domingo, 1 de junho de 2014

Portugal: A VERDADEIRA CENSURA



Vitor Rainho  - Sol, opinião

Raramente se fala em censura em Portugal e damos por adquirido que o lápis azul se partiu definitivamente com o 25 de Abril de 1974.

Os governos não exigem os textos antes de estes serem publicados (seria engraçado imaginar os sites à espera da aprovação de um qualquer exame prévio…), e ninguém, supostamente, ‘corta’ prosa por questões ideológicas, desde que estas não violem a Constituição.

Mas a verdadeira censura, que se mantém e a tudo resiste, é económica. Muitos meios de comunicação inibem-se de publicar determinadas matérias para não correrem o risco de perderem a publicidade deste ou daquele cliente a quem tais matérias possam desagradar. Nos últimos dias, um tema tem enchido as primeiras páginas dos jornais: os escândalos e a iminente sucessão de liderança no BES. Seria muito curioso alguém estudar os jornais de há meia dúzia de meses para ver quem teve a coragem de denunciar esses mesmos problemas e a história do homem que comanda os destinos do banco há tantos anos. A história é antiga, mas poucos, raros mesmo, a denunciaram para não perderem as campanhas de publicidade do banco (e de algumas grandes empresas a ele associadas).

Há volta a dar? Sim, se os meios de comunicação social não estiverem tão dependentes das tais receitas publicitárias. E se, acima de tudo, honrarem os princípios de independência e rigor que asseguram uma informação livre.

Portugal: Seguro demite-se caso António Costa vença primárias



TSF

Num esclarecimento enviado aos jornalistas, a direção do PS indicou que se António «Costa ganha as primárias e Seguro tira as devidas ilações (leia-se demite-se)».

O secretário-geral do PS demite-se do seu cargo se António Costa vencer as primárias no partido, esclareceu a direção socialista, numa nota enviada aos jornalistas.

Neste esclarecimento, são colocadas duas hipóteses: ou António José «Seguro ganha as primárias e é secretário-geral e candidato a primeiro-ministro» ou então António «Costa ganha as primárias e Seguro tira as devidas ilações (leia-se demite-se)».

Quando questionado numa entrevista na TVI no sábado sobre o que faria em caso de derrota nas primárias, o líder socialista disse apenas que o único cenário que colocava era o da vitória nas primárias frente a António Costa.

A nota enviada pela direção socialista adianta ainda que a proposta de António Costa para que haja simultaneamente eleições para secretário-geral e primárias para escolher o candidato a primeiro-ministro é um «enorme erro».

Neste caso, o que poderia acontecer era os militantes do PS elegerem um «secretário-geral diferente do candidato a primeiro-ministro», o que resultaria em «duas legitimidades, embora para funções diferentes, que poderiam conflituar».

Leia mais em TSF

Portugal: HABITUEM-SE!



Pedro Marques Lopes – Diário de Notícias, opinião

Há cerca dum ano, António José Seguro era contra as eleições primárias no Partido Socialista. Nas suas palavras, "não fazia sentido". Ontem, surpreendendo toda a gente e desdizendo tudo o que sempre defendeu, resolveu defender essa solução. Parece que o secretário-geral só se apercebeu de que havia um problema entre os partidos e o eleitorado nas últimas eleições. As eleições que deram ao PS uma estrondosa vitória, que até lhe permitia pedir ao Presidente da República legislativas antecipadas - não fossem os problemas no PS, segundo Seguro. Pelo meio, e como é da praxe sempre que não se tem nada para dizer, propõe-se uma mudança no sistema político, uma regeneração dos partidos "para separar os negócios da política" e uma diminuição do número de deputados. Onde é que já ouvimos isto? É mesmo à saída duma reunião interna, em que se discute a vida interna dum partido, que se devem propor ao País alterações estruturais no sistema político.

Entretanto, o cumprimento rigoroso dos estatutos do partido, que tanto preocupava os apoiantes de Seguro durante a semana, já não é tão relevante: o que é preciso é mais democracia, transparência e participação dos cidadãos. Não parece que seja fácil de entender o conceito de democracia e participação quando se recusa qualquer tipo de debate.

Seguro não se demite, não convoca um congresso extraordinário, mas quer primárias. De que forma as quer? Ninguém sabe. Abertas a todos? Com voto dependente duma declaração de simpatia? Criando a categoria de simpatizante? Pois, de alguma forma será. O problema é que nos estatutos dos socialistas não estão previstas primárias, e muito menos o método a utilizar.

A Comissão Política estudará. Estudará arduamente, claro está. É possível que até sejam ouvidos especialistas americanos, franceses, italianos e outros para que a proposta da Comissão Política seja boa e fique pronta. Levará o seu tempo. Se levar o tempo que Seguro levou para perceber que, afinal, as primárias são um bom método, teremos um Congresso para aprovar as novas regras lá para 2030.

Deixemo-nos de tretas, Seguro é um político medíocre, tem mostrado uma confrangedora capacidade política, não consegue agregar, não consegue definir uma linha política coerente, mas é um especialista na arte da sobrevivência dentro do partido. Um verdadeiro exemplo do homem que nunca conheceu outra realidade que não fossem as lutas partidárias internas, os truques para preservar o poder. Seguro é um político frágil, fraco, indeciso e incoerente, mas é um leão da politiquice de máquina partidária. À imagem do primeiro-ministro, aliás. A forma como estes homens se agarram ao poder é quase admirável. Como o poder para eles não é instrumental e é, sim, a medida de todas as coisas, chega a ser assustador.

Desta vez, nem toda a habilidade de conservar o poder no partido estava a chegar. O partido, percebendo que as legislativas estavam em risco e que Costa seria um vencedor bem mais provável, prestava-se para correr com ele. E eis que Seguro tira o coelho da cartola: primárias. Se alguém tivesse dúvidas de que ele sabia que perderia o poder, esta fuga para a frente dissipou-as completamente. É que nem o mais indefetível seguidor de Seguro ignora que numas primárias o atual secretário-geral seria copiosamente derrotado por Costa.

