terça-feira, 15 de outubro de 2013

Brasil: BANQUEIROS BABAM COM DISRUPTURA DE MARINA

 


Saul Leblon – Carta Maior, editorial
 
Marina Silva sentou-se à direita da santíssima trindade dos mercados. Em amigável périplo pela mídia, a ex-senadora se declara uma convicta defensora do sacrossanto ‘tripé’. Que vem a ser uma espécie de enforcador à distância. Sendo o pescoço, a sociedade. E os mercados, a mão que controla a correia.

A coleira dentada permite que o dinheiro grosso submeta governos, partidos e demais instâncias sociais a um comando de desempenho monitorado por três variáveis.

A saber:

I) regime de metas de inflação, ancorado no chicote dos juros ‘teatrais’, se necessários, assevera Marina em flerte com o ‘choque’ monetarista;

II) câmbio livre, leia-se, nenhum aroma de controle de capitais; vivemos, afinal, em um período de pouca volatilidade e incerteza global... e

III) o superávit ‘cheio’ – o nome honesto disso, convenhamos, é arrocho fiscal: corte de investimentos públicos estratégicos para garantir o prato de lentilhas dos rentistas.

Marina descobriu que quando abre a boca encanta os banqueiros. Mas começa a ter dificuldade com o vocabulário.

Como exprimir o que se propõe a fazer no Brasil sem colidir com as boas intenções de seus apoiadores?

Ao jornal Valor Econômico, que lhe ofereceu uma página nesta 2ª feira, a parceira de Eduardo Campos defende uma ‘disruptura’. Que diabo ela quer dizer com isso?

Marina quer dizer a mesma coisa que o Globo disse sábado, em manchete garrafal: ‘PSDB melhorou serviços e PT reduziu desigualdade’. Ou seja, o passado passou. Cada um fez o que pode.

Agora é olhar para frente, juntar o que presta e descartar o resto. O nome da travessia, ensaia o Globo, é Campos/Marina. Ou ‘disruptura’, arrisca a sedutora ex-senadora.

Vamos abstrair do interior da palavra ‘serviços’ detalhes que agridem a apaziguadora manchete do Globo. Por exemplo, o ‘apagão’ de 2001. Ao custo de 2% do PIB, ele promoveria um corte de 20% do serviço de energia elétrica oferecido aos brasileiros. Que, todavia, pagaram pelo serviço não prestado.

Outra dissonância entre a história vivida pela população e o jornalismo Globo: a área sofrível do saneamento básico. No ano passado, o Brasil aplicou R$ 8,3 bi na expansão desse serviço . É pouco. A média necessária para universalizar o acesso em 20 anos seria da ordem de R$ 20 bi ao ano.

Ainda assim representa dez vezes mais o valor destinado há uma década, quando, segundo o Globo, tivemos um ciclo de fastígio nos serviços.

Marina passa ao largo dessas miudezas.

“ Como eu e Eduardo reconhecemos tanto as coisas boas do governo do PT e do PSDB, talvez sejamos a esperança de provocar uma "disruptura".

Ei-la, nesta 2ª feira, em bate bola afinado com a manchete do domingo. Nas palavras da ex-senadora, trata-se agora de buscar ‘uma agenda que não mude porque mudou o governo’. Escavar um fosso entre a representação política da sociedade e o poder efetivo sobre o seu destino , é tudo o que as plutocracias almejam, urbi et orbi.

Se alguém trata isso com leveza e sedução, como resistir?

‘Impressionante’ ; ‘cativante’, disseram clientes endinheirados do Credit Suisse , banco que patrocinou um encontro a portas-fechadas com a ex-ministra na 6ª feira.

Há notável coerência entre desdenhar dos partidos e entregar o destino da sociedade a uma lógica que se avoca autossuficiente e autorregulável. Marina passeia por um Brasil plano. Mas o mundo não é plano. E o relevo econômico do Brasil inclui-se entre as encostas mais acidentadas pela ação secular de predadores, ora cativados pela ex-ministra.

Os ouvidos para os quais as vozes de Marina, Campos e Aécio soam como música –assim como soava a de Palocci, em 2003-- sabem que drenar R$ 223 bilhões em juros de um organismo social marcado por carências latejantes de serviços e infraestrutura não é sustentável.

O valor refere-se ao total das despesas com juros da dívida pública (nas três esferas da federação) pagos em 12 meses até outubro. Representa uns 5% do PIB. Mais de dez vezes o custo do Bolsa Família, programa que beneficias 14 milhões de famílias, 55 milhões de pessoas.

