quarta-feira, 19 de novembro de 2014

O MAL-ESTAR COM O BRASIL




O mal estar progressista acumula as dores do parto de uma nação várias vezes abortada na história. E mais uma vez agora na UTI, esmagada pelo cerco conservador.

Saul Leblon – Carta Maior, editorial

Não se confunda esse sentimento com a histeria de uma elite incomodada com a ascensão dos pobres no mercado e na cidadania. Esta se resolve  em um resort em Miami.

O mal estar progressista acumula as dores do parto de uma nação inúmeras vezes abortada na história. E mais uma vez agora na UTI, esmagada pelo cerco conservador, respirando por aparelhos.

A construção  inconclusa de que falava Celso Furtado  enfrenta um de seus  capítulos mais angustiante nas horas que correm.

A prostração é a pior sequela.

Mãos que deveriam se unir em caminhada resoluta ruminam a solidão da espera e da dúvida, apartadas entre si e da esperança.

O conservadorismo atordoa o discernimento da sociedade com uma articulação vertiginosa de iniciativas.

Habilidosamente elas misturam o bem-vindo combate à ingerência do dinheiro organizado na vida democrática, ao lado da explícita  tentativa de se demonizar o polo progressista com o selo da política corrompida.

O desfecho cobiçado é impeachment de Dilma ou o sangramento irreversível de seu governo, e das forças que o apoiam, até o sepultamento histórico em 2018.

O que se pergunta ansiosamente é se  Lula já conversou sobre isso com Boulos, do MTST; se Boulos já conversou com Luciana Genro; se Luciana Genro já conversou com a CUT ; se a CUT já conversou com Stédile; se todos  já se deram conta de que passa da hora de uma conversa limada de sectarismos e protelações, mas encharcada das providencias que a urgência revela quando se pensa grande.

Se ainda não se aperceberam da contagem regressiva que ameaça o nascimento de um Brasil emancipado e progressista poderão ser avisados de forma desastrosa quando o tique taque se esgotar.

O mal estar progressista reflete outras perguntas que parecem desconectadas desta maior, mas que estão umbilicalmente associadas à falha na construção de uma hegemonia de esquerda que catalisasse as energias e as esperanças da sociedade em direção a um futuro compartilhado.

 ‘Quero saber quais as matérias de humanísticas existem no curso de medicina’, argui, por exemplo,  a promotora de Direitos Humanos e Inclusão Social do Ministério Público de SP,  Paula de Figueiredo Silva.

 A promotora está estarrecida com relatos feitos por alunas da USP, vítimas de abusos sexuais.

 Ela conduz um inquérito civil para   apurar denúncias de três  estupros em festas dentro de uma das  escolas  de medicina mais conceituadas do  país,  ademais de registro de preconceito racial e agressão a um casal homoafetivo que tentou participar de um dos eventos promovidos pelos estudantes nos últimos anos.

O que parece um mal-estar específico da promotora Paula de Figueiredo remete a um sentimento mais amplo quando emoldurado por episódios recentes envolvendo médicos, estudantes de medicina e entidades representativas do setor.

A 10 dias do segundo turno das eleições deste ano, e após um debate no SBT, a presidenta  Dilma teve uma queda de pressão e  interrompeu uma entrevista ao vivo.

O gaúcho Milton Pires disparou em sua página no Facebook o seguinte comentário: 

"Tá se sentindo mal? A pressão baixou? Chama um médico cubano, sua grande filha da puta!”.

Pires é médico. Especialista em terapia intensiva.

No dia seguinte, a Associação Médica Brasileira (AMB) manifestou-se; não para se solidarizar com  Dilma, e sim para conclamar a classe médica a eleger Aécio Neves.

Dez dias antes, após a vitória petista no primeiro turno (5/10), o site ‘Dignidade Médica ‘, frequentado por um grupo de quase 100 mil  internautas que se identificam como médicos ou estudantes de medicina, postou dezenas de críticas à escolha das urnas.

Em uma dela, uma médica defendia 'castrações químicas'.

Outra, um ‘holocausto’.

Contra nordestinos que votaram em Dilma.

Pouco mais de um ano antes, em agosto de 2013, o médico cubano Juan Delgado, um negro a de 40 anos, foi submetido a  um coral de natureza ética equivalente  ao desembarcar  no Brasil.

Ao lado de outros profissionais de Cuba, Delgado   chegara para trabalhar no programa Mais Médicos.

Um corredor polonês   formado  por médicos e estudantes brasileiros de medicina, assediou o recém-chegado de forma agressiva no saguão do aeroporto de Fortaleza.

 ‘Escravo, escravo, escravo!’, reverberava em uníssono o funil de peles alvas e jalecos brancos.

A hospitalidade correu o mundo.

O mal-estar progressista pressentiu algo letal nas vísceras da nação, mas talvez tenha subestimado a extensão da ameaça ao nascimento de um Brasil mais próspero e justo.

Era mais que isso, mas o episódio foi interpretado como a rejeição corporativa  a um programa emergencial criado para mitigar a carência de atendimento em  municípios e periferias, onde profissionais brasileiros não querem trabalhar.

Por exemplo, nas aldeias indígenas das etnias Ka’apoo e Awá, no Maranhão.
Endereço: município de Zé Doca,  300 quilômetros de São Luís,  acessível por estrada de terra.

É lá que o doutor Juan Delgado vive e atende hoje.

Outros 14. 400 profissionais do programa fazem o mesmo  em 3.785 municípios, adicionando mais 50 milhões de brasileiros pobres à cobertura do SUS.

A receptividade a esse mutirão foi  avaliada recentemente.

Pesquisa divulgada no final de outubro, realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais   ouviu 4 mil usuários do  Mais Médicos em 200 cidades do país.

Cerca de 95% dos entrevistados declararam-se muito satisfeitos ou satisfeitos com uma iniciativa condenada por amplos segmentos da classe médica brasileira.

Notas  de 8 a 10 foram dadas ao programa por 87% dos entrevistados.

Mas, sobretudo, os usuários elogiaram o comportamento mais atencioso dos médicos.

Mais interessados em ouvir e habituados a dialogar revelaram-se mais competentes em diagnosticar e tratar.

Médicos cubanos representam 80% do alvo desse elogio.

 Por quê?  Porque apenas 1.846 brasileiros se inscreveram no programa.

Se dependesse da adesão local, 45 milhões de cidadãos continuariam apartados da assistência no país.

O mal estar progressista subestimou a clivagem embutida nessa matemática.

Não se trata de demonizar a classe médica brasileira.

Uma sociedade não é feita de anjos e demônios, mas de seres de carne, osso e circunstâncias.

