um povo. Ele sabe que os gregos sentem que os anos de austeridade resultaram em miséria, mas também no enfraquecimento da dignidade do seu povo e de muitos outros cidadãos europeus.

O que se segue será difícil, mas há um facto indubitável: há povos dispostos a mudar e a aceitar o carácter imperativo. A Alemanha está empenhada em eliminar qualquer impetuosidade dos países do sul da Europa. Esse gesto tem resultados contraproducentes - do ponto de vista das aspirações da própria Alemanha - como já começa a ser evidente.

Ana Alexandra Gonçalves – Triunfo da Razão

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Portugal - BES. PCP pede a Passos esclarecimentos sobre relação com Ricciardi




A comissão de inquérito teve a primeira audição a 17 de Novembro passado e tinha inicialmente um prazo total de 120 dias, até 19 de Fevereiro, mas foi prolongado por mais 60 dias

O Partido Comunista Português (PCP) pediu hoje ao primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, para esclarecer a relação de amizade que mantém com o presidente do BES Investimento (BESI), José Maria Ricciardi.

A pergunta do PCP integra um leque de questões hoje entregues na comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do Grupo Espírito Santo (GES) a personalidades como o primeiro-ministro, o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, o antigo comissário europeu Joaquin Almunia e aos representantes da 'troika' em Portugal, entre outros.

"José Maria Ricciardi disse em público, depois de ser interpelado pela comunicação social sobre o porquê de ter jantado na sua mesa no Fórum Empresarial do Algarve, em 06 de Outubro de 2014, que era seu amigo pessoal. Este seu amigo nunca lhe falou na situação que se vivia no Grupo, quando já por várias vezes afirmou ter entrado em confronto com Ricardo Salgado, muito antes da resolução do BES?", questionam os comunistas no bloco de perguntas endereçado ao primeiro-ministro.

"Qual a sua relação com José Maria Ricciardi, membro de um dos cinco ramos da família, com fortes responsabilidades na gestão do Grupo e em particular do BES?", interrogam ainda os parlamentares do PCP na comissão de inquérito: Miguel Tiago, Bruno Dias e Paulo Sá, este membro suplente.

O PCP quer ainda que Passos Coelho explique por escrito desde que momento "se iniciaram contactos, formais ou informais, com membros do Governo sobre a situação do BES" e do ramo não financeiro do grupo, geralmente designado por GES.

"É verdade que foi contactado por Ricardo Salgado, que este lhe leu uma carta e que o primeiro-ministro a devolveu? Qual era o conteúdo da mensagem?", questionam também.

A Mario Draghi, presidente do BCE, os parlamentares comunistas perguntam quando é que teve conhecimento da situação que se vivia no "BES em particular e no GES em geral" e se o representante do BCE na 'troika', antes de esta sair de Portugal, "transmitiu a situação que se vivia no terceiro maior banco português".

A comissão de inquérito teve a primeira audição a 17 de Novembro passado e tinha inicialmente um prazo total de 120 dias, até 19 de Fevereiro, mas foi prolongado por mais 60 dias.

Os trabalhos dos parlamentares têm por objectivo "apurar as práticas da anterior gestão do BES, o papel dos auditores externos e as relações entre o BES e o conjunto de entidades integrantes do universo do GES, designadamente os métodos e veículos utilizados pelo BES para financiar essas entidades".

Jornal i com Lusa

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Eurogrupo e Grécia chegam a princípio de acordo: mais quatro meses e sem austeridade adicional




Informação é avançada à Reuters por fonte do governo grego. Acordo não está fechado, mas há base de entendimento - trata-se de um esboço comum.

Liliana Coelho e Susana Frexes (correspondente em Bruxelas) - Expresso

O Eurogrupo e a Grécia já têm um esboço de um texto que poderá servir de base a um acordo sobre a extensão do programa de resgate. A notícia está a ser avançada pela Reuters, que cita fonte oficial do governo grego. No entanto, o processo não está concluído, estando os ministros da zona euro ainda a discutir todas as condições.

O acordo prevê a extensão do programa de resgate por quatro meses, não incluindo medidas de austeridade. O Executivo grego compromete-se também a não tomar nenhuma decisão unilateral, como por exemplo a subida do salário mínimo e  até segunda-feira tem que enviar uma carta que contenha as medidas que pretende levar a cabo.

Entretanto, o comissário europeu para os Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, escreveu no Twitter que estão a ser conseguidos "progressos".

