sábado, 12 de abril de 2014

Portugal: NÃO, O PROBLEMA NÃO É “DELES”, DRA. ASSUNÇÃO



Nicolau Santos – Expresso, opinião

A presidente da Assembleia da República disse que se os militares da Associação 25 de Abril não forem ao Parlamento nas comemorações do aniversário dessa data "o problema é deles".

A dra. Assunção Esteves está equivocada. O problema não é "deles". O problema é da senhora presidente da Assembleia da República que não quer ser incomodada com um discurso que extravase o que é normal entre os parlamentares da maioria e da oposição.

O problema é da senhora presidente da Assembleia da República, que não tem um pingo de bom senso - porque, se tivesse, lembrar-se-ia que só se senta na cadeira onde se senta porque os militares que ela não quer ouvir abriram caminho para que tal fosse possível.

O problema é da senhora presidente da Assembleia da República porque, se tivesse um pingo de bom senso, lembrar-se-ia que este ano se comemora uma data redonda, 40 anos, sobre o 25 de Abril de 1974, pelo que seria totalmente admissível que abrisse uma excepção e que, para além dos parlamentares, fosse dada voz aos militares que abriram caminho para que esta Assembleia da República existisse.

O problema é da senhora presidente da Assembleia da República porque, se fosse minimamente agradecida, lembrar-se que a reforma que aufere por ter sido juíz do Tribunal Constitucional só é possível porque os militares que não quer ouvir abriram caminho para que tal fosse possível.

Pensando melhor, contudo, talvez o problema não seja da senhora presidente da Assembleia da República. Talvez o problema seja do país que tem como segunda figura do Estado a dra. Assunção Esteves, que já demonstrou por várias vezes não ter um pingo de bom senso. E seguramente que essa tem de ser uma das qualidades exigidas para se ser a segunda figura do Estado português.

Portugal: MILITARES VÃO MESMO DISCURSAR NO 25 DE ABRIL, MAS FORA DO PARLAMENTO




Depois da troca de palavras com a presidente da Assembleia da República - e do polémico "o problema é deles", de Assunção Esteves -, os capitães de Abril já decidiram o que vão fazer.

Carlos Abreu e Manuela Goucha Soares

Os militares que fizeram o 25 de Abril vão intervir publicamente no dia em que se celebram os 40 anos da Revolução dos Cravos. "Iremos preparar uma intervenção e vamos torná-la pública no dia 25 de Abril. Ainda não decidimos qual vai ser o local", diz ao Expresso Vasco Lourenço, presidente da Associação 25 de Abril.

O conteúdo da intervenção vai ser debatido pelo militares "no âmbito da Associação". "Não tenho por hábito preparar as intervenções de forma isolada, mesmo que no final seja eu a redigi-la", refere Vasco Lourenço.

Por sua vez, o presidente da Associação dos Oficiais das Forças Armadas (AOFA), Pereira Cracel, considera que "presidente da Assembleia da República tem sido infeliz na forma como fala e nas posições assumidas".

"Compreendemos a posição [de Assunção Esteves]. Os governantes não gostam de ouvir as associações de militares, na medida em que não glorificam a sua atuação. É expectável que os capitães de Abril fossem colocar em causa o que está a acontecer", considera Pereira Cracel.

A reação do ministro da Defesa, que saiu em defesa de Assunção Esteves, não surpreendeu os militares da AOFA. "Aguiar-Branco já nos habituou a repetir refrões. Foram os militares que deram ao ministro da Defesa a oportunidade de dizer as asneiras que vai dizendo", afirma Pereira Cracel ao Expresso.

No ano em que se comemoram os "40 anos do 25 de Abril, acontecimento promovido pelos militares, era compreensível que os protagonistas dessa gloriosa data pudessem usar da palavra", acrescenta o presidente da AOFA.

Entretanto, o grupo parlamentar do partido socialista pediu a Assunção Esteves a convocação de uma conferência de líderes por causa da ausência dos capitães de Abril na cerimónia oficial no Parlamento.

Em carta dirigida a Assunção Esteves e assinada por Alberto Martins, líder da bancada, os socialistas escrevem que "a pretensão dos capitães de Abril de falar na sessão solene do 25 de Abril tornou-se um facto público que a Assembleia da República deve apreciar em tempo útil."

Assunção Esteves afirmou, esta quinta-feira, que convidou a Associação 25 de Abril para estar presente - e "só" isso - na sessão solene comemorativa da revolução e que se os militares impõem a condição de falar "o problema é deles".

Fonte socialista aponta ao Expresso que "assunto nunca foi discutido em conferência de líderes, o único local onde tem de ser discutido". A próxima reunião está agenda para 23 de abril, data que "pode ser tardia". 

Portugal: REFORMADOS E PENSIONISTAS INDIGNADOS EM PROTESTO PELO PAÍS




"Somos muitos, muitos mil para continuar abril", grita-se em Lisboa num desfile contra os cortes nas pensões.

Várias centenas de reformados e pensionistas começaram a desfilar cerca das 15h desde a Praça do Município rumo ao Rossio, em Lisboa, em protesto contra os cortes nas pensões.

"Não e não ao corte da pensão", "somos muitos, muitos, mil para continuar abril" e "a saúde é um direito, sem ela nada feito" são algumas das palavras de ordem entoadas pelos manifestantes.

A marcha "Por Abril, Contra os Roubos nas Pensões", em Lisboa, que começou na praça do Município e termina na praça do Rossio, onde, após os discursos habituais, grupos de cantares de diferentes associações de reformados irão entoar "Grândola, Vila Morena", canção de José Afonso que serviu de senha ao movimento dos Capitães de Abril. 

Estão também agendadas marchas no Porto e em Faro, assim como concentrações em Coimbra, Guimarães e Covilhã, num protesto organizado pela Confederação Nacional de Reformados, Pensionistas e Idosos (MURPI).

Lusa, em Expresso

Guiné-Bissau/eleições: Quatro mil guineenses vão às urnas no domingo em Portugal




Lisboa, 12 abr (Lusa) -- Os quatro mil guineenses recenseados em Portugal vão às urnas no domingo para escolher o novo Presidente e o parlamento da Guiné-Bissau, havendo várias mesas de voto espalhadas pelo território português, informou a embaixada daquele país africano em Lisboa.

"Aproximadamente quatro mil pessoas foram recenseadas em Portugal e poderão participar nas eleições gerais guineenses", disse o encarregado de negócios da embaixada da Guiné-Bissau em Lisboa, M´bala Alfredo Fernandes.

Os eleitores poderão dirigir-se às mesas de voto entre às 08:00 e às 18:00.

No Porto, os guineenses poderão votar no Paços do Conselho, de acordo com M´bala Alfredo Fernandes.

Haverá uma mesa móvel na residência universitária da Universidade de Aveiro, das 08:00 às 11:00, e, depois, desloca-se para Coimbra, ficando na Casa da Lusofonia da Universidade de Coimbra - Edifício das Matemáticas, das 12:00 às 18:00.

No Algarve, os eleitores poderão votar no Hotel Feliz Choro, na Albufeira.

A Câmara de Loulé disponibilizará uma camioneta, que sairá da Associação Guineense de Almancil e levará os eleitores para votarem em Albufeira.

O transporte para a Albufeira será realizado às 09:50 e, posteriormente, às 15:50.