São as circunstâncias que levam a estabelecer conexões entre a subestimação progressista com o que se passa na sociedade e as frequentes demonstrações de que algo dissociado da sorte do país e do destino de sua gente predomina em segmentos referenciais.

O médico e os estudantes de medicina são apenas a ilustração desse fenômeno.

O exemplo do cardiologista Adib Jatene, falecido na semana passada, é a resposta para quem enxerga nesse sentimento a expressão de um ponto de vista marcado pelo reducionismo partidário.

Jatene era um conservador.

Serviu aos governos Maluf, Collor e Fernando Henrique Cardoso.

Mas tinha um compromisso tão elevado com a medicina  que se tornou referência suprapartidária no debate das políticas públicas na área.

Ele foi o responsável pela criação da CPMF  durante o governo do PSDB.

Tornou-se um dos mais ardorosos defensores da sua   recriação quando o ‘imposto do cheque’ foi extinto pela coalizão demotucana, em dezembro de 2006.

Cerca de R$ 40 bilhões por ano foram subtraídos assim do atendimento à fila do SUS.

Um ano depois, de dedo em riste, a voz alterada, ele ainda  interpelava  Paulo Skaf, então presidente da Fiesp,  um dos animadores da campanha que uniu PSDB, Demos e outros contra a CPMF:

 ‘No dia em que a riqueza e a herança forem taxadas, nós concordamos com o fim da CPMF. Enquanto vocês não toparem, não concordamos. Os ricos não pagam imposto e por isso o Brasil é tão desigual. Têm que pagar! Os ricos têm que pagar para distribuir renda. A CPMF não dá para sonegar! (por isso vocês são contra)". (Folha; Monica Bergamo; 13/11/2007).

A ira santa de Jatene em defesa da saúde pública contrasta com a rigidez  dos que combateram e combatem arduamente políticas como o Mais Médicos, o Bolsa Família, o ganho no poder de compra do salário mínimo, entre outras.

As diferenças não são técnicas, mas tampouco apenas partidárias, como fica claro.

São mais profundas e espraiadas.

A menos de um mês de uma vitória histórica nas urnas, tudo se passa como se o 26 de outubro fosse um ponto de referência longínquo em um calendário desbotado .

O mal estar progressista, distinto daquele que espairece no portão de embarque para Miami,   só tem cura se associado a uma mudança profunda nas instituições que esclerosaram enquanto se avançava em conquistas sociais e econômicas. E agora ameaçam reverte-las ferozmente.

Para colher frutos duradouros da faxina na corrupção, o passo seguinte não poderá se restringir a mudanças   nas regras de financiamento de campanha.

Elas são necessárias, mas insuficientes para combater o mal-estar que aqui se discute.

Dilma poderá colocar quem ela quiser na Fazenda e no Banco Central.

Mas se não cuidar de certas tarefas santas, dificilmente reverterá um estado de espírito que ameaça reduzir o seu segundo governo a um melancólico intermezzo da restauração neoliberal, com requintes de regressão política e social intuídos nos dias que correm.

O que se passou na Itália após o ‘Mãos Limpas’, nos anos 90, não é uma miragem; é uma possibilidade real em uma sociedade desprovida de representação política forte e organização social mobilzada (leia ‘Mãos Limpas; e depois, Berlusconi?’; nesta pág).

Lá como aqui o lubrificante do retrocesso histórico foi a prostração progressista;  a incapacidade de se reaglutinar a esquerda e os democratas em torno de um repto histórico de esperança para a sociedade.

Regular a mídia; eliminar a hegemonia do dinheiro organizado na política; abrir canais de diálogo consequentes e permanentes com os movimentos sociais; salvar o pré- sal e a Petrobras; atrair a juventude pobre e a da classe média para a tarefa de reformar a escola e a universidade, com o olho na formação do discernimento crítico do país e não apenas no mercado.

Se fizer isso, Dilma não levará a sociedade brasileira ao paraíso.

Mas terá dado os passos necessárias para afastar a película de mal-estar e rendição que hoje ameaça matar de inanição a esperança em um Brasil melhor.

Por onde começar?

Respondendo à pergunta ansiosamente repetida no ambiente progressista.

O que se quer saber é se Lula já conversou com Boulos, do MTST; se Boulos já conversou com Luciana Genro; se Luciana Genro já conversou com a CUT ; se a CUT já conversou com Stédile; se todos  já se deram conta de que passa da hora de uma conversa limada de sectarismos e protelações, mas encharcada das providencias que a urgência revela quando se pensa grande.

Se ainda não se aperceberam da contagem regressiva que , mais uma vez, ameaça abortar o nascimento de um Brasil emancipado e progressista, bem...

Serão avisados de forma desastrosa quando o alarme soar.

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NIGERIANA É A MULHER NEGRA MAIS RICA DO MUNDO



Alberto Castro*, Londres

A empresária Isabel dos Santos, filha do presidente de Angola José Eduardo dos Santos, perdeu para Folorunsho Alakija, da Nigéria, o estatuto de a mulher mais rica de África, de acordo com a revista nigeriana ''Venture África'', citada pelo jornal inglês ''The Guardian''. 
Com uma fortuna avaliada em 7.3 bilhões de dólares norte-americanos, em resultado de negócios que vão de petróleo e gás à indústria da moda, Alakija é também, de acordo com a revista, a mulher negra mais rica do mundo, superando a apresentadora de televisão e empresária norte-americana Oprah Winfrey.

Para além de ter a mulher negra mais rica do mundo, a Nigéria tem igualmente em Aliko Dangote, fundador do Dangote Group, o maior conglomerado industrial de África que atua em múltiplos setores como a indústria alimentar e de cimento, o homem mais rico do continente com uma fortuna avaliada em $25 bilhões. O país conta ainda com mais bilionários do que qualquer outro no continente, de acordo com um ranking publicado na semana passada. Dos 55 bilionários africanos, 23 são nigerianos enquanto a África do Sul e o Egito contam com 8 cada. 

Para a revista ''um dos aspectos mais desafiadores da compilação de uma lista de mais ricos da África é que ainda é tabu discutir ou celebrar a riqueza na maioria das sociedades africanas. O conceito do capitalismo, onde a riqueza é abertamente celebrada e rastreada, é bastante estranho para a maioria das sociedades africanas. Como resultado, a maioria dos indivíduos mais ricos relutam em discutir sua riqueza."

Recorde-se que a Nigéria ultrapassou este ano a África do Sul como a maior economia do continente devido principalmente à pujança de novos setores de indústrias transformadoras, das telecomunicações e a fértil indústria cinematográfica Nollywood.