Caso não se alcance esta sexta-feira um acordo, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, pediu ao presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, para agendar uma Cimeira no próximo domingo. Contudo, a cimeira a acontecer será noutra data, segundo fonte oficial de Bruxelas, citada pela Reuters. "Não haverá cimeira no domingo. Contudo, Donald Tusk não hesitará em marcar uma cimeira do euro, uma vez que considera que haverá uma forma certa de resolvar a situação. Mas antes da cimeira, todas as opções do Eurogrupo devem ser esgotadas", afirmou a fonte.
      
A reunião decisiva do Eurogrupo desta sexta-feira foi atrasada duas vezes: o arranque estava previsto para as 15h00 locais (menos uma em Portugal Continental), depois passou para as 16h30 locais e acabou por começar só depois das 18h00 em Bruxelas (17h00 em Lisboa). Antes do arranque dos trabalhos conjuntos decorreram encontros bilaterais com o objetivo de agilizar o processo.

À chegada a Bruxelas, os sentimentos eram díspares. O ministro grego das Finanças, Yanis Varoufakis, disse ter "esperança" num acordo, realçando o longo trabalho do país,  enquanto o presidente do Eurogrupo mostrou-se mais pessimista afirmando que "estava tudo muito complicado". O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, friou apenas que "tudo o que era importante dizer está dito" em relação à Grécia.

A presidente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, e o líder do BCE, Mario Draghi, preferiram não prestar declarações aos jornalistas antes do encontro. 

Esta tarde, a chanceler alemã e o Presidente francês encontraram-se tarde em Paris, tendo expressado a vontade em continuar um trabalho conjunta pela permanência da na zoan euro.

"A Grécia está na zona euro e deve permanecer aí", frisou Hollande na conferência de imprensa conjunta após o encontro. Já Angela Merkel mostrou-se mais otimista relativamente aos progressos da Grécia, contudo, voltou a alertar para os riscos. "A situação ainda é difícil, por exemplo no mercado de trabalho, mas já começam a ser visíveis os resultados e vamos continuar essa política", destacou a chancelar.

Foto: Reuters

Angola: OS DÓLARES SUMIRAM… VIVA A CANDONGA




Fácil é imaginar a aflição de toda essa gente que tinha reservado e já pago um bilhete de avião para em­barcar rumo ao estrangeiro. Para começar, foram obrigados a comprar as divisas ao preço praticado no mercado negro, dito informal, 180 kwanzas por nota, mas, a certa altura também deixou de haver dólares, por toda a parte, mesmo no mercado negro e… E agora, va­mos fazer como?...

Ora essa!, como sempre fizeram os plebeus angolanos, re­correr a “esquemas”, meter o estrume da sua lavra no fer­tilíssimo terreno da corrupção. Sempre foi assim e, diga-se, sempre foi também um dos mais atractivos iscos para atrair investidores estrangeiros, a começar pelos detentores de credenciais topo de gama da Máfia internacional e dos pan­tanais lamacentos da corrupção planetária. 

Folha 8 Digital

ISABEL DOS SANTOS E OS NEGÓCIOS DE MALTA




Bilionária tem várias companhias neste país que servem de frente para outros negócios

Isabel dos Santos, filha do presidente José Eduardo dos Santos, está a estabelecer companhias em Malta que, por sua vez, controlam as empresas mais conhecidas  da empresária mais rica de África, revelou o jornal Malta Today.

Malta é um país que atrai muitas companhias internacionais devido aos seus baixos impostos, em que o máximo é de apenas 15 por cento.

O jornal dá vários exemplos dos interesses de Isabel dos Santos em Malta e levanta interrogações sobre a proveniência de fundos  e o por quê da existência destas companhias.

Assim, por exemplo, registada no país está a companhia Sodiam, uma subsidiária da Endiama. Mas a Sodiam é também em parte propriedade de uma companhia com o nome de Victoria Holdings que, por seu turno, é controlada por Sindika Dokolo, o marido de Isabel dos Santos cuja fortuna está avaliada em três mil milhões de dólares.

Sendo a Sodiam uma subsidiária da Endiama, uma companhia estatal angolana, a associação de Isabel dos Santos com a Sodiam pode ser vista como um conflicto de interesses da família Santos.

Esta companhia comprou recentemente a dívida de 63 milhões de euros de um empresário suíço ligado à indústria de joalharia, havendo declarações contraditórias sobre o por quê dessa aquisição.

Malta Today afirma ainda que várias outras companhias registadas no país estão associadas a Isabel dos Santos.

A Winterfell Industria, por exemplo,  foi recentemente registada no país e é uma das subsidiárias da companhia Niara Holding, propriedade de Isabel dos Santos.

O que é de notar, diz o jornal, é que algumas dessas companhias maltesas não parecem dar lucro.  Por outro lado, a maior parte  detém interesses ou é propriedade de outras companhias.