Para Seguro, neste momento, poderiam ser primárias, secundárias, pestes suínas, chuvas ácidas, javalis ao lume ou outra coisa qualquer. Seguro apenas quer ganhar tempo. Muitos estudos, muitas reuniões, muitas comissões. Que o tempo corra depressa para que não haja forma de o PS ter outro candidato a primeiro-ministro. Quer lá ele saber da vontade do partido, da vontade do eleitorado tradicional socialista, da opinião pública. Do que se esquece é que o tempo que quer a toda a força ganhar é inversamente proporcional ao resultado que obterá. Seguro, com a sua inqualificável conduta, ao recusar uma solução rápida para a crise no partido, conduzirá o PS à mais estrondosa derrota eleitoral de sempre.

Para não variar, esta gente pensa que as pessoas não estão a ver. Ou então julgam que as pessoas são estúpidas e não percebem que tudo isto não passa dum jogo medíocre e mesquinho de quem olha o poder como um objetivo em si mesmo e está disposto a rigorosamente tudo para o manter. Regeneração, pois claro.

Seguro precisava mesmo de berrar "habituem-se". É que já estávamos habituados a poucas-vergonhas, mas não a um nível destes.

(Devido à loucura instalada, convém dizer que este artigo acabou de ser escrito às 17.00.)

Empresários timorenses têm falta de experiência e financiamento




Díli, 31 mai (Lusa) - O presidente da Câmara de Comércio e Indústria de Timor-Leste, Júlio Alfaro, caraterizou hoje o empresário timorense como determinado, mas com "grandes limitações na experiência profissional" e no apoio ao financiamento.

"O empresário timorense tem um caráter muito peculiar, determinado, acredita no que faz, mas tem grandes limitações na experiência profissional, ausência de financiamento e falta de uma estrutura técnica eficaz para ajudar a realizar os negócios", afirmou Júlio Alfaro à Agência Lusa .

Os empresários timorenses atuam principalmente no setor da construção civil - atualmente existem cerca de seis mil empresários espalhados por todo o país - no turismo e na agricultura.

A proliferação de empresas de construção civil no país está relacionada com a aposta do Governo timorense na construção de infraestruturas no país essenciais para provocar o crescimento do setor económico privado e consequentemente o combate à pobreza.

"Muitas vezes há vozes que protestam que o empresariado timorense está mais virado para a área de investimento público, principalmente nas infraestruturas, mas penso que é muito natural num país novo onde é preciso construir tudo", disse Júlio Alfaro.

Segundo o responsável, esta aposta dos empresários deve-se também ao facto de este setor ser pago pelo Estado e ser uma forma mais fácil de iniciarem as suas atividades.

"Dada a ausência de financiamento dos bancos comerciais", os empresários só têm o investimento público, disse, salientando que a ausência de financiamento dificulta o início de qualquer atividade.

Para colmatar a falha, a secretaria de Estado para o Apoio e Promoção do Setor Privado e o Banco Nacional de Comércio de Timor-Leste assinaram em março um protocolo para a transferência de 10 milhões de dólares (7,3 milhões de euros) para facilitar o crédito e reforçar a capacidade financeira dos empresários timorenses.

MSE // VM - Lusa

Dia Mundial da Criança: Primeira Dama lança programa “Conta do Bebé”



31 de Maio de 2014, 17:06

A primeira dama Isabel Ferreira comemora mais um ano, do dia mundial das crianças, dia 1 de junho, junto de 1300 crianças dos 31 sucos de Díli e lança programa “Conta do Bebé”, segundo comunicado do gabinete da primeira dama.

Este ano a celebração deste dia vai ser nos jardins e recinto do Palácio da Presidência em Aitarak Laran, em Díli.

Estão previstas a participação de 1300 crianças com idades compreendidas entre os 6 e os 15 anos de idade, representativos dos 31 sucos do Distrito de Dili, os quais estão registados no (Centro de Treinamento de Futebol Juvenil de Timor-Leste) CTFJTL para efeitos de treinamento no âmbito do projecto piloto de “Torneio de Futebol: Taça da Primeira-Dama 2014”.

A primeira dama irá aproveitar para lançar e dar a conhecer o Programa “Conta do Bebé” que consiste num subsídio dado ao bebé no momento do nascimento.

Este subsídio foi apresentado durante a campanha eleitoral para as presidenciais de 2012, em Baucau, que incluía uma prioridade  para as crianças e jovens.

Infelizmente, não foi possível a sua implementação nos últimos dois anos por falta de fundos específicos para o efeito no orçamento geral do Estado, segundo o comunicado.

A 28 de março deste ano, um parceiro de desenvolvimento respondeu positivamente ao pedido de angariação de fundos e disponibilizou 21.000 dólares para implementar durante o ano de 2014.

Poderá saber mais informação sobre o Programa “Conta do Bebé” na página do Gabinete da Primeira Dama.

Este será um dia que irá ficar marcado para muitas das crianças que pela primeira vez celebram o dia mundial das crianças.

O programa incluirá momentos culturais, uma exibição de toques de futebol, música, danças, incluíndo a dança do Dragão e a distribuição de brindes da parte do SAPO TL e Timor Telecom.

Além dos jogadores (crianças do CTFJTL), irão estar presentes representantes dos orgãos de soberania e autoridades timorenses, representantes do corpo diplomático e agências internacionais acreditadas em Díli, representantes das autoridades locais e sociedade civil, bem como a adesão dos agregados familiares dos jogadores de futebol em fase de formação.

Veja aqui o vídeo da celebração do dia mundial das crianças, no ano passado, 1 de Junho de 2013, na escola de Lebutún, Metinaro, com a participação da primeira dama e o presidente da república Taur Matan Ruak.

Sapo TL, com fotos

Presidência timorense (CPLP) vai gerar novas oportunidades de negócios




Díli, 31 mai (Lusa) - O presidente da Câmara de Comércio e Indústria de Timor-Leste, Júlio Alfaro, disse hoje que a presidência timorense da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) vai gerar novas oportunidades de negócio.

"O relacionamento cada vez mais chegado com os países da CPLP pressupõe naturalmente que novas oportunidades se abrirão, não só para os interesses dos países que compõem a CPLP, mas também para os próprios interesses timorenses", afirmou Júlio Alfaro, em declarações à Agência Lusa.

Segundo o responsável, a Câmara de Comércio e Indústria, bem como as autoridades timorenses, querem aprender e aproveitar "todas as oportunidades possíveis que aquele relacionamento mais próximo" poderá gerar.

Júlio Alfaro referia-se ao estabelecimento de parcerias entre o setor privado timorense e o dos restantes países da CPLP.

