quarta-feira, 8 de maio de 2013

ECONOMISTAS EXIGEM EM MANIFESTO RUTURA COM EUROLIBERALISMO




"O que fazer quanto à dívida e ao euro?" – pergunta o manifesto lançado por economistas da esquerda europeia que defendem uma alternativa política ao afundamento da Europa sob a pressão da austeridade. Francisco Louçã, Michel Husson, Mariana Mortágua e Eric Toussaint são alguns dos subscritores deste manifesto.

Esquerda.net - Carta Maior

"A saída do euro não é uma garantia de ruptura com o “euroliberalismo”, dizem os subscritores de manifesto recém-lançado que trata do tema. Este grupo de economistas, entre eles Francisco Louçã, Michel Husson, Mariana Mortágua e Eric Toussaint, constata que há hoje um "consenso alargado" a defender que "a austeridade fiscal não reduz o fardo da dívida, gerando antes uma espiral de depressão, mais desemprego e desespero entre os povos da Europa". 

Mas estas políticas de austeridade "são racionais do ponto de vista da burguesia", explicam na abertura deste manifesto, considerando-as "uma forma brutal de terapia de choque para restaurar os lucros, garantir os rendimentos financeiros e implementar as contrarreformas neoliberais".

O manifesto defende uma "corajosa refundação da Europa", mas rejeita a "falsa dicotomia" entre "uma saída 'arriscada' da zona euro e uma utópica harmonização europeia que resulte da luta dos trabalhadores". A estratégia política a seguir deverá ser a criação de uma maioria para um governo de esquerda "capaz de se livrar deste colete de forças" que é a austeridade resultante da nacionalização das dívidas privadas. 

O texto desenvolve as propostas para responder aos problemas imediatos de um governo de esquerda no momento atual na Europa: como financiar o défice público fora dos mercados financeiros, como obter o controle do crédito e como cancelar a dívida ilegítima. 

Sobre o problema da dívida, os autores identificam as duas alternativas de longo prazo: "ou uma austeridade fiscal eterna ou uma política de cancelamento da dívida e uma moratória imediata da dívida pública", com a realização da necessária auditoria para quantificar as benesses fiscais dadas a quem vive dos rendimentos, a evasão fiscal, os resgates dos bancos ou o efeito de bola de neve criado pelos juros da dívida.

Os economistas defendem que a saída do euro não pode ser nem um tabu nem o ponto de partida para um governo de esquerda. E dão quatro argumentos para rejeitar a defesa da saída do euro como proposta política no momento atual: a soberania não seria reposta com a nova moeda a ficar à mercê dos especuladores; a dívida aumentaria com a provável nacionalização da banca para evitar a bancarrota, já que as dívidas privadas se manteriam em euros; a inflação e o aumento das taxas de juro provocariam mais desigualdade; e sendo uma proposta de desvalorização competitiva, acaba por abandonar a estratégia de uma luta europeia conjunta contra a austeridade.

"Continuar a luta sem propor a saída do euro e da União Europeia como alternativa, aumenta a área de manobra e negociação de um governo de esquerda, bem como as probabilidades de alastrar a resistência a outros países da União", defendem os subscritores, preferindo uma estratégia "progressista e internacionalista por oposição a ser isolacionista e nacional".

Os economistas apontam que "a ameaça da saída do euro não é de excluir como opção viável" e reconhecem que "a refundação da Europa não pode ser a pré-condição para a implementação de uma política alternativa". Admitem ainda que "as eventuais medidas retaliatórias contra um governo de esquerda devem ser neutralizadas através de contra-medidas que efetivamente recorram a políticas protecionistas se necessário", mas leem a expressão 'protecionismo' não no sentido mais comum da proteção dos interesses do capitalismo nacional em competição com outros países, mas sim da defesa duma "transformação social proveniente do povo".

A lógica deste “protecionismo por extensão” será a de "desaparecer tão cedo quanto as medidas sociais para o emprego e contra a austeridade possam ser generalizadas através da Europa", uma vez construída a relação de forças "que possa desafiar as instituições europeias".