Por exemplo, a companhia Kento Holding registada em Malta e que pertence a Isabel dos Santos e ao seu marido é usada para os seus investimentos no sector de telecomunicações. A Finisantoro detém os interesses de Isabel do  Santos no banco BPI de Portugal.

Uma outra companhia, Athol Limited, pertence ao marido de Isabel dos Santos e foi usada para financiar uma propriedade em construção  em que só o depósito foi de sete milhões e meio de Euros.

Em Malta, os interesses de Isabel dos Santos  são administrados por Noel Scicluna, um politico  e diplomata maltês que aparece como director de oito outras companhias associadas à filha do presidente angolano.

De notar que várias companhias estrangeiras usam Malta como o seu quartel-general com o objectivo de limitarem o pagamento de impostos.

O jornal citou um consultor contabilístico que afirmou nada haver de ilegal nesse tipo de acção em que as companhias são alvo de auditorias ao abrigo da lei de Malta e pagam os impostos previstos na legislação.

Voz da América

Sindicato da Construção de Portugal denuncia má situação dos trabalhadores em Angola




Presidente do sindicato critica silêncio do embaixador angolano em Lisboa

Voz da América

O Sindicato da Construção de Portugal denunciou hoje, 19, a ausência de resposta do embaixador de Angola José Marcos Barrica a um pedido de audiência sobre problemas laborais no país e anunciou que vai pedir a intervenção da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Albano Ribeiro revelou que há 90 mil trabalhadores portugueses da construção civil em Angola, mas muitos começam a regressar devido às más condições de trabalho e à crise financeira.

Em declarações à imprensa portuguesa em frente à Embaixada de Angola em Lisboa, o presidente daquele sindicato Albano Ribeiro lamentou ter pedido uma entrevista ao embaixador angolano a 31 Janeiro, mas até hoje não recebeu qualquer resposta.

"O que ele fez não se faz, pedimos uma audiência ao embaixador do Canadá no dia 12 e foi marcada para ontem, e devia assim acontecer com o embaixador de Angola", diz Ribeiro.

O presidente do Sindicato da Construção de Portugal considera que a situação está muito difícil para os trabalhadores portugueses do sector, que foram aliciados por angariadores. Agora, com a crise, além das condições em que vivem, têm até o salário reduzido.

"Imaginem que no verão eles estão em contentores onde dormem e comem, sem ar condicionado, e agora os angariadores dizem que, devido à crise, vão ter de reduzir os seus salários", denunciou Albano Ribeiro, que afirmou que o seu sindicato vai pedir a intervenção da Organização Internacional do Trabalho.

Na foto: José Marcos Barrica

O ATAQUE À CARAVANA DA UNITA E A INTOLERÂNCIA POLÍTICA EM ANGOLA




Nos cuidados intensivos do Hospital de Cafunfo, um dos membros da UNITA, Cassongo, que se encontravam na caravana automóvel atacada a 16 de Fevereiro continua a lutar pela vida, com uma grave fractura craniana. Ainda não há qualquer reacção oficial à emboscada sofrida pela caravana em Cafunfo (Lunda-Norte), às mãos de elementos identificados como sendo do MPLA e apoiados pela polícia. Do ataque, resultaram 18 feridos da UNITA, uma viatura carbonizada e nove outras danificadas pelos atacantes.

Depois de duas noites internado devido aos ferimentos que sofreu no referido ataque, o secretário para a administração da UNITA no Cuango, João Muambongue, recebeu alta do Hospital de Cafunfo ontem à tarde, Depois , marcado com seis pontos na nuca, ferimentos nos ombros e nas costelas. Celestina Marco também passou dois dias internada, com ferimentos nas costelas e a cara muito inflamada. Ambos regressaram hoje ao hospital para prosseguirem com o tratamento.

O Ataque

Por volta das 7h45, a caravana da UNITA chegou à primeira aldeia da comuna do Luremo, Muacassenha, rumo à sede comunal, onde pretendia realizar a sua actividade política. “Vimos uma barricada na estrada com uma multidão à volta. Afrouxámos a marcha e começámos a ser apedrejados”, conta João Muambongue.

“O secretário do MPLA no Luremo, Lino, estava à frente da multidão, a dirigir o ataque. Ele também atirava pedras”, afirma o secretário da UNITA, acrescentando que alguns dos seus militantes se desdobraram em esforços para proteger os veículos e, na acção, “conseguimos apanhar o secretário do MPLA e um outro elemento do MPLA, que comandavam o ataque”.

A captura dos referidos elementos, segundo João Muambongue, causou a reacção imediata dos efectivos policiais que assistiam ao ataque. “A polícia efectuou disparos contra nós para nos forçar a soltar os membros do MPLA. Largámos o secretário”, continua o interlocutor.