"O estabelecimento de parcerias pelo empresariado timorense é importantíssimo. Primeiro, dada a necessidade de nós nos completarmos para nos tornarmos mais capazes em termos de financiamento, segundo, na área de transferência de 'know-how', experiência e qualidade de trabalho", salientou.

Questionado pela Lusa sobre se a distância geográfica entre Timor-Leste e os restantes países da CPLP influencia no estabelecimento de parcerias, Júlio Alfaro respondeu que sim.

"Isso é objeto de preocupação. Nós sentimos isso. Estamos afastados uns dos outros", disse, salientando que "Timor-Leste está emocionalmente mais ligado à Indonésia e aos países da Ásia do que aos países da CPLP".

Júlio Alfaro destacou, no entanto, o aumento da presença de empresários portugueses a exercerem a sua atividade em Timor-Leste, referindo que o setor privado timorense começou a compreender que os parceiros da CPLP querem investir no país.

"Inicialmente quem vinha para aqui, não vinha com a determinação de ficar. Isto dava insegurança e instabilidade com quem queria negociar com países da CPLP", explicou.

Timor-Leste assume pela primeira vez a presidência da CPLP durante a cimeira de chefes de Estado e de Governo que se vai realizar em Díli a 23 de julho, dedicada ao tema "CPLP e a Globalização".

"A realização da cimeira da CPLP em Timor-Leste significa que vai criar outras condições, outro ambiente e outras certezas", disse Júlio Alfaro, reiterando que o país precisa da presença dos empresários da comunidade, principalmente nos setores da indústria, serviços e infraestruturas.

MSE // VM - Lusa

Ligação aérea Singapura-Díli interrompida devido a cinza do vulcão




Díli, 31 mai (Lusa) - As nuvens de cinza provocadas pelo vulcão Sangiang, na Indonésia, que entrou na sexta-feira em erupção, impediram hoje a realização da ligação aérea entre Singapura e Díli, Timor-Leste, disse fonte da companhia aérea Air Timor.

"O voo não se realizou devido às nuvens de cinza provocadas pelo vulcão", disse a mesma fonte, acrescentando que só no domingo poderá saber-se se a ligação vai ser restabelecida.

O vulcão Sangiang, no sudeste da Indonésia, entrou na sexta-feira em erupção e lançou uma coluna de cinza de até três quilómetros de altura, informou o Centro de Vulcanologia e Mitigação de Ameaças Geológicas.

O diretor do centro declarou que a erupção ocorreu depois de um sismo de 5,4 de magnitude na escala de Richter na região, segundo a emissora de rádio El Shinta.

O especialista indicou que provavelmente será elevado o grau de alerta na ilha de Sangiang, onde se encontra o vulcão com o mesmo nome, que tem duas crateras, uma de 1.949 metros e outra de 1.795.

A Indonésia está assente sobre o chamado Anel de Fogo do Pacífico, uma zona de grande atividade sísmica e vulcânica, e tem mais de 400 vulcões, dos quais pelo menos 129 continuam ativos e 65 estão classificados como perigosos.

MSE (FPA) // VM – Lusa – foto em Sapo TL

Xanana Gusmão inicia visita de trabalho à Guiné Equatorial




O primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, inicia hoje uma visita de trabalho de quatro dias à Guiné Equatorial.

A visita ocorre cerca de mês e meio antes da cimeira de Díli, onde os chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) vão adotar uma decisão final relativamente ao pedido de adesão da Guiné Equatorial à organização.

No passado dia 21 de maio, em declarações à Lusa antes de partir para o périplo que o levou à Indonésia, Singapura, Portugal e outros países lusófonos e Togo, Xanana Gusmão, não escondeu o seu apoio à entrada de Malabo na CPLP.

Na ocasião, Xanana Gusmão acrescentou que vai a Malabo falar sobre os valores da CPLP e convidar o Presidente Teodoro Obiang, no poder desde 1979, a participar na cimeira de Díli, marcada para julho.

Em fevereiro, os chefes da diplomacia da CPLP decidiram recomendar a entrada da Guiné Equatorial na organização.

Lusa, Notícias ao Minuto

Moçambique: UM GOVERNO AUTORITÁRIO E INCOMPETENTE



Verdade (mz), editorial

Todas as vezes que o ministro da Agricultura, José Pacheco, vem a público em nome do Governo de turno surpreende na demonstração exibicionista e monumental da sua incapacidade e de todo o Executivo moçambicano de lidar com os assuntos que inquietam o povo. Nesta terça-feira (27), Pacheco, que é um invejável poeta quando não abre a boca, disse, à saída de mais uma ronda de negociações com a Renamo, que Afonso Dhlakama está a ser apenas protegido pelas Forças de Defesa e Segurança e que, se não fossem estas, o líder da “Perdiz” poderia já estar morto. É, na verdade, um disparate, de proporções gigantescas, sublinhe-se.

Como sempre, Pacheco saiu-se mal, mas muito mal. É sempre assim quando está diante de alguns pés de microfone e gravadores. O seu comentário baratinado, que revela o pensamento colectivo do Executivo moçambicano, é um exercício vergonhoso de tentativa de venda duma imagem que não corresponde ao que o Governo tem vindo a mostrar desde a “eclosão” da tensão político-militar. É, no mínimo, estranho e, ao mesmo tempo, caricato o conceito de protecção do chefe da delegação do Governo nas negociações com a Renamo. Sabe-se que, durante alguns meses, tem-se assistido a acções militares cujo objectivo último é aniquilar o presidente da Renamo e os seus seguidores.

Assistimos, impávidos, à invasão a Sathunjira e ao bombardeamento à serra da Gorongosa. Quase todos os dias, dezenas de militares são enviados para a região centro, particularmente o distrito de Gorongosa, facto que ilustra as intenções maléficas do Governo de Guebuza. Terão sido, essas acções, uma forma de proteger o líder da Renamo? Como é possível garantir a segurança de um indivíduo lançando obuses contra ele?

O discurso segundo o qual o Governo deseja que Afonso Dhlakama esteja saudável e não seja sacrificado pelos seus homens no diálogo político é demagógico. É uma atitude de indivíduos que estão fora da realidade do país. Pacheco vai ainda mais longe com o cinismo que caracteriza os membros do Executivo de Guebuza ao afirmar que o Governo pode suportar todos os custos decorrentes da deslocação do líder da Renamo à capital do país. O ministro da Agricultura deve ter-se esquecido de que o povo já não embarca nesse tipo de conversa, pois tem a consciência de que se trata de mais um teatro mal encenado para os jornalistas, desatentos, anotarem e divulgarem para o inglês ver e aplaudir.

