quinta-feira, 26 de junho de 2014

PORTUGUESES TAMBÉM PERECERAM EM CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO NAZIS




Para os que ignoram que existiram portugueses vítimas dos campos de concentração nazis não será demais trazer à peça uma pequena parte do trabalho desenvolvido e publicado no jornal Público. Um trabalho de qualidade que convidamos a conhecerem. Não só o texto como as fotografias. A bruma que tantas vezes encobre o terror nazi foi afastada desta vez pelos jornalistas do Público.

É inútil uns quantos insistirem em branquear o holocausto e esse cancro da humanidade que persiste ainda nos dias de hoje, o fascismo, o nazismo que foi poder em Portugal pelas mãos de Salazar, como em Espanha pelas de Franco, como na Europa por Hitler. O nazi-fascismo está vivo e alapado a uma direita que agora se diz social-democrata ou cristâ, neoliberal e até socialista. Ganha terreno por toda a Europa e pelo mundo e obtém votos por via das suas tenebrosas manhas, mentindo, procedendo ao contrário das promessas eleitorais logo que chegam ao poder. 

Não é desejável que os portugueses, os europeus, permitam que fascistas e nazis se apoderem do poder sendo lobos disfarçados com peles de cordeiros. E isso é aquilo que está a acontecer em Portugal e por toda a Europa. Muito cuidado, é frequente a história ter fases que se repetem. Não queremos mais campos de concentração, nem mais vítimas do fascismo. (Redação PG)

A história nunca contada dos portugueses nos campos de concentração

PATRÍCIA CARVALHO (TEXTO) e NELSON GARRIDO (FOTOGRAFIAS) - Público

A pergunta surgiu depois de uma visita a Auschwitz: seria possível que, de todos os prisioneiros que por ali passaram, de tantos países, nenhum fosse português? Em 2013, fomos à procura da resposta. Durante nove meses, vasculhámos arquivos, analisámos listas de transporte e registos de baptismo, percorremos Portugal e visitámos campos de concentração, bases de dados e familiares de vítimas em França, Alemanha e Polónia. A resposta está dada: houve muitos portugueses enviados para os campos de concentração nazis. A segunda parte desta reportagem será publicada na próxima semana.

omboio partiu às 6h15. Era o dia 25 de Junho de 1942 e no seu interior apinhavam-se mil homens. Todos judeus. Tinham passado os últimos meses no campo de internamento de Pithiviers, a 87 quilómetros a Sul de Paris, mas agora chegara a ordem de partida. O destino, desconhecido para os passageiros do comboio n.º 813, era o campo de concentração de Auschwitz, na Polónia. A bordo ia Michael Fresco, um judeu português, nascido em Lisboa, a 15 de Setembro de 1911. Enquanto Michael era deportado para Auschwitz, Luiz Ferreira, um funileiro da região de Guimarães, emigrado em Lyon, já tinha sido “apanhado” pelo regime colaboracionista francês, por causa da sua filiação no Partido Comunista e da acção clandestina contra os ocupantes nazis. Maria Barbosa, natural de Ponte de Lima e também emigrada em Lyon, estava longe de saber que, dois anos mais tarde, em 1944, estaria a iniciar a sua viagem em direcção ao campo de concentração de Ravensbrück. Já Casimiro Martins, um algarvio que partira para os Pirenéus franceses, para se juntar a um irmão e trabalhar na construção civil, não podia ainda imaginar que dali a dois anos e meio seria uma das vítimas mortais do campo de concentração de Neuengamme. Portugal manteve a neutralidade durante a guerra que devastou a Europa entre 1939 e 1945, mas os portugueses não saíram incólumes do conflito. Dezenas foram transportados para os campos de concentração e alguns morreram lá. Um destino ignorado pelo seu país, esquecido por membros das suas famílias, desconhecido dos portugueses. Quase 70 anos depois do fim da guerra, as suas histórias são, finalmente, contadas.

Michael Fresco morreu com 30 anos, apenas por ser judeu. O “Michael Strogoff”, alcunha pela qual era carinhosamente tratado em família, nas tardes de reunião que os Fresco gostavam de partilhar com os primos, em Lisboa, abandonara Portugal para se instalar na cidade francesa de Nantes, como comerciante. Foi aí que o seu futuro foi definitivamente interrompido. Para trás, deixava uma vida lisboeta que parece doce e alegre, nas palavras dos descendentes da família. Alberto Fresco, 65 anos, filho de uma prima de Michael, nunca conheceu este parente distante, mas lembra-se de ouvir a mãe, Rebeca, falar dele. “A família juntava-se toda e havia grandes brincadeiras. A minha mãe contava que o Michael era uma pessoa muito extrovertida, muito jovial, de tal modo que ele tinha uma alcunha, um petit nom entre os membros da família. Era conhecido como o Michael Strogoff. Estava-se numa época em que os livros do Júlio Verne eram muito apreciados e eu lembro-me sempre de ouvir falar do Michael como sendo o Michael Strogoff, o correio do czar.” Uma sobrinha-neta de Michael, que prefere não ser identificada, também se lembra bem de ouvir a avó, Raquel, falar do irmão perdido na guerra. “Eu adorava que a minha avó contasse histórias de família e ela falava muitas vezes do Michael, com grande tristeza. Contava como tinha sido deportado e morrera em vagões de gado”, diz.


Portugal: Sá Carneiro contra Passos/Portas



Pedro d´Anunciação - Sol, opinião

O Público fez esta semana uma citação de Sá Carneiro, totalmente contrária à politica de Passos Portas, que me parece muito oportuna: "Sectores como a Saúde, Educação e outros, fazem parte das atribuições e são responsabilidade do sector público".

Ainda me lembro, na altura do primeiro Governo da AD, quando a evasão fiscal era muito maior do que hoje, haver quem procurasse convencer as pessoas a pagarem impostos, para terem hospitais, estradas, escolas, etc. Essa era a filosofia económica de quando eu estudei as cadeiras de Economia, em  Direito, ainda antes do 25 de Abril. Havia até quem desse o exemplo, em tom jocoso e claramente critico, de um ex-presidente da Câmara de Lisboa, que se orgulhava de fechar sempre com lucros as contas de cidade – esquecendo que a Câmara estava para servir os cidadãos, e não conseguir lucros à sua custa.

Pessoalmente, como vejo suceder nos países nórdicos, pagaria impostos com muito maior gosto, se não os visse irem apenas para o serviço de uma Dívida Pública que este Governo não cessou de aumentar, e para as mordomias dos políticos e seus espalhafatosos e pouco europeus gabinetes. Preferia que fossem para a saúde pública, para as escolas públicas, para os transportes públicos – exigindo às empresas que os gerissem publicamente uma gestão honrada e parcimoniosa, sem mordomias desnecessárias para políticos e gestores, e admitindo que a necessidade de serem serviços importantes que não devem dar lucros, pudessem ser garantidos pelo Estado sem se preocupar com a concorrência privada nesses sectores – nem a prejudicando, nem a favorecendo.