João Muambongue explica terem batido em retirada do local, já com alguns feridos e vidros partidos, mas levando sob custódia um dos militantes do MPLA. “O homem que nós apanhámos levou umas chapadas e uns pontapés e trouxemo-lo para Cafunfo como prova do ataque que sofremos. Entregámo-lo à polícia.”

A Emboscada do Gika

Entretanto, no regresso a Cafunfo, às 11h12, já no Bairro Gika, a caravana viu-se novamente paralisada por uma barricada, controlada por um agente regulador do trânsito, com uma multidão à espera e os agentes policiais a dar-lhe cobertura.

Alguns jovens militantes do MPLA entrevistados pelo Maka Angola foram unânimes em revelar que a representação do MPLA no Luremo alertou, por via telefónica, o soba Manhinga, do Bairro Gika, sobre o seu membro que a UNITA levava sob custódia. “Os homens do Luremo ordenaram-nos que fizéssemos uma barricada no Gika e impedíssemos a passagem da UNITA”, revelou um dos jovens, sob anonimato.

Debaixo de uma chuva de pedras, paus e outros objectos contundentes, as primeiras viaturas furaram o cerco e dirigiram-se à Segunda Esquadra, do Bairro Gika, a uma ligeira distância do local da barricada. O secretário provincial da UNITA, Domingos de Oliveira, procedeu à entrega do homem que tinham capturado no Luremo.

Uma multidão também os havia seguido até à esquadra, em cujo quintalão o soba Manhinga tem a sua residência. Este, de fisga na mão, continuou a dirigir a operação de apedrejamento e a proferir ameaças mesmo diante da polícia, segundo depoimentos de várias testemunhas.

No local do cerco, a situação tornou-se trágica para os que lá ficaram. E aqueles que haviam chegado à polícia regressaram ao ponto da barricada, em solidariedade para com os seus colegas ali bloqueados.

“O nosso carro [Toyota Hilux de cabine dupla], o que foi queimado (na foto), era o oitavo na caravana. Fomos retirados da viatura e espancados com pedras, na cabeça, na coluna, em todo o corpo. Retiraram-me o rádio de comunicações Motorola, 20000 kwanzas, e espancaram-me até não me poder levantar do chão”, relata a vítima. A viatura transportava 11 passageiros, seis dos quais mulheres.

“O comandante Ngonga, da Esquadra do Bairro Gika, fardado, arrastou-me para me afastar da viatura, chamando-me de bandido e dizendo que nós da UNITA devíamos morrer ali mesmo”, narra João Muambongue. Para desfazer quaisquer equívocos, revela: “O subinspector Ngonga estudou comigo, foi meu colega de turma, por isso não me posso enganar sobre quem ele é.” Aventa a possibilidade de ter sido mais espancado pela população, para além de ter sofrido algumas pedradas de agentes policiais. Afirma, no entanto, que o motorista da viatura carbonizada, que se encontra internado, “foi mesmo torturado pela polícia. Eu estava presente”.

Quando já estava a uma distância segura viu então, de acordo com o seu depoimento, “o secretário da JMPLA do Bairro Gika com um bidon de gasolina, de dez litros, a regar o carro e a incendiá-lo. Eu vi com os meus próprios olhos”.

Numa das fotografias a que o Maka Angola teve acesso, vê-se o comandante da unidade policial do Bala-Bala, inspector-chefe Galeano, a apreciar o incêndio do veículo sentado na sua motorizada.

“Os polícias assistiam ao ataque como se estivessem a ver um jogo de futebol. Só depois nos transportaram, os mais feridos, para a Segunda Esquadra, onde ficámos cerca de meia hora. Depois fomos levados ao hospital”, afirma Muambongue.

Por sua vez, o secretário provincial da UNITA, Domingos Oliveira, que dirigiu a comitiva, disse ao Maka Angola ter informado pessoalmente o administrador municipal do Cuango, no dia anterior, sobre a sua visita ao Luremo. “Era nosso desejo visitar essa comuna por causa da intolerância política que aí se verifica contra a oposição”, explica.

Domingos Oliveira também abordou a questão da viagem com o administrador do Luremo, Lourenço Sahunjo, “que nos garantiu que seríamos recebidos pelo seu adjunto, na comuna, e que a polícia garantiria a ordem e a tranquilidade”.

“A polícia deu protecção aos atacantes. É assim a resolução da intolerância política de que o senhor presidente José Eduardo dos Santos fala nos seus discursos. É essa a estabilidade política que temos no país?”, interroga-se o secretário provincial da Lunda-Norte, que escapou ileso dos ataques.