Portanto, diga-se, em abono da verdade, que esta é mais uma cena triste e repugnante de um Governo autoritário a quem falta competência para gerir um país como o nosso.

Moçambique: Novos confrontos entre Exército e homens armados




O exército e homens armados, ligados à Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), voltaram hoje a confrontar-se no interior de Gorongosa, Sofala, centro de Moçambique, sem vítimas, disseram à Lusa fontes locais e do maior partido da oposição

Os confrontos, segundo fontes da Renamo, ocorreu cerca das 06:00 (05:00 em Lisboa) em Vunduzi, durante uma nova "incursão do exército" às encostas da Serra, onde se supõe que esteja refugiado o líder do partido, Afonso Dhlakama.

Este local situa-se a escassos metros do acampamento de Sadjundjira, de onde Dhlakama foi desalojado, pelo exército, em outubro passado.

Segundo disse à Lusa António Muchanga, porta-voz da Renamo, "o exército foi repelido" ao tentar transpor um dos cordões de segurança do líder do partido.

"Não há registo de vítimas no ataque de hoje", declarou à Lusa por telefone uma fonte militar a partir da Gorongosa.

Na quinta-feira, dois confrontos entre homens armados e Forças de Defesa e Segurança, na Casa Banana e Mucodza, a norte de Gorongosa, feriram sete militares do exército, quando as tropas do Governo foram "travadas com tiros" num trilho, supostamente quando tentavam "desativar o esconderijo" do líder da Renamo em Nhadue.

Nos confrontos, um militar do exército morreu acidentalmente durante as manobras de recuo dos veículos das Forças de Defesa e Segurança, disse à Lusa uma fonte médica do Hospital Provincial de Chimoio, para onde foi levado o corpo.

Citada hoje pelo diário Notícias, a polícia provincial de Sofala confirmou e condenou os confrontos, cuja responsabilidade atribui à Renamo, mas afastou a existência de vítimas, mencionando apenas elevadas perdas materiais.

Desde 08 de maio, após o recenseamento de Afonso Dhlakama, na Gorongosa, para as eleições gerais de 15 de outubro, o partido anunciou um cessar-fogo unilateral, posteriormente quebrado devido ao reforço de posições na região e ao avanço do exército para o interior, alegadamente "por colocar em perigo a vida de Afonso Dhlakama".

Moçambique vive o seu pior momento político-militar desde a assinatura do Acordo Geral de Paz (AGP) em 1992, entre a Renamo e o Governo, que pôs fim a guerra civil de 16 anos.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Angola: Recenseamento chega ao fim com 99% das residências contabilizadas




O recenseamento da população em Angola terminou oficialmente ao final do dia de sábado com 99 por cento das residências cobertas, mantendo-se a operação ativa para recolher os últimos dados, nomeadamente em seis municípios do país.

Em causa estão residências nas quais os recenseadores não conseguiram contactar com os agregados familiares, revelou o Instituto Nacional de Estatística (INE) angolano, em conferência de imprensa realizada para assinalar o fim da operação oficial.

De acordo com o diretor-geral do INE, Camilo Ceita, o atraso verifica-se nos municípios de Viana e Cacuaco (província de Luanda), Benguela e Lobito (Benguela) e Chitato e Lucapa (Lunda Norte), o equivalente a cerca de 1% das casas a recensear.

"Como devem imaginar 500 habitações num universo de um pouco mais de cinco milhões, portanto podemos considerar que o nosso objetivo foi atingido", afirmou, durante a conferência de imprensa, Camilo Ceita.

Além disso, explicou, a linha telefónica de apoio ao processo vai permanecer ativa por mais sete dias para permitir recensear "aqueles que, por uma ou outra razão, ainda não tenham sido recenseados poderem fazê-lo".

"Teremos equipas móveis que poderão ocorrer para que este recenseamento possa ser de facto efetivo", disse ainda, citado pela agência de notícias angolana Angop.

Nesta altura está em curso a recolha dos sete milhões de questionários - um por agregado familiar - distribuídos em todo o país, seguindo-se o seu tratamento estatístico ao longo dos próximos meses.

O censo geral da população e da habitação de Angola decorreu, em termos de calendário oficial, entre 16 de maio e 31 de maio, envolvendo mais de cem mil pessoas e todo o tipo de meios de transporte.

"Achamos hoje que nos podemos orgulhar por ser a primeira vez que se realiza um ato como este e por se ter de gerir, em pouco tempo, cerca de 105 mil pessoas nas dimensões que o país possui", enfatizou Camilo Ceita.

A última contagem da população angolana aconteceu há 44 anos, sendo esta a primeira a realizar-se desde a independência do país e uma das operações mais mobilizadoras da sociedade angolana desde o fim da guerra.

Estima-se que a população angolana seja, na atualidade, superior a 21 milhões de pessoas.

Lusa, Notícias ao Minuto

Angola: UNITA quer clima de diálogo "inclusivo e abrangente"




A União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) apelou hoje ao Presidente da República, José Eduardo dos Santos, para que crie um "clima que conduza os angolanos a um verdadeiro diálogo, inclusivo e abrangente".

A posição, transmitida hoje pelo secretariado executivo do comité permanente da UNITA, surge por ocasião do 23.º aniversário dos Acordos de Paz para Angola, assinados a 31 de maio de 1991, em Bicesse, Portugal.

O acordo, que envolveu o Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, e o então líder da UNITA, Jonas Savimbi, visava pôr fim a um conflito armado que à data já levava 16 anos, mas que após as eleições legislativas e presidenciais de 1992 se prolongaria por mais uma década.

Agora, diz o secretariado executivo ao assinalar aquela data, "ainda estão por cumprir, pelo Governo de Angola, várias cláusulas dos Acordos de Paz" assinados entre as duas partes, reclamando a UNITA, ao presidente angolano, a criação de "um verdadeiro diálogo, inclusivo e abrangente".

"As bases em que assenta a nação angolana em construção precisam de ser reformuladas para que se construa uma nação baseada na Paz Social, Justiça e Solidariedade", lê-se numa posição oficial do partido divulgada hoje.