Em Lisboa e arredores, haverá uma mesa no refeitório da Câmara Municipal da Amadora, no complexo desportivo de São Domingos de Rana, nos Paços do Concelho de Odivelas, na Escola Básica Nº 1 de Vale da Amoreira (na Margem Sul) e no auditório da Universidade Lusófona.

Em Alverca, haverá também uma mesa móvel, das 08:00 às 11:00, na Casa do Povo de Arcena e, posteriormente, a mesa deslocar-se-á para a Sala Multiusos do ATL/junta de freguesia, em Sacavém, onde ficará entre as 12:00 e as 18:00.

As eleições de domingo na Guiné-Bissau acontecem na sequência do golpe de Estado de abril de 2012, quando os militares retiraram do poder o Presidente interino Raimundo Pereira e o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior e instalaram um Governo de transição.

Estas eleições gerais estavam previstas para ocorrerem em abril de 2013, mas foram sucessivamente adiadas.

Um total de 775.508 cidadãos constam dos cadernos eleitorais da Guiné-Bissau e têm direito a votar, de acordo com o recenseamento realizado entre dezembro de 2013 e fevereiro deste ano.

CSR // SO – Lusa, em Porto Canal

Guiné-Bissau: Nuno Nabiam e Simões Pereira posicionados para liderar os destinos do país




Bissau - Na recta final da campanha eleitoral, as tendências de voto indicam que o futuro do país deverá ser liderado por duas caras da nova geração guineense: Nuno Nabiam, na Presidência, e Domingos Simões Pereira na Chefia do Governo, os mais bem colocados para vencer as eleições Gerais de 2014.

Nuno Nabiam era, até há pouco tempo, um elemento estranho à política guineense. Oriundo da Aviação Civil, organismo que liderava, Nabiam era de início acusado por muitos de ser apenas uma «marioneta» de Koumba Yalá, ex-líder do PRS recentemente falecido. 

Mas a verdade é que, apesar do seu até agora anonimato, soube ao longo da vida tecer uma teia de relações que o colocaram bem junto dos principais líderes guineenses. Cunhado do ex-Presidente Nino Vieira, parceiro de negócios de António Indjai, e herdeiro político de Koumba Yalá, no PRS, e de Satú Camará, no PAIGC. 

Um conjunto apreciável de apoios, que o colocam como favorito nas Presidenciais e lhe concedem crédito na capacidade de estabelecer acordos internos com vista à estabilidade política guineense. Ao nível externo, Nabiam conta com o apoio dos países da CEDEAO (por intermédio de Koumba Yalá, que tinha garantido este apoio antes da sua morte) e sobretudo dos EUA, país no qual trabalhou e onde casou. 

Uma das dúvidas reside em saber como irá Nabiam conciliar as exigências dos EUA, que ainda há bem pouco tempo voltaram a pedir a cabeça do CEMGFA António Indjai pelo seu alegado envolvimento em acções de narcotráfico, e a importância das FA´s num contexto de estabilização do país.

A segunda grande dúvida reside em qual poderá ser a reacção do eleitorado à morte de Koumba Yalá, e o impacto que isso terá na votação final. Se por um lado, a morte de Koumba poderá afastar parte do eleitorado balanta para o candidato oficial do PRS, Abel Incada (também ele de etnia balanta), por outro lado, há quem defenda que o desaparecimento do ex-Presidente da República poderá ter como efeito cativar os descontentes do PRS e do próprio PAIGC, que olhavam, até agora, com desconfiança para a excessiva influência que Koumba apresentava sobre Nabiam.

O principal opositor de Nabiam na luta Presidencial será o candidato José Mário Vaz, do PAIGC. Beneficia da força da máquina partidária, e sua eventual vitória colocaria o partido na frente da Presidência e da Primatura, uma situação que, à partida, seria também um garante da estabilidade política futura.

Isto porque nas eleições Legislativas, Domingos Simões Pereira, recentemente eleito Presidente do PAIGC, é o grande favorito para liderar o futuro Governo guineense. 

Figura reconhecida a nível internacional pelo seu excelente desempenho enquanto Secretário Executivo da CPLP, goza de crédito na comunidade internacional, que lhe reconhece capacidades de reformar as instituições do país. 

Com um perfil mais técnico que político, espera-se que Domingos Simões Pereira, enquanto Primeiro-ministro, coloque ordem nas contas públicas do país, retome as medidas para o desenvolvimento guineense e dê passos concretos com vista ao restabelecimento da credibilidade da Guiné-Bissau enquanto pais.

À semelhança de Nabiam, ao longo do seu percurso Domingos Simões Pereira foi também capaz de criar uma rede de contactos junto dos países que foram os tradicionais doadores internacionais para o desenvolvimento guineense. 

Após as eleições é esperado que estas boas relações, existentes até ao Golpe de Estado de 12 de Abril de 2012, liderado por António Indjai, venham a ser recuperadas, deixando para trás o percurso acidentado que o Governo de transição impôs à população guineense nos últimos dois anos.

Bissau Digital - (c) PNN Portuguese News Network

Presidente quer o mundo inteiro a aplaudir a votação de domingo na Guiné-Bissau




Bissau, 12/04 - O presidente de transição da Guiné-Bissau, Serifo Nhamadjo, quer o mundo inteiro a aplaudir as eleições gerais no país, marcadas para domingo.

"O mundo está de olhos postos em nós. Devemos corresponder acorrendo massivamente aos locais de voto para que, em liberdade e consciência, façamos as nossas escolhas", referiu.

Nhamadjo falava na última noite, numa mensagem dirigida à população.

O presidente é o anfitrião de pelo menos  400 observadores estrangeiros de todos os continentes e diversas organizações internacionais que vão acompanhar a votação, a primeira depois do golpe de estado militar ocorrido há dois anos. 

"Às forças de defesa e segurança peço que fiquem firmes nos seus postos, mas equidistantes" do processo eleitoral, referiu.

Aos partidos e candidatos, Nhamadjo pediu que "aceitem os resultados anunciados pela Comissão Nacional de Eleições, ganhe quem ganhar". 

"O que decidirmos no domingo irá determinar o nosso futuro colectivo nos próximos quatro e cinco anos", concluiu. 

As eleições gerais (presidenciais e legislativas) na Guiné-Bissau estão marcadas para domingo, com 13 candidatos presidenciais e 15 partidos a concorrer à Assembleia Nacional Popular. 

São as primeiras eleições depois do golpe de estado de 12 de Abril de 2012. 

Um total de 775.508 cidadãos constam dos cadernos eleitorais da Guiné-Bissau e têm direito a votar, de acordo com o recenseamento realizado entre Dezembro de 2013 e Fevereiro deste ano.

Angop

ZUNZUNEO É MAIS UM MÉTODO DE GUERRA NÃO CONVENCIONAL CONTRA CUBA




Havana, 11 abr (Prensa Latina) Cuba tem sido historicamente um laboratório para a aplicação de métodos de guerra não convencionais estadunidenses, denunciam hoje meios nacionais a propósito da repercussão do recém desmascarado programa ZunZuneo.

Tentativas de magnicídio, introdução de doenças, apoio a grupos armados contrarrevolucionários, invasão e aplicação de um bloqueio econômico, financeiro e comercial por mais de 50 anos documentam o histórico de agressões de Washington a Havana.

Soma-se à lista o caso do ZunZuneo, concebido pela Agência Estadunidense para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) como um serviço de mensagens digitais para telefones celulares em Cuba, com a finalidade de incentivar a desestabilização no país mediante uma plataforma similar à do Twitter.