Por sua vez, o comandante municipal da Polícia Nacional no Cuango, superintendente Celestino Caetano Bravo, concentrou-se, com um forte dispositivo unificado de militares e agentes policiais, num dos principais largos de Cafunfo, junto aos contuários (postos de compra de diamantes) de Didi Kinwana e Baka. Centenas de efectivos da Polícia de Intervenção Rápida (PIR), soldados das FAA e agentes da Polícia Nacional haviam-se desdobrado pelas artérias da vila de Cafunfo, prontos a intervir.

Essa operação respondia às dinâmicas etnolinguísticas que animam as lutas políticas naquela região. A vila de Cafunfo é predominantemente habitado por tchokwés, o principal grupo etnolinguístico da região. Grande parte deste povo, naquela localidade, é considerada rebelde, contrária aos desígnios do poder. O Bairro Gika é dominado por bângalas e considerado o bastião do MPLA em Cafunfo.

Sobre o ataque à caravana da UNITA, Celestino Caetano Bravo negou o envolvimento de militantes do MPLA. “Não foi um ataque dos militantes do MPLA. Não dou entrevistas por telefone. Se quiser falar comigo pode vir ao município”, conclui abruptamente a conversa. Não mais responderia às tentativas de contacto por parte do Maka Angola.

Caça ao Homem no Luremo

No Luremo, vários militantes da UNITA e cidadãos oriundos do sul de Angola, Uíge e Malanje tiveram de refugiar-se no comando da Polícia de Fronteira, na localidade da Curva, onde passaram a noite.

Fontes locais afirmam ter havido ordens para capturar cidadãos oriundos das regiões acima mencionadas, “porque são esses que dão mimos à UNITA”. Um jovem do Uíge, conhecido apenas por Nando, viu a sua cantina ser destruída por uma horda de populares.
Alguns já se encontram deslocados em Cafunfo, onde se sentem mais seguros.

Como demonstram estes lamentáveis acontecimentos, é muito frágil a convivência democrática entre o partido no poder e os partidos da oposição. A tão propalada estabilidade política em Angola pode facilmente resvalar em massacres.

Na foto: Cassongo, vítima da intolerância política, luta pela vida no Hospital de Cafunfo


MARIA LUÍS E SCHAUBLE



Pedro Bacelar de Vasconcelos* – Jornal de Notícias, opinião

Foi um espetáculo inédito de humilhação gratuita de um estado soberano. Ao Ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, foi dada a oportunidade de exibir num espetáculo televisivo a Ministra das Finanças de Portugal, Maria Luís Albuquerque, como troféu de uma política europeia errada que destrói a solidariedade entre os povos, perturba o funcionamento dos sistemas políticos democráticos e ameaça a própria sobrevivência da União.

Enquanto Schäuble mostrava a sua cobaia como prova do sucesso dos "programas de resgate" conduzidos pela "troika", o Presidente da Comissão, Jean-Claude Juncker, admitia o falhanço dos mesmos programas, denunciava a falta de legitimidade democrática da solução corporizada pela "troika" e pedia perdão pelas ofensas assim consumadas contra a dignidade dos povos da Grécia, da Irlanda e de Portugal!

No Parlamento Europeu, também o Grupo dos Socialistas e Democratas, pela voz da sua Vice-Presidente, a deputada Maria João Rodrigues, tomava posição em defesa da necessidade de se chegar a um acordo com o Governo grego para mudar as políticas de austeridade dos últimos cinco anos, responsáveis pela gravíssima crise humanitária que assola o país sem que se consiga travar um endividamento crescente.

Por último, o Banco Central Europeu abriu a linha de crédito de emergência solicitada pela Grécia, para acorrer às necessidades imediatas de financiamento, enquanto prosseguem as negociações nas instâncias competentes.

Ao contrário dos que vaticinaram a sua rápida e inevitável rendição, o Governo grego soube assumir com exemplar determinação - e até inusitada cordialidade e elegância! - as promessas que contraiu perante os seus eleitores. É tempo de os governos reconhecerem à mesa do Conselho que não há futuro para o projeto europeu sem capacidade de negociação e compromisso, sem a consideração do interesse nacional de cada estado membro e o respeito devido à vontade democrática dos seus representantes legítimos. A Grécia é a principal credora da solidariedade dos povos da Europa.

O Governo português ficou aprisionado na armadilha que ele próprio teceu. Desfeito o mito da ausência de alternativa política, já não tem como justificar as consequências desastrosas das escolhas que fez nem tem fôlego para contrariar o estatuto de irrelevância que cultivou, ao longo de quase quatro anos, junto dos seus "tutores". Ninguém pergunta nem já quer saber o que pensa ou vai fazer este Governo e esta maioria. É a hora da oposição.