Ou quatro vezes o que supostamente custaria a implantação da tarifa zero no transporte coletivo das grandes cidades brasileiras. Ou ainda dezoito vezes mais o que o programa ‘Mais Médicos’ deve investir até 2014, sendo: R$ 2,8 bilhões para construir 16 mil Unidades Básicas de Saúde e equipar 5 mil unidades; ademais de R$ 3,2 bilhões para obras em 818 hospitais e aquisição de equipamentos para outros 2,5 mil, além de R$ 1,4 bilhão para obras em 877 Unidades de Pronto Atendimento.

Repita-se: daria para fazer isso 18 vezes com o valor destinado ao rentismo em um ano.

Não serve de consolo dizer que no final do governo FHC gastava-se quase 10% do PIB com juros. O investimento público direto da União em logística e infraestrutura social era um traço. Agora oscila em torno de 1% (descontado o Minha Casa).

Muito distante do desejável para uma sociedade que atingiu o ponto de saturação na convivência com serviços insuficientes e de baixa qualidade. O ponto é: como Marina que supostamente herdou os votos dessa insatisfação, pretende lidar com assimetrias descomunais, apoiada na defesa algo deslumbrada, tosca e jejuna, do ‘tripé’?

“Se o tripé ficou comprometido, é preciso restaurá-lo”, sentenciou quase blasé aos clientes embasbacados do Credit Suisse. Ao abraçar a utopia neoliberal Marina aspira ser uma pluma imune ao atrito que contrapõe os interesses populares aos da elite brasileira. Exerce na verdade o surrado papel da bigorna histórica, sobre a qual amplos interesses são submetidos aos golpes da marreta impiedosa do dinheiro.

Para isso está sendo cevada. Ao que parece, tomou gosto pela ração. E já ensaia comer sozinha.

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Chicoti: Ministro angolano diz que Portugal deve esforçar-se para melhorar relações

 

Jornal i - Lusa
 
Chicoti referiu também que a cimeira entre os dois países, inicialmente prevista para o final deste ano, vai realizar-se em 2014
 
O ministro das Relações Exteriores angolano, Georges Chicoti, declarou hoje que Portugal deve esforçar-se para melhorar as relações com Angola, afirmando existirem dificuldades que impedem o estabelecimento de parcerias estratégicas.
 
Citado pela agência Angop, o chefe da diplomacia angolana falava depois de o Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, ter anunciado, em Luanda, o fim da parceria estratégica com Portugal, durante o discurso sobre o estado da Nação.
 
Para o ministro, as relações com Portugal poderiam ser melhores, mas têm surgido dificuldades que impedem o estabelecimento de relações estratégicas.
 
"Só com Portugal, as coisas não estão bem. Têm surgido incompreensões ao nível da cúpula e o clima político atual, reinante nessa relação, não aconselha à construção da parceria estratégica antes anunciada", disse hoje José Eduardo Santos.
 
Chicoti referiu também que a cimeira entre os dois países, inicialmente prevista para o final deste ano, vai realizar-se em 2014.
 
No final da semana passada, o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação português, Luís Campos Ferreira, anunciou em Luanda que a primeira Cimeira Portugal-Angola deverá realizar-se nos primeiros dias de fevereiro de 2014, na capital angolana.
 

Angola: FOME DE MILHÕES ENCHE A BARRIGA DE UNS POUCOS COM MILHÕES DE DÓLARES

 

Folha 8 – edição 12 outubro 2013
 
A situação de fome no mundo preocupa, pelo menos em tese, muito boa gente. Represen­tantes de 175 países chegaram à conclu­são endémica de que existem pelo menos 842 milhões de pessoas afectadas pela desnutrição, sendo os casos de Angola e Guiné­-Bissau preocupantes.
 
Existem, todavia, alguns bons exem­plos entre os países que se entendem em português. As políticas e estra­tégias de combate à fome em São Tomé e Príncipe e Cabo Verde são casos de sucesso, segundo os espe­cialistas, a levar em conta, pesem as dificuldades que enfrentam, nomea­damente a falta de água no caso cabo­-verdiano.
 
O embaixador de Cabo Verde na Agência das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), Manuel Amante da Rosa, afirma pe­remptoriamente que falar de fome em Cabo Verde é um “exagero”. Explica que “existe fome, mas não aquela situação dramática que, tan­tas e tantas vezes, se encontra nou­tros países”.
 