Portugal: PR CONVOCA CONSELHO DE ESTADO




O Presidente da República convocou o Conselho de Estado. A reunião do Conselho vai acontecer a 3 de julho e vai ter como ordem de trabalhos a "situação económica, social e política".

De acordo com uma nota colocada no site da presidência, os conselheiros vão ser chamados a discutir a conclusão do Programa de Ajustamento e o Acordo de Parceria 2014-2020 entre "Portugal e a União Europeia para os Fundos Estruturais".

O pós-troika já tinha sido o tema escolhido pelo Presidente da República quando convocou o último Conselho de Estado, há mais de um ano, a 20 de maio de 2013.

De lá para cá, o Governo já sobreviveu a uma crise política, com os pedidos de demissão de Vítor Gaspar de Paulo Portas e o país já assistiu a duas eleições: umas autárquicas e umas europeias.

Ambas deram vitória ao Partido Socialista, que saiu, no entanto, dividido das últimas.

No mês passado, Antonio José Seguro veio dar voz a um pedido para que Cavaco Silva convocasse um conselho de estado. Esse pedido foi feito depois de ter sido conhecida a decisão do Tribunal Constitucional, que chumbou três das quatro normas do Orçamento do Estado.

O PS, aliando-se à restante esquerda parlamentar, tem defendido a necessidade de eleições antecipadas. O Presidente continua a insistir na necessidade de consensos.

TSF

Angola e Guiné-Bissau em vias de reatar cooperação




Angola está pronta para retomar todos os itens da cooperação com a Guiné-Bissau e admite analisar uma nova participação no processo de reforma das forças de segurança guineenses, caso o país venha a fazer esse pedido.

Angola teve uma missão de apoio ao processo de reforma das Forças Armadas da Guiné-Bissau, a MISSANG, estacionada no país, mas foi expulsa do território guineense pouco tempo depois o golpe de Estado militar de abril de 2012.

Os últimos militares da MISSANG deixaram Bissau em junho de 2012, pondo termo à cooperação técnico-militar com o Governo de Luanda.

Com o fim da missão ficaram também cancelados os apoios que Angola estava a dar à Guiné-Bissau, nomeadamente na construção e remodelação de infraestruturas de defesa e segurança.

"Vamos retomar a cooperação no geral agora, mas não gostaria de particularizar", avançou em Bissau, João Lourenço, ministro angolano da Defesa, sem querer destacar os ramos da cooperação a ser contemplados nesta nova etapa.

Segundo o titular da defesa de Angola, "sobre os domínios, as partes têm de se sentar e ver qual é o interesse mútuo". Mas de uma forma geral, acrescentou, "a disponibilidade de Angola é total para o reatamento das relações, que em determinada altura foram dificultadas".

Cooperação abruptamente cortada

O Governo angolano interrompeu na altura a MISSANG, missão técnico-militar de apoio à reforma do setor de Defesa e Segurança guineense, na sequência de atritos com as Forças Armadas guineenses que resultaram no levantamento militar para reclamar a saída da MISSANG do país.

A verdade é que se mantem ainda a mesma estrutura militar, mas João Lourenço fala de uma nova era para "o país irmão a quem Angola quer muito bem".

Para o ministro, "a Guiné-Bissau deve trilhar os caminhos que todos nós desejamos e dos quais nunca deveria ter saído. Portanto, Angola, bem como a comunidade a que pertencemos todos, a CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa), estamos aqui para dizer estamos convosco, força Guiné."

Com a saída da missão de Angola da Guiné-Bissau, entraram países como a Nigéria e Timor-Leste que até agora continuam a prestar apoios ao exército e ao Governo de transição que brevemente deixará a gestão do país para a entregar ao novo Primeiro-ministro, saído das recentes eleições legislativas, Domingos Simões Pereira.

Para já, as instituições internacionais sediadas em Bissau não querem comentar o assunto, alegando ser prematuro analisar um eventual regresso dos angolanos que foram humilhados pelas forças armadas guineenses em 2012.

A DW África sabe que o ministro angolano da Defesa teve uma longa reunião com Domingos Simões Pereira, onde o tema central das discussões terá sido o reatar da cooperação entre Bissau e Luanda.

Apenas uma questão de oportunidade 

Entretanto, aguarda-se para as próximas horas a composição do novo elenco governamental que será chefiado por Simões Pereira.

O novo Presidente da República da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, está atualmente a cumprir um dispositivo constitucional que rege a necessidade de auscultar os partidos políticos, e em função dessa auscultação avançar para o partido maioritário cuja tarefa será a formação do próximo Governo.

A este propósito, os observadores em Bissau estão otimistas quando à celeridade de uma decisão presidencial. Na verdade, o Presidente da República tem alguma urgência em concluir a auscultação aos partidos, na medida em que deve deixar Bissau nas próximas horas com destino a Malabo, capital da Guiné Equatorial, onde vai participar na cimeira da União Africana (UA) de quinta e sexta-feira (26/27.06).

Os guineenses querem abrir uma nova era política e social no país e esquecer o passado turbulento de golpes militares e assassinatos político-militares. A palavra de ordem no quotidiano dos guineenses é a esperança numa Guiné melhor.

Deutsche Welle / Autoria Braima Darame (Bissau) / Edição Nádia Issufo / António Rocha

Angola: Comunidades ovimbundos dizem-se vítimas de perseguição tribal no Namibe




As vítimas dizem ainda que se as autoridades de direito não tomarem medidas que visem estancar tal comportamento a situação poderá ganhar contornos alarmantes

Voz da América

O surgimento de homens vindos do planalto central e de outras localidades de Angola com vocação de agricultores está a provocar ciúmes no seio das comunidades mucubais devido à sua capacidade empreendedora na actividade do campo.

Segundo as supostas vítimas, presume-se que a cabala de perseguição aos camponeses da tribo ovimbundos com realce para os camponeses dos vales dos rios intermitentes do município da Bibala tenha uma mão invisível das autoridades locais do Estado.

As vítimas dizem ainda que se as autoridades de direito não tomarem medidas que visem estancar tal comportamento a situação poderá ganhar contornos alarmantes.

A Comuna do Munhino, município da Bibala, é uma das localidades mais propensas para actos   de tribalismo direccionados aos ovimbundos e seus descendentes.

As perseguições começam desde agressões físicas, ameaças de morte com catanas e purinhos e pilhagem das culturas, onde na calada da noite anciãos mucubais aliados aos jovens da defesa civil local introduzem manadas de gado nas lavras das comunidades dos ovimbundos em jeito de provocação, sob o olhar sínico e surdo de quem de direito.