*Professor de Direito Constitucional

Foto: EPA

"Tempo de Avançar" escreve carta aos gregos a exprimir "vergonha" pelo Governo português




Texto é subscrito por Ana Drago, Daniel Oliveira e Rui Tavares. "Envergonham-nos e revoltam-nos as notícias de que o Governo de Portugal tem sido um obstáculo a um novo contrato entre a Grécia e União Europeia."

Uma carta do movimento "Tempo de Avançar", constituído por independentes, membros do partido Livre e outros movimentos de esquerda, foi divulgada esta quinta-feira no jornal grego "Agvi", expressando "vergonha" e "revolta" pela posição do Governo português face à Grécia. É manifestada ainda solidariedade com o povo grego. 

"Envergonham-nos e revoltam-nos as notícias de que o Governo de Portugal tem sido um obstáculo a um novo contrato entre a Grécia e União Europeia. A verdade é esta: ele teme que a Grécia torne possível uma alternativa à austeridade", pode ler-se na carta.

Segundo o documento, subscrito por Ana Drago, Daniel Oliveira ou Rui Tavares, "se  a Grécia for bem-sucedida, todos ficarão a saber que era possível fazer as coisas de forma diferente, ao contrário do que nos diziam". Relativamente ao ultimato feito pelo Eurogrupo à Grécia, o movimento "Tempo de Avançar" refere que fará "pressão, dentro e fora de Portugal, para que o governo de Portugal mude de posição - ou para que Portugal mude de governo".

O movimento expressa ainda a esperança de que o destino de Portugal caminhe na mesma direção da Grécia, optando por um novo rumo político. "Trabalharemos duramente nos próximos meses para eleger também em Portugal um governo contra a austeridade, apostado numa nova política de alianças dentro da União Europeia. No que depender de nós, a Grécia nunca mais estará sozinha numa reunião do Eurogrupo. E vamos consegui-lo já no futuro próximo."

A carta será também citada esta sexta-feira pelo jornal grego "Efsyn", dia em que uma delegação do movimento entregará o documento em mãos na embaixada da Grécia em Lisboa.

Em baixo, pode ler a carta na íntegra:

"Caros concidadãos gregos,

Como portugueses e europeus, alegrámo-nos com a eleição do primeiro governo antiausteridade da União Europeia e seguimos atentamente as negociações que devem levar a um novo contrato entre a Grécia e União Europeia que permita um futuro melhor para toda a zona euro.

Envergonham-nos e revoltam-nos as notícias de que o Governo de Portugal tem sido um obstáculo a esse objetivo. A verdade é esta: ele teme que a Grécia torne possível uma alternativa à austeridade. Se a Grécia for bem sucedida, todos ficarão a saber que era possível fazer as coisas de forma diferente, ao contrário do que nos diziam. Os políticos deste governo português forçam a intransigência dentro do eurogrupo por razões que se prendem com o futuro político deles, mas que são contra o interesse nacional ou europeu.

O governo de Portugal não apoiou o ultimato que vos foi feito em nosso nome, mas em nome dos seus interesses eleitorais. Não nos representa. Faremos pressão, dentro e fora de Portugal, para que o governo de Portugal mude de posição - ou para que Portugal mude de governo.

Trabalharemos duramente nos próximos meses para eleger também em Portugal um governo contra a austeridade, apostado numa nova política de alianças dentro da União Europeia. No que depender de nós, a Grécia nunca mais estará sozinha numa reunião do Eurogrupo. E vamos consegui-lo já no futuro próximo.

Caros concidadãos gregos: Aguentem firmes! Os reforços vêm a caminho!"

74% DO LUCRO DO BCE É À CUSTA DAS DÍVIDAS PÚBLICAS NACIONAIS




O Banco Central Europeu (BCE) continua a fazer muito dinheiro com a dívida pública dos países, em operações que leva acabo para "ajudar" a estabilizar financeiramente a zona euro, como pede o seu mandato.

Cerca de 74% do lucro realizado em 2014 vem da dívida, dizem as contas financeiras de 2014, hoje divulgadas.

Segundo o BCE, o rendimento líquido decorrente do programa dos mercados de títulos de dívida foi de 728 milhões de euros no ano passado, ainda assim em queda face aos 962 milhões de euros de 2013 por causa dos "reembolsos" que foi fazendo.

O lucro de 2014 foi 989 milhões de euros. Este lucro é depois distribuído pelos bancos centrais nacionais de acordo com a chave de participação de cada um no capital do BCE.