O diplomata cabo-verdiano expli­ca que, por exemplo, o Governo do seu país tem dedicado esforços para garantir o desenvolvimento rural, mostrando-se optimista quanto às boas colheitas que, ano após ano, o país vai conseguindo.
 
Recentemente mais de 40 minis­tros da Agricultura reuniram-se, na sede da FAO, no âmbito do Comité Mundial de Segurança Alimentar, para analisar este drama. Parecendo pouco preocupados com a questão, a Guiné-Bissau esteve ausente e An­gola e Moçambique marcaram pre­sença embora sem figuras de alto nível.
 
De acordo com o relatório sobre a fome no mundo publicado na última semana pela FAO, Angola caminha para o cumprimento das metas de Desenvolvimento do Milénio no que concerne à redução da fome para metade até 2015. Todavia, entre 2011 e 2013, quase cinco milhões de ango­lanos passaram ou passam fome, ou seja, quase 25% da população. Tal­vez por isso o Governo continue a investir no supérfluo e a esquecer o essencial. A situação no nosso país é particularmente drástica nas provín­cias do sul, onde a população sente os efeitos da seca que começou em 2011, embora tenha sido compen­sada com a realização este ano do Campeonato do Mundo de Hóquei em Patins.
 
Um dos representantes de Angola na FAO, Manuel Nascimento, não quis falar para a situação, mas sem­pre atribuiu a situação de calami­dade aos efeitos naturais. Se tivesse auscultado os seus superiores po­deria, certamente, atribuir também responsabilidade mais imediatas à Oposição política interna e, mais distante, às políticas colonialistas de Portugal.
 
Na província do Cunene, uma das zonas mais atingidas pela seca, o governador provincial, António Di­dalelwa, afirma que se está a atra­vessar a estiagem mais dura dos últimos 25 anos na região, acrescen­tando que a seca está a afectar igual­mente mais de 2 milhões de cabeças de gado e que morrem em média 30 por dia.
 
Segundo António Didalelwa, a si­tuação tem sido minimizada graças às doações do Governo, de orga­nizações não-governamentais e de pessoas singulares. “Graças a isto, até aqui ainda não morreu ninguém, mas os bois estão a morrer”, afir­mou. Apesar de insuficiente, An­tónio Didalelewa agradece o apoio que têm recebido porque caso con­trário a gravidade da situação já te­ria feito vítimas mortais na provín­cia do Cunene.
 
Face a esta situação, o Governador conta que as populações têm aban­donado as zonas de residência para tentar escapar à dura estiagem: “É uma situação que nos preocupa bas­tante, porque as famílias, nomeada­mente as que criam gado, deixaram as suas casas”.
 
A situação está a tornar-se de tal modo alarmante que, por exemplo, a UNICEF já lançou um apelo de aju­da ao combate dos efeitos da seca em Angola. Segundo o vice-direc­tor da Cáritas, em Luanda, Eusébio Amarante, pelo menos dois milhões de pessoas estão a passar fome nas províncias sul.
 
“Eu acho que se o Governo se em­penhar pode fazer muito mais” rei­tera Eusébio Amarante, adiantando que as organizações humanitárias em Angola definiram como neces­sidades de primeira-mão “a fuba, o arroz, o óleo, o sabão e a água”. Estes são os bens essenciais “para ajudar as pessoas que estão a passar fome nas zonas rurais”, explica o respon­sável da Cáritas, num retrato que deveria envergonhar o regime.
 
Moçambique, por outro lado, encon­tra-se numa situação de estagnação na luta contra a fome. Se o quadro persistir não deve atingir a meta de reduzir a fome para metade até 2015. Segundo a FAO, actualmente 9 milhões de moçambicanos passam fome e isso representa quase 37% da população. Situação que piorou des­de o início da recolha dos dados, em 1990.
 
Quanto à Guiné-Bissau, a situação de fome no sul do país relatada pela FAO não pode ser verificada, uma vez que o país não enviou repre­sentantes para a reunião do Comité Mundial de Segurança Alimentar, em Roma que aconteceu no início deste mês.
 