Alguns membros destas comunidades visadas, cansadas de tormentos, decidiram apresentar queixas a procuradoria da Republica no Município da Bibala mediante provas das vicissitudes  sofridas das mãos dos autóctones Mucubais .

O Juiz Municipal da Bibala Ernesto Silvério e o Procurador Municipal Mário Lumbundo, visando desencorajar tais práticas, decidiram que parte da sessão deste julgamento também tivesse lugar na Comuna do Munhino, na passada semana , ante a presença dos sobas, líderes comunitários e comunidades locais, onde os conflitos tribais ganham contornos alarmantes, segundo disse o magistrado do Ministério público, no final da sessão de audiência

Para o magistrado do ministério Público, o país é mais do que a Comuna do  Munhino e as jornadas de sensibilização e educação jurídica  às comunidades  vão continuar no sentido de se prevenir  conflitos tribais e não só no sei das comunidades.

A sentença sobre o caso vai ser proferida no próximo dia 18 do mês em curso, já na sala de audiências do tribunal Municipal da Bibala.

Angola: Notícia de um aniversário




No editorial do Jornal de Angola ficamos a saber de mais um aniversário daquela diário estatal angolano, órgão de onde também compilamos opinião e notícias. Deixamos um excerto da abertura do editorial de hoje. Parabéns Jornal de Angola.

Notícia de um aniversário

Hoje este órgão de informação do sector empresarial do Estado cumpre mais um aniversário. Para todos os que aqui trabalham é um dia de festa, mas também de reflexão. Mas é, sobretudo, neste momento que cada um avalia o seu papel na sociedade democrática, que cada angolano tem o dever de construir e reforçar. É essa a primeira responsabilidade de qualquer profissional e particularmente dos que trabalham na comunicação social.

Cartoon Casimiro Pedro

Agricultura em África é discutida em Malabo



João Dias, Malabo Jornal de Angola

O Vice-Presidente da República, Manuel Vicente, encontra-se desde ontem em Malabo, Guiné Equatorial, onde participa, hoje e amanhã, na 23ª cimeira da União Africana, que tem como tema principal a “Agricultura e segurança alimentar no continente”.

No encontro, cujo foco é a busca de soluções conjuntas para a auto-suficiência alimentar em África, Manuel Vicente representa o Chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos.

A presidente da Comissão da União Africana afirmou que a agricultura e a segurança alimentar são uma prioridade para o continente. Nkosazana Dlamini-Zuma, que falava na abertura da reunião de chefes de diplomacias africanas, disse que África pode ter sucessos na erradicação da pobreza e da fome se “actuar correctamente\".

Uma análise voltada para “acções específicas\" entre os países e regiões do continente deve ser estabelecida, para estimular negócios no sector da agricultura e no processo de renovação dos esforços na irrigação, no desenvolvimento de sementes, nos mercados, infra-estruturas, comércio e outros aspectos.

Em face disso, a União Africana tem como objectivos duplicar a produtividade no sector, conseguir um crescimento anual sustentado do Produto Interno Bruto agrícola de pelo menos seis por cento e criar oportunidades de emprego na agricultura para 30 por cento dos jovens. 

A cimeira deve adoptar uma Declaração sobre Crescimento da Agricultura e Objectivos até 2025. Os Chefes de Estado e de Governo começaram a chegar ontem a Malabo. Angola é representada pelo Vice-Presidente, Manuel Vicente.

Posição de Angola

Ainda em vésperas da cimeira, o secretário de Estado das Relações Exteriores, Manuel Augusto, manifestou a posição de Angola quanto à necessidade do continente africano “embarcar\" para a auto-suficiência alimentar. “Angola partilha a opinião daqueles que dizem que África tem uma oportunidade única para embarcar definitivamente para a auto-suficiência alimentar\", disse.

Manuel Augusto defendeu que cada país deve fazer a sua parte, embora esteja cada vez mais evidenciado que as políticas comuns a nível do continente resultem numa nova dinâmica e até ajudem nesse processo. 

“Para que possamos ter a auto-suficiência alimentar precisamos, não só da boa vontade, mas também do domínio das tecnologias apropriadas para podermos tirar o melhor rendimento dos nossos solos férteis e trabalhar na evolução da mentalidade do camponês africano que trabalha apenas para a agricultura de subsistência\", notou. 

Manuel Augusto falou do estado da agricultura no país e reconheceu que tem havido uma boa produção. O problema, disse, está no escoamento e distribuição. Defendeu, com efeito, a combinação de factores para que África possa atingir a segurança alimentar.  A nível do conselho executivo da União Africana foram discutidos aspectos relacionados com a agricultura, na sequência da reunião da comissão económica para África que lançou pistas sobre o que as Nações Unidas podem fazer para ajudar os países africanos a formularem políticas certas. Neste aspecto, a China tem sido até agora um paradigma a seguir.

Manuel Augusto sublinhou que a auto-suficiência alimentar é também uma forma de prevenir os conflitos. \"No fundo, se tivermos uma agricultura bem desenvolvida, temos emprego maciço, o que significa que temos menos uma causa para conflitos\", frisou.

RCA e Sudão do Sul

Além do tema principal, “Agricultura e segurança alimentar no continente\", os estadistas africanos ou seus representantes devem ainda analisar os conflitos na República Centro Africana (RCA) e no Sudão do Sul e as acções de terrorismo na Nigéria e no Quénia.  O secretário de Estado  anunciou a realização, em Malabo, de uma mini cimeira de concertação ao nível da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEAC), à margem da reunião da União Africana. 

A reunião deve centrar a sua discussão na base da cimeira tripartida de Luanda, que reuniu os Presidentes de Angola, Chade e Congo. O encontro de concertação pretende redinamizar o processo de transição na RCA, adequando-o a alguns elementos novos que derivaram da experiência vivida até agora.  A reunião de concertação vai discutir também a situação no Sudão do Sul.

Manuel Augusto traçou o cenário naquele país como inacreditável, pois vive uma escalada de violência e assiste ao abandono das populações que se encontram sem meios para sobreviver.

“Precisamos de medidas que obriguem as partes beligerantes a assumirem os seus compromissos, sob pena de sofrerem as consequências\", defendeu o dirigente angolano, para quem a África não vai poder assistir impávida e serena a uma completa tragédia humana num país que foi fruto do esforço da comunidade internacional. “Não se compreende que depois de pouco mais de dois anos de independência se esteja a assistir a essa tragédia\", lamentou o secretário de Estado angolano das Relações Exteriores.

Representante da ONU

O secretário de Estado das Relações Exteriores teve terça-feira um encontro com o representante especial do Secretário-Geral das Nações Unidas para África Central, Abdoulaye Bathily, que trabalha para o acompanhamento da situação política e de segurança nessa região do continente.