De acordo com o jornal Granma, chama a atenção a similaridade entre dados do programa revelados pela agência Associated Press e os documentos reitores da Guerra não Convencional das Forças Armadas dos Estados Unidos, como a Circular de Treinamento (TC) 18-01.

Esta explica que a primeira fase de qualquer guerra não convencional é a preparação psicológica para unir a população contra o governo no poder e prepará-la para aceitar o apoio dos Estados Unidos, menciona.

Depois da descoberta da profundidade do ZunZuneo, muitos perguntam-se o que fazia a Usaid -organização que se autoproclama promotora da ajuda humanitária- distribuindo programas ao estilo dos desenvolvidos pela Agência Central de Inteligência (CIA).

O ZunZuneo é parte de uma longa lista que inclui projetos na Sérvia, Irã, Egito, Ucrânia e Venezuela, dirigidos à ingerência na política dos países.

No entanto, o debate nos Estados Unidos devido ao caso concentra-se mais em como foi aplicada a plataforma de telecomunicações e na difusão das mensagens políticas, e não na ingerência nos assuntos internos cubanos.

Mas, em sentido contrário aos interesses do governo estadunidense, uma pesquisa realizada na nação do norte mostra que 56 por cento dos cidadãos desse país desejam a normalização das relações entre Cuba e Estados Unidos.

Prensa Latina - Tgp/es

ARGENTINA ARGENTINA



José Martins* – Revista Rubra

Não é fácil falar do capital quando ele está em forte expansão. Seu triunfante movimento material abafa penosamente as possibilidades do pensamento crítico. Há quase cinco anos as principais economias dominantes – EUA, Alemanha e Japão – ampliam velozmente a produção e a acumulação. Os lucros batem recordes nas suas cadeias produtivas globais de valor e de mais-valia. Entretanto, o mesmo não se pode dizer das principais economias dominadas, conhecidas como “emergentes” pela propaganda liberal. Aqui, ao contrário, o que se passa é a desaceleração da acumulação.

No embalo do desenvolvimento desigual e combinado, os festejados Brics, até algum tempo atrás os queridinhos de nove entre cada dez economistas, transformam-se agora nos patinhos feios da retomada global. Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul lutam contra turbulências financeiras e cambiais. Essa é a beleza do sistema capitalista: imensa capacidade de destruir e amaldiçoar suas imundícies com a mesma rapidez com que elas foram construídas e glorificadas.

Acrescente-se aos Brics outras importantes economias, como Argentina, Turquia, Indonésia, Venezuela, etc., e temos à nossa frente esse quadro paradoxal de travamento da totalidade das economias dominadas (mais-valia absoluta) no mesmo momento em que as economias dominantes (mais-valia relativa) aceleram suas máquinas. Essa liquidação do crescimento na periferia em plena fase de expansão da economia global é uma particularidade muito importante do atual ciclo econômico, iniciado no segundo trimestre de 2009.

Essa particularidade deve definir em grande medida a forma e profundidade da próxima explosão global. Funde-se a outras particularidades deste ciclo – notável enfraquecimento das finanças públicas das economias dominantes e de intervenção dos seus bancos centrais; crescente ingovernabilidade imperialista em amplos espaços geopolíticos; esfacelamento do Estado social no centro do sistema, etc.

Depois das ações nos mercados emergentes terem caído para os níveis mais baixos em cinco meses, e suas moedas sofrerem fortes desvalorizações, calcula-se que mais de US$ 2 trilhões foram queimados nos mercados de capitais globais neste ano. Não é uma quantia desprezível. Colapso dos preços no conjunto das economias emergentes. Porém, no meio destes abalos, as vicissitudes cambiais e elevação dos preços na Argentina são noticiadas como um caso isolado ou, pelo menos, como o caso mais grave desta síndrome de liquidação de valor do capital. Vale a pena verificar mais de perto o que se passa na terceira maior economia da América Latina.

POPULISMO DO CAPITAL – O terrorismo da mídia econômica imperialista – The Economist, Financial Times, Bloomberg, The Wall Street Journal, etc. – retrata as atuais turbulências cambiais argentinas como resultadas de uma economia estagnada, que nos últimos dez anos (era Kirchner) acumulou erros de política econômica, populismo, protecionismo, nacionalismo etc. Por isso, resultados econômicos ruins que agora se manifestam como repetição da grande crise vivida entre 2000 e 2002. Errado: uma verificação dos dados reais das economias emergentes mostra muita gente graúda com os fundamentos econômicos bem mais deteriorados que a Argentina – e se alguém imagina que a Argentina teve uma participação destacada naquela queima de capital global citada acima, veja a recente evolução de algumas importantes bolsas de valores.

Surpreendentemente, o que se verifica é uma supervalorização do capital financeiro na economia argentina, que se mantém neste ano (+ 9,10 % até 06/02/2014). Quer dizer, o processo de pulverização do capital financeiro nos “emergentes” ocorreu efetivamente nas demais grandes economias – Turquia, Índia, China, Brasil, etc. Essa paradoxal valorização do capital na Argentina (e a desgraça da sua população) fundamenta-se na particular articulação das suas classes dominantes com o imperialismo e no claro favorecimento da política econômica dos Kirchner aos seus interesses privados, nos últimos dez anos. Por isso, por trás daquela estrondosa valorização das ações, neste período, encontra- se uma expansão não menos estrondosa do seu Produto Bruto Interno (PIB).

No quarto trimestre de 2011, o PIB do país havia subido a um patamar seis vezes maior que oito anos antes – terceiro trimestre de 2003. No mesmo período, pelo mesmo critério de medição, os PIBs de Brasil e México subiram a um patamar apenas duas vezes e meia maior, com taxas mais baixas de acumulação.

Se for verdade que predominou alguma política populista do governo argentino nos últimos dez anos, pecado denunciado em todas avaliações liberais imperialistas sobre a situação atual, o que se verifica pelos seus resultados é que que essa forma de governo da era Kirchner foi excepcionalmente conveniente à acumulação do capital e, por supuesto, aos lucros das classes dominantes. É uma tradição do peronismo. A política de Peron, contam argentinos inteligentes, se assemelhava a de um motorista que ao se aproximar de uma encruzilhada dava sinal de pisca à esquerda e… entrava à direita.

Mas o neoperonismo da era Kirchner parece bem menos espetacular que o primitivo do generalíssimo: “O kirchnerismo reconstruiu o Estado imaginando um capitalismo regulado, subsidiando a burguesia e esperando um funcionamento eficiente. Forjou um regime com pilares para-institucionais e as semelhanças com o peronismo primitivo não se estendem à relação com os trabalhadores. O kirchnerismo procura desembaraçar-se da marca que mantinha tradicionalmente o movimento operário dentro do peronismo. Procura congraçar- se com os capitalistas para estabilizar um regime desligado das demandas sociais. É verdade que favoreceu no início a reconstituição dos sindicatos, mas com o proposito de debilitar os piqueteiros. Quando os grêmios recuperaram seu peso, o oficialismo embarcou em uma política de fratura das centrais sindicais”[1].

Continuaremos a seguir com o segundo ato da tragédia.

*José Martins, economista, editor do boletim Crítica Semanal da Economia do Núcleo de Educação Popular de São Paulo, professor na UFSC

CRÍTICA SEMANAL DA ECONOMIA

EDIÇÃO Nº 1178/1179 – Ano 28; 2ª/3ª Semanas Fevereiro 2014.
Núcleo de Educação Popular 13 de Maio – São Paulo, SP.