Angola: JUSTIÇA DISCRIMINATÓRIA PROTEGE OS RICOS

 


QUEM COMETE CRIMES E É FILHO DO REGIME NÃO É CONDENADO
 
William Tonet – Folha 8 – edição 12 outubro 2013
 
A segurado­ra AAA, que surgiu como um monstro no ramo dos seguros e resseguros, foi à falência devido não só à má gestão atribuída ao seu presidente do Conselho de Adminis­tração, o economista São Vicente, culminado com o desemprego de mais de um milhar de trabalha­dores, como também por outros motivos “Emepeliá­rios” recorrentes.
 
Ao que parece, o busílis da questão foi uma zanga entre comadres, quando o principal cliente-investi­dor, SONANGOL, através do seu presidente, decidiu bater com a porta, dei­xando o economista São Vicente com as calças nas mãos, assistindo, “pávido e insereno”, ao esvair da sua imperial utopia.
 
E, como é de utopia que estamos a falar, socorri­-me de um especialista na matéria, o meu compa­nheiro e amigo do peito, António Setas, para subsí­dios sobre a psique deste economista, cujo “des­mérito” foi arrastar para a lama milhares de famílias e uma empresa, sem que lhe sejam assacadas res­ponsabilidades, pela única razão e mérito de andar mancomunado com o re­gime, sendo um dos bene­ficiários do lema “jobs for the boys”.
 
Mas vamos ao que inte­ressa, na forma megaló­mana do pensamento do economista São Vicente.
 
Recordemo-nos do mag­nífico monumento edito­rial publicado pela Fun­dação Agostinho Neto, intitulado “Agostinho Neto e a liderança da luta pela independência de Angola 1945-1975”, que se apresenta a público sob forma de uma colectânea em cinco volumes, alguns dos quais com mais de 900 páginas preenchi­das com documentos da PIDE/DGS e que mere­ceu da parte desse escri­tor, pensador, colunista e homem de negócios, São Vicente, um prefácio que ele próprio classificou de «versão parcial, resumi­da e compacta para servir de introdução à presente colectânea (…)». Ao que ele acresce, «A versão completa, com fotografias, será publicada brevemen­te em livro com o mesmo título, “Agostinho Neto e a liderança da luta pela independência de Angola 1945-1975».
 
O “monumento” em si, tem no total mais de 4 mil páginas, das quais 465 são consagradas a essa dita introdução, que, de facto, é muito mais do que isso. A ela, sem qualquer for­ma de transição, segue-se a exposição pura e sim­ples, sem comentários nem adendas, de todos os documentos oriundos da PIDE/DGS e encontra­dos até hoje na Torre do Tombo em Lisboa, Portu­gal, relacionados com as actividades de naciona­lista atribuídas a António Agostinho Neto.
 
Eis uma primeira surpre­sa, uma introdução com mais de 400 páginas!
 
Outra enorme surpresa, no entanto, apresenta­-se antes, na introdução à obra, feita pelo próprio punho da senhora Eugé­nia Neto, “presidenta” da Fundação Agostinho Neto e ex-esposa do presidente Agostinho Neto.
 
No último parágrafo da segunda página da referi­da apresentação, a Senho­ra Eugénia Neto escreve uma frase que, tomada por ter sido voluntária, deno­ta grande coragem da sua parte, na medida em que se inscreve em contramão a todas as teorias dos his­toriadores oficiais do Mo­vimento Popular de Liber­tação de Angola (MPLA).
 
Atentemos à sua revela­ção: “Parte para Luanda (Agostinho Neto) em 1959 e aí chega em finais do mês de Dezembro comigo e com o filhinho de dias. Abre consultório médico e inicia também o trabalho político de aglomerar to­dos os grupos nacionalis­tas num só movimento, a que se deu posteriormen­te o nome de Movimen­to Popular de Libertação de Angola. Foi eleito seu presidente, lugar que não chegou a ocupar por ter sido preso a 8 de Junho de 1960 pelo próprio director da PIDE”.
 
Isto quando foge a boca pra verdade é um proble­ma levado da breca…
 
Ao escrever o que aqui transcrevi, Eugénia Neto confirma simplificadamen­te e em linha recta, que a propagada data de funda­ção do MPLA, tida como sendo o 10 de Dezembro de 1956, não passa de uma efeméride simbólica que nada tem a ver com factos, do mesmo modo que o dia 25 de Dezembro celebra simbolicamente a nascen­ça de Jesus Cristo.
 
Seja dito aqui e agora que São Vicente, mais adiante no seu texto de “introdu­ção” (!?), abunda igual­mente numa argumen­tação que desmistifica a data tradicional de funda­ção do MPLA. A História de Angola agradece.
 