Isabel dos Santos continua sendo a segunda mulher mais rica do continente com uma fortuna estimada em U$ 3.5 bilhões.


Afropress

*Alberto Castro, jornalista freelance, é correspondente da Afropress em Londres e colabora com Página Global

Brasil: PARA JORNALISTA, IMPRENSA NEGRA É VOZ ATUANTE CONTRA MAZELAS



Afropress

S. Paulo – “A mídia e a comunicação, em geral, é um instrumento de força, inclusive para pressionar a Justiça a promover a Igualdade”. A opinião é do jornalista Rosenildo Ferreira, Editor-assistente e colunista da Isto é Dinheiro, escolhido em eleição recente promovida pela MaxPress e Jornalistas & Cia, um dos 100 mais admirados jornalistas do Brasil.

Carioca, nascido em Campos dos Goytacazes, ele trabalhou nos mais importantes veículos do país como O Estado de S. Paulo, Gazeta Mercantil, Rádio Jornal do Brasil e Correio Braziliense, em Brasília, e como correspondente do jornal em Londres, Rosenildo lançou o Projeto Colaborativo 1 Papo Reto, que pretende discutir “a sustentabilidade nos mais variados aspectos do dia a dia e das atividades das pessoas, como consumo, economia, política, cidadania e ecologia”.

O Papo Reto leva adiante esse objetivo por meio de reportagens, artigos originais escritos por um time de blogueiros, chamados de Griots, e colunistas convidados. No momento, o jornalista trabalha no Prêmio Empreendedor Sustentável, edição 2014, que terá os vencedores conhecidos em janeiro, em solenidade pública, em S. Paulo. Foram escolhidos 50 empreendedores das mais diferentes áreas e 20 serão escolhidos como os maiores empreendedores sustentáveis.

“O Prêmio completa a série de projetos especiais jornalísticos nos quais nossa equipe se debruça ao longo do ano, incluindo os seguintes temas: Agroenergia, Mobilidade Urbana, Dia Mundial do Meio Ambiente, Resíduos Sólidos e Energias Renováveis. Nos quais procuramos debater as ideias, a partir de um ângulo mais original e sem “correr atrás” de culpados”, afirmou.

O jornalista, que nas horas de folga atua como professor voluntário de Ética, Direitos Humanos e Atualidades no Cursinho do Coletivo Griot XX de Novembro, na comunidade São Remo, e também escreve na Revista Afirmativa Plural, da Afrobras, falou para a Afropress, dos planos e projetos e reiterou a importância da mídia focada na temática étnicorracial brasileira.

“A imprensa, ao longo da fundação do Brasil, sempre foi uma voz atuante na denúncia das mazelas. A chamada imprensa negra foi uma voz atuante na denúncia contra as mazelas do sistema e a favor das garantias individuais. A imprensa tem um papel relevante e até essencial. Mas cabe à Justiça agir de forma definitiva contra as mazelas de nossa sociedade. A maior delas, sem dúvida, é o racismo. Pois ele, especialmente no Brasil, condena quase metade da população formada por afrobrasileiros a disputar as migalhas de um país que ajuda a erguer no dia a dia”, acrescentou.

Veja, na íntegra a entrevista do Editor Assistente da Isto é Dinheiro.

Afropress - O que é o Projeto Papo Reto e há quanto tempo acontece o Prêmio Empreendedor Sustentável?

Rosenildo Ferreira - O portal de internet www.1paporeto.com.br é a parte mais visível da start up Projeto Colaborativo 1 Papo Reto, cuja ambição é discutir a sustentabilidade nos mais variados aspectos de nosso dia a dia e de nossas atividades: consumo, economia, política, cidadania e ecologia. Fazemos isso por meio de reportagens, artigos originais escritos por um time de blogueiros, carinhosamente chamados de Griots, e colunistas convidados. Também atuamos com curadoria, selecionando o que de melhor rola pela rede, no Brasil e no exterior, para apresentar ao nosso público alvo: pessoas ente 18 e 40 anos integrantes das classes C e B. Além do portal de internet também contamos com um programa na rádio Mega Brasil on line. Os próximos desdobramentos deste negócio serão a abertura de um canal de TV no Youtube, uma editora e uma produtora. Tudo isso tendo como foco o mundo digital.

O Prêmio Empreendedor Sustentável surgiu da necessidade de tentar mudar um pouco a pauta da imprensa. É que mesmo no campo da sustentabilidade vem prevalecendo notícias mostrando o que está errado. Consideramos não apenas válida como também necessária e urgente a denúncia séria e fundamentada. Contudo, achamos que a missão de tentar construir um mundo melhor passa pela disseminação dos exemplos positivos. E nada melhor que fazer uma singela homenagem àqueles que partem para as soluções, transformando os limões da vida e suculentas e refrescantes limonadas.

O Prêmio completa a série de projetos especiais jornalísticos nos quais nossa equipe se debruça ao longo do ano, incluindo os seguintes temas: Agroenergia, Mobilidade Urbana, Dia Mundial do Meio Ambiente, Resíduos Sólidos e Energias Renováveis. Nos quais procuramos debater as ideias, a partir de um ângulo mais original e sem “correr atrás” de culpados.

Afropress - Qual é o objetivo do Prêmio e como é organizado a indicação e a escolha dos ganhadores?

RF - O Prêmio nasceu então como uma forma de ampliar a dimensão do Projeto Colaborativo 1 Papo Reto. Para isso, fizemos uma rigorosa seleção de pessoas e iniciativas inovadoras. A base é a leitura atenta de jornais e revistas, dos sites de organismos de pesquisa e também dos portais de internet dedicados ao tema empreendedorismo. Aqui e no exterior. Muitas das ideais selecionadas nesta primeira edição do Prêmio são velhas conhecidas daquelas que militam no chamado Terceiro Setor. Contudo, acreditamos que elas não haviam sido contadas com o devido carinho ou relacionando sua existência como sendo uma prática sustentável, capaz de ser replicada.

Feita a seleção inicial, me fixei em 50 nomes, sobre os quais escrevi textos curtos, informativos e destinados a apresentar o projeto/iniciativa/atividade. As histórias foram reunidas em uma editoria específica do portalwww.1paporeto.com.br e enviadas a um seleto grupo de jurados (veja relação completa no link abaixo). Coube a eles pontuar cada uma das iniciativas de acordo com três critérios: relevância, alcance e relação custo-benefício.