Abdoulaye Bathily está a aproveitar a sua passagem por Malabo para fazer os primeiros contactos com os países da região. Com Manuel Augusto, trocou impressões sobre o seu plano de trabalho e a visita que tem agendada para os países da região, a começar por Angola.

O secretário de Estado angolano disse que o que mais preocupa a liderança da África Central é a situação na República Democrática do Congo, enquanto centro de maior instabilidade na região, por concentrar uma série de forças negativas, o que afecta outros países da região.

Candidatura à ONU

Sobre a candidatura de Angola a membro não permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, Manuel Augusto garantiu que corre tudo bem. Mas adverte que “uma eleição é sempre uma eleição\".

Até ao último dia, assegurou, Angola vai continuar a trabalhar para que tenha uma votação que legitime o seu desejo de um novo mandato, esperando poder contribuir para um mundo melhor através da sua experiência na área de prevenção e resolução de conflitos. “Até Outubro, a nossa campanha vai continuar. Temos apoio da União Africana e de muitos países amigos\", realçou o secretário de Estado das Relações Exteriores.

Foto Jaimagem

Riqueza à brasileira, no país da injustiça social



João Gualberto Jr. – Debates Culturais

Por que um motoboy autônomo tem que pagar R$ 110,00 de IPVA para circular com sua moto de 125 cilindradas (e viver dela) enquanto lanchas, helicópteros e aviões de uso particular são isentos de impostos? Esse é o Brasil com suas contradições inatas.

Todo mundo está careca de saber das mazelas do nosso sistema tributário, que, além de injusto, é ineficiente, burro mesmo. Tributar o consumidor e a folha de pagamentos, como se dá por aqui, é botar freio na economia. Se todo mundo sabe disso, por que não nasceu homem ou mulher de peito para, sentado no Planalto, dar jeito nisso? Eis a questão.

Ainda que o setor público economize, há uma grossa parcela de gastos e investimentos dos quais é impossível recuar. Fazer com que os mais pobres paguem menos impostos no consumo (ICMS, ISS e IPI, por exemplo) não fecha a conta. Os mais ricos é que devem equilibrar a equação e, no ideal, fazer pendê-la para o outro lado. Trata-se de um problema político, portanto.

Os impostos sobre patrimônio são o artifício mais justo para a redução da desigualdade social. Em tese, o governo reverte a arrecadação em políticas públicas que levam ao desenvolvimento dos mais pobres. Acontece que não é assim que funciona no Brasil. Uma pesquisa da Pricewaterhouse Coopers, a partir de dados dos países do G20 e publicada no começo do ano, revelou que os abonados tupiniquins ficam em terceiro lugar entre os colegas de classe que menos pagam tributos. Um brasileiro com renda mensal superior a R$ 400 mil, por exemplo, fica com 73% livres. Dá pra viver, né?

NOS PARAÍSOS FISCAIS

O resultado não chega a surpreender, como também não a informação, divulgada há uns dois anos, de que as nossas divisas estão em quarto lugar em volume transferido a paraísos fiscais.

Pois ganha fôlego o projeto de lei que institui o imposto sobre grandes fortunas no Brasil. Segundo o texto, uma alíquota especial irá incidir sobre patrimônios superiores a R$ 2,5 milhões. O Senado, onde tramita o PL, realizou uma enquete em seu portal da internet: dos 5.600 internautas que participaram, 78% se disseram favoráveis à tributação.

É justamente esse tipo de artifício que defende Thomas Piketty em seu “O Capital no Século XXI”. A tradução para o português está para sair em breve, mas, antes de aportar por aqui em nossa língua, o livro já ouriçou muita gente, assim como fez nos países ricos. O economista aponta para um retrocesso do capitalismo, que volta a ser um sistema majoritariamente patrimonialista e menos de mercado.

GANHOS DE CAPITAL

Piketty analisou dados de 20 países capitalistas, do século XVIII aos dias atuais, para provar que as desigualdades vêm se acentuando da década de 80 para cá. Isso porque o crescimento econômico, com sua capacidade de gerar e distribuir riqueza, tem perdido espaço para os ganhos de capital gerados por patrimônio e heranças. Logo, a intervenção tributária estatal, na visão dele, seria essencial para quebrar esse ciclo nocivo, inclusive por meio de sistemas transnacionais.

Enquanto o imposto não vem, jatinhos cruzam o céu, lanchas singram o mar, e segue a sina de que já se sabe: o de cima sobe, e o debaixo desce.


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Copa2014: Contra vexame, Portugal desafia Gana e torce pela Alemanha



Gazeta Esportiva, Brasília (DF)

Muito se esperava da seleção portuguesa e de Cristiano Ronaldo, eleito melhor jogador do mundo em 2013, na Copa do Mundo. Nenhum dos dois correspondeu até agora. Assim, com apenas um ponto, os lusos chegam à última rodada da primeira fase na mesma condição do rival Gana e precisam de uma vitória nesta quinta-feira no Estádio Nacional, às 13 horas (de Brasília).

Além de precisarem desesperadamente de um triunfo, as duas equipes torcem contra os Estados Unidos, que duelam contra a Alemanha, no mesmo horário, na Arena Pernambuco.

Se alemães e americanos empatarem, Portugal e Gana dão adeus à Copa do Mundo. Em caso de triunfo estadunidense, além da vitória, lusitanos e ganeses terão de tirar uma grande diferença de saldo de gols para os germânicos.

Estrelas Negras em conflito com a federação

O ambiente para a decisão entre os ganeses não é nada bom. Na última terça-feira, os jogadores se recusaram a treinar no CT dos Bombeiros em Brasília por conta de problemas com a Associação Ganesa de Futebol.

O elenco exige o pagamento de cerca de R$ 6,7 milhões, dinheiro prometido pela federação aos atletas em caso de classificação para a Copa do Mundo. De acordo com o treinador James Appiah, o presidente do país, John Dramani, se comprometeu a resolver o problema antes do duelo contra os portugueses.

“Isso deveria ser resolvido antes da competição. E não posso mais ficar repetindo para eles "o dinheiro vai chegar, o dinheiro vai chegar". Falo para eles esquecerem a parte financeira. Mas é difícil. Agora o presidente de Gana interveio na questão e vai ser resolvido. Receber o dinheiro vai motivá-los”, declarou.

Representando o elenco, o meia Christian Atsu, que defendeu o Vitesse na última temporada, mas que pertence ao Chelsea, descartou a possibilidade de W.O., ainda que o dinheiro não chegue.

“Estamos na maior competição do mundo. Mesmo que o dinheiro não chegue, vamos esquecer tudo e entrar em campo. Não vamos deixar de jogar se o pagamento não acontecer. O que aconteceu foi uma decisão importante que tomamos. Agora isso passou. Amamos a nossa nação e queremos jogar por ela”, complementou.