No que toca ao extenso texto que serve de intro­dução a esta magnífica colectânea – a mania das grandezas deste passa­geiro regime -, à parte o facto de a sua exagerada extensão denotar alguma ambição de levar para o cunho pessoal a autoria de um trabalho de História e não um prefácio, ou seja, aquilo que ele próprio classificou de «versão par­cial, resumida e compacta para servir de introdução à presente colectânea (…)» apresenta-se, ademais, com a ameaça de vir a ser a breve trecho completa­do e seguramente aumen­tado, o que nos levará a um “prefácio” de 500 ou 600 páginas, quiçá 700 ou mesmo mil, se se lhe juntarem as anunciadas fotografias, aberração que escapa a todas as normas e entra de rompante no clube de tudo aquilo que é atípico e quase sempre es­trambólico em Angola!
 
Estamos em crer que São Vicente avançou nesta empreitada, talvez, preso pela falta de tempo. Não teria tido tempo de rever o seu manuscrito numa leitura mais atenta, o que lhe teria dado a descobrir um certo número de apro­ximações, gralhas e mes­mo erros que poderiam ter sido evitados facilmen­te. Por outra, o seu texto logo de entrada afasta-se e muito de uma obra de his­toriador, para enveredar alegremente pela prosa panegírica e descritiva.
 
Portanto, aqui chegados, forçados somos a cons­tatar que o tipo de abor­dagem optada por São Vicente para apresentar uma resenha de docu­mentos relacionados com a actividade de agitador social e de líder atribuí­da a António Agostinho Neto, enquanto estudante agregado ao MUD (orga­nização ligada ao Partido Comunista de Portugal), nacionalista, em seguida guerrilheiro, militante e, finalmente, presidente de um movimento de liber­tação, por um lado dificil­mente pode ser cataloga­do de prefácio, dada a sua exageradíssima extensão de mais de 400 páginas, por outro, também não será nada cómodo inseri­-lo na categoria de texto histórico e para isso bas­ta ler a primeira página na qual podemos ler ex­pressões e frases como, “Agostinho Neto é a maior e mais importante figura da história angolana da 2ª metade do século XX”, “A independência era um objectivo épico (…)”, “E tornou-se o gigante ango­lano da história africana”, que distanciam São Vicen­te do patamar de equidade e rigor mínimos exigidos a um historiador.
 
Vai de si que o seu posi­cionamento se compreen­de, dada a sua origem e militância política, mas quem sofre é a credibili­dade do texto das mais de 400 páginas restantes que se seguirão a esta entrada em matéria, claramen­te compreensível, mas, a meu ver, partidária.
 
Definitivamente o homem gosta de projectos mega­lómanos, principalmente, quando o dinheiro é dos outros.
 
E depois se esfumam com um simples estalar de de­dos.
 

PRESIDENTE ANGOLANO ANUNCIA FIM DA PARCERIA ESTRATÉGICA COM PORTUGAL

 


O Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, anunciou hoje em Luanda o fim da parceria estratégica com Portugal, durante o discurso sobre o estado da Nação, na Assembleia Nacional de Angola.
 
"Só com Portugal, as coisas não estão bem. Têm surgido incompreensões ao nível da cúpula e o clima político atual, reinante nessa relação, não aconselha à construção da parceria estratégica antes anunciada", disse José Eduardo dos Santos.

Portugal e Angola tinham previsto realizar, em Luanda, em fevereiro do próximo ano, a primeira cimeira bilateral, cuja realização foi anunciada em fevereiro passado pelo então ministro dos Negócios Estrangeiros português, Paulo Portas. Segundo fontes do Governo angolano contactadas pelo correspondente da RTP em Luanda, Paulo Catarro, esta cimeira deverá ser cancelada.
 
RTP - Lusa
 

Portugal: COMO ESTE GOVERNO AJUDA OS DESVALIDOS

 


Pedro Tadeu – Diário de Notícias, opinião
 
Pois este prestimoso Governo não se limita a cortar salários na função pública, a diminuir pensões e reformas a velhos e viúvos, a recrear impostos brutais sobre quem trabalha, a transformar o subsídio de férias e de Natal numa inexistência.
 
Este diligente Governo também quer ser amigo dos desvalidos e, por isso, traduz a raiva popular contra o poder num corte de 15% sobre as subvenções vitalícias de políticos desativados.
 