Desta forma creio que conseguimos equalizar iniciativas multimilionárias, como a criação da primeira usina de etanol de segunda geração, do Brasil, com ações como o lançamento de um jornal comunitário, feito no esquema fanzine e que representou o início da libertação cidadã de uma comunidade na periferia de Salvador. Ou mesmo a iniciativa de um surfista-ativista que, de forma isolada e meio quixotesca, foi para o calçadão de Ipanema (RJ) fazer um protesto contra a poluição das praias e hoje lidera uma das mais vigorosas iniciativas nesta área.


Afropress -  Quantos são os participantes da edição 2014?

RF - Então, o júri analisou cada um dos 50 casos/iniciativas/empreendimentos e atribuiu notas de acordo com os parâmetros citados acima. Como um Prêmio só fica marcante com festa e a entrega de placas/troféus resolvemos fazer um evento corporativo e de relacionamento reunindo pessoal o Terceiro Setor, empresários da Nova Economia e outros empreendedores, em uma celebração do bem. A ideia é iniciar 2015 com boas notícias.

Coube a 1 Papo Reto apenas a tarefa de tabular as notas e ranquear os 20 mais bem votados. Somente.  Todas as 50 histórias serão reunidas em um livro, que será publicado no primeiro semestre de 2015. Dessa vez, nos rendemos ao papel (!!!), mas também teremos a versão digital com extras, como depoimentos em vídeo etc.

A segunda edição do Prêmio, em 2015, reunirá outras 50 personalidades/ideais e ações, do Brasil e do exterior, que serão analisadas por um novo júri. Esperamos fazer deste Prêmio um marco da sustentabilidade no Brasil.

Afropress - Quando serão divulgados os nomes dos ganhadores?

RF - Os 20 ganhadores serão conhecidos, por meio de posts na internet e anúncios ao longo do mês de Novembro/Dezembro. A festa acontece em 12/01/2015 e na ocasião iremos reuní-los na celebração.

Afropress -  Fale um pouco da sua história de vida e trajetória profissional.

RF - Sou quase um cidadão do mundo. Nasci em Campos dos Goytacazes, fui muito cedo morar em Duque de Caixas, Bento Ribeiro, Del Castilho, Madureira, Grajaú, Brasília e Londres. Estudei na Universidade Gama Filho, onde me graduei em comunicação social, e trabalhei em algumas das mais importantes publicações do país: O Estado de São Paulo, Gazeta Mercantil, rádio Jornal do Brasil e Correio Braziliense, no Rio de Janeiro, em Brasília e em Londres. Sou filho de um professor de português e literatura e de uma modelista. Na carreira de jornalista me especializei em economia, negócios e sustentabilidade. Em São Paulo desde 1994, além de empreendedor de internet atuo como editor-assistente e colunista na revista IstoÉ Dinheiro. Em minhas horas de folga atua como professor-voluntário de ética, direitos humanos e atualidades no cursinho do Coletivo Griot XX de Novembro, na comunidade São Remo. Também escrevo, de forma voluntária, na revista Afirmativa Plural, da Afrobras, sou membro do conselho consultivo da Faculdade Zumbi dos Palmares.

Afropress - Como jornalista, como vê o papel da comunicação na denúncia, no combate e na superação do racismo no Brasil?

RF - A imprensa, ao longo da fundação do Brasil, sempre foi uma voz atuante ma denúncia das mazelas. No Brasil colônia, a imprensa era proibida. Por conta disso, o primeiro jornal brasileiro, o Correio Braziliense, era editado em Londres por Hipólito da Costa. Outro grande destaque da imprensa nacional foram as experiências de mídia étnica ao longo dos séculos XIX e XX. A chamada imprensa negra foi uma voz atuante na denúncia contra as mazelas do sistema e a favor das garantias individuais. A imprensa tem um papel relevante e até essencial. Mas cabe à Justiça agir de forma definitiva contra as mazelas de nossa sociedade.

A maior delas, sem dúvida, é o racismo. Pois ele, especialmente no Brasil, condena quase metade da população formada por afrobrasileiros a disputar as migalhas de um país que ajuda a erguer no dia a dia. A mídia e a comunicação em geral é um instrumento de força, inclusive para pressionar a Justiça a promover a igualdade.

Afropress - Como está analisando o atual momento político do país, e o papel da população negra que é majoritária na sociedade, mas que segue invisível nas campanhas e nas agendas das políticas públicas dos governos?

RF - Em artigo recente na revista da Afrobras pontuei que a comunidade afrobrasileira foi aprisionada em um enredo, o da classe C, que acabou diluindo suas demandas históricas. A questão da pobreza no Brasil em elação direta com a cor da pele. Sabemos disso quando entramos em um supermercado, quando entramos em um shopping Center ou quando fazemos sinal para um táxi. Atitudes cotidianas, mas que, no caso dos afrobrasileiros, se traveste muitas vezes de um verdadeiro desafio. A noção e as teses de que a questão é de renda e não de cor da pele, não resiste a uma simples comprovação. Basta enviarmos dois jovens a um restaurante: um branco e outro negro, vestidos igualzinho. Adivinhe que será atendido melhor e quem será seguido pelo segurança... Essa é fácil, né!?

Afropress - Faça as considerações que julgar pertinentes.

RF - Acredito que a promoção da diversidade é um trabalho que deve ser exercido no dia a dia. Quando contratamos serviços ou compramos produtos, por que, quase nunca, ou nunca, questionamos a inexistência de afrobrasileiros no recinto?  Não existem por que não cobramos sua presença. Sim, a comunidade negra se deixou levar pela Síndrome de Estocolmo. Os 400 anos de exploração sistemática fizeram grudar na cabeça de muitos irmãos que temos de nos conformar com o que vemos por aí. Uma TV que mostra apenas 30% da população brasileira, onde os afrobrasileiros não arranjam emprego porque não têm “boa aparência”, e porque o mundo é assim mesmo. Não, não é! Nunca foi! Nosso dinheiro vale tanto quanto o dos demais brasileiros. Os impostos que pagamos são os mesmos. Logo, deveríamos ter o mesmo direito em todos os níveis. Se não os temos, é porque muitas vezes nos deixamos levar por um enredo que nos colocou na subserviência, nos convencendo que este era o nosso lugar.

Quando fiz a relação do Prêmio Empreendedor Sustentável, procurei lançar luzes sobre um número bastante diverso de empreendedores. Das iniciativas teoricamente mais simples até as mais complexas, na prática. Não fiz uma espécie de cota... Muito pelo contrário. O que fiz de fundamental foi não excluir as pessoas pela cor ou o seu lugar de origem. Ganhamos todos. Especialmente a cidadania.

