quinta-feira, 17 de abril de 2014

SUCESSO DE ANGOLA NA SAÚDE DA CRIANÇA



Edna Dala – Jornal de Angola

O Vice-Presidente da República, Manuel Vicente, realçou os progressos registados na saúde materna e infantil em África e apontou Angola como exemplo, onde a mortalidade materna baixou consideravelmente, passando de uma proporção de 1.400 por cada 100.000 nados vivos, em 2001, para os actuais 450 por 100.000.

A mortalidade infantil em menores de um ano, apresentou uma razão de 116 por cada 1.000 nados vivos.

Manuel Vicente discursou ontem na abertura da primeira reunião dos ministros africanos da Saúde, que termina hoje em Luanda, na presença do Vice-Presidente da República das Comores e do director regional para África da Organização Mundial da Saúde, Luís Gomes Sambo.

Manuel Vicente reforçou que a melhoria dos indicadores da mortalidade materna e infantil na região é uma realidade, mas o grande objectivo é extinguir em África os óbitos evitáveis. Manuel Vicente disse que, no que concerne à saúde infantil, Angola continua livre da pólio há mais de 28 meses, tendo consolidado a imunidade das suas crianças menores de cinco anos com campanhas nacionais periódicas e de rotina contra a poliomielite.

O vice-presidente pediu aos líderes africanos para unirem esforços e exigirem mais de si para a segurança e melhoria da qualidade dos produtos consumidos, principalmente os medicamentos. Por isso, garantiu o apoio do Executivo no processo de monitorização da qualidade de todos os medicamentos e meios de diagnóstico a utilizar no continente, sejam produzidos em África ou importados.

O Vice-Presidente da República manifestou a pretensão de Angola albergar o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças de África que vai permitir um trabalho conjunto entre os vários centros de excelência de países africanos e de outros continentes.

Manuel Vicente referiu que falar de saúde em África é abordar a situação actual dos africanos e do futuro que “desejamos para as gerações vindouras e para as infra-estruturas da saúde”.

O dia de hoje entra para a História de África e em particular de Angola tendo em conta que é a primeira vez que a reunião dos ministros africanos da saúde se reúne conjuntamente com a OMS e União Africana e tem como palco a cidade de Luanda.

O Vice-Presidente da República disse que a guerra civil criou atrasos consideráveis no processo de desenvolvimento causando um milhão de mortos, milhares de mutilados e órfãos, milhões de deslocados e uma ferida profunda na saúde pública dos angolanos.

Danos irremediáveis

Manuel Vicente apelou à intervenção de todos os participantes no encontro “para que juntemos esforços, que permitam solucionar de modo permanente os confrontos armados no nosso continente, pois é inegável o facto de que danos humanos e económicos causados pelos conflitos são irremediáveis”.

As epidemias e outras urgências de saúde pública que o continente vive, “têm os dias contados com a conclusão desta reunião tendo em conta que daqui sairemos com estratégias bem delineadas para a alteração do actual quadro, pois temos presente a capacidade técnica e a vontade de mudança que nos guia, ao traçarmos de mãos dadas as primeiras linhas rumo à universalização da cobertura sanitária em África”.

Com o conhecimento das reais necessidades de recursos humanos, infra-estruturas de formação e de serviços médicos “vamos conseguir definir as diferentes etapas de execução ou revitalização de programas dos cuidados de saúde em Africa com equipas locais e apoiados por países parceiros conscientes do seu papel de partilha de conhecimentos”, disse Manuel Vicente.

Em Angola, o plano de desenvolvimento sanitário definiu a descentralização do financiamento dos serviços de saúde e a municipalização da gestão dos serviços com o objectivo de chegar mais perto do utente. Manuel Vicente referiu que para este ano, no âmbito da municipalização dos serviços de saúde relativamente à luta contra a Sida, é concluído o plano de eliminação da transmissão de mãe para filho. 

Os serviços de prevenção da transmissão vertical e de tratamento são integrados no programa de atenção materna e cuidados primários de saúde.

Luta contra a Ébola

O director regional da OMS para África, Luís Gomes Sambo, considerou a reunião ministerial importante, tendo em conta que é a primeira vez que se realiza desde a criação da União Africa e da OMS: “a presença de todos é de importância primordial visto que o continente africano acelera a sua marcha para o desenvolvimento económico e social”.

Luís Gomes Sambo disse que “a nova plataforma vai gerar novas sinergias entre os principais autores do desenvolvimento sanitário em África”. A cooperação técnica entre os parceiros é muito importante e deve melhorar a compreensão dos problemas comuns de saúde pública e produzir soluções inovadoras e sustentáveis, “para que enfrentemos com optimismo alguns desafios complexos que continuam a comprometer os desempenhos dos serviços de saúde e a qualidade dos indicadores de saúde em África”.

O director regional da Organização Mundial da Saúde para a África realçou que as infra-estruturas de saúde da maior parte dos países africanos continuam a precisar de reforços em termos de capacidade humana, material e financeira para colmatar as lacunas que persistem na cobertura universal dos cuidados de saúde. E encorajou todos os ministros a reforçarem os sistemas de alerta e aplicarem as disposições pertinentes do regulamento sanitário.

Foto: Kindala Manuel

Sem comentários:

Mais lidas da semana