Bocas
do Inferno
Mário
Motta, Lisboa
Sabemos
que para certos regimes a vida dos cidadãos naturais ou estrangeiros quase nada
vale. Tal qual os psicopatas que assassinam friamente suas vítimas também
existem regimes com tendências similares que reivindicam por diferença a
“legalidade”. Pergunte-se-lhes desde quando a legalidade se coaduna com o
assassinato de alguém que não está pondo a nossa vida em risco. Só em
legitima defesa de nossa vida a legalidade deve reconhecer o direito de aniquilar
alguém, mesmo assim procurando evitar tirar a vida mas simplesmente imobilizar
o agressor.
Aquele
tipo de “legalidade” que os países que incluem pena de morte nas suas leis
reivindicam é um verdadeiro ato de assassínio, condenado pelos Direitos Humanos
na Carta das Nações Unidas, e fruto de regimes psicopatas gravemente doentes e
de valores deformados sobre o que julgam ser o seu direito a decretar a morte
de alguém.
A
nação que dizem ser referência global da democracia (pura ilusão e publicidade
enganosa), os EUA, têm por “legalidade” em muitos dos Estados que a constituem
o reconhecimento da pena de morte. Por notícias quase quotidianas sabemos que
não faltam nos EUA doentes de psicopatia que assassinam de modo retumbante
jovens em escolas ou outros quaisquer que na sua doença psíquica vejam como
adversários ou por que “vozes do além” lhes ordenam os assassinatos. Mas não
são só esses os criminosos à solta nos EUA, também governadores, senadores,
congressistas e até presidentes da República estadunidense são enfermos de
psicopatia. A história assim o confirma, a atualidade também.
O
mau exemplo daquele “grande irmão” da falsa democracia, da liberdade e da
justiça, os EUA, impele a que regimes o secundem e encontrem na “legalidade”
estadunidense a ordem para matar nos países em que desempenham cargos de poder.
A Indonésia é um desses maus exemplos. O ocidente sabe agora com maior pendor
que assim acontece. E não pretendam ilibar os EUA e outros países de (falsa)
referência civilizacional das tendências psicopatas sobre a “legalidade” da
pena de morte.
A
semana passada Marco Archer, um cidadão brasileiro, foi assassinado por
fuzilamento por ter cometido o crime de narcotraficante. Quase
generalizadamente é essa a punição para tal crime nos países asiáticos. Um
outro brasileiro, Rodrigo Gularte, está em vias de ser assassinado pelo mesmo
método criminoso. Outros dois cidadãos australianos, Myuran Sukumaran e
Andrew Naan, também estão em vias de ser assassinados pelo regime indonésio,
enfermo de psicopatia em alta escala. A vida dos cidadãos indonésios pouco
ou nada vale para os detentores dos poderes. A dos cidadãos estrangeiros ainda
menos vale. O ocidente já devia ter aprendido isso. Na Indonésia a democracia é
ainda mais palavra vã que nos países do ocidente. Temos por exemplo os crimes
praticados no regime de Sukarno, depois no regime de Suharto, na própria
Indonésia. Mais flagrante ainda foi a intolerável psicopatia generalizada do
regime Suharto no genocídio timorense, com a cumplicidade dos EUA –
representados pelo presidente Ford e o secretário de estado Henry Kissinger,
autênticos criminosos de guerra que nos mostra a história. Os EUA, a Austrália
e outros países europeus, assistiram ao genocídio psicopata do regime indonésio
em Timor-Leste fornecendo-lhes armamento e apoio militar. Países europeus, incluindo
a Inglaterra, não estão igualmente impunes de seu conluio naquela matança. O
resultado da impunidade daquele genocídio está à vista. Nem a ONU mexeu uma
efetiva palhinha de responsabilização e condenação-castigo daquele crime. Quase
300 mil timorenses foram assassinados pelo regime psicopata indonésio. Crime
impune que até nos dirigentes timorenses encontrou aliados – saliente-se Xanana
Gusmão - que se estiveram borrifando para que o mundo fizesse justiça e punisse
adequadamente os criminosos.
Não
é de admirar na atualidade que a Indonésia continue a manifestar as suas
tendências de regime psicopata. Ainda mais, agora, com um novo presidente. Joko
Widodo, um militar radical suhartista, anteriormente presidente da região de
Surakarta e governador de Jakarta, para quem a democracia é uma palavra cujo
significado só consta em dicionário próprio adulterado. O direito à vida e à
morte é ele que o decide. Como chefe de um regime psicopata a condenação à
morte de outros é uma purificação e por isso é-lhe indiferente que quem comete
uma falta mereça outra punição que não seja a morte por fuzilamento. Balas
santas de um fanático que pode enganar alguns mas não engana todos quando surge
como o dito presidente de uma nação democrática. Nada mais falso. O mundo volta
a saber que na Indonésia prevalece um regime psicopata chefiado por um
psicopata.
Por
isso não esperem perdão algum que venha a preservar a vida de condenados, sejam
eles nacionais ou estrangeiros. Nos manuais de psicologia, sobre os psicopatas,
o sentido da palavra perdão não existe.
Ficamos
todos a a saber o que está reservado aos condenados à pena de morte na
Indonésia: o fuzilamento. E assim continuará a ser enquanto estados minimamente
decentes mão pugnarem na ONU pelo respeito devido à vida e aos Direitos Humanos
que ratificaram mas não cumprem com rigor. A solução seria isolar esses países,
esses regimes. Infelizmente os cifrões falam mais alto. Que se lixem os
Direitos Humanos. Isso mesmo foi o que aconteceu no genocídio em Timor-Leste. Isso mesmo
é o que ainda na atualidade acontece. Os regimes psicopatas prevalecem. A
Indonésia é disso exemplo. Logo ao lado, numa pequena ilha, Timor-Leste, algo
se desenha semelhante e campeia a impunidade de um regime corrupto que guarda
no seu cardápio assassinatos a gozar de impunidade. Curiosamente, em tempos anteriores, até com a
cumplicidade de representantes da ONU - caso de Alfredo Reinado, de seu homem de confiança e guarda-costas e a tentativa de assassinato de José Ramos Horta.
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