O banco de Frankfurt reconhece que a redução do resultado líquido do BCE deveu-se, em parte, "ao decréscimo do rendimento líquido decorrente do programa dos mercados de títulos de dívida, em virtude de reembolsos".

No final de dezembro de 2014, o Eurossistema (BCE mais bancos centrais nacionais) ainda detinha 149,4 mil milhões de euros em obrigações de vários países detidas ao abrigo do programa dos mercados de títulos de dívida (SMP, na sigla em inglês).

A saber: cerca de 14,9 mil milhões em títulos de Portugal; 19,8 mil milhões em títulos da Grécia; a maior exposição era à Itália, com 76,2 mil milhões de euros; logo seguida de Espanha, com 28,2 mil milhões. A menor exposição era à Irlanda (9,7 mil milhões de euros em dívida).

Todos estes valores são nominais. Em termos contabilísticos são ligeiramente inferiores. A exposição total à dívida dos países ascende a 144,3 mil milhões de euros em vez dos 149,4 milhões nominais.

Eurossistema reduz exposição à Grécia em 29% e a Portugal em 25%

À medida que vai descontinuando o programa SMP, o BCE tem vindo a conseguir reduzir a sua exposição às dívidas nacionais. Em 2014, a maior redução anual em valor nominal acontece na dívida grega, com menos 29%. Logo a seguir surge Espanha (-26%), Portugal (-25%) e Itália (-15%).

O Eurossistema manteve a posição na dívida irlandesa, continuando a deter 9,7 mil milhões de euros em títulos do país.

Luís Reis Ribeiro – Dinheiro Vivo

A HUMILHAÇÃO NÃO PAGA DÍVIDAS



Público, editorial

Em Portugal, cada um interpretou as palavras de Jean-Claude Juncker como bem entendeu

“Pecámos contra a dignidade dos povos, especialmente na Grécia, em Portugal e também na Irlanda. Eu era presidente do Eurogrupo e pareço estúpido ao dizer isto, mas há que retirar lições da história e não repetir os erros.” Esta é a frase de Jean-Claude Juncker, no Comité Económico e Social Europeu em Bruxelas, que fez correr muita tinta nesta quinta-feira.

Mas a frase do presidente da Comissão Europeia tem um contexto. Quando falou em dignidade, Juncker estava a referir-se aos funcionários da troika que são colocados nos países alvo de resgate, com um poder desmedido, por vezes com uma arrogância destemperada, ao lidar com ministros que foram eleitos democraticamente.

Aliás, um dos primeiro a alertar para este problema foi o presidente do BPI ainda no final de 2011. “Não resisto a fazer um apelo para que acabem com as conferências de imprensa da troika. (...) Ter de ouvir funcionários, sei lá, de quinta ou sétima linha, não eleitos democraticamente virem cá dizer o que temos de fazer... Por favor, poupem-me”, afirmou na altura Fernando Ulrich. A verdade é que pouco tempo depois terminaram os espectáculos mediáticos das conferências da troika.

Mas as declarações de Jean-Claude Juncker surgem numa altura em que em Portugal e por essa Europa fora se discute a continuidade ou um arrepiar caminho nas políticas de austeridade, tendo como pano de fundo a Grécia. O PS veio prontamente dizer que as críticas de Juncker à troika revelam "que há uma maior abertura para reconhecer o falhanço da austeridade e a necessidade de mudar de políticas do que muitas vezes muitos querem fazer crer". Vai uma grande distância entre o que disse Juncker e o que os socialistas leram nas palavras do presidente da Comissão Europeia. Até porque Juncker fez questão de sublinhar que as críticas à troika “em nada reduzem a necessidade de consolidar a curto, médio e longo prazo as nossas finanças públicas”.

Mas a verdade é que as palavras de Juncker parecem encaixar que nem uma luva na mensagem do Syriza. "Não negociaremos o orgulho e a dignidade do nosso povo”, disse Alexis Tsipras na semana passada no Parlamento. Isto numa altura em que o Eurogrupo volta a reunir-se para discutir o problema na Grécia. O novo Governo grego deu nesta quinta-feira vários passos atrás nas suas promessas eleitorais e enviou para o grupo dos 19 uma carta em que propõe o prolongar os empréstimos da troika por mais seis meses. A carta, que mostra já uma grande boa vontade do Syriza em negociar, mal tinha saído de Atenas e já um porta-voz do Ministério das Finanças da Alemanha lia um comunicado a dizer que o pedido da Grécia não cumpria os requisitos mínimos do Eurogrupo. Uma posição de inflexibilidade que parece fechar portas à discussão e que só serve para humilhar os gregos e os seus representantes. E assim não há negociação que aguente. Pelo menos uma que seja feita com alguma dignidade.