Desemprego entre os jovens europeus não descerá abaixo dos 17% antes de 2016



NATÁLIA FARIA - Público

Em Portugal, o desemprego já afecta mais de 35% dos jovens, segundo o relatório da Organização Internacional do Trabalho Uma Geração em Risco.

O desemprego jovem não descerá abaixo dos 17% antes de 2016 nos países desenvolvidos e na União Europeia. A previsão é da Organização Internacional do Trabalho (OIT), cujo relatório de 2013 sobre as tendências globais do desemprego volta a alertar para os riscos das actuais taxas de desemprego entre os jovens: a desconfiança no sistema social e político já presente nos protestos contra a austeridade em Portugal, Espanha e Grécia.

Sintomaticamente designado Uma Geração em Risco, o relatório de 161 páginas arranca com a sentença: “Não é fácil ser jovem no actual mercado de trabalho”. Percebe-se porquê: 73 milhões de jovens (15-24 anos de idade) em todo o mundo estão desempregados. Dá uma taxa global de 12,6%. Na soma da União Europeia e países desenvolvidos, o desemprego jovem aumentou 24,9% entre 2008 e 2012. Na prática, mais dois milhões de jovens ficaram desempregados. 

Actualmente, naquela região do globo, o desemprego afecta 18,1% dos jovens, a taxa mais alta dos últimos 20 anos. E mesmo entre os que trabalham, no que à Europa diz respeito, 25% fazem-no em regime de part-time forçado e 40,5% com contratos temporários.

Na análise dos diferentes países há, claro, fortíssimas disparidades a assinalar: entre os portugueses, a taxa de desemprego jovem já ultrapassa os 35%, segundo o relatório. Acima disso, só a Espanha e a Grécia (acima dos 50%).

De acordo com as projecções citadas pela OIT, a taxa de desemprego jovem “não descerá abaixo dos 17% antes de 2016” nos países desenvolvidos, União Europeia incluída. Não surpreende, por isso, que cada vez mais jovens estejam a desistir de procurar emprego. Se à taxa de desemprego somarmos aquilo a que a OIT chama “a taxa de desânimo”, o desemprego jovem no mundo desenvolvido sobe dos 18,1% para os 21,2%. 

As consequências a longo prazo serão tanto mais fundas quanto mais tempo durar esta crise de emprego entre os jovens. A OIT refere um estudo que demonstrou que, nos Estados Unidos, cada aumento de um ponto percentual na taxa de desemprego entre os jovens resultou numa diminuição de entre 6 a 7% na taxa de licenciatura.

UE – Desemprego Jovem: A CHAVE DO ÊXITO SINGULAR DA ALEMANHA





DIE WELT, BERLIM – Presseurop – imagem Martirena

Para os cinco milhões de jovens europeus desempregados, a Alemanha, onde a taxa de desemprego jovem é a mais baixa da Europa, parece uma terra prometida. Mas se o sistema dual de formação que está na base deste êxito se perfila como modelo para os países atingidos pela crise, o certo é que não é facilmente exportável.


Mais de 5,5 milhões de jovens europeus estão sem emprego. Nos países em crise do sul da Europa, uma geração está a crescer com poucas perspetivas: um em cada dois espanhóis e gregos com menos de 25 anos está desempregado, e um em cada três em Itália e Portugal.
Para eles, a Alemanha deve parecer uma ilha de bem-aventurados: o desemprego jovem fica abaixo dos 8%. Em nenhum dos restantes membros da União Europeia é tão baixo. Apenas a Áustria se lhe aproxima (8,9%).

“Como conseguem uma coisa dessas”, perguntam os nossos vizinhos europeus – e há mesmo quem se desloque à Alemanha para investigar o fenómeno. O que descobrem é o nosso sistema de formação profissional dual: estudar na escola (teoria) e fazer estágios (prática), em simultâneo e não de forma consecutiva. Para a maioria dos europeus, isso é uma novidade: estudo e trabalho, em vez de estudo e depois trabalho.