PR TIMORENSE DEFENDE ENVOLVIMENTO DOS TIMORENSES NO DESENVOLVIMENTO




Díli, 19 nov (Lusa) - O Presidente de Timor-Leste, Taur Matan Ruak, defendeu o envolvimento dos timorenses no desenvolvimento, após a população pedir para participar na construção do aeroporto do Suai, refere em comunicado hoje divulgado a presidência.

"Se o desenvolvimento não envolve timorenses, então não é desenvolvimento", afirmou Taur Matan Ruak, após a comunidade de Maucatar, Covalima, no sul do país, ter apelado ao envolvimento de cidadãos timorenses na construção do aeroporto, "para além dos trabalhadores indonésios".

O chefe de Estado timorense disse também esperar que o "Governo se pronuncie" sobre aquele assunto.

No diálogo com o Presidente, a comunidade queixou-se de falta de água, das condições das estradas e falta de medicamentos.

O chefe de Estado sublinhou, citado no comunicado, que apesar dos desafios que o país ainda enfrenta o "Estado e o povo estão já a colher os frutos em muitos setores".

"Em pouco tempo registámos avanços em áreas que outros países não dominam. O Estado revela empenho e determinação na procura de uma solução para os nossos problemas. Vamos fazer tudo gradualmente, devagar, mas firmemente", afirmou Taur Matan Ruak.

Na sexta-feira, o chefe de Estado timorense iniciou mais uma visita aos distritos do país.

MSE // JCS

MACAU EM DESTQUE NO CHINA DAILY




Pequim, 19 nov (Lusa) - O principal jornal oficial chinês de língua inglesa, China Daily, dedica hoje as centrais a Macau, num destaque invulgar, para "dar uma visão da vida" do território após a transferência para a administração chinesa, há 15 anos.

A maior das 16 imagens que enchem as duas páginas, imprensa a seis colunas, mostra um rancho folclórico português a dançar numa rua de Macau, com as Ruínas de S. Paulo, um dos ex-líbris da cidade, em fundo.

As imagens fazem parte de um álbum com 200 fotografias que será lançado hoje naquela Região Administrativa Especial, diz o China Daily, jornal fundado no início da década de 1980, depois de o Partido Comunista Chinês ter adotado a política de "Reforma Económica e Abertura ao Exterior".

O lançamento do álbum é anunciado logo na primeira página, com uma notícia ilustrada com uma fotografia de dois responsáveis pela edição acompanhados pelo primeiro chefe do governo chinês do território, e atual vice-presidente da Conferência Politica Consultiva do Povo Chinês, Edmund Ho.

Macau foi integrado na República Popular da China no dia 20 de dezembro de 1999, segundo a mesma fórmula adotada em Hong Kong, "um país, dois sistemas".

O anterior "modo de vida" do território, nomeadamente o jogo, proibido no resto da China, mantém-se e o português continua a ser língua oficial, a par do chinês.

Quinze anos depois, o processo de transição de Macau é visto em Lisboa e Pequim como "uma história de sucesso" e em 2013, o território tornou-se a plataforma para o Fórum de Cooperação Económica entre a China e os Países de Língua Portuguesa.

AC // PNG

Oposição birmanesa de Suu Kyi admite "não poder ganhar" mudança na Constituição




Rangun, Birmânia, 19 nov (Lusa) -- O partido da oposição na Birmânia, liderado por Aung San Suu Kyi, admitiu hoje que "não pode ganhar" a batalha para mudar a Constituição que impede a prémio Nobel da Paz de candidatar-se à Presidência do país.

"Calculando matematicamente, nós não temos condições políticas para ganhar" esta batalha [de alterar os pontos principais da Constituição], disse o porta-voz Nyan Win, da Liga Nacional para a Democracia (LND), partido que representa uma minoria no parlamento.

De acordo com Win, o "direito de veto dos militares no parlamento pode minar os esforços para debater o assunto durante esta legislatura".

Aung San Suu Kyi tinha feito campanha há alguns anos para a remoção da cláusula na Constituição que diz que alguém que se tenha casado com um estrangeiro ou que tenha um filho de nacionalidade estrangeira não pode concorrer à Presidência do país.

Suu Kyi, de 69 anos, casou-se com um cidadão inglês, que entretanto morreu, tendo os seus filhos nacionalidade britânica. O artigo da Constituição, herdada da junta militar, tem sido criticado como sendo adaptado para travar a carreira política do partido da oposição.

O presidente do Parlamento de Mianmar, Shwe Mann, anunciou na terça-feira passada um referendo para maio sobre quaisquer alterações votadas pelo parlamento nos atuais debates acalorados na capital Naypyidaw.

No entanto, o mesmo responsável disse ser "impossível implementar as alterações" até às eleições de novembro de 2015, vistas como um teste para a transição do país do regime militar.

RCP // ARA

Conferência pró-censura: CHINA APELA A MAIOR CONTROLO DA INTERNET




O vice-primeiro-ministro chinês Ma Kai apelou hoje a uma gestão mais musculada da Internet durante uma conferência organizada pelo Governo, um evento já condenado pela Amnistia Internacional.

A China, que censura conteúdo que considera politicamente sensível, abriu a Conferência Mundial da Internet, em Wuzhen, com a presença das maiores empresas do setor a operar no país e alguns executivos estrangeiros.

Os participantes na conferência, de três dias, puderam gozar de acesso ilimitado a conteúdos online negados ao resto do país, como o Facebook ou o Twitter.

Além das redes sociais, Pequim bloqueia alguns meios de comunicação ocidentais incluindo o jornal The New York Times e o motor de busca Google, entre outros.

O vice-primeiro-ministro Ma Kai, a mais alta patente chinesa presente na conferência, disse que a Internet pode servir para impulsionar o desenvolvimento saudável da segunda maior economia do mundo, mas deixou claro que devia ser algo controlado pelo Estado.
"O Governo chinês vai fortalecer a administração da Internet de acordo com a lei", afirmou Ma.

"Uma Internet bem gerida é uma questão de soberania de Estado, de dignidade e desenvolvimento de interesses, e também de segurança internacional e estabilidade social", defendeu.

A Amnistia Internacional descreveu a conferência como uma tentativa de Pequim promover as suas regras para o uso de Internet como um modelo para a regulação global.

"A China parece ansiosa por promover as suas regras domésticas para o uso da Internet como um modelo para a regulação global. Isto provoca arrepios a qualquer pessoa que valorize a liberdade online", comentou William Nee, especialista da Amnistia.