Para assinalar os 23 anos dos Acordos de Paz de Bicesse, a UNITA está a promover um ciclo de conferências sobre a Paz e a Estabilidade na África Austral.

Com a iniciativa, o partido diz promover a "reflexão" e o "debate" com "diferentes setores da sociedade angolana e estrangeiros", demonstrando a "crescente preocupação e interesse" em "estimular, promover e difundir a verdadeira história de Angola".

"Um povo que não conhece a sua história não tem memória e está condenado a repetir os mesmos erros do passado. Por esta razão, a UNITA recusa-se a responder a provocações que no passado foram também parte da causa da guerra que vitimou milhares de angolanos. O povo angolano está maduro e saberá identificar os verdadeiros patriotas e os que buscam escamotear as falcatruas do seu passado político de regime ditatorial de partido único", diz o secretariado executivo.

O partido afirma ainda que passados 23 anos os acordos de Bicesse "são o único instrumento legal que garante a execução do entendimento entre o Governo e a UNITA", constituindo o "arcabouço e o cerne da Paz e do estabelecimento da democracia multipartidária em vigor em Angola".

Lusa, em Notícias ao Minuto

São Tomé e Príncipe: Santa Catarina foi afetada por "pequena catástrofe"




O primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe, Gabriel Costa, classificou hoje de "pequena catástrofe" os prejuízos causados pela maré alta em Santa Catarina e prometeu apoio do governo as pessoas afetadas.

"O que se assistiu podemos considerar como uma pequena catástrofe", disse Gabriel Costa que prometeu apoios às famílias afetadas.

"Nós temos que desencadear um plano de emergência, estamos perante uma situação de catástrofe natural e é preciso que haja solidariedade com essas pessoas", acrescentou o chefe do governo.

O primeiro-ministro são-tomense deslocou-se hoje à zona sinistrada e durante mais de três horas percorreu toda a orla marítima, falou com os pescadores que perderam as suas casas, pirogas (embarcações artesanais de pesca), visitou o centro de conservação do pescado também destruído pelas ondas, o secador de cacau e a zona reservada para uma nova urbanização.

"Famílias inteiras estão privadas sem alojamento, sem roupas e outros bens. É necessário que haja um levantamento de todos os bens destruídos pela fúria das ondas".

Ao todo são 15 famílias afetadas e oito casas destruídas. Algumas ficaram submersas, outras totalmente destruídas. Para os residentes de Santa Catarina o dia foi de total desespero.

"Fiquei sem nada, com a idade que já tenho, não sei como sobreviver daqui para frente", lamentou Lídia Santos uma moradora local.

Para colmatar as primeiras necessidades, o primeiro-ministro entregou roupas, calçados e algum dinheiro às famílias mais afetadas.

Lusa, em Notícias ao Minuto

São Tomé: Criança de 1 ano foi levada ilegalmente por cidadãos franceses



Téla Nón (st)

Numa altura em que as autoridades são-tomenses anunciaram a abertura da quinzena da criança, em alusão a datas importantes como 1 de junho dia internacional das crianças e 16 de junho dia da criança africana, São Tomé e Príncipe regista mais um caso grave de violação das leis da República e dos direitos das crianças.

Mais um caso de violação as leis, que acentua suspeitas de existência de uma rede de tráfico de crianças no país, como resultado de vários episódios anteriores.

Desta vez, a criança que foi levada ilegalmente para o estrangeiro, tem 1 ano de idade e estava sob a tutela da Caritas de São Tomé e Príncipe. O Téla Nón apurou junto a Caritas, que um casal de franceses, manifestou interesse em adoptar  a menor de nome Leopoldina Vitória Domingas. A Caritas por sua vez remeteu ao Ministério Público, as documentações para o efeito.

Estando o processo para adopção a correr os seus trâmites nos Tribunais, processo sob o número 45/2013, a Caritas deu autorização ao casal francês, Jean Sourigues e Silvia Angélica Alves Sourigues, para estar com a criança, enquanto o processo de adopção aguardava a decisão da Juíza.

No entanto, no passado dia 22 de Maio a Caritas de São Tomé e Príncipe contactou o gabinete de advogados que está a tratar do processo de adopção da criança, pedindo que fosse prorrogada a autorização dada ao casal francês para estar com a criança uma vez que o processo de adopção ainda está a correr os seus trâmites nos tribunais.

Para o espanto de todos, apurou o Téla Nón, o escritório de advogados que tem o processo de adopção foi informado por um jurista membro da ordem dos advogados que a criança tinha saído do país na companhia do casal de nacionalidade francesa.

Leopoldina Vitória Domingas de 1 ano de idade, está em França há bastante tempo, enquanto o Tribunal da Primeira Instância de São Tomé e Príncipe nem se quer decidiu sobre o processo da sua adopção a favor do casal francês.

Máximo Aguiar, Presidente da Caritas de São Tomé e Príncipe, disse ao Téla Nón que o caso mostra que o país está desgovernado. Afirmou que a criança estava sob os auspícios da caritas que encaminhou o assunto para o ministério público de acordo a manifestação de interesse do casal francês. Foi surpreendido com a viagem da criança, que saiu do país de forma ilegal.

O Advogado José Carlos Barreiros, é visado nas declarações do Presidente da Caritas, como sendo o autor material da saída ilegal da criança de 1 ano do país. (áudio no original)

Um caso que se junta a vários outros verificados na ilha de São Tomé. Uma situação que obriga qualquer cidadão são-tomense, e principalmente os dirigentes a reflectirem seriamente sobre o futuro das crianças nesta quinzena dedicada a elas.

Note-se que em Dezembro do ano 2011, a então representante da Ordem dos Advogados, Celiza de Deus Lima denunciou que São Tomé e Príncipe estava na rota do tráfico internacional de crianças. Tudo por causa das acções de uma cidadã portuguesa de nome Mafalda Horta, que já tinha feito sair do país cerca de 3 crianças em regime de adopção internacional, e alegadamente estava prestes a enviar mais um grupo de crianças para o exterior.

Já em Maio do ano 2013, o país ficou de boca aberta quando deu conta que um casal de gémeos de 4 meses, saiu ilegalmente e sem deixar qualquer pista rumo a Libreville – Gabão. As crianças saíram de São Tomé via marítima, num negócio feito as escondidas com a mãe do casal de gémeos. Só a intervenção da Polícia gabonesa e da Interpol, permitiu a recuperação dos gémeos que já estavam na praça comercial de Libreville.