A Comissão Europeia elogiou o modelo alemão como forma de “assegurar a ausência de desemprego dos jovens e de falta de mão de obra qualificada”. Até o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, elogiou o modelo alemão, no seu discurso de 2013 sobre o Estado da União: “Hoje, países como a Alemanha apostam na formação dos seus alunos do ensino médio com o equivalente a um grau técnico de um dos nossos institutos comunitários, como forma de os preparar para exercer uma profissão.”

As opiniões demoram a mudar

Durante muito tempo, outros países criticaram esta abordagem alemã – a própria OCDE censurava-nos por termos muito poucos licenciados. Para muitos especialistas estrangeiros em Educação, os estudos universitários – licenciaturas, mestrados, doutorados – são a medida de todas as coisas. O Meister alemão (diploma técnico-profissional) é considerado um exotismo.

A formação prática é considerada vários furos abaixo da formação académica. Pôr a par um diploma de formação técnica com os estudos do secundário, ou considerar a certificação de meister em pé de igualdade com o mestrado universitário, é inconcebível para muitos europeus. Mas, lentamente, começa a correr mundo que a capacidade de inovação da indústria alemã – e o seu êxito, medido pelo sucesso dos seus produtos em todo o mundo – pode ter a ver com a sólida formação que os trabalhadores alemães recebem.

Mesmo dentro da Alemanha, há críticos ao sistema dual. Foi defendido que se trata de uma formação demasiado especializada, demasiado adaptada às necessidades específicas de determinados setores, e que o número de especialidades (mais de 300) por que os jovens podem optar demasiado vasta. Também foram levantadas dúvidas sobre se as qualificações do sistema dual conseguem acompanhar a evolução económica, na era da Internet.

Êxito de exportação

O sistema sofreu forte pressão há cerca de uma década, quando houve uma vaga de desemprego em massa na Alemanha e dezenas de milhares de jovens não conceguiam aceder a estágios de formação. Em 2004, o Governo da coligação encarnada e verde (social-democratas e verdes) chegou a fomentar quotas de formação, para forçar a economia a criar mais estágios.

Mas, em junho de 2004, o Governo alemão juntou-se aos empresários e associações patronais, com vista a criar o Pacto nacional de Formação Profissional e Educativa, que ajudou a inverter a situação: hoje, a oferta é maior do que a procura.

A crise económica mundial transformou o modelo alemão num êxito de exportação. A Alemanha assinou um acordo de cooperação em formação com seis países da UE, e as empresas alemãs estão a desempenhar um papel pioneiro na formação de funcionários nas suas filiais no estrangeiro, segundo o modelo alemão.

As expectativas são elevadas – mesmo para os alemães. A Alemanha não quer apenas exportar um sistema com provas dadas; espera também que os europeus dinâmicos e motivados do sul ocupem todas as vagas de estágio que não estão atualmente preenchidas – e que, quando obtiverem a desejada qualificação, não voltem para os seus países de origem, antes fiquem na Alemanha, a preencher a crescente escassez de trabalhadores qualificados.

Os céticos não perdem tempo a apontar problemas, como a barreira linguística, e duvidam que os imigrantes consigam desempenhar um papel determinante na recuperação da escassez de estagiários na Alemanha.

De facto, o momento pode não ser o ideal, pois o sistema alemão é fortemente dependente da economia. Não são os especialistas em educação mas o mercado quem, em última análise, determina o número de estágios disponíveis. São as empresas que decidem quantas vagas para determinadas qualificações vão necessitar no futuro; e é essa a base para se estabelecer o número de estágios que vão abrir.

Assim, a grande vantagem da abordagem de formação profissional alemã é também o seu maior inconveniente. O sistema depende da economia – e, em momentos piores, como o da crise que os países europeus estão a viver, a procura de estagiários é menor.