Lusa, em Notícias ao Minuto

*Título PG

"Teste da virgindade" é obrigatório para todas candidatas à polícia na Indonésia - ONG



Patrícia Dichtchekenian, São Paulo – Opera Mundi


Classificada como 'traumática' e 'arcaica', prática examina condição do hímen das mulheres que têm interesse em ingressar na instituição do país asiático

Na Indonésia, mulheres que quiserem se aliar à força policial do país são obrigadas a se submeter a “testes de virgindade”. Classificada como “humilhante” e “arcaica” pela ONG Human Rights Watch nesta terça-feira (18/11), a prática consiste em um exame que mede se o hímen está intacto a partir da inserção de dois dedos com gel na vagina da candidata.

Trata-se de um pré-requisito para entrar na instituição, descrito por muitas entrevistadas pela ONG internacional de direitos humanos como “traumático” e “doloroso”.

"Eu temia que, depois de realizado o teste eu não seria mais virgem. Uma amiga até desmaiou”, relata uma entrevistada. "Eu não quero me lembrar dessas experiências ruins. Foi humilhante", comenta outra, de 19 anos, segundo a Al Jazeera.

Para o porta-voz da polícia indonésia, Maj Gen Ronny Sompie, o teste é utilizado com o intuito de analisar se os candidatos têm algum tipo de infecção sexualmente transmissível. Em 2010, um ex-chefe da polícia do país chegou a concordar em abolir o exame. Apesar das frequentes queixas das mulheres em relação à prática, o teste continua a ser realizado da mesma maneira há décadas.

"Os chamados ‘testes de virgindade’ são discriminatórios e uma forma de violência de gênero. Não é uma medida de elegibilidade das mulheres para uma carreira na polícia", criticou Nisha Varia, uma das diretoras da ONG, ao Guardian.

Para a Human Rights Watch, a prática viola os princípios da polícia nacional da Indonésia, bem como a política internacional de direitos humanos.

Além dos exames vexatórios, a força policial ainda exige que as candidatas mantenham um padrão de vida estipulado: devem ser solteiras e não podem se casar até determinado período em que estiverem dentro da instituição.

Com a maior população muçulmana do mundo, a Indonésia é num país majoritariamente conservador, onde muitas regiões louvam e valorizam a virgindade feminina.

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Hong Kong: “LIMPEZA” DAS RUAS E PRAÇAS GERA CONFRONTOS VIOLENTOS




Manifestantes e polícia entram em confronto violento

Hong Kong, 19 nov (Lusa) - Manifestantes pró-democracia e polícia entraram hoje em confronto em Hong Kong depois de um pequeno grupo ter tentado entrar no complexo governamental, numa altura em que avançam as operações de desimpedimento das ruas.

Cerca de uma centena de agentes da polícia usou gás pimenta e equipamento antimotim para combater os manifestantes, que agitavam chapéus-de-chuva, o símbolo do movimento.

As autoridades acabaram por deter quatro pessoas.

"A polícia condena veementemente os atos dos manifestantes, que perturbaram a ordem pública", disse a polícia, em comunicado.

Na origem dos confrontos esteve a tentativa de um grupo de cerca de 12 pessoas de entrar no Conselho Legislativo usando barricadas de metal como 'arma' improvisada para abrir caminho.

A estação televisiva de Hong Kong TVB emitiu imagens em que se ouve um manifestante dizer "Parte [a porta] e entra".

Há sete semanas que os manifestantes pró-democracia estão acampados em três principais zonas de Hong Kong, num protesto para exigir o sufrágio universal pleno no território.

Na terça-feira, as autoridades avançaram para retirada das barricadas e os jovens não ofereceram resistência.

No entanto, a postura parece ter sido alterada hoje. "Queremos que os protestos subam de tom. O Governo não respondeu às exigências dos manifestantes e dos residentes", disse à TVB um manifestante que falava com a cara parcialmente tapada.

Os líderes estudantis reforçaram o seu compromisso com um movimento pacífico.

"[Violência] não é algo a que queiramos assistir. Apelamos aos 'ocupantes' que se mantenham pacíficos e fiéis aos princípios da não-violência e que sejam participantes responsáveis no movimento dos guarda-chuvas", disse Lester Shum, da Federação de Estudantes de Hong Kong.

ISG // JCS

Milhares de polícias chamados para desbloquear ruas de Mong Kok

Hong Kong, 19 nov (Lusa) - Pelo menos 3.000 agentes - mais de um décimo da força policial de 28.000 agentes - vão ser enviados na quinta-feira para o bairro de Mong Kok, em Hong Kong, para ajudar a reabrir as ruas, segundo fonte da polícia.

"Vamos precisar de, pelo menos, três vezes mais agentes em Mong Kok", disse uma fonte da polícia da antiga colónia britânica ao jornal South China Morning Post, fazendo referência aos cerca de mil agentes que, na terça-feira, desbloquearam as ruas em Admiralty.

A polícia estima que entre 100 a 200 pessoas resistam à operação de desimpedimento da zona.

Os manifestantes pró-democracia ocupam há mais de sete semanas algumas das principais ruas da cidade em protesto contra a decisão de Pequim de escrutinar os candidatos a chefe do Governo antes da população poder escolher o seu líder.

Para os manifestantes, a candidatura deveria ser livre e a escolha seria feita pela da população.

Pequim autorizou que a população de Hong Kong escolha por sufrágio universal o seu líder que, no entanto, será alvo de uma pré-seleção por um comité eleitoral onde tem a maioria.

ISG // JCS - Foto Reuters

*Título PG

Moçambique: Renamo exige partilha de efectivos na FIR e Guarda Fronteira




A 85ª ronda do diálogo político entre o Governo e a Renamo, que teve lugar última segunda-feira, em Maputo, terminou sem consenso quanto ao modelo de integração das forças residuais do maior partido da oposição em Moçambique nas Forças de Defesa e Segurança (FDS), no âmbito do acordo de cessação das hostilidades.

O chefe da delegação do Governo, José Pacheco, disse não se tratar de divergências entanto que tal, mas de problemas de interpretação dos dispositivos referentes à integração das forças residuais da Renamo.

Para uma integração correcta, o Governo continua a privilegiar a entrega de uma lista exaustiva dos militares da Renamo beneficiários deste processo, de acordo com a patente que cada um ostenta.

Sobre esta matéria, o chefe da delegação da Renamo no diálogo, Saimone Macuiane, disse que o seu partido exige que ao nível das FDS haja uma partilha de responsabilidades no comando, “o mesmo que dizer onde o comandante vem da parte do Governo, o vice deve vir da Renamo e vice-versa. O mesmo deve acontecer em relação à polícia”.

O País (mz)

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Moçambique: novas enchentes a caminho, mas efeitos das últimas ainda por resolver




Na Zambézia, Moçambique, organizações religiosas juntam-se aos movimentos de solidariedade para com as vítimas das cheias que se encontram desde ano passado em centros de refugiados no distrito de Namacurra.