Agora é a menina Leopoldina Vitória Domingas de 1 ano que foi levada para o exterior sem que o Estado são-tomense soubesse.

Abel Veiga

Ordem dos advogados com batata quente no caso da criança que saiu ilegalmente do país

Tela Nón (st)

O gabinete de Advogados “Posser da Costa & Associados”, que tem nas mãos o processo de adopção da criança Leopoldina Vitória Domingas, denunciou o advogado José Carlos Barreiros, por sinal membro do Conselho Superior da Ordem dos Advogados, como sendo quem auxiliou a saída fraudulenta da criança do país.

Numa nota enviada ao Bastonário da Ordem dos Advogados, o gabinete de advogados que está a tratar do processo de adopção que ainda corre os seus trâmites nos tribunais, acusa também o advogado José Carlos Barreiros, de grave violação das regras constantes no Estatuto da própria Ordem dos Advogados.

Segundo a nota de denúncia que o Téla Nón teve acesso, o casal francês que levou ilegalmente a criança para o estrangeiro, vivia na casa do advogado José Carlos Barreiros.

Mais ainda,  no dia 22 de Maio quando a pedido das Caritas de São Tomé o gabinete de advogados “Posser da Costa & Associados” procurou o casal francês para prorrogar a autorização dada pela própria Caritas para estar com a criança, foi o advogado José Carlos Barreiros, quem informou ao referido gabinete de advogados que a criança já tinha saído do país e com a sua ajuda.

Segundo a nota de denúncia que foi recebida pela Ordem dos Advogado no dia 27 de Maio, a atitude de José Carlos Barreiros, «diminui a dignidade da profissão de advogados, e do conselho superior da Ordem», lê-se no documento.

A fundamentação da denúncia com elementos de provas, levou o gabinete de advogados “Posser da Costa & Associados”, a requerer a Ordem dos Advogados que seja instaurado um processo disciplinar ao advogado José Carlos Barreiros.

O leitor deve ler na íntegra a denúncia feita contra o advogado José Carlos Barreiros(faça atenção a data de nascimento da criança, não é 10 de Março de 2014, como por erro está no documento mas sim 10 de Março de 2013) CLIQUE – Denúncia contra José Carlos Barreiros

Da mesma forma deve ser consultada a declaração emitida pela Caritas de São Tomé e Príncipe, que também põe em causa o advogado José Carlos Barreiros – Declaração da Caritas

Todas as diligências feitas pelo Jornal Téla Nón nos últimos dias e até ao fecho deste artigo para ouvir o advogado José Carlos Barreiros resultaram em fracasso. As sucessivas tentativas de contacto via telefone tiveram como resposta «O número que está a tentar contactar não está disponível».

Abel Veiga

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Cabo-verdiano na lista de narcotraficantes anunciada por Obama




O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, autorizou este sábado, a inclusão do cabo-verdiano Francisco de Fátima Frederico Barros (Chico Barros) na lista dos narcotraficantes mais perigosos do mundo 

A Semana (cv)

A lista inclui ainda o salvadorenho José Adán Salazar Umaña, de 62 anos, também conhecido por “Chepe Diablo”, e o colombiano Víctor Ramón Navarro. A revelação foi feita pelo porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Caitlin Hayden.

Esta decisão deverá levar à apropriação dos bens desses três indivíduos. De notar que o salvadorenho é o principal accionista da equipa de futebol Metapán e responsável do “Carte de Texis”, que opera entre Nicarágua, Honduras e México.

Já o colombiano Víctor Ramón Navarro, cuja captura pode valer cinco milhões de dólares, é apresentado como chefe da brigada “Librado Mora Toro, do Exército Popular de Libertação (EPL) dai Colombia.

Natural da ilha de Santiago, Francisco de Fátima Frederico Barros, de 46 anos, foi detido em 2009 na Guiné-Bissau, por alegada tentativa de Golpe de Estado na Guiné-Conacri. Com várias nacionalidades ele consta como cidadão do Senegal, onde aparentemente vivia e tinha domicílio permanente, mas também da Guine-Bissau, Guiné Conacri e de Cabo Verde. Inclusive chegou a pedir a intervenção das autoridades cabo-verdianas para a sua soltura. Francisco Barros fora detido por um grupo de militares a mando do responsável da Contra Inteligência Militar (CIM), o coronel Samba Djalô, sob patrocínios do então Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas (CEMGFA), Zamora Induta.

Chico Barros foi mantido durante algum tempo numa Base Aérea, juntamente com os militares que teriam participado nos assassinatos de João Bernardo "Nino" Vieira e Tagmé Na Waié.

Na altura, Chico afirmou que tudo não passava de uma farsa, “uma cabala”. Ele seria depois extraditado para a Guiné-Conacri, onde cumpriu uma pena de 10 meses de prisão. Ao ser libertado ele teria manifestado o desejo de regressar a Cabo Verde e investir no seu país de origem.

C/ Visãonews

Cabo Verde: Professores protestam na Praia e prometem greve-geral




Os professores aproveitaram o ajuntamento realizado este sábado para protestar contra o Estatuto da Carreira Docente, recolher assinaturas para revogar a proposta do Governo e lembrar que o prazo para enviar as contribuições foi ampliado. Nas mãos, levavam cartões vermelhos e cartazes, que traziam dizeres e charges, cuja principal personagem era a Ministra da Educação e do Desporto (MED), Fernanda Marques.

A Semana (cv)

O representante da Federação Cabo-verdiana de Professores, João Pedro Cardoso, disse que a marcha deverá crescer na próxima mobilização que a classe está a organizar, só não foi maior por causa do dia e hora, que coincidiram com o horário de aula dos docentes.

O próximo passo deverá ser a greve-geral há muito anunciada. Antes, a petição deverá ser entregue aos legisladores de Cabo Verde. “Tentar influenciar as pessoas que estão mais ligadas à promoção das leis, deputados, Parlamento e também o Presidente da República. Isso vai em resposta a esse bombardeamento da classe por parte do governo. Este estatuto vai complicar a vida dos professores que já estão em actividade e dos outros”, contestou, reafirmando: “o futuro é a greve.