Sinal de desespero

O facto de os europeus do sul procurarem uma resposta no sistema dual alemão revela a que ponto estão desesperados. Falta-lhes empresas dispostas a criar vagas de estágio e “mestres” pacientes, dispostos a passarem conhecimentos aos “seus” estagiários, bem como as instituições e a forte cooperação necessária entre empresários, políticos, sindicatos e outros intervenientes, para implementar aquele sistema com bons resultados.

Mesmo na Alemanha, onde esta colaboração está já instalada, o sistema ainda não é isento de contratempos, como o conflito relativo ao Pacto de Formação e a resistência dos sindicatos.

Assim, a adoção pelos europeus do sul do sistema alemão afigura-se muito ambiciosa. Mas é melhor apontar para uma reforma estrutural corajosa do que optar pela solução mais fácil, que é dar aos jovens desempregados formação profissional sem sentido, só para os manter ocupados – e sem protestarem. Isso merece o nosso apoio. Do mesmo modo que os jovens europeus do sul que saem dos seus países e vêm para a Alemanha em busca de emprego ou de formação profissional. Devemos recebê-los de braços abertos.

Traduzido por Gail Mangold-Vine/Worldcrunch

A EUROPA ESTÁ PERIGOSA, MUITO PERIGOSA MESMO




Eduardo Oliveira Silva – Jornai i, opinião

Em 7, 8 ou 9 de Maio, consoante os países aliados e vencedores, assinala-se o dia da rendição da Alemanha que pôs fim à Segunda Guerra Mundial, data que passa lamentavelmente entre nós sem qualquer evocação.

Foi portanto por estes dias que aconteceu o fim formal da guerra mais trágica e mortífera de todas as guerras. Importa também lembrar, neste ano de 2013, que há cem anos a Europa vivia as convulsões que haveriam de levar à Grande Guerra, entre 1914 e 1918, na qual Portugal participou tardiamente.

Em ambos os casos o país na génese dos conflitos foi o mesmo. Houve muitas causas e ainda mais explicações para tudo o que aconteceu. Há culpas de todos os protagonistas, mas a responsabilidade principal cabe à Alemanha, considerada num sentido cultural, pois formalmente até as fronteiras eram diferentes.

Por mais que se pretenda usar de tolerância não se deve apagar o que aconteceu, sobretudo no segundo grande conflito, com os horrores dos campos de concentração e do Holocausto. Uma coisa é procurar perdoar, outra bem diferente é esquecer.

Hoje é outra vez a Alemanha, viçosa e já reunificada, que procura a hegemonia, agora sob a forma económica e financeira, recuperando por aí o que perdeu pelas armas.

Reconstruída com ajuda dos aliados e dos neutrais, beneficiando de perdões de dívida, evitando até saldar contas de guerra, a Alemanha tem dentro de si quem não aprenda nem se emende e até olhe com nostalgia para territórios que chegaram a integrar o Reich. Churchill terá dito citando um general romano que os germanos ou estavam prostrados aos nossos pés ou nos estavam a apertar o pescoço. Quem pode negar?

Há não muito tempo Helmut Schmidt disse (cita-se de cor) que se estivesse no lugar de Merkel o que mais o preocuparia seria a hostilidade que a Alemanha está a gerar por toda a Europa. Tem muita razão o antigo chanceler. Há entre nós quem não pense assim. Jornalistas, economistas, sociólogos e políticos respeitáveis consideram que a Alemanha de hoje não encerra os perigos do passado e louvam a capacidade de organização e trabalho do país e do seu povo. Talvez. Mas há outros povos organizados e trabalhadores. Os suecos e os dinamarqueses são exemplo disso, mas não os vemos a procurar impor as suas condições a todo um continente.

É evidente que a dimensão económica, geográfica e demográfica da Alemanha a torna um factor essencial no eixo europeu, mas uma coisa é isso e outra diferente é tentar ditar as regras que regem os outros estados, nomeadamente os da união e mais especialmente os do euro.