Reforço na zaga e permanência do treinador

A seleção portuguesa foi goleada na estreia pela Alemanha, por 4 a 0. Um dos fatores determinantes para a derrota acachapante foi a expulsão de Pepe ainda na primeira etapa. O defensor é o principal reforço da defesa lusa para a partida que define a continuidade da equipe na Copa do Mundo. Na opinião do zagueiro brasileiro naturalizado português, a expulsão foi injusta.

“Todos nós sabemos que um cartão vermelho direto vem após uma agressão. E isso é punido pela Fifa com dois ou mais jogos de suspensão. Foi uma expulsão rigorosa. Claro que me sinto triste porque coloquei os meus companheiros em uma situação complicada em um jogo importante. Nós jogadores assumimos o nosso papel no Mundial, mas ainda existe uma esperança e vamos tentar agarrá-la. Eu acredito em milagres”, declarou.

Diante de um iminente fiasco, a manutenção de Paulo Bento, treinador que assumiu a seleção em 2010, foi colocado em xeque. O técnico foi categórico ao afirmar que sua permanência não está diretamente ligada ao resultado da Copa do Mundo.

“Em abril passado cheguei a um acordo com a federação portuguesa para ficar até 2016. E esse acordo não tinha nenhuma relação com os resultados na Copa do Mundo, e sim, com o nosso projeto de trabalho. A confiança que tenho das pessoas da federação não é de agora, mas vem de muito tempo”, afirmou.

Desfalques

Se a defesa portuguesa vai ser reforçada pelo retorno de Pepe, Fábio Coentrão, lateral esquerdo do Real Madrid, e o goleiro Rui Patrício ficam de fora por lesão. No setor ofensivo, Hugo Almeida, pelo mesmo motivo, não pode ser escalado.

A seleção de Gana tem menos desfalques, mas talvez eles pesem mais. Michael Essien, do Milan, lesionado, não deve jogar. Desfalque certo é Sulley Muntari, também do Milan. Amarelado contra a Alemanha, ele cumpre suspensão automática.

FICHA TÉCNICA / PORTUGAL X GANA

Local: Estádio Nacional, em Brasília (DF)
Data: 26 de junho de 2014 (Quinta-feira)
Horário: 13 horas (de Brasília)
Árbitro: Nawaf Shukralla (Catar)
Assistentes: Yaser Tulefat e Ebrahim Saleh (ambos do Catar)
PORTUGAL: Beto; João Pereira, Pepe, Bruno Alves e André Almeida; Miguel Veloso, Raul Meireles e João Moutinho; Nani, Varela (Éder) e Cristiano Ronaldo
Técnico: Paulo Bento
GANA: Dauda; Afful, Boye, Mensah e K.Asamoah; Rabiu, Inkoom (Acqua); Mubarak, Christian Atsu e Andre Ayew; Asamoah Gyan
Técnico: James Appiah

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Copa2014: Gana expulsa indefinidamente dois dos melhores jogadores




Boateng e Muntari tiveram problemas disciplinares e foram expulsos «indefinidamente» do estágio ganês.

Boateng teve problemas com o técnico enquanto Muntari terá agredido um membro da delegação, segundo Daily Express.

Muntari foi dispensado imediatamente, após a agressão, tendo a informação sido confirmada pela própria Federação Ganesa de Futebol.

Boateng foi expulso do estágio após uma discussão com o técnico Kwesi Appiah e a Federação ganesa também já confirmou a suspensão.

O Gana joga com Portugal às 17h no Estádio Nacional em Brasília e ainda sonha com um lugar nos oitavos de final.

TSF

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Culpa do genocídio de povos indígenas no Brasil é do direito fundamental às suas terras?




Cleber César Buzatto, Licenciado em Filosofia e Secretário Executivo do Conselho Indigenista Missionário - Cimimi - em Pravda.ru

 O sub-procurador da República, Dr. Eugênio Aragão, ao participar da audiência da Comissão Especial da Câmara dos Deputados que trata acerca da Proposta de Emenda Constitucional 215/00, no último dia 11 de junho, questionou o paradigma demarcatório de terras indígenas, vigente no Brasil, e defendeu a tese segundo a qual "o modelo atual, a toda evidência, está apresentando sinais claros de esgotamento".

Defendeu a referida tese com o argumento de que "mesmo quando o Poder Executivo, depois de longuíssimas tramitações, consegue promover a demarcação de uma área indígena, a reação imediata é a judicialização do respectivo ato administrativo, o que leva a um impasse em que não se vai nem pra frente nem pra trás".

Um argumento evidentemente falacioso, haja vista a existência de diversos procedimentos administrativos de demarcação de terras indígenas paralisados sem que exista qualquer impedimento judicial para tanto.

Ou seja, o motivo da paralisação, no caso, é político e causado pela opção governamental e pela "pressão" de atores políticos e econômicos bem conhecidos de todos, dentre os quais os representantes do latifúndio, a bancada ruralista, para quem Aragão discursava.Para além da falácia, no entanto, o sub-procurador avançou na argumentação, por um caminho que, julgamos, malicioso, desrespeitoso e ultra ideológico. Segundo ele o genocídio contemporâneo dos povos indígenas tem sua raiz motivacional no direito fundamental dos povos às suas terras tradicionais, conforme assegurado pelo texto constitucional de 1988. Isso porque, segundo ele, fazendo eco aos argumentos ruralistas "o processo concebido na Constituição, no artigo 231, é um processo unilateral. É um processo em que a administração pública, ex-ofício, identifica e demarca as áreas, olhando sobretudo apenas em uma direção, a direção do bem estar do indígena.

O problema é que ao longo dos anos foi-se percebendo que essa visão unilateral, de só se olhar para a população indígena, esquecendo as circunstâncias, levaram, na verdade, eu posso dizer com a maior tranquilidade, a uma política genocida. Porque na medida em que a gente olha só para um lado do problema, todos os outros que estão excluídos da atenção do poder público produzem ressentimento. E o ressentimento acaba levando à estigmatização e a estigmatização, por sua vez, acaba levando ao genocídio". 

Ora, além de incompatível com o arcabouço jurídico que envolve o procedimento de demarcação, uma vez que o elemento do contraditório é amplamente respeitado, tanto no campo administrativo, quanto no campo do Poder Judiciário, o argumento defendido pelo Dr. Eugênio, ideológica e maliciosamente, esconde os verdadeiros sujeitos político-econômicos responsáveis pelo atual quadro de genocídio dos povos indígenas no país.