O Partido Popular do vice-primeiro-ministro Paulo Portas quis até mais: acabar com esse luxo que dá a 400 políticos uma média de 2300 euros mensais e que custa ao povo 9 milhões de euros por ano.
 
Parece uma reinterpretação da luta de classes: de um lado empresários e trabalhadores produzem riqueza, do outro pensionistas e políticos caducos aproveitam... Bom, não é bem marxismo, reconheço, é mais uma fábula da formiga e da cigarra escrita por um La Fontaine a tomar-nos por estúpidos - afinal a moral da história é empresários, trabalhadores, pensionistas e políticos na penumbra acabarem, todos, a pagar para o mesmo desatino sôfrego da troika.
 
Voltando ao princípio: este prolífico Governo não emite apenas leis para o comboio direto ao chumbo no Palácio Ratton, numa viagem incessante à procura do terminal "Morte da Lei Fundamental", para alegria do senhor Barroso e da senhora Lagarde, as últimas autodeclaradas vítimas da Constituição de 1975, extenuadamente revista sete vezes (sim, sete!) pelo centrão PS/PSD/CDS.
 
Este Governo vai também para além do esbulho generalizado e do populismo embaraçoso. Este Governo, repito, quer ser amigo dos desvalidos. A sério. E, por isso, criou uma medida genuína de tentativa de resolução dos problemas reais das pessoas.
 
Não estou a referir-me ao Orçamento do Estado para 2014, não. Também não estou a pensar na baixa do IRC...
 
Estou a pensar no programa de proteção das famílias incapazes de cumprirem o plano de pagamentos do seu crédito à habitação. Em novembro do ano passado entrou em vigor, pomposamente, a possibilidade de quem estivesse em atraso nas prestações poder renegociar o empréstimo em condições mais favoráveis.
 
Uma solução eficaz nesta área, diga-se, interessa particularmente aos bancos, pois andam a somar valores cada vez mais astronómicos em crédito malparado e isso, por este andar, ainda acaba numa tragédia.
 
A essa generosa medida, relatou ontem o Banco de Portugal, candidataram-se 1318 famílias e, no final do processo burocrático, foram aceites e beneficiaram dela 84 agregados... Sim, não estou a inventar, apenas oitenta e quatro, isto é, só 6,3% dos pedidos!!
 
...Estão, portanto, a gozar connosco.
 
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Hannah Arendt, por Mário Soares
 

Portugal – CGTP. MACEDO E PIRES DE LIMA PROIBIRAM MANIFESTAÇÃO NA SEXTA-FEIRA

 


Luís Rosa e Carlos Diogo Santos – Jornal i
 
Ministro da Administração Interna vai hoje ao Parlamento explicar por que razão não autorizou manifestação que CGTP não desiste
 
A CGTP sabe desde 6.ª feira que o Ministério da Administração Interna e o Ministério da Economia não autorizam a realização da manifestação na ponte 25 de Abril no próximo dia 19 de Outubro. O ministro Miguel Macedo informou nesse dia Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP, da decisão tomada em conjunto com o ministro da Economia (que tutela a Estradas de Portugal, responsável pela gestão da ponte), fundamentando-a com três pareceres de segurança que recebeu do Conselho de Segurança da ponte 25 de Abril, da PSP e da Lusoponte. A mesma informação foi repetida ontem a Arménio Carlos numa reunião pedida por aquela central sindical afecta ao PCP.
 
Apesar disso, a CGTP continua a mobilizar os seus sindicatos para a concentração na praça da portagem no dia 19, tendo Arménio Carlos confirmado ontem que a CGTP mantém a intenção de realizar a manifestação na ponte que liga Almada a Lisboa. O secretário-geral da CGTP diz que nunca foi informado por Miguel Macedo sobre a proibição, informação que é desmentida pelo Ministério da Administração Interna ao i.
 
Na reunião ocorrida no último dia útil da semana passada, Miguel Macedo propôs à CGTP que a manifestação se verificasse, em alternativa, na ponte Vasco da Gama. Ouvido o órgão executivo da CGTP, Arménio Carlos recusou logo publicamente na própria 6.ª feira a utilização na ponte Vasco da Gama, onde, segundo a PSP, a manifestação pode ocorrer sem problemas de segurança. Ontem informou formalmente o ministro Miguel Macedo disso mesmo e insistiu na utilização da ponte 25 de Abril.
 