João Pedro Cardoso informou que está a decorrer uma recolha de assinaturas em São Vicente, que deverá se juntar às da Ilha de Santiago, Santo Antão e Sal. Durante a manifestação, a liderança do movimento conclamou os professores a registarem o seu descontentamento e observações sobre este Estatuto nas duas páginas da rede social - “Professores de Cabo Verde contra a proposta do Estatuto do Pessoal Docente” e “Professores-cstatt” - e também em outros sítios criados e geridos por docentes e que o Ministério da Educação e do Desporto diz estar monitorando, para criar acções.

Para uma professora do Liceu Domingo Ramos, o Estatuto da Carreira Docente viola muitos direitos. Com formação profissional desde 2009, Deolinda, como se identificou, só teve a reclassificação na carreira em Janeiro de 2014. “A cada mês perco 20 contos. O que é muito no contexto cabo-verdiano, um país que só tem sol e vento”, reclamou, denunciando descontentamento de vária ordem, sobretudo salarial. “Se fazemos uma formação superior esta tem os seus custos. Se o MED quer um ensino de qualidade, quer professores capacitados, à qualidade deve-se juntar a motivação. Ou seja, temos de ter uma remuneração justa. O estatuto não faz referência a isso. Viola gravemente nossos direitos”, completou Deolinda.

O professor da Escola SOS da Praia, Arlindo Teixeira Barros, que estava acompanhado de dois dos seus alunos que carregavam cartazes, tem opinião parecida e diz-se espantado com a afirmação do Ministério da Educação, segundo a qual docentes foram ouvidos durante o processo de elaboração do Estatuto, que decorre há um ano. “Foi uma surpresa para mim e para todos quando li a contra proposta do Governo, que falava que a classe tinha sido ouvida. Eu gostaria de saber quem, quando e onde essas pessoas foram ouvidas. Quais as entidades representantes concretamente. Se quisessem ouvir a proposta de todos os professores, que ouvissem então a contraproposta das escolas ou das delegações”.

Barros lembra ainda que existem muitos pontos obscuros para a classe docente neste Decreto Lei. As normas transitórias dos docentes sem qualificação profissional é um dos tópicos polémicos propostos pelo Ministério da Educação. “Não fica claro, por exemplo, se isso será aplicável para aqueles professores que virão ou se é para todos”. Outras proposta do Governo sem consenso é a que obriga que o educador da infância tenha mestrado. “Qualquer criança com seis anos pode entrar no ensino básico, mesmo que não tenha passado pelo jardim escolar”, observou, explicando que corre-se o risco de formar pofessores para uma demanda que não é real em Cabo Verde. “Corre-se o risco deste profissional não ter alunos”.

No Decreto-Lei estão previstos pré-requisitos para a reclassificação do professor em cada um dos níveis na carreira, que podem ser tanto horizontais quanto verticais. “Eu estudei língua estrangeira e tenho conhecimento informático (um dos pré-requisitos). E como é que fica isso?”, indaga este docente.

Barros questiona ainda a exigência da Licenciatura, que na contraproposta do Governo dá cinco anos para todos os professores se enquadrarem, sob pena do docente passar do quadro definitivo para o provisório. “Por acaso tenho licenciatura. Sou formado pelo Instituto Pedagógico. Mas e quem não é? Isso é uma despromoção”, lamenta. “Essa manifestação é para mostrar que os professores estão juntos. Mas há mais formas de luta, que passam pelo congelamento de notas no final do ano lectivo e pela greve”, asseverou Barros, que trazia nas mãos o decreto rascunhado com sua impressões.

Para o professor Carlos, do Liceu da Capelinha, “discute-se só as leis. Como é que vamos discutir sem ter um suporte, que é o salário? Claro que queremos o melhor para a educação do país. Mas os professores tiram parte do seu dinheiro para comprar coisas para a escola. A classe docente não é uma qualquer. Por isso merece um Estatuto especial para a Carreira Docente. Estão a mexer no nosso pão de cada dia. O Governo alargou o prazo de negociação com o sindicato, não com os professores”.

Brasil: DILMA E O GRANDE CAPITAL



Jaciara Itaim, São Paulo – Correio do Brasil, opinião

As dificuldades enfrentadas pela Presidenta em aumentar os índices de popularidade de seu governo, bem como de sua própria candidatura à reeleição no primeiro turno, podem provocar um aprofundamento de sua relação com os representantes do grande capital em nosso País. Em sua estratégia de minorar os estragos acumulados até o momento, Dilma busca uma aproximação com o empresariado, em uma clara tentativa de alavancar suas chances em outubro.

As pressões que os mais diversos setores da sociedade exercem sobre o governo e sobre as lideranças políticas são cíclicas. Em ano eleitoral, porém, as movimentações ganham uma coloração diferenciada. Afinal, trata-se de um período onde serão definidos os ocupantes dos principais cargos do Executivo e do Legislativo, a partir de janeiro de 2015. Apesar da inegável importância dos 26 governos estaduais e do Distrito Federal em disputa, além de suas casas legislativas, o fato é que o principal foco de atenções se concentra nas eleições para o Palácio do Planalto.

Os candidatos da oposição conservadora não conseguem encontrar um discurso eficiente para suas respectivas campanhas. As pesquisas de intenção de voto evidenciam a incapacidade de Aécio e Campos em decolarem junto ao eleitorado. Porém, ainda assim permanece um sério risco de que as eleições sejam decididas apenas no segundo turno, a ser realizado em 26 de outubro. Esse é o tabuleiro em que se movem as peças do xadrez sucessório no atual momento.

Esse quadro termina por fragilizar a própria candidata, que passa a buscar uma ampliação de seu círculo de apoiadores, inclusive no meio empresarial. Ocorre que esse tipo de envolvimento mais explícito dos endinheirados não se dá de forma natural ou espontânea. Todos sabemos que a cobrança virá com a aceitação de projetos e propostas a serem incorporados na campanha ou mesmo ao longo dos últimos meses do atual mandato.

O encontro com Katia Abreu e o agronegócio

Algumas das articulações mais recentes da Presidenta parecem caminhar nessa direção. Em 23 de maio, por exemplo, ela recebeu para um jantar no Palácio da Alvorada a fina flor dos representantes do agronegócio tupiniquim. A principal articuladora do encontro foi a Senadora Katia “Motosserra” Abreu, que também ocupa o cargo de Presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA).