Como fica evidente no argumento, Aragão admite a existência de genocídio de povos indígenas no país, mas, além de esconder os sujeitos responsáveis pelo genocídio, o mesmo, desrespeitosamente, o legitima uma vez que seria, como que natural, que o "ressentimento" produzido pelo arguido unilateralismo produzisse a "estigmatização" e que, consequentemente, levasse ao genocídio.  O argumento em questão causa-nos, como não poderia deixar de ser, profunda indignação, e se enquadra na típica estratégia da culpabilização da vítima. Segundo ele, os povos indígenas seriam vítimas do genocídio porque ousaram lutar e conseguiram assegurar o reconhecimento do direito às suas terras tradicionais no texto Constitucional do Estado brasileiro.

O que defendemos é exatamente o contrário da opinião do sub-procurador. É a efetivação do direito fundamental às suas terras tradicionais que suplantará o quadro de genocídio de povos indígenas no Brasil. O genocídio de povos indígenas no Brasil precede o texto Constitucional vigente em nosso país.

O genocídio de povos indígenas não se justifica e não se legitima sob qualquer hipótese. O genocídio de povos indígenas no Brasil é efetivado por sujeitos político-econômicos bem conhecidos, tais como, dentre outros, latifundiários, usineiros, empreiteiras, mineradoras. Em cada região e período histórico de nosso país, atuaram e atuam com avareza na perspectiva de se apossar e explorar as terras tradicionalmente ocupadas pelos povos.

Os povos indígenas têm o direito à vida e o direito à vida precede o direito de propriedade. Os não-índios, ocupantes de terras indígenas, além de receberem pelas benfeitorias construídas sobre essas terras, têm direito à justa indenização dos títulos de propriedade de boa fé, por parte dos entes federados responsáveis pela sua emissão. Além disso, a legislação vigente no Brasil estabelece ainda o direito ao devido reassentamento aos ocupantes.

O reassentamento, por sua vez, deve ser feito com a desapropriação dos latifúndios, que, infelizmente, se perpetuam em favor de poucos e devido aos genocídios provocados, aos privilégios históricos e à super-representação do setor no Congresso Nacional e noutros espaços de poder do Estado brasileiro.  Ao atacar o direito fundamental dos povos indígenas às suas terras tradicionais com os argumentos acima destacados, ataca-se também o direito dos não-indígenas ao devido reassentamento.
Dessa maneira, faz-se a dupla defesa do latifúndio e da concentração fundiária cada vez maior em nosso país, objetivo central da estratégia ruralista ao defender a aprovação da PEC 215/00. Talvez seja este o motivo pelo qual Aragão, em momento algum de sua explanação, tenha feito referência à nota técnica produzida pela 6ª. Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal, órgão setorial da Procuradoria Geral da República que trata de temáticas indígenas. A nota explicita a inconstitucionalidade da referida Proposta de Emenda Constitucional. 

Terrorismo patrocinado pelos EUA no Iraque e “O Caos Construtivo” no Oriente Médio



Julie Lévesque - Global Research, Washington – em Opera Mundi

O Iraque está novamente nas capas. E novamente a imagem que nos é apresentada pelos meios de comunicação de massa é uma mistura de meias-verdades, mentiras, desinformação e propaganda. A grande mídia não conta que os Estados Unidos estão patrocinando os dois lados do conflito iraquiano. Washington está publicamente apoiando o governo xiita do Iraque, enquanto secretamente treina, dá munição e patrocina o sunita Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL). Apoiar o influxo de brigadas terroristas no Iraque é um ato de agressão estrangeira. Mas a mídia de massa te dirá que a administração Obama está “preocupada” com as ações cometidas pelos terroristas.

A narrativa preferida da maior parte dos grandes meios de comunicação ocidentais e dos EUA é a de que a situação corrente é devida à “retirada” das tropas estadunidenses que terminou em dezembro de 2011 (mais de 200 soldados norte-americanos e assessores militares permaneceram no Iraque). Esse retrato, no qual a retirada dos EUA é culpada pela insurgência, não faz conexão entre a invasão dos EUA em 2003 e a ocupação que se seguiu. Também ignora os esquadrões da morte treinados pelos assessores norte-americanos no Iraque na esteira da invasão e que são o coração da agitação atual.

Como de costume, a grande mídia não quer que você entenda o que está acontecendo. Seu objetivo é moldar percepções e opiniões, construindo uma visão de mundo que serve a interesses poderosos. Por causa disso, eles vão te dizer que é uma guerra civil.

O que está se desenrolando é um processo de “caos construtivo”, projetado pelo Ocidente. A desestabilização do Iraque e sua fragmentação foram planejadas há muito tempo e são parte do “mapa militar Anglo-Americano-Israelense no Oriente Médio”, conforme explicado em 2006 no seguinte artigo:

Esse projeto, que tem estado em fase de planejamento por diversos anos, consiste em criar um arco de instabilidade, caos e violência que se estenda do Líbano, da Palestina e da Síria até o Iraque, o Golfo Pérsico, o Irã e as fronteiras do Afeganistão, guarnecido pela OTAN”.

O projeto ‘Novo Oriente Médio’ foi introduzido publicamente por Washington e Tel Aviv esperando que o Líbano fosse o ponto de pressão para realinhar todo o Oriente Médio e assim desencadear as forças do “caos construtivo”. Esse “caos construtivo” — que gera condições de violência e guerra na região — seria então usado de forma e permitir que os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e Israel pudessem redesenhar o mapa do Oriente Médio de acordo com suas necessidades e objetivos geoestratégicos...

O redesenho e a divisão do Oriente Médio, das costas orientais mediterrâneas do Líbano e da Síria até a Anatólia (Ásia Menor), Arábia, o Golfo Pérsico e o platô iraniano respondem a muitos objetivos econômicos, estratégicos e militares, que são parte de uma agenda anglo-americana e israelense duradoura na região...

Uma guerra mais ampla no Oriente Médio poderia resultar no redesenho de fronteiras que são estrategicamente vantajosas para os interesses anglo-americanos e israelenses...

Tentativas de criar intencionalmente animosidade entre diferentes grupos etnoculturais e religiosos no Oriente Médio têm sido sistemáticas. Na verdade, são parte de uma agenda secreta de inteligência projetada cuidadosamente.

Ainda mais ameaçadores, muitos governos do Oriente Médio, tais como o da Arábia Saudita, estão ajudando Washington a fomentar divisões entre as populações do Oriente Médio. O objetivo final é enfraquecer o movimento de resistência contra a ocupação estrangeira com uma “estratégia de dividir e conquistar”, que serve aos interesses anglo-americanos e israelenses em uma área abrangente da região. (Mahdi Darius Nazemroaya, Plans for Redrawing the Middle East: The Project for a “New Middle East”, [Planos para Redesenhar o Oriente Médio: o Projeto de um “Novo Oriente Médio], novembro de 2006).

Apesar de a estratégia de dividir e conquistar não ser nova, ainda funciona graças aos espelhos e às cortinas de fumaça da mídia.