[1] Claudio Katz, Anatomia del Kirchnerismo, in La Pagina de Claudio Katz, 11/1/2013, katz.lahaine.org

Brasil: DILMA RECEBE DONO DA REDE GLOBO E RECLAMA DE PERSEGUIÇÃO




Paulo Nogueira, Londres – Correio do Brasil

Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo: Segundo Mônica Bergamo, da Folha, Dilma se queixou do Jornal Nacional numa conversa que teve com João Roberto, o segundo dos três filhos de Roberto Marinho e responsável pelo conteúdo editorial das Organizações Globo.

Faz sentido, é claro.

O Jornal Nacional, absurdamente governista na ditadura militar, foi para a direção oposta quando o PT chegou ao poder.

Se o JN existisse sob Jango, é provável que ele seria mais ou menos como é hoje: uma ênfase extraordinária nas más notícias, reais ou imaginárias.

O que não faz sentido é a atitude de Dilma, e do PT no poder, diante da Globo. A Globo faz o que sempre fez: sabota governos populares e intimida o mundo político para que seus privilégios imensos sejam preservados.

E o que tem feito o governo em resposta? Nada. Repito: nada.

A evidência mais notável disso está nas verbas publicitárias que o governo destina à Globo. Em dez anos, foram R$ 6 bilhões, isso mesmo com a queda notável da audiência da emissora. (A Globoperdeu cerca de um terço do público na última década.)

Este dinheiro alimenta a máquina da Globo destinada à sabotagem de medidas favoráveis ao “Zé do Povo”, como o patriarca da Globo, Irineu Marinho, se referia aos cidadãos comuns.

A Secom, que administra a verba governamental, afirmava sob Helena Chagas que esse paradoxo – um dinheiro brutal para uma empresa que faz campanha contra – se devia a uma coisa chamada “mídia técnica”.

Pausa para rir. Ou chorar.

Nada justifica você premiar quem sabota você, ou numa visão mais ampla, a sociedade.

As mensagens oficiais veiculadas na Globo chegariam a um número maior de pessoas. Era mais ou menos o que dizia Helena Chagas.

Mas um momento. Que pessoas são mesmo estas? Elas verão – ou zapearão para fugir – comerciais que promove um governo que nas reportagens é brutalmente atacado sempre.

Pela lavagem cerebral a que é submetido, o típico admirador da Globo – ou da Veja – abomina o governo petista e estatais como Petrobras e Banco do Brasil.

Há lógica em gastar bilhões de reais para levar a este grupo publicidade de estatais que ele detesta?

Não. Não há.

Outro dia, vi uma publicidade da Petrobras na página de Reinaldo de Azevedo na Veja. Alguém já viu o que Azevedo e seus leitores dizem a respeito da Petrobras?

Um dos maiores erros do governo é exatamente a “mídia técnica”, que favorece quem age para corroê-lo ou mesmo, como se viu no julgamento do Mensalão, para destruí-lo.

Helena Chagas saiu e Thomas Trauman entrou. Haverá alguma mudança numa estratégia não apenas errada como suicida?

Os fatos dirão.

A recente pesquisa da Secom sobre consumo de notícias mostrou o avanço extraordinário da internet.

Testemunhamos isso de um lugar privilegiado. O DCM, em um ano de vida, saiu de pouco mais 100 mil visualizações mensais para 2,5 milhões. Passamos a barreira de 1 milhão de visitantes únicos por mês.

O fato de Lula ter escolhido blogueiros para dar uma entrevista é também revelador de que o PT parece ter acordado para a realidade: a internet é cada vez mais influente e a mídia tradicional cada vez menos. Fora tudo, é na internet que você encontra vozes alternativas à velha visão de mundo pró 1% defendida agressivamente pelas grandes corporações jornalísticas.

No caso da alardeada queixa de Dilma a João Roberto Marinho, muito mais efetivo que palavras seria um ajuste imediato e profundo na distribuição das verbas oficiais.

Quem ganharia com isso, na verdade, seria a sociedade – e com ela o projeto de um Brasil justo, algo que a Globo e as grandes empresas de mídia sempre combateram ferozmente.

Paulo Nogueira é jornalista, editor do blog Diário do Centro do Mundo, editado a partir de Londres.

Na foto: João Roberto Marinho é responsável pela linha editorial das Organizações Globo

Brasil: Jovem negro é espancado e apedrejado até a morte no Espírito Santo




Aos gritos de “mata logo” e de vários xingamentos, jovem negro com problemas mentais é torturado e apedrejado até a morte. “Peçam perdão a Deus pelo que fizeram”, diz mãe do garoto

O corpo negro ensanguentado e o olhar assustado que você na foto é do menino Alailton Ferreira, de 17 anos, cercado por um grupo armado com pedras, barras de ferro e pedaços de madeira. Momentos depois, ele seria foi alvo de um espancamento coletivo. Desacordado, foi levado ao hospital, mas não resistiu e morreu na noite de terça-feira (8).

Aos gritos de “mata logo” e de vários xingamentos, o espancamento aconteceu às margens da BR 101, na tarde do último domingo (6), no bairro de Vista da Serra II, cidade de Serra, a cerca de 30km da capital Vitória, no Espírito Santo. Só depois de duas horas de muita violência, a Polícia Militar chegou ao local, colocou o jovem na viatura e o levou até a Unidade de Pronto Atendimento. “Os policiais militares descreveram no boletim de ocorrência que foi necessário utilizar spray de pimenta para conter os populares” disse o delegado-chefe do DPJ, Ludogério Ralff.

Acusações

O motivo do linchamento foi causado por acusações controversas. Alguns disseram que o jovem teria tentado estuprar uma mulher. Outros que ele seria suspeito de tentar roubar uma moto e abusar de uma criança de 10 anos. Tudo ocorreu no domingo (6), mas até esta quarta-feira, dia em que Alailton foi enterrado, não havia qualquer denúncia ou relato de testemunhas, segundo a Polícia Civil.

O irmão contesta as acusações e diz que o adolescente sofria de problemas mentais: “Ele chamou a menina, ela se assustou e correu para chamar a família. Os familiares e vizinhos correram atrás dele. Por isso as pessoas falaram que ele era estuprador. Se ele quisesse roubar uma moto, teria feito no próprio bairro, mas ele nem sabe pilotar”. Segundo o tio do jovem, foi um ato de covardia. “Ele estava com uns problemas de saúde e ficava assustado com frequência”.

O morador Uelder Santos, 29, em entrevista para um jornal também colocou as acusações sob suspeita: “Ninguém viu esse tal estupro ou mesmo noticias da suposta vítima”.

“Peçam perdão a Deus pelo que fizeram”, diz a Mãe

Em entrevista a um jornal, a mãe de Alailton, a doméstica Diva Suterio Ferreira, 46, disse que o filho teria sido vítima de uma injustiça: “Ele já foi preso por furto, usava droga, mas não estuprou ninguém, jamais faria isso”. Cristã, disse que se apega a Deus para socorrê-la nesse momento difícil: “Meu filho era amado, sonhava em me dar uma casa. Dizia que queria um quarto para ele, um para mim e um para irmã. Minha filha, de 11 anos, só chora, tem medo de sair à rua depois do que aconteceu. Acredito na justiça divina. Peço que essas pessoas peçam perdão a Deus pelo que fizeram ao meu filho”.