Para que a paz e a estabilidade perdurem e haja progresso é preciso realinhar os equilíbrios. Os políticos de hoje não têm a dimensão histórica e política da geração de De Gaulle e de Churchill e também não estão à altura das de Mitterrand, Delors, Soares, González, Schmidt, Andreotti, Kohl e, noutro momento, Cavaco e Thatcher.

O que aflige quem tenha um mínimo de memória histórico é exactamente essa falta de dimensão, que permite constatar que realmente a Europa está hoje perigosa – muito perigosa mesmo.

Portugal: PSD E CDS NÃO SE ENTENDEM SOBRE AS PENSÕES




Liliana Valente – Jornal i

PSD até diz que a taxa pode cair, mas para isso a reforma do Estado, a cargo de Portas, tem de ir mais longe

A contribuição especial para pensionistas vai cair antes mesmo de ser aplicada. No domingo Paulo Portas disse que não a deixaria passar, ontem o primeiro-ministro admitiu deixá-la cair – desde que seja substituída. Mas os centristas recusam apresentar alternativas: para o CDS a proposta do governo à troika “já tem essa solução” uma vez que “tem medidas a mais” face ao valor dos cortes que são exigidos, defende João Almeida. Já o PSD devolve a solução para a reforma do Estado a cargo... de Paulo Portas. Confuso? O braço de ferro resolve-se nos próximos dias, durante a visita extra da troika para ficar fechada a sétima avaliação ao programa.

Tudo começou quando Paulo Portas disse, no último domingo, que não deixaria passar a contribuição especial a aplicar sobre pensionistas (que vale 436 milhões de euros em 2014 e igual valor em 2015, de acordo com a carta do primeiro-ministro à troika). Ontem de manhã, o primeiro-ministro terá admitido deixar cair a polémica taxa, num encontro com a UGT, desde que esta fosse substituída. Mas o CDS não conta com a possibilidade de ter de apresentar propostas extra. João Almeida, porta-voz do partido, disse ontem que para o CDS “é positivo” que se estejam a “construir condições para que essa medida não vá para a frente”. E que não é necessário encontrar uma solução que valha o mesmo, uma vez que o pacote total de medidas tem uma folga de cerca de 800 milhões de euros que permite deixar cair a proposta. “Como é público, a carta que foi enviada pelo senhor primeiro-ministro à troika já tem essa solução, tem medidas a mais do que aquilo que é o limite”, disse João Almeida. Ao i, fonte centrista acrescenta que o buraco que apresentará no bolo total (cerca de 72 milhões de euros) pode ser compensado com mais poupanças nos consumos intermédios.

E numa altura em que tanto o PSD como o CDS parecem empenhados em não mostrar que esta medida está a causar problemas na coligação, o vice-presidente do PSD Jorge Moreira da Silva disse até considerar “natural” que o CDS tenha vindo a público mostrar a sua discordância. Mas sublinhando que o próprio primeiro-ministro já tinha admitido que esta medida podia ser “mitigada” ou mesmo “eliminada” consoante fosse mais longe a reforma do Estado. Ora o guião da reforma do Estado – e não o corte permanente na despesa pública de quatro mil milhões de euros apresentado a semana passada através do Documento de Estratégia Orçamental (DEO) – está a cargo exactamente de Paulo Portas. Trocando por miúdos, nas entrelinhas, Passos até está disposto a “substituir estas medidas por outras”, disse Moreira da Silva, desde que tenham o mesmo valor. Para o número dois do PSD o primeiro-ministro apenas falou da possibilidade de “equacionar” a aplicação da contribuição de sustentabilidade e que “quanto mais longe for a reforma do Estado, mais longe vai ser a minimização dessa taxa”.