Minutos depois foi a vez do ministro Miguel Macedo, numa conferência de imprensa, dizer que o dever do governo é respeitar os pareceres negativos das autoridades competentes e lembrar que “a CGTP só não usa [a Ponte Vasco da Gama], se não quiser. Na conferencia de imprensa que marcou para depois da reunião, o ministro Miguel Macedo começou por dizer que já havia comunicado na semana passada à CGTP a impossibilidade de a manifestação acontecer no tabuleiro da Ponte 25 de Abril e que se tratava de “uma proibição exclusivamente ditada por razões e segurança”.
 
Sobre isso, Macedo lembra que não se podem ignorar “três pareceres técnicos sobre segurança das entidades”, adiantando que as mesmas entidades não se opuseram à realização na Ponte Vasco da Gama, local sugerido pelo governo.
 
O ministro dirigiu-se aos portugueses frisando que “em causa não está o direito à manifestação”, mas sim a conciliação do “direito à manifestação com o direito à segurança”.
 
A ponte Vasco da Gama, contudo, não é bem vista pela Intersindical. “A sugestão apresentada pelo Ministério no fim de semana era a ponte Vasco da Gama, mas nós não queremos fazer a meia-maratona”, disse ontem Arménio Carlos aos jornalistas, explicando que nunca foi dito à CGTP que seria proibida a manifestação na ponte 25 de Abril.
 
“Continuamos a apelar a todos para participarem no protesto marcado para o dia 19”, insistiu.
 
Ontem, logo após a reunião – de mais de uma hora - o secretário-geral da Intersindical aproveitou ainda para afirmar que está disponível para deixar livres as duas faixas laterais da ponte para a circulação de viaturas de emergência e assegurar um cordão humano para enquadrar os manifestantes, de modo a que o desfile decorra ordeiramente.
 
Reunião com a PSP Arménio Carlos afirmou também que tem uma reunião marcada com estruturas da PSP na quarta-feira de manhã “para encontrar soluções” para as questões de segurança. Ao que o i apurou junto de fontes do Ministério da Administração Interna, Miguel Macedo desconhecia a existência dessa reunião, tendo já confrontado o director nacional da PSP, superintendente Paulo Valente Gomes, com a informação prestada por Arménio Carlos de que a reunião iria ocorrer a pedido da polícia. Segundo as mesmas fontes, é pouco provável que a reunião da PSP com a CGTP venha a ocorrer depois de ser conhecida publicamente a decisão do governo de proibir a manifestação.
 
Até lá, o ministro disse esperar que prevaleça o bom senso: “É uma questão de bom senso e o Governo espera que o bom senso venha a prevalecer.”
 
Leia a declaração na íntegra do ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, sobre a manifestação da CGTP, no ficheiro em anexo.
 
Ficheiros Anexos em Jornal i
 

Portugal: UGT desconfia da resistência do Governo à marcha na ponte 25 de Abril

 

TSF
 
O líder da UGT suspeita que o Governo tenha motivações políticas para impedir a marcha na ponte 25 de Abril. Carlos Silva entende que a CGTP já deu garantias suficientes de segurança.
 
Carlos Silva disse esta manhã à TSF que a UGT não vai participar da marcha organizada pela CGTP, mas considera que estão asseguradas todas as condições para que a intersindical exerça o direito à manifestação.
 
«Na minha opinião, a CGTP já garantiu as medidas de segurança necessárias e também tentou articular-se com as forças de segurança para garantir a travessia da ponte nas melhores condições», afirmou.
 
Para o secretário-geral da UGT, o «Governo devia ponderar muito bem qual a posição definitiva que deve ter em relação a esta matéria».
 
Carlos Silva, em função da resistência do Governo, admite ainda que partilha da suspeita já expressa pela CGTP de que o Executivo quer é evitar o impacto que um protesto com estas características.
 
«Não há dúvida que a ponte 25 de Abril tem um forte simbolismo. Lembro que nos tempos em que Cavaco Silva era primeiro-ministro, foi na ponte 25 de Abril que começaram alguns protestos que acabaram num ato eleitoral. (...)Julgo que esta é uma medida política», conclui.
 
Ontem, o ministro da Administração Interna reafirmou que não podem ser ignorados os pareceres técnicos negativos sobre a realização de uma manifestação da CGTP na ponte 25 de Abril.
 
Questionado pelos jornalistas, Miguel Macedo não esclareceu, no entanto, se proíbe a marcha em definitivo.
 
Leia mais em TSF
 

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