A
comunicação social portuguesa passou ao lado, com toda a legitimidade inerente
ao facto de ser cada vez menos comunicação e cada vez mais comércio, do que
realmente se passou ontem (e das outras vezes também) na manifestação, em
Luanda, contra as arbitrariedades do regime angolano.
Em
bom português (também este cada vez menos bom) dir-se-á que cada um sabe de si
e que o poder económico (mais do que o político) sabe de todos. Com razão há
quem diga, é o nosso caso, que nas ocidentais praias lusitanas, no que a esta
questão respeita, há todo o poder dos dólares do MPLA, da Sonangol, do clã
Eduardo dos Santos (são tudo sinónimos).
Seja
como for, em Angola ou em Portugal, os jornalistas que tiverem a lata de querer
dar voz a quem a não tem, correm o risco de terem acidentes estranhos e até de
chocarem contra alguma bala (obviamente perdida).
De
há muito que se assiste ao recrutamento pelo MPLA de mercenários da imprensa em
Portugal para, em Luanda ou em Lisboa, ajudarem a silenciar uns tantos e a
manter no poder os que já lá estão há 39 anos. Quem tiver dúvidas poderá
comparar a bajulação ao regime com a (não) cobertura a todas as actividades que
sejam de sentido contrário.
Dizem-nos
(o que obviamente é mentira) que o MPLA/Governo de Eduardo dos Santos contratou
mercenários da imprensa para, em Portugal, ajudarem a silenciar uns tantos que
teimam em ser livres e que se julgam no direito de criticar a governação de um
país que é paradigma da democracia e que, aliás, foi elogiada pelos diferentes
primeiros-ministros de Portugal, até mesmo e sobretudo por aquele, José
Sócrates, que está detido sob a acusação de corrupção, branqueamento, burla
fiscal etc..
Porque
razão grande parte da imprensa portuguesa tem supostos especialistas em
assuntos angolanos que, afinal, só conseguem descrever o que vem nos manuais do
MPLA e que são distribuídos nas recepções dos hotéis de cinco estrelas de
Luanda?
Porque
razão grande parte da imprensa portuguesa veta (é óbvio que por “razões”
legais, funcionais e uns tantos outros ais) os Jornalistas que querem escrever
sobre a outra face do Governo de Luanda?
Porque
razão os portugueses são obrigados a comer as verdades oficiais do Governo de
Luanda sem que, em Portugal, se diga, mostre e prove (o que não é nada difícil)
que a ditadura de Eduardo dos Santos só interessa aos poucos que têm milhões e
não aos milhões que têm pouco ou nada?
O
MPLA domina (por força do dinheiro com que compra quase tudo e quase todos)
grande parte da imprensa portuguesa. Começou por ter nas mãos alguns
mercenários que estão em estratégicos postos de comando e, mais recentemente,
palitou a questão comprando mesmo esses meios.
Mercenários
bem pagos (é claro!) e que quando se deslocam a Luanda (à Luanda de Eduardo dos
Santos, Isabel dos Santos, Passos Coelho e Cavaco Silva, que não à do Povo)
ficam nos melhores hotéis, comem do melhor, bebem do melhor e até têm das
melhores companhias.
Folha
8 Diário
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