Mas se o PSD oficialmente até considera “natural” a posição do parceiro de coligação, também é certo que não quer deixar que o CDS fique com o ónus pela vitória. Na declaração depois da Comissão Política Nacional do PSD, Moreira da Silva referiu-se quase sempre aos dois partidos que têm a responsabilidade de “formular propostas que permitam comprovadamente reduzir a despesa de forma a mitigar ou eliminar essa taxa”. E acrescentou: “A responsabilidade é também nossa, partidos que apoiam o governo, como daqueles que ocupam o espaço público, parceiros sociais”.

Do lado do PS, o governo conta com a oposição a estas medidas, disse ontem Miguel Laranjeiro depois de um encontro com a UGT. O secretário nacional do partido referiu que “o PS não aceita este novo ataque aos trabalhadores, pensionistas e reformados. Não aceitamos também a mobilidade pré-anunciada pelo governo” que permitirá dispensar cerca de 30 mil funcionários públicos. Mas os socialistas até admitem debater alternativas mas no seio parlamentar.

Hoje, Passos vai reunir-se com as bancadas parlamentares do PSD e do CDS.

SITUAÇÃO ECONÓMICA EM PORTUGAL, FRANÇA E CHIPRE EM DETERIORAÇÃO - Ifo




MC – PDF - Lusa

Portugal, França e Chipre são os únicos países da zona euro em que a situação económica se vai deteriorar nos próximos meses, segundo um estudo hoje divulgado pelo Instituto de Investigação Económica alemão (Ifo).

Em relação às expetativas para os próximos seis meses na zona euro, o Ifo refere que estas se mantêm positivas na maioria dos países, mas que os economistas preveem uma deterioração da situação económica em Portugal, França e Chipre.

Na maioria dos países da zona euro, a situação deteriorou-se no início do segundo trimestre deste ano, refere o Ifo, adiantando que a avaliação está nos níveis mais baixos da escala em Portugal, Grécia e Chipre e no nível imediato em Itália e Espanha.

“Uma retoma da economia na zona euro ainda não começou”, refere ainda o instituto alemão, que adianta que as economias da Alemanha e da Estónia foram as únicas da zona euro que apresentaram uma avaliação satisfatória.

O Ifo anunciou hoje que o índice Ifo de conjuntura para a zona euro no segundo trimestre deste ano se mantém num “nível baixo”, inalterado em 95,1 no segundo trimestre deste ano face ao primeiro trimestre.

O índice Ifo para a atual situação económica da zona euro desceu de 95,1 no primeiro trimestre para 92,3 no segundo trimestre, mantendo-se abaixo da barreira dos 100 pontos, considerado nível satisfatório.

Em relação ao índice de expetativas para a zona euro este subiu de 95,1 no primeiro trimestre para 96,7 no segundo trimestre, também abaixo dos 100 pontos.

Os economistas contactados pelo Ifo também reviram em baixa a taxa de inflação na zona euro em 2013, tendo passado de uma estimativa de 2,1% para 1,9%.

Para os próximos seis meses, os economistas contactados pelo Ifo preveem ainda uma ligeira subida das taxas de juro de longo prazo, mas não nos “países em crise”, onde estimam que ainda venham a descer, e uma apreciação do dólar face ao euro.

A análise do Ifo para a zona euro foi feita com base em respostas de 317 economistas e faz parte de um estudo sobre a situação económica mundial, com base em questionários a organizações mundiais e nacionais em diferentes países.

Moçambique: O PREÇO DA ARROGÂNCIA




Lázaro Mabunda – O País (mz), opinião

Na verdade, estas mortes eram evitáveis, mas não foram e não serão porque a arrogância do Governo e de quem o lidera sobrepõem-se ao interesse nacional.

 As ameaças da Renamo e do seu presidente Afonso Dhlakama, sempre ignoradas, materializaram-se, na semana passada. O resultado não podia ser mais do que sete mortos e dezenas de feridos num espaço de três dias. O conflito que saldou em mortos e feridos não preocupa, até aqui, o nosso Governo, muito menos o Presidente da República, que o vê como um simples “jogo de tiros”. Por que Guebuza e o seu governo vêem isto como uma brincadeira? Simplesmente porque nenhum dos seus filhos nem dos filhos dos seus camaradas, com quem partilha o poder, ficam directamente afectados com a situação.