Projetar uma guerra civil é a melhor forma de dividir um país em diversos territórios. Funcionou nos Balcãs e está bem documentado que as tensões étnicas foram usadas e abusadas para destruir a Iugoslávia e dividi-la em sete entidades separadas.

Hoje, nós estamos claramente testemunhando a balcanização do Iraque com a ajuda de sua ferramenta imperial favorita, isto é, as milícias armadas, às quais se refere como “oposição pró-democracia” ou “terroristas”, dependendo do contexto e do papel que eles têm na psique coletiva.

A mídia ocidental e os oficiais do governo não os definem a partir de quem eles são, mas a partir de contra quem eles lutam. Na Síria, eles constituem “uma oposição legítima, lutadores da liberdade que lutam pela democracia contra uma ditadura brutal”, ao passo que, no Iraque, eles são “terroristas lutando contra um governo eleito democraticamente, apoiado pelos EUA”:

Como é sabido e documentado, as entidades filiadas à Al Qaeda foram usadas pelos EUA-OTAN em numerosos conflitos como “recursos de inteligência”, desde o apogeu da guerra soviética-afegã. Na Síria, os rebeldes da [Frente] Al Nusra e do EIIL são soldados da aliança militar ocidental, que inspeciona e controla o recrutamento e o treinamento das forças paramilitares.

A decisão foi tomada por Washington para canalizar seu apoio (secretamente) a uma entidade terrorista que opera tanto na Síria e no Iraque e que tem bases logísticas nos dois países. O Estado islâmico do Iraque e o projeto do califado sunita de al-Sham coincidem com uma agenda duradoura dos EUA para retalhar o Iraque e a Síria em três territórios separados: um califado sunita islâmico, uma república xiita árabe, e a República do Curdistão.

Enquanto o governo (alinhado ao EUA) de Bagdá compra sistemas avançados de armas dos EUA incluindo jatos de guerra F16 da empresa Lockheed Martin, o Estado Islâmico do Iraque e al-Sham — que está lutando contra as forças do governo iraquiano — é apoiado secretamente pela inteligência ocidental. O objetivo é projetar uma guerra civil no Iraque, na qual os dois lados são controlados indiretamente pelos EUA-OTAN.

O cenário é armá-los e equipá-los, dos dois lados, financiá-los com sistemas de armas avançados e então ‘deixar que lutem’...

Sob o estandarte de uma guerra civil, uma guerra secreta de agressão está sendo travada e essencialmente contribui para destruir profundamente um país inteiro, suas instituições, sua economia. A operação secreta é parte de uma agenda de inteligência, um projeto que consiste em transformar o Iraque em um território aberto.

Enquanto isso, a opinião pública é levada a acreditar que o que está em jogo é o confronto entre xiitas e sunitas. (Michel Chossudovsky, The Engineered Destruction and Political Fragmentation of Iraq. Towards the Creation of a US Sponsored Islamist Caliphate [A Projetada Destruição e Fragmentação Política do Iraque para a Criação de um Califado Islâmico Patrocinado pelos EUA], 14 de junho de 2014)

Nós sabíamos muito antes do começo da guerra contra o terror que a Arábia Saudita era um grande patrocinador do terrorismo islâmico. Mas sendo um fiel aliado dos EUA, a Arábia Saudita é uma exceção à regra proclamada pelo então presidente George W. Bush depois dos ataques terroristas de 11 de setembro: “Nós não faremos distinções entre aqueles que cometeram esses atos e aqueles que os abrigam.”

O fato em questão é que eles sempre fazem distinção, especialmente quando se trata da Arábia Saudita. Apesar de seu apoio ao terrorismo ser reconhecido pela mídia de massa, esta ignora que o fato de os EUA estarem (indiretamente) apoiando entidades terroristas. Para completar, jornalistas da grande mídia nunca dizem a razão pela qual os EUA não estão reagindo ao apoio saudita dado aos terroristas. Os fatos são claros: os EUA estão patrocinando o terrorismo por meio de aliados como a Arábia Saudita e o Qatar. Se aqueles que moldam o discurso na grande mídia falham em ligar os pontos, é simplesmente porque eles não querem fazê-lo.

No Oriente Médio, a Arábia Saudita tem servido aos interesses dos EUA assim como aos seus próprios. A aliança entre os EUA e a Arábia Saudita mostra o desprezo que os EUA na verdade têm pela democracia. Só essa aliança já indica claramente que o objetivo da invasão dos EUA no Iraque não era trazer democracia e liberdade para os iraquianos. Para a Arábia Saudita, um Iraque democrático seria um pesadelo e uma ameaça à sua regra monárquica repressiva:

Desde a queda do regime de Saddam, em 2003, o regime saudita foi enfaticamente hostil ao Iraque. Isso largamente por causa do medo profundamente arraigado de que o sucesso da democracia no Iraque indubitavelmente inspiraria sua própria população. Outra razão é o ódio de raízes profundas — por parte do movimento religioso extremista Wahhabi Salafi, da Arábia Saudita — dirigido aos xiitas. O regime saudita também acusa [o primeiro-ministro do Iraque, Nouri al-] Maliki de dar carta branca ao Irã para intensificar dramaticamente sua influência no Iraque. O regime saudita nunca escondeu que a sua prioridade primordial é minar o que ele percebe como uma altamente perigosa e crescente influência iraniana.

Mesmo apesar de o regime saudita ter se oposto veementemente à saída dos EUA do Iraque, em dezembro de 2011, foi a Síria, e não o Irã, que se tornou o principal alvo da Arábia Saudita para uma mudança de regime. O regime saudita constantemente considerou o regime sírio de Bashar al-Assad um aliado insubstituível e estratégico de seu inimigo principal, o Irã. Os sauditas moveram-se rapidamente para apoiar os insurgentes armados por meio da implantação de seus serviços de inteligência, cujo papel instrumental em estabelecer a Jabhat Al-Nusra [como também é conhecida a Frente Al-Nusra] foi destacado em um relatório de inteligência divulgado em Paris em janeiro de 2013.

O regime saudita também usou sua enorme influência não apenas sobre os líderes tribais sunitas do Iraque ocidental, mas também sobre os membros sauditas do AQI, convencendo-o de que seu campo de batalha principal deveria ser a Síria e que seu objetivo final deveria ser depor o regime alauita de Bashar al-Assad, uma vez que sua queda partiria a espinha dorsal do governo xiita iraquiano e inevitavelmente afrouxaria as garras do Irã no Iraque. (Zayd Alisa, Resurgence of Al Qaeda in Iraq, Fuelled by Saudi Arabia [O Ressurgimento da Al Qaeda no Iraque, com o Combustível da Arábia Saudita], 3 de Março de 2014)

De Paul Bremer a John Negroponte

Mas a peça mais importante do quebra-cabeça iraquiano é o apoio secreto de Washington a terroristas. Para entender melhor a violência sectária que está molestando o país hoje, nós precisamos entender o que os EUA fizeram durante a ocupação. 