Violência endêmica e elemento racial (nada) subjetivo

O escritório das Nações Unidas apresentou nesta quinta-feira (10) um levantamento sobre as taxas de homicídio em que conclui que as Américas são as regiões mais violentas do planeta. O Brasil está entre países mais violentos. Das 30 cidades mais violentas do planeta, 11 são brasileiras. Segundo a publicação, Maceió é a quinta cidade do mundo com mais homicídios por cada 100 mil habitantes. A cidade de Vitória do Espírito Santo, vizinha ao local onde Alailton foi assassinado por populares, é a 14ª da lista mundial.

Não gosto de suposições, por isso fico nas perguntas: qual seria o resultado de uma amostragem com o recorte racial das vítimas desses homicídios em toda América? Teríamos uma proporção parecida com a média brasileira, que aponta 70% de vítimas negras?

Não sei se Alailton estuprou alguém. Era mulher feita ou uma criança de 10 anos? Ambos os crimes são gravíssimos. Mesmo que tenha sido uma “apenas” uma tentativa ou ainda que o jovem tivesse problemas mentais, sem dúvida caberia alguma punição. E a Lei prevê. Mas jamais um linchamento. Jamais!

E pior: nada leva a crer que houve de fato o crime. Aliás, ao que parece (não sou investigador, nem gostaria), ele teria sim sido “vítima de uma injustiça”, como disse a mãe doméstica.

O fato de ser um menino negro teria sido um elemento potencializador do ódio coletivo e da precipitação de um julgamento instantâneo – acusação, julgamento, condenação e execução: Foi ele! Pega ele! Só pode ter sido ele!?

E se fosse um menino branco, a história teria tais requintes de crueldade e terminaria no cemitério?

A bala não é de festim, aqui não tem dublê!

O assassinato covarde do menino negro Alailton Ferreira me fez lembrar dois filmes norte-americanos muito famosos. O primeiro é o clássico “O sol é para todos”, de 1962, que conta a história de Tom Robinson (Brock Peters), um jovem negro que fora acusado de estuprar Mayella Violet Ewell (Collin Wilcox Paxton), uma jovem branca. Atticus Finch, um advogado extremamente íntegro, interpretado por Gregory Peck – que viria ganhar o Oscar de melhor ator com esse trabalho, concordou em defendê-lo e, apesar de boa parte da cidade ser contra sua posição, ele decidiu ir adiante e fazer de tudo para absolver o réu. Nos Estados Unidos como aqui, sempre fora comum acusações de estupros e outros crimes recaírem sobre negros, sem que haja grandes contestações.

O outro filme, esse mais recente (1996), faz ainda mais sentido com o momento que vivemos, inclusive no nome:“Tempo de Matar”, que se passa em Canton no Mississipi, onde Carl Lee (Samuel L. Jackson), um negro que, ao matar dois brancos que espancaram e estupraram sua filha de 10 anos é preso, e um advogado branco Jake Brigance (Matthew McConaughey ) e Ellen (Sandra Bullock) uma obstinada estudante de Direito, ambos se voltam contra o preconceito e o racismo existente na comunidade daquela cidade para defender o acusado.

Já no fim da trama, quando tudo parecia perdido, afinal a cidade queria a condenação do acusado, no Tribunal Jake solicita a todos os presentes que fechem os olhos e ouçam a ele e a si mesmos, então ele começa a contar a história de uma garotinha que volta do armazém, e de repente surge uma “pick-up” de onde saltam dois homens e a agarram, eles a arrastam para uma clareira e, depois de amarrá-la, arrancam-lhe as roupas do corpo e montam nela, primeiro um, depois o outro, eles a estupram tirando toda a sua inocência com brutais arremetidas. Depois de acabarem, e de ter matado qualquer chance daquele pequeno útero ter filhos, os dois rapazes começaram então a usar a garotinha como alvo, acertando-a com latas cheias de cerveja, cortando sua carne até o osso. Não satisfeitos, eles ainda urinaram sobre ela, e com uma corda fazem um laço e a enrolamo no seu pescoço e num puxão repentino a suspende no ar, esperneando e sem encontrar o chão até o galho quebrar e, milagrosamente cair no chão. Nesse momento, eles a colocaram na “pick-up” e, ao chegar em uma ponte, jogam-na de cima da mureta, de onde ela cai de uma altura de 10 metros até o fundo de um córrego. Jake então pára a história e pergunta aos presentes se conseguem vê-la, se conseguem imaginar o corpo daquela garotinha estuprado, espancado, massacrado, molhado da urina, do sêmen deles e do próprio sangue, e depois abandonado para morrer…

E novamente repete para que todos façam uma imagem dessa garotinha, aguarda um instante e pergunta: “Agora imaginem que essa garotinha é branca”!

Carl Lee é inocentado pelo júri.

Ora, “impoluto escrevente”, me perguntaria um dos meus algozes sempre presentes nos comentários deste Blog: “Mas não está a criticar a ideia da justiça pelas próprias mãos? Contraditório o exemplo deste filme, não?”.

E eu responderia:

Sim e não.

Sim. E essa é a parte que não gosto no filme. Ele justifica a ideia de que, em alguns casos, pode-se aceitar a justiça feita pelas próprias mãos. E não podemos tolerá-la em hipótese alguma. Menos ainda quando o pressuposto é inexistente – como parece ser neste caso do Espírito Santo.

E não.

Não por que faz todo o sentido imaginar que, diante da violência sistemática, continuada e explícita contra a população negra, não seria absurdo imaginar que em algum momento pode haver reações, bastando para isso que aflore a percepção – por parte da população negra, de que vivemos sim um estado de desigualdades e de violência racial.

Mas se dirá: Loucura! Radicalismo deste blogueiro afro-lunático racialista! E diante da fúria democrata-gilberto-freyreana presente inclusive na parte bolchevique do mapa, diria por fim:

Sempre caberá o terrível e necessário pedido de reflexão feito pelo advogado branco, Jake Brigance (Matthew McConaughey ), em Tempo de Matar:

“Agora imaginem que essa garotinha é branca”!

Imagine que Alailton é branco!

Imagine que Cláudia é branca!

Imagine que Amarildo é branco!

Imagine que Douglas é branco!

Imagine que o menino torturado e amarrado nú em um poste na zona sul do Rio de Jaineiro é branco.

Imagine que, quem a polícia mata 3 vezes mais que negros, são os brancos.

Imagine um mundo onde as pessoas pudessem viver em paz.

Consegue?

Na foto: Jovem negro é espancado e morto por populares no Espírito Santo (Ilustração: Pragmatismo Político)

Fontes: 123 e fotos de reprodução – facebook

Douglas Belchior, Carta Capital – em Pragmatismo Político


GOVERNO BRASILEIRO QUER REFORÇAR COOPERAÇÃO COM ANGOLA




Brasília - O Governo Brasileiro pretende remeter às autoridades angolanas uma proposta de memorando de entendimento, com vista a facilitação de investimentos de forma recíproca

A intenção foi avançada durante o primeiro seminário internacional sobre "Negócios, investimentos, mídia e comunicação" entre Angola e Brasil, que decorreu em Brasília, onde estiveram presentes empresários angolanos e brasileiros.

Os empresários brasileiros interessados em investir em Angola nos sectores da construção civil, energia, agro-indústria, indústria transformadora e mídia digital interagiram e trocaram experiências com os seus parceiros angolanos.