A época das chuvas aproxima-se a passos largos, mas ainda há muitas famílias, vítimas das cheias do ano passado, que continuam sem casa.

Na província da Zambézia, no centro de Moçambique, a organização humanitária religiosa Cáritas está preocupada com o estado de vulnerabilidade das vítimas. Por isso enviou ajuda para o centro de reassentamento de Ronda, no distrito de Namacurra, que alberga mais de 100 famílias.

A Cáritas deu redes mosquiteiras para travar o aumento do número de casos de malária. Segundo António Ramane, que é gestor de programas na organização, foi também disponibilizado material de construção para ajudar as famílias a erguerem suas próprias casas: "Estes bens que distribuímos no Forquia é um apoio que veio da Alemanha, que tem também contribuído com ajudas às comunidades carenciadas. Refiro-me a chapas de zinco, ferros, barrotes, ripas, pregos, etc."

Saúde também constitui preocupação

O gestor da Cáritas conta que a sua organização deu ainda outro tipo de apoio: "Entregámos também redes mosquiteiras de modo a tentarmos ver se podíamos minimizar a situação desta epidemia, que é a malária, que também tem assolado a população."

As tendas em que as vítimas das cheias vivem estão parcial ou totalmente destruídas. Ao entardecer, quando o vento sopra, há muitos mosquitos. Por isso, os beneficiários estão gratos pela oferta.

Um dos desalojados não esconde a satisfação: "Estou contente, porque as tendas que antes recebemos aquecem muito. Atualmente estamos a receber material de construção e isso é um grande benefício para nós."

Outro prevê momentos mais confortáveis: "Combater, por exemplo, a malária, eu e a minha família vamos nos sentir bem em casa."

Alvo da ajuda bem definido

António Ramane, da Cáritas, diz, no entanto, que só foram distribuídas redes mosquiteiras a algumas pessoas: mulheres grávidas, chefes de família e crianças órfãs.

O colaborador da Cáritas recorda a sitaução de penúria em que vivem os desalojados: "Estas famílias perderam os seus bens, as casas, machambas, utensilios domésticos. Praticamente ficaram sem nenhum bem, não têm a quem recorrer para questões de sobrevivência."

A partir de dezembro, o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades, INGC, na província da Zambézia prevê a ocorrência de ciclones tropicais nas zonas costeiras. A situação deverá prolongar-se até abril de 2015.

Marcelino Mueia (Quelimane) – Deutsche Welle

ANGOLA ENTRE OS 13 PAÍSES MAIS VULNERÁVEIS AO TERRORISMO




A conclusão está no Índice de Terrorismo Global de 2014 publicado hoje pelo Instituto para Economia e Paz(IEP), com sede na Austrália.

Voz da América

Angola consta na lista dos países que correm o maior risco de serem afetados por ataques terroristas durante os próximos anos, segundo o Índice de Terrorimo Global de 2014, apresentado esta terça-feira, 18, em Londres pelo Instituto para a Economia e Paz (Institute for Economics and Peace IEP), com sede na Austrália.

Outros países africanos incluídos no grupo são Burundi, Mali, República Centro-Africana, Costa do Marfim, Etiópia e Uganda. Os demais são Bangladesh, Irão, Israel, México, Birmânia e Sri Lanka.

O relatório concluiu existir uma forte ligação estatística entre a pobreza e o terrorismo. Outro dado curioso é que muitas pessoas com educação superior e da classe média nos países desenvolvidos estão a unir-se também a grupos terroristas.

Para elaborar o relatório, o Instituto para a Economia e Paz (IEP) considerou vários factores como a ocorrência de execuções extrajudiciais, a falta de direitos políticos das mulheres, a falta de coesão intergrupal ou a instabilidade política.

Angola terá sido incluído no grupo de países em risco devido a outra factor descoberto pelos investigadores: “países que vivem em paz, mas que têm altos níveis de perseguição política e baixos níveis de coesão intergrupal (…) estão em risco de aumentar a actividade terrorista”.

De acordo com o documento o Iraque foi o país mais afectado pelo terrorismo, com 2.492 ataques ano passado que mataram 6.362 pessoas.

Em 2013, 24 países sofreram ataques terroristas que mataram mais de 50 pessoas. Houve 75 países que não experimentaram nenhum ataque terrorista.

O IEP estuda a evolução dos ataques terroristas no mundo desde 2000 e apresentou o seu primeiro Índice de Terrorismo Global em 2012.

Angola: OGE PÕE MILHÕES NA GESTÃO UNIPESSOAL DO PRESIDENTE




A oposição angolana, a tal que aprovou (explícita e implicitamente, apenas com excepção da CASA-CE) o novo Orçamento Geral do Estado (OGE), diz que este documento colocará “nas mãos” do Presidente Eduardo dos Santos mais de 15 mil milhões de euros para gestão directa, sem fiscalização.

Orlando Castro - Folha 8 Diário

Agora, dando uma no cravo e outra na ferradura, consideram que a concretizar-se será um “atentado ao Estado de Direito”. Mas desde quando, nesta e em quase todas as outras questões, Angola é actualmente um Estado de Direito?

A Oposição diz que é como “passar um cheque em branco”. Pois é. Mas se é assi que o regime quer, é assim que será.

A crítica é da UNITA que, segundo a Voz da Alemanha, acusa o Governo de querer pôr nas mãos do Presidente José Eduardo dos Santos, para gestão directa, unipessoal, cerca de 19 mil milhões de dólares, mais de 15 mil milhões de euros. Mas se ele é o Presidente da República desde 1979, sem nunca ter sido nominalmente eleito, se é o Presidente do MPLA e chefe do Governo, o melhor – aconselhará certamente Bento Bento – é comer e calar.

Trata-se, oficialmente, de uma “Reserva Financeira Estratégica Petrolífera”, resultante dos direitos patrimoniais do Estado angolano nas concessões petrolíferas, e que servirá para financiar investimentos de longo prazo.

Parte desse dinheiro será gerido directamente pelo chefe de Estado, sem a fiscalização do Parlamento, critica o líder do grupo parlamentar do maior partido da oposição.

“Uma parte pode ser 1% ou 99,99%”, diz Raúl Danda, acrescentando que “se os deputados não podem fiscalizar a execução do Orçamento, ao entregar-se assim dinheiro nas mãos do Presidente da República, que faz essa gestão sem prestar contas, estamos mesmo a ver que espécie de transparência podemos ter neste país.” Terá sido por levar em consideração essa “espécie de transparência” que a UNITA se absteve na votação do OGE?