Trata-se de um personagem carregado de forte simbolismo na vida política brasileira. Militante aguerrida e defensora dos agropecuaristas no Estado do Tocantins, logo foi eleita deputada federal e depois chegou à Câmara Alta. Transitou pelo PFL e DEM. Saiu com Kassab para o PSD e agora, há pouco tempo, voltou para a base governista pois ingressou no PMDB. O mesmo partido do Vice-Presidente Michel Temer, do todo-poderoso José Sarney, do carinhoso deputado Eduardo Cunha, do Presidente do Senado Renan Calheiros e do Presidente da Câmara dos Deputados Henrique Eduardo Alves.

Pois bem, essa representante de quase tudo que existe de mais atrasado e retrógrado na sociedade brasileira, sempre vociferou contra o PT, contra a esquerda, contra a reforma agrária e a favor da liberdade para degradação do meio ambiente. Atua na defesa de todos aqueles que utilizam o trabalho escravo para acumulação de riqueza em pleno século XXI, mas exige que o governo ofereça todas as melhores condições para a produção agrícola baseada nos transgênicos, nos pesticidas e nos fertilizantes. Porém, como desde 2003 a opção dos governos tem sido pela manutenção do modelo econômico bastante dependente da capacidade exportadora do agronegócio, eles terminam por ficar refém desse tipo de pressão. Pode-se imaginar qual não será a longa pauta de reivindicações do setor para que passem a pipocar declarações explícitas de apoio aDilma no pleito que se aproxima. Chega a dar arrepios!

A contribuição da previdência: desoneração para sempre!

Outro campo de intervenção propositiva da Presidenta junto ao empresariado refere-se às generosas políticas de desoneração fiscal e tributária. A decisão voluntária de abrir mão de receitas estratégicas do Estado em prol de empresas, grupos ou setores tampouco não é exclusividade desse governo. No entanto, a partir da ampliação da crise financeira internacional, o Brasil passou a adotar medidas para estimular a produção e o consumo, procurando evitar uma maior contaminação recessiva em nossas terras. Era o caso da redução de alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), entre outros. Diga-se de passagem, aliás, que tais facilidades não vieram acompanhadas de nenhum tipo de exigência de contrapartida a ser cumprida pelas empresas, tais como a geração de emprego, o compromisso com preços ou a redução de índice de componentes importados.

Um dos aspectos que os representantes do capital lograram incluir na lista de benesses foi uma reivindicação histórica do setor: a desoneração patronal da folha de pagamentos para a previdência social. Em 2011, o governo terminou por se curvar a tal proposição e iniciou uma espécie de experiência localizada em alguns poucos setores. A idéia era promover uma troca na forma de arrecadação patronal.

Os trabalhadores continuariam a recolher os 11% sobre o salário. As empresas deixariam de recolher os 20% sobre a folha de pagamentos e passariam a contribuir com uma alíquota indefinida (entre 1% e 2%) a ser aplicada sobre o faturamento das mesmas.

A medida foi se estendendo aos poucos e a lista de setores incluídos foi sendo ampliada a cada renovação periódica da medida. Atualmente são mais de 50 ramos beneficiados e a lei prevê um prazo para a excepcionalidade terminar em dezembro próximo. Como era de se esperar, o “lobby” do capital vai no sentido de forçar o governo a generalizar a nova sistemática para todos os setores e introduzir uma cláusula que torne essa nova sistemática permanente. A experiência vem demonstrando que o volume arrecadado com a alíquota incidente sobre o faturamento não tem sido suficiente para cobrir as receitas necessárias à manutenção do Regime Geral da Previdência Social (RGPS) equilibrado. Assim, o Tesouro Nacional tem sido chamado a cobrir esse buraco, o que não se traduz em boa medida para as receitas de um regime de pensões e aposentadorias que é intergeracional. Eventuais problemas de arrecadação no momento atual só serão efetivamente sentidos daqui a 30 anos.

Para felicidade de poucos e surpresa/indignação da maioria, Dilma cedeu ao capital e atendeu ao pleito: desoneração para sempre! Ao invés de incorporar tais demandas patronais e efetivá-las como política pública permanente, o mais adequado seria o governo do Partido dos Trabalhadores atender às reivindicações das entidades sindicais e de representação dos aposentados, os maiores interessados em um sistema previdenciário que se revele como equilibrado e sustentável no tempo. Assim, o primeiro passo seria promover o retorno à situação anterior, onde a contribuição patronal voltaria a ser definida por uma alíquota de 20% incidente sobre a folha de salários.

Construção civil: os grandes doadores para o PT

Outro grande setor do capital que tem merecido toda atenção e carinho por parte do governo é o da construção civil. Trata-se de um ramo da economia que depende essencialmente das demandas e das orientações do próprio Estado brasileiro. Sua principal área de atuação são as obras públicas, em especial aquelas vinculadas aos programas de infraestrutura. É o caso dos grandes programas e projetos de energia, saneamento, estradas, portos, ferrovias, aeroportos, complexos esportivos, entre outros. Além disso, faz parte desse extenso rol de atividades do setor de construção os programas habitacionais, a exemplo do “Minha Casa, Minha Vida”.

O ramo da construção tem como característica básica essa relação quase umbilical com os espaços de decisão na Administração Pública. Não por acaso, são os maiores contribuidores para os caixas dos partidos políticos, particularmente daqueles que estão no exercício do poder. Assim, as grandes construtoras são as principais doadoras para as campanhas eleitorais, em especial para o PT. E tal fenômeno se manifesta inclusive em anos sem eleições. Em 2013, por exemplo, as empresas do setor destinaram R$ 60 milhões à agremiação, valor equivalente a 75% do total de R$ 80 mi que o partido recebeu a título de doações empresariais.

Como se pode perceber, os interesses econômicos do grande capital batem à porta da candidatura de Dilma. Melhor dizendo, eles continuam a se apresentar com seus pleitos e reivindicações, exatamente da maneira como fazem o tempo todo, inclusive nos períodos fora do calendário eleitoral. A grande dúvida que permanece é saber qual será o limite das bondades e das concessões que ela ofertará em troca do apoio solicitado. Isso porque a fatura de tais benesses oferecidas ao empresariado com recursos públicos cairá nas contas a serem pagas pelo povo brasileiro. A velha prática de fazer bondade com chapéu alheio.

*Jaciara Itaim, é economista e militante por um mundo mais justo em termos sociais e econômicos.

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