A equipa angolana foi integrada pelo secretário de Estado da Comunicação Social, Manuel da Conceição, o embaixador de Angola no Brasil Nelson Cosme, a presidente da ANIP, Maria Luísa Abrantes, o presidente da Associação dos Empresários de Viana ,Francisco Viana, e os directores dos Pólos de Desenvolvimento Turístico de Cabo Ledo, Okavango e Kalandula.

O seminário serviu para identificar a necessidade da criação de uma plataforma para o estabelecimento de parcerias empresariais entre Angola e o Brasil.

Por outro lado, noutro encontro que decorreu no Itamaraty, com o subsecretário-geral para África, Paulo Cordeiro, o secretário de Estado da Comunicação Social, Manuel da Conceição, tomou conhecimento da disponibilidade de o governo brasileiro transmitir mais informações sobre Angola na mídia daquele país.

A disponibilidade foi manifestada pelo embaixador Paulo Cordeiro, que acompanhou o governante angolano e a sua delegação à assessoria de imprensa do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, a fim de inteirarem-se sobre o seu funcionamento.

Angop

Angola: AS CIDADES PRECÁRIAS



Jornal de Angola - editorial

Os centros urbanos que herdámos do colonialismo eram tão precários que nenhum tinha saneamento básico digno desse nome. Mas todos ostentavam nas periferias bairros degradados com casebres infectos e sem serviços básicos. 

Basta olhar para as nossas antigas vilas e cidades, algumas com séculos de existência, para termos a certeza de que aos angolanos apenas restava combater o regime que construiu uma Angola tão precária.

Hoje estamos a construir novas cidades com infra-estruturas modernas. As centralidades da província de Luanda e de outras províncias têm saneamento básico, redes de água, luz e telecomunicações, arruamentos, acessibilidades, iluminação pública, equipamentos desportivos, zonas verdes, escolas, centros de saúde, postos de polícia, terminais de transportes públicos. Nada de extraordinário. É mesmo assim que se constroem as cidades. No passado é que não existia nada disso, como se vê hoje em Luanda e todos os outros grandes, médios e pequenos centros urbanos do litoral. Quanto ao interior, nem é bom falar.

As novas cidades que construímos vivem com as antigas e algumas têm séculos de existência. Aos urbanistas compete conciliar as zonas históricas com as áreas de crescimento onde nasceram as modernas. Os gestores das nossas cidades têm a missão de dotar as velhas urbes das infra-estruturas que nunca tiveram ou se tornaram obsoletas com o decorrer dos anos. Ou as que, pela excessiva pressão humana, estão degradadas. Quase todas chegam ao fim de vida muito antes do prazo, porque não têm manutenção ou os beneficiários fazem mau uso delas. Quando não são arruinadas pelo uso abusivo.

O responsável da EPAL fez uma revelação que devia ter suscitado um sobressalto cívico em todos os luandenses. Ou pelo menos naqueles que estão na política e representam os eleitores angolanos na Assembleia Nacional. Enormes quantidades de água são roubadas da rede. Os autores destes crimes violam as condutas e fazem deles, aquilo que é de todos. Os cidadãos que assistem aos roubos nem sequer os denunciam. Mas quando lhe falta a água em casa, reclamam. 

O mesmo se passa com a situação precária em que vivem milhares de luandenses. Habitam autênticos tugúrios, sem as menores condições. Ninguém se preocupa com isso. Se chove um pouco mais, as barracas ficam inundadas ou os tectos voam. Nessa altura aparecem os defensores do bem-estar do povo. Quando as autoridades procedem à demolição desses casebres, oes paladinos dos direitos humanos logo saltam para a arena exigindo que as barracas fiquem intactas, à espera das próximas enxurradas.

O Governo criou uma bolsa de terrenos para acabar com a especulação imobiliária, que já atingia as raias do absurdo. Há reservas fundiárias em todos os municípios. Os distraídos que se apresentam como paladinos dos direitos humanos instigam as pessoas a ocuparem os terrenos. 

Da noite para o dia surgem mais casebres. Em pouco tempo formam mais bairros sem as mínimas condições de habitabilidade. Esses abusos inviabilizam programas habitacionais e projectos urbanísticos que visam garantir a todos os angolanos uma habitação digna. Os que vivem do oportunismo e da trapaça política registam mais umas quantas vitórias, à custa desgraça alheia. Quando chove um pouco mais, aparecem a instigar as pessoas contra as autoridades, porque não garantiram condições nos bairros ilegais que foram construídos à margem de todas as regras. É um círculo vicioso que tem de chegar ao fim. E para que isso aconteça, todos temos que nos mobilizar contra os que vivem nas águas turvas e apostam no quanto pior melhor.   

As novas centralidades são exemplares. Onde antes apenas existia mato, hoje temos cidades modernas, com todas as infra-estruturas que dão expressão à qualidade de vida. Os projectos de requalificação urbana são fundamentais para que as velhas vilas e cidades tenham condições de habitabilidade. Temos de acabar com os bairros desordenados e com as casas precárias. Não podemos continuar a pactuar com aqueles que fazem ligações de luz ilegais ou roubam a água das condutas. Se queremos cidades organizadas e com qualidade de vida, temos de recusar os velhos métodos do “desenrasca” e adoptar o civismo como modo de vida.

Enquanto nas grandes cidades não imperarem regras que todos têm de cumprir, vamos ter sempre desgraças quando chove um pouco mais. A água e a luz vão sempre faltar. A rede viária será sempre tão precária como as nossas vidas, em centros urbanos sem higiene, sem espaços verdes, sem água e luz, sem saneamento básico. As nossas cidades são o que nós quisermos. E todos devemos querer uma vida digna em centros urbanos com qualidade. 

As ocupações selvagens de terrenos não podem continuar. A construção de casebres não pode ser tolerada. As casas construídas sem projectos, sendo ilegais, devem ser demolidas. A autoridade do Estado tem de chegar ao caos urbanístico e impedir que ele progrida e prospere. Mas este trabalho também diz respeito a todos os cidadãos. Ninguém pode ficar de fora.

“HOJE HÁ MUITOS, MUITOS MANDELAS NA ÁFRICA DO SUL”




O professor John Volmink considerou que a morte de Nelson Mandela foi seguida pelo “receio” de que “o caos” se instalasse na África do Sul, mas tal “não aconteceu” e hoje o país tem “muitos Mandelas”.

Em entrevista à Lusa, em Lisboa, onde está para participar nos trabalhos de criação de uma rede internacional de Academias Ubuntu, o professor universitário sul-africano apresentou-se como “um micro-mandela”, que tenta “continuar a construir o sonho” do histórico líder negro contra o apartheid.

“Hoje, há muitos, muitos Mandelas na África do Sul”, garantiu, reconhecendo que “havia muito receio que, uma vez que Mandela partisse, se instalasse o caos e as pessoas se matassem umas às outras”. Porém, “isso não aconteceu”, o que confirmou a "verdadeira liderança” de Mandela.

“Os piores líderes são os temidos, os líderes bons são admirados, mas os melhores líderes são os que, terminado o seu trabalho, levam as pessoas a dizer ‘conseguimos’. Agora, nós não pensamos em Mandela diariamente, mas o espírito dele vive em nós”, explicou John Volmink.

“Sabemos que o melhor líder desta era viveu na África do Sul, mas ele nunca escreveu um livro nem desenvolveu um manual sobre liderança, porque ele é um livro”, distinguiu, assinalando “o privilégio” que o país teve por conviver com Nelson Mandela durante 24 anos, depois de este ter passado 27 preso.