Por sua vez o grupo parlamentar da CASA-CE não se opõe a que a reserva petrolífera seja gerida pelo Presidente angolano, mas mediante um plano aprovado pela Assembleia Nacional. Como anedota não está mal.

Este foi, aliás, um dos motivos que levou o partido a votar contra o OGE para 2015, explica o vice-presidente da bancada parlamentar da CASA-CE. Manuel Fernandes diz que este OGE é “um atentado ao Estado de Direito”, que “quase amputa” o papel fiscalizador dos deputados.

“Este diploma é praticamente uma autorização legislativa para o Presidente da República fazer tudo o que bem entender sem contra-peso. E nós, de facto, estamos em completo desacordo”, afirma Fernandes.

A preocupação do deputado da CASA-CE “é a questão da ‘Reserva Estratégica’, bem como outras autorizações que estão a ser conferidas ao Presidente da República, com altas somas monetárias, sem se ter tido em conta a Assembleia Nacional, que é o órgão fiscalizador.”

Um dos grandes problemas em Angola é que não existe fiscalização, sublinha ainda o líder do grupo parlamentar da UNITA. Pois. A fiscalização só faz sento quando há democracia, quando o país é um Estado de Direito.

“É preciso prestar contas a alguém, o Presidente da República não pode ter verbas avultadas e dizer que ele próprio estabelece as modalidades de prestação de contas. Ora, como é que o fiscalizado vai estabelecer as regras da fiscalização?”, pergunta Raúl Danda. “No entanto é isso que acontece neste Orçamento, que tem um défice jamais visto neste país”, acrescenta para – crê-se – justificar a abstenção da UNITA.

Para Manuel Fernandes, o OGE para o próximo ano não é realista. Mais importante seria empregar esforços para diversificar e “despetrolizar” a economia angolana.

“Há um excesso de expectativa. Já se sabe que há um decréscimo do preço do barril de petróleo, por isso não se pode ser assim tão expectante e propor uma taxa de crescimento de 9,7%”, afirma o deputado da CASA-CE, acrescentando que “este é mais um folclore político que pretendem fazer e nós não estamos aqui para isso. Por isso mesmo entendemos que tínhamos, de facto, de votar contra este Orçamento, que está longe de corresponder às expectativas dos angolanos.”


Angola: CONTORNOS DE UMA CONSPIRAÇÃO



Jornal de Angola, editorial

O ministro do Interior, Carlos Veiga, alertou os angolanos para ataques contra o regime democrático desencadeados com o apoio de organizações políticas angolanas e pessoas ou instituições estrangeiras.

A denúncia não surpreendeu ninguém. Sempre que o líder da UNITA visita Lisboa e outras capitais de países ocidentais surgem em Angola acções que visam perturbar a estabilidade política e social que vivemos há 12 anos.

As ameaças mais recentes ao regime democrático têm, como as anteriores, o apoio de largos sectores políticos e económicos em Portugal. Mas há luz de escândalos de corrupção em Portugal, é possível ver com mais nitidez até onde vão as cumplicidades. Essas revelações são inquietantes e exigem um esclarecimento urgente por parte das autoridades de Lisboa.

O filho de Mário Soares, deputado do Partido Socialista, foi eleito pela Assembleia da República para o Conselho de Fiscalização do Sistema Serviços de Informações da República Portuguesa. A mesma personagem percorre os canais de televisão portugueses disparando insultos e calúnias contra titulares dos órgãos de soberania de Angola. 

Afirma reiteradamente que os investimentos angolanos em Portugal provêm de fundos roubados. Fala em “cleptocratas de Luanda” com a maior desfaçatez. E nunca se esquece de lembrar a sua condição de membro doConselho de Fiscalização do Sistema Serviços de Informações da República Portuguesa para chancelar as suas mentiras e calúnias.

A “Operação Labirinto” em Portugal levou à detenção de altas figuras do Estado. Mas também trouxe à luz do dia uma situação insólita em qualquer parte do mundo, mesmo no país do filho de Mário Soares, da filha do senhor Gomes, deputada europeia do Partido Socialista, ou do filho do senhor Louçã, líder escondido do Bloco de Esquerda. 

O Serviço de Informações de Segurança (SIS) de Portugal, na pessoa do seu director, um ilustre desembargador, foi fazer uma varredura no gabinete do director-geral do Instituto de Registos e Notariado, arguido no processo dos “Vistos Gold”. Nós temos o direito de suspeitar que os mesmos serviços varrem o quintal dos amigos e atiram com o lixo para a porta de Angola, servindo-se do livre acesso do filho de Mário Soares a todos os canais de televisão portuguesa.

 A Assembleia da República escolheu o deputado do PS para fiscalizar o SIS. Mas os que votaram nele, tinham outro objectivo: dar credibilidade aos ataques soezes e maldosos que ele desencadeia contra as autoridades angolanas. E não nos venham dizer que estamos a explanar uma “teoria da conspiração”. Toda a gente sabe que estamos a dizer a verdade.

Um deputado da Nação que se entretém diariamente a chamar ladrões aos titulares dos órgãos de soberania em Angola sem que os seus pares da Assembleia da República ou os responsáveis do SIS se demarquem de tão graves crimes, é evidente que está mandatado para assim proceder. E não venham dizer-nos que estamos perante o exercício da liberdade de expressão. Não façam de nós indigentes mentais. O filho de Mário Soares, deputado do Partido Socialista está a exercer aquilo que ele considera o seu direito de conspiração contra Angola.

Todos estes dislates ultrapassam o mero exercício do direito a emitir opiniões. A liberdade de expressão tem limites. E no caso do fiscalizador do SIS, esses limites são ainda mais estreitos. Sempre que o filho de Mário Soares fala em dinheiro ilegal exportado de Angola, de ladrões, de corruptos e cleptocratas, a opinião pública portuguesa acredita porque pensa que ele tem informações secretas fornecidas pelos serviços secretos que é suposto fiscalizar. Nós sabemos que não. 

Tudo o que ele diz, são mentiras e calúnias. Todas as suas afirmações são peças da conspiração que o ministro do Interior agora denunciou. Disso não temos dúvidas.

A única dúvida que prevalece é se Isaías Samakuva foi a Lisboa pedir aos antigos ocupantes de Angola uma terceira independência, contando com os préstimos da posição privilegiada do filho de Mário Soares junto dos serviços secretos portugueses, ou se a sua base de apoio abrange outras instituições oficiais portuguesas e outros políticos, do Governo ou da Oposição.

Uma coisa é certa: qualquer ataque contra o regime democrático está votado ao fracasso.

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