Paul Bremer, autor de My year in Iraq, the Struggle to Build a Future of Hope [“Meu ano no Iraque, a Luta para Construir um Futuro de Esperança], teve um papel importante enquanto foi governador civil do Iraque em 2003-2004. “Futuro esperançoso para quem?”, é possível perguntar ao dar uma olhada no que ele fez durante aquele ano. Certamente não para os iraquianos:

Quando Paul Bremer dissolveu as forças de segurança nacional e de polícia iraquianas, ele formou outras a partir de milícias sectárias e mercenárias que estavam apoiando e patrocinando a ocupação. Na verdade, a natureza de crimes hediondos cometidos por essas forças foi a motivação maior por trás da matança sectária violenta de 2006-2007.

De acordo com os protocolos da Convenção de Genebra, a ocupação representada por Bremer não apenas falhou em sua tarefa de proteger a população do país ocupado, mas também formou milícias e gangues armadas para ajudá-los a controlar o país.

Paul Bremer cometeu crimes contra a humanidade e um ato de limpeza e genocídio no Iraque ao alvejar milhares de civis inocentes por meio do Ministro do Interior e dos Comandos Especiais. (Prof. Souad N. Al-Azzawi, US Sponsored Commandos Responsible for Abducting, Torturing and Killing Iraqis. The Role of Paul Bremer [Os Comandos Patrocinados pelos EUA Responsáveis por Sequestrar, Torturar e Matar Iraquianos. O Papel de Paul Bremer], 4 de janeiro de 2014).

Em 2004-2005, o embaixador dos EUA John Negroponte continuou o trabalho de Bremer. Pela sua experiência em esmagar dissidências na América Central com a ajuda de esquadrões da morte sanguinolentos durante os anos 80, Negroponte era “o homem certo”.

Esquadrões da morte patrocinados pelos EUA foram recrutados no Iraque a partir de 2004-2005, em uma iniciativa lançada sob o comando do embaixador dos EUA John Negroponte, que foi despachado para Bagdá pelo Departamento de Estado dos EUA em junho de 2004...

Negroponte era o ‘homem certo’. Como embaixador dos EUA em Honduras de 1981 até 1985, Negroponte teve um papel-chave no apoio e supervisão dos contras [nome dado a diversos grupos insurgentes de oposição ao governo da Frente Sandinista de Libertação Nacional] nicaraguenses baseados em Honduras, assim como em supervisionar as atividades dos esquadrões da morte militares hondurenhos.

Em janeiro de 2005, o Pentágono confirmou que estava considerando: ‘formar esquadrões de ataque de lutadores curdos e xiitas para alvejar líderes da insurgência iraquiana [Resistência] em uma mudança estratégica emprestada da luta norte-americana contra as guerrilhas de esquerda na América Central 20 anos atrás’.

Sob a chamada ‘Opção de El Salvador’, as forças iraquianas e americanas seriam enviadas para matar ou assassinar líderes da insurgência, mesmo na Síria, onde acredita-se que alguns se abrigam...

Esquadrões de ataque seriam controversos e seriam provavelmente mantidos em segredo.

Enquanto o objetivo divulgado da ‘Opção Iraque Salvador’ era ‘remover a insurgência’, na prática, as brigadas do terror patrocinadas pelos EUA estavam envolvidas em matanças de rotina de civis com o objetivo de fomentar a violência sectária. Em troca, a CIA e o MI6 [serviço britânico de inteligência] estavam supervisionando unidades da ‘Al Qaida no Iraque’ envolvidas em assassinatos contra a população xiita. Importantes, os esquadrões da morte eram integrados e aconselhados por Forças Especiais dos EUA disfarçadas”.(Prof Michel Chossudovsky, Terrorism with a “Human Face”: The History of America’s Death Squads [Terrorismo com uma “Cara Humana”: A História dos Esquadrões de Morte dos Estados Unidos], 04 de janeiro de 2013)

Agora estão nos dizendo que o EIIL conseguiu colocar suas mãos em armas sofisticadas feitas pelos EUA. Não se engane. Essas armas não chegaram lá acidentalmente. Os EUA sabiam exatamente o que estavam fazendo quando armaram e fundaram a “oposição” na Líbia e na Síria. O que eles fizeram não foi idiotice. Eles sabiam o que iriam acontecer e é o que eles queriam. Alguns da mídia progressista falam sobre efeito bumerangue, quando um trunfo da inteligência se vira contra seus patrocinadores. Esqueça do efeito bumerangue. Se é isso que é, é um “efeito bumerangue” muito cuidadosamente planejado.

A Política Externa dos EUA. Falha, Estúpida ou Diabólica

Alguns argumentarão que a política externa dos EUA no Oriente Médio é um “fracasso”, que os políticos são “estúpidos”. Não é um fracasso e eles não são estúpidos. É isso que eles querem que você pense porque eles acham que você é estúpido.

O que está acontecendo agora foi planejado há muito tempo. A verdade é que a política externa dos EUA no Oriente Médio é diabólica, brutalmente repressiva, criminosa e antidemocrática. E o único jeito de sair dessa confusão sangrenta é “uma volta à lei”.

Existe apenas um único antídoto contra a “guerra civil’ que está agora dividindo o Iraque — e é uma volta à lei e uma convocação da justiça. A guerra iniciada pelos líderes do governo contra as pessoas do Iraque, em 2003, não foi um erro: foi um crime. E esses líderes deveriam prestar contas, na justiça, pelas suas decisões. (Inder Comar, Iraq: The US Sponsored Sectarian “Civil War” is a “War of Aggression”, The “Supreme International Crime” [Iraque: a “Guerra Civil” Sectária Patrocinada pelos EUA é uma “Guerra de Agressão”, o “Crime Supremo Internacional”], 18 de junho, 2014)

* Artigo originalmente publicado no Global Research 

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Fascismo não passará na Ucrânia




A Rússia acusou a Europa de ignorar o auge do "fascismo" na Ucrânia e pediu uma investigação exaustiva sobre a morte de dezenas de ativistas pró-Moscou em Odessa na semana passada.

"Há vários anos a Europa age como se não observasse a forma como o fascismo ganha novos apoios e seus promotores recrutam seguidores", disse o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov. 

"O que aconteceu em Odessa em 2 de maio é fascismo puro", completou o chanceler. "Não permitiremos que os fatos sejam varridos para debaixo do tapete, como está tentando fazer a coalizão de poder da Ucrânia", advertiu Lavrov.

O incêndio na Casa dos Sindicatos de Odessa, sul da Ucrânia, matou 42 pessoas, em sua maioria militantes pró-Rússia, depois de uma batalha nas ruas com simpatizantes do governo nacionalista de Kiev.

Pravda.ru / foto AP

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