John Volmink destacou que o primeiro Presidente negro da África do Sul “recorria muito” à tradição oral africana. “Nós falamos dos assuntos, não [recorremos aos] grandes livros em bibliotecas, isso é mais a tradição ocidental. Em África, partilhamos ideias, sentamo-nos juntos, falamos… Mandela fazia muito isso. Esse é o espírito ubuntu, que nos consciencializa de que estamos ligados uns aos outros”, disse.

As Academias Ubuntu espalhadas pelo mundo – em Portugal coordenada pelo Instituto Padre António Vieira – vão reunir-se hoje, na Fundação Gulbenkian, com o objetivo de criarem uma rede global.

John Volmink teve um papel central na reforma curricular do ensino pós-apartheid. Em 1994, havia “currículos escolares diferentes” para cada comunidade, “um para negros, outro para brancos, outro para indianos, etc.”, recordou.

O Governo de Mandela começou a trabalhar “num só” currículo, que “abraçasse toda a gente” e “removesse” todos “os termos ofensivos”, transmitindo valores de confiança, respeito e compaixão.

Não foi tarefa fácil, porque, em 1994, os sul-africanos seguiam a “ética da obediência” e viviam “com medo”. Mas, assinalou o professor, “a História não é o que aconteceu na realidade, é o que as pessoas dizem que aconteceu”, o que oferece “uma oportunidade” para a “reinterpretar”.

Por isso, Volmink sempre defendeu um tronco escolar comum e rejeitou “a segregação”, como a que ainda existe, por exemplo, nos manuais dos países que pertenciam à Jugoslávia. “O separatismo é contra o espírito ubuntu, que se baseia na conexão e em dizer ‘o teu medo é também o meu medo'”, enunciou, frisando que é preciso evitar a generalização que diz “todos os negros são assim”.

O professor é um otimista. “Acho que era o Albert Einstein que dizia ‘aprendemos com o passado, aprendemos com o presente, temos esperança no futuro’. A esperança é muito importante, temos de a manter viva”, frisou.

Porém, sublinhou, a esperança exige ação, “não basta dizer que se espera que a situação melhore”, porque isso são “apenas boas intenções”.

Lusa, em Jornal da Madeira

DUAS DÉCADAS PERDIDAS POR CAUSA DE NAZI-FASCISTAS!!!



Martinho Júnior, Luanda

1 – Há vinte anos ocorreu o genocídio no Ruanda e de então para cá a imensa região dos Grandes Lagos jamais conheceu o calar das armas.

Coloco as coisas nestes termos, pois em África a doença crónica do encadeado de conflitos, de que Angola conseguiu sair há doze anos, não teve fim e a factura arrasta-se muito para além das largas dezenas de milhões de vítimas directas e indirectas, entre mortos, feridos, deslocados, doentes e pobres em estado de desnutrição e sem abrigo!

Nestas condições não há forma de dar luta ao subdesenvolvimento histórico e crónico, apesar do escândalo geológico, um pote de riquezas naturais que tanta cobiça atraem.

É também impossível encontrarem-se soluções humanas em profundidade, perante o espectro de desigualdades que se foram acentuando nas sociedades-alvo, desigualdades essas que premeiam os senhores da guerra e penalizam a ondulante multidão traumatizada, que se move entorpecida, andrajosa e esquálida de labirinto em labirinto, quantas vezes à completa mercê duma “ajuda externa” que é parte dos grandes negócios sobre as riquezas naturais que a cerca!...

…Saqueiam-se as riquezas naturais, da pior maneira possível, para depois surgirem com a proverbial caridadezinha ocidental, a distribuir migalhas para os infelizes!...

Milhões de pessoas que sobrevivem na agricultura de subsistência, apesar da abundância de água e de terra arável no coração físico-geográfico de África, um coração matriz de Grandes Lagos e de rios fabulosos como o Congo e o Nilo, ao ficarem à mercê dos senhores da guerra tornam-se párias que nem se conseguem fixar, muito menos sobreviver em função das suas escassas possibilidades e limitações de carácter antropológico, económico, social e psicológico!

Os estados dessa região tornam-se vulneráveis, falidos, impotentes de domarem o pântano e as elites sócio-políticas alimentam rivalidades em relação ao poder e ao contra-poder, num eterno círculo vicioso que as potências atiçam, encantadas pelos frutíferos lucros que obtêm!... lucram muito mais com a alimentação desse encadeado de conflitos em África, que aqueles que se dedicam à especulação como George Soros!

As fronteiras desfazem-se, novas entidades surgem e há sempre explicações que se usam e explicações que se escondem, no emaranhado das divisões étnicas e religiosas, que promovem becos dos quais se torna muito difícil encontrar saída.

Se não fosse por mais nada, a aristocracia financeira mundial e aquilo que ela projecta por via de suas oligarquias e elites agenciadas, milhões de vezes teria de ser condenada, tantas vezes quanto o escandaloso número de vítimas que têm provocado e não pára de crescer, numa região que poderia ser um dos paraísos da Terra, de Angola ao Sudão!

2 – Este quadro é sombrio para África e os angolanos têm a possibilidade de avaliar isso a partir de sua própria experiência histórica: há doze anos que se calaram as armas em Angola, num país que, tal como seus vizinhos, sofria o encadeado de conflitos, de tensões e de guerras (Iª Guerra Mundial Africana”), que sofria do mesmo pântano que ressurgiu após o final do que foi considerado de “Guerra Fria” por via do capitalismo neo liberal…

Às guerras justas da luta de libertação nacional e africana, o capitalismo neo liberal impôs a Angola a guerra injusta da usura sobre as riquezas naturais, a fim de melhor instalar e adequar os seus próprios interesses!...

… E os angolanos têm toda a legitimidade histórica para contribuírem no sentido de se superar esse pântano que o encadeado de guerras, que começaram há mais de vinte anos, faz prevalecer no fulcro físico-geográfico decisivo dos Grandes Lagos, adiando o futuro de todo o continente!

Se antes havia sido legítimo o movimento de libertação em África, bem como a luta contra o colonialismo, contra o “apartheid” e contra as suas sequelas, é também legítima a luta que dá sequência a essa vocação de liberdade na luta contra o subdesenvolvimento crónico, assumindo a paz, o aprofundamento da democracia e a lógica com sentido de vida… secando o pântano a que África parece estar condenada, à mercê dos poderosos que tutelam a globalização e de seus agentes locais!...

O pântano foi gerado pelas disputas geo-estratégicas entre as potências ocidentais: os Estados Unidos, ciosos de sua hegemonia, fazem prevalecer os seus interesses sobre as renitentes e hipócritas potências coloniais, que não têm outra alternativa senão subordinarem-se, tornando-se por seu turno, instrumentos agenciados (e cada vez mais dóceis) dessa hegemonia!

Em relação aos Grandes Lagos, à Bélgica sucedeu-se a França e à França sucederam os Estados Unidos, com seu cortejo de agentes locais que agora polvilham os cenários desde Angola ao Sudão: foi assim que, sucessivamente, se foi incrementando o poder de entidades de carácter nazi-fascista, capazes até de usarem eleições para melhor se mascararem e esconderem!