“Reunião do Eurogrupo será boa altura para Juncker fazer mea culpa” - Marisa Matias




Se Juncker diz que pecou contra a dignidade dos povos vítimas da troika, então deve tirar consequências já na reunião do Eurogrupo desta sexta-feira que discute a extensão do empréstimo à Grécia, defendeu Marisa Matias.

“Se o senhor Juncker entende que as instituições europeias pecaram contra a dignidade dos povos então está numa excelente posição para alterar esse rumo das coisas”, disse a eurodeputada do Bloco de Esquerda à agência Lusa.

Na véspera, o presidente da Comissão Europeia tinha afirmado que falta legitimidade à troika para negociar com governos e que devia ser repensada a sua existência. Para Marisa Matias, há um “bom caminho para fazer o mea culpa”: “Há amanhã uma reunião do Eurogrupo onde esses sinais se podem transformar em ações”, defendeu a eurodeputada do Bloco, referindo-se à reunião dos ministros das Finanças da zona euro que irá discutir o pedido de extensão do empréstimo formulado pelo governo grego.

Para Marisa Matias, a prova de que a troika atentou contra a dignidade do povo português e grego está espelhada na perda de um milhão de postos de trabalho na Grécia e meio milhão em Portugal. “Houve nos dois países o aumento da pobreza infantil, da pobreza em geral, da desigualdade social, assistimos ao aumento do desemprego enorme e à destruição da economia”, lamentou Marisa Matias.

Para além da devastação social, o resultado das políticas da troika saldou-se pelo aumento da dívida dos dois países, hoje em situação mais insustentável do que antes da assinatura dos respetivos memorandos.

Esquerda.net

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KRUGMAN: POLÍTICA ALEMÃ PARA A GRÉCIA FAVORECE NAZIS DO AURORA DOURADA




Economista considera que a carta enviada pela Grécia não é uma capitulação, mas uma tentativa de ganhar tempo. Para o Prémio Nobel da Economia, a política alemã é objetivamente pró-Grexit e também objetivamente pró-Aurora Dourada.

No seu blog do New York Times, Paul Krugman afirma que a Alemanha está a tentar forçar o Syriza a abandonar completamente as suas promessas eleitorais, mas, sabendo que esse desenlace é improvável o obketivo seria forçar a saída da Grécia do euro, imediatamente. Eis a tradução do post do economista norte-americano.

Insira aqui a maldição alemã

A Alemanha diz não ao pedido grego. Para ser justo, penso que as notícias descrevendo acarta da Grécia como uma viragem de 180 graus e uma capitulação estão erradas. O que vejo é isto:

“O objetivo do pedido de prolongamento por seis meses da duração deste Acordo é:

a) Acordar os termos financeiros e administrativos mutuamente aceitáveis cuja implementação, em colaboração com as instituições, irá estabilizar a posição orçamental da Grécia, atingir superavits orçamentais primários apropriados, garantir a estabilidade da dívida e ajudar a alcançar os objetivos fiscais para 2015 que tenham em conta a situação económica atual”.

E o que me parece é que a Grécia tomou todo o cuidado para não se comprometer com os objetivos fiscais originais; atingirá “superavits orçamentais primários apropriados”, o que quase certamente significam menos de que os 4,5% do PIB. Assim, se a queixa da Alemanha é de que a Grécia não concorda com a rendição total, parece ter razão. Em vez disso, a Grécia parece estar à procura de ganhar algum tempo para definir uma estratégia económica (lembrem-se, este governo é novo e não tem uma grande bancada de tecnocratas), e negociar os termos mais tarde. Por outro lado, a Alemanha está a tentar forçar o Syriza a abandonar completamente as suas promessas eleitorais, imediatamente, hoje.

Será que os alemães acham que este desenlace é provável? Suspeito que não. Parece-me mais uma tentativa de forçar a saída da Grécia do euro, imediatamente. A política alemã é objetivamente pró-Grexit.

É também, dadas as prováveis consequências, objetivamente pró-Aurora Dourada.

O BCE tem um papel crítico neste momento, e Peter Doyle diz o que eu queria dizer, mas melhor:

[I] No caso de as negociações euro-gregas fracassarem, o BCE devia inequivocamente continuar a fornecer o ELA (Emergency Liquidity Assistance) à Grécia. Além disso, deveria deixar esta posição clara desde já, enquanto negociava a continuidade do programa. Isto determinaria a necessidade de os políticos do Euro terem de resolver a questão da Grécia sem a ameaça do BCE a encurralá-la, encontrando outro mecanismo de pressão do Euro.

É tempo de decisão.

Esquerda.net - Tradução de Luis Leiria para o Esquerda.net

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