3 – A criação do AFRICOM, um instrumento de ingerência, de manipulação, de guerra psicológica, de formatação antropológica, sociológica e psicológica, tão poderoso que subalterniza a própria NATO, é o corolário da geo-estratégia do império, aglutinando os agenciados europeus e locais: potências ocidentais e regimes africanos surgidos de rebeliões cujo carácter é contra-reolucionário, dada a natureza étnica e religiosa de seus argumentos ideológicos e sócio-políticos, “normalmente” insensíveis até ao sofrimento humano que desencadearam, em relação ao qual monta os cenários de sua conveniência e de seu interesse.

Da realidade terrível para os povos, esses regimes montam o surrealismo imaginário de feição, para continuarem a justificar a morte!

O poder em países como o Uganda e o Ruanda, é um poder de carisma nazi-fascista que eclodiu muito antes dos actuais fenómenos por que passa a Europa, tão evidentes agora no caso da Ucrânia, como no caso das políticas da ditadura financeira por via do Euro, sob o rótulo depressivo de “austeridade”!

Os nazi-fascistas constituem a fauna dilecta que alimenta o poder putrefacto no pântano africano, por que surgiram de rebeliões contra-revolucionárias e sob a directa tutela do império.

É circunstância agravante para aqueles que abusam da manipulação (pseudo)-democrática com que se vestem, uma fórmula cínica que se tem alimentado da guerra e do sangue de dezenas de milhões de seres humanos!...

… É circunstância atenuante para aqueles mais lúcidos, que face ao infortúnio crónico de África, procuram secar o pântano assumindo as mais justas aspirações de liberdade, de aprofundamento de democracia e de justiça social, preocupando-se em dar sequência às lutas do movimento de libertação em África!

Neste momento, marcando os vinte anos após o genocídio do Ruanda, o Presidente Paul Kagame acusa a França de ter participado nesse genocídio, em pé de igualdade com as FAR e as milícia dos hútus, para esconder suas próprias responsabilidades, mas sobretudo para esconder as responsabilidades daqueles que, ao serviço do protagonismo hegemónico do império, deram oportunidade à sua ascensão ao poder no seu país e o instrumentalizam nas invasões dos países vizinhos, uma instrumentalização que parece não ter fim!

A paz pan-africana tem de fazer o diagnóstico correcto, sob os pontos de vista antropológico, sócio-político e psicológico, desses seres nazi-fascistas tão desprezíveis quão comprovadamente criminosos, ao nível dos mais asquerosos rebeldes do Uganda, dos Kivus, ou do Ruanda, para que alguma vez seja assumida, ainda que como uma fugaz esperança num futuro melhor!... e não se deixar intoxicar ou confundir por declarações que são produto de ingerências, manipulações e mentiras sem fim, contra os interesses essenciais de África em prol dum tão possível quão legítimo renascimento!

Uma das “armas” preferidas pelos instrumentos do império em África e noutras partes do mundo, é a visão etno-centrista dos acontecimentos, a base para estabelecerem os critérios maniqueístas que desembocam nas ideologias nazi-fascistas e isso continua a acontecer no Ruanda sob a direcção de Paul Kagame!

Outra dificuldade básica para a construção da paz reside no facto de haver muitos que se arvoram hoje em juízes, ou reitores de razão, ou simultaneamente árbitros, quando suas mãos estão tão sujas ao longo de décadas… e por isso são tão susceptíveis de mentira quanto de poder arrogante e discricionário!

É evidente que esta minha interpretação não é uma declaração de guerra, mas sim uma justa declaração de consciência humana, daqueles que se identificam com a lógica com sentido de vida, honrando as dezenas de milhões de vítimas que, cortejo após cortejo, continuam a desfilar e a sucumbir, de forma tão terrível quão dramática, nos imensos ermos africanos, ao sabor dos caprichosos saqueadores dum império que foi criado às custas de genocídio, do racismo, dum egoísmo sem limites e utilizando as regras dum poder unipolar construído desde que foi desencadeada a tão malparada Revolução Industrial!

Mapa:
A Região dos Grandes Lagos e as afectações colaterais, de Angola ao Sudão.

A consultar Martinho Júnior (parte do roteiro africano desde 2010):
. Zip Zip – 06 – RDC – KIVUS – A barbárie continua –
. Zip Zip – 26 – Amani Leo – 50 anos depois –
. Zip Zip – 34 – O AFRICOM no coração de África –
. Zip Zip – 38 – Mercenários, até quando? – I –
. Zip Zip – 39 – Mercenários, até quando? – II –
. Zip Zip – 41 – 50 anos mais de sofrimento e barbárie de sangue – I –
. Zip Zip – 42 – 50 anos mais de sofrimento e barbárie de sangue – II –
. Zip Zip – 43 – Patrice Lumumba e a fragilidade do movimento de libertação no Congo –
. Zip Zip – 44 – O Che no leste do Congo em 1965 –
. Zip Zip – 45 – Os mercenários da administração Johnson no Congo –
. Zip Zip – 46 – A administração republicana de Dwight D. Eisenwor, o “projecto Wizard” e o assassinato de Patrice Lumumba –
. Zip Zip – 47 – As armadilhas da aristocracia financeira mundial no Congo e o interregno do consulado Kennedy –
. Zip Zip – 48 – Os Estados Unidos assumem-se como potência neo colonizadora do Congo –
. Zip Zip – 49 – Um corpo inerte à espera de Maurice – I –
. Zip Zip – 50 – Um corpo inerte à espera de Maurice – II –
. Rapidinhas do Martinho – 16 – OTAN – O crime “mais-que-parfeito” – http://paginaglobal.blogspot.com/2011/05/rapidinhas-do-martinho-16.html
. Rapidinhas do Martinho – 28 – A “Conferência do Pentágono para África” – http://paginaglobal.blogspot.com/2011/08/rapidinhas-do-martinho-28.html
. Rapidinhas do Martinho – 34 – Riscos acrescidos para África – http://paginaglobal.blogspot.com/2011/08/rapidinhas-do-martinho-34.html
. Rapidinhas do Martinho – 36 – Salvar a paz em África – http://paginaglobal.blogspot.com/2011/08/rapidinhas-do-martinho-36.html
. Rapidinhas do Martinho – 42 – As novas grilhetas de África – http://paginaglobal.blogspot.com/2011/09/rapidinhas-do-martinho-42.html
. Rapidinhas do Martinho – 45 – SADC pode tornar-se “numa outra África?” – http://paginaglobal.blogspot.com/2011/09/rapidinhas-do-martinho-45.html
. Rapidinhas do Martinho – 48 (I) – Explorando o êxito – http://paginaglobal.blogspot.com/2011/10/rapidinhas-do-martinho-48-i.html
. Rapidinhas do Martinho – 48 (II) – Explorando o êxito – http://paginaglobal.blogspot.com/2011/10/rapidinhas-do-martinho-48-ii.html
. Rapidinhas do Martinho – 48 (III) – Explorando o êxito – http://paginaglobal.blogspot.com/2011/10/rapidinhas-do-martinho-48-iii.html
. Rapidinhas do Martinho – 49 – Resgatar África – http://paginaglobal.blogspot.com/2011/10/rapidinhas-do-martinho-49.html
. Rapidinhas do Martinho – 60 – Esqueceram-se que a Terra é nossa mãe – http://paginaglobal.blogspot.com/2011/11/rapidinhas-do-martinho-60.html
. Jogos africanos do neo colonialismo norte americano em África – http://paginaglobal.blogspot.com/2012/05/jogos-africanos-do-neocolonialismo.html

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