O Governo deve perceber que esta situação poderá degenerar em oportunismos por parte de indivíduos mal-intencionados, o que irá colocar o país numa situação de instabilidades crónica. Poderá criar condições para o surgimento de movimentos sem rostos nem líderes, focos de oportunistas fustigados pelas más políticas sociais e económicas do Governo, que resultam em pobreza, desemprego e desigualdades sociais, em todo o país. Será mais difícil controlar grupos dispersos de guerrilheiros cujos mandantes desconhecem-se. Quer dizer, o que pode acontecer é o surgimento de grupos esporádicos de assaltantes à mão armada em nome da Renamo, em todo o país. Até a própria polícia poderá fazer-o em aproveitamento deste tipo de oportunidades, assaltando ou alugando armamento aos assaltantes, tal como o faz hoje. Temos neste país grupos de pessoas que se sentem injustiçados pelo Governo, nomeadamente madjermans, antigos agentes dos Serviços de Informação e Segurança do Estado, desmobilizados que semanalmente se manifestam e são violentamente reprimidos e molhados pelos jactos de água das poderosas forças policiais. São 120 mil desmobilizados. Na verdade, estas mortes eram evitáveis, mas não foram e não serão porque a arrogância do Governo e de quem o lidera sobrepõem-se ao interesse nacional. Guebuza não pode pensar que o seu antecessor, Joaquim Chissano, que se sentava e aturava, em alguns momentos, os mimos de Afonso Dhlakama o fizesse porque era, conforme o apelidou, “Deixar-andar”. Se Chissano o fez foi porque tinha a noção de que os seus interesses particulares não podiam estar acima dos interesses de uma nação. Chissano lucidamente sabia que uma nação não podia estar refém dos seus apetites. É esta visão que falta ao nosso visionário e milagroso Presidente Guebuza.  O Presidente Guebuza tem de perceber que as causas da frustração dos homens da Renamo, ao ponto de fazer refém o seu líder, Afonso Dhlakama, são as mesmas que frustram a maioria dos moçambicanos: a exclusão social, política, os aumentos do custo de vida num contexto em que a elite política está cada vez mais a enriquecer e, acima de tudo, a marginalização dos membros da oposição.

Guebuza diz que “o povo não pode viver assustado”. Ora, este povo já vive assustado desde que descobriu que a sua intenção nunca foi de colocar este país ao mesmo ritmo com que se combatia a pobreza, antes de 2005, mas de empobrecer mais a população e enriquecer mais a elite partidária. Mais, desde que descobriu que os nossos governantes não “têm medo de enriquecer”, porque a “pobreza não é uma dádiva divina”.

Os filhos dos pobres não podem continuar a ser mortos por interesses apetitosos de uma elite nefasta ao próprio povo que o elegeu.

Cada vez mais convenço-me de que, de facto, é real a especulação de que Armando Guebuza quer manter-se no poder, por mais anos, à custa de uma alegada crise político-social. Os especuladores argumentam que Guebuza e Dhlakama irão encenar uma crise política que vai resultar na suspensão da Constituição da República e na criação de um governo de unidade nacional, liderado pelo actual Chefe do Estado, até que as condições justifiquem a realização de eleições. A descoberta dos recursos minerais e a ganância pelos mesmos podem conduzir-nos a este cenário.

CRESCE O NÚMERO DE IDOSOS A CRIAR NETOS EM MOÇAMBIQUE - Governo




AYAC – VM - Lusa

Barue, Moçambique, 07 mai (Lusa) - O número de idosos que chefiam agregados familiares, a maioria de crianças órfãs e vulneráveis, "continua a crescer" em Moçambique, mas muitos ainda não conseguem aceder aos subsídios do Governo, disse hoje à Lusa fonte oficial.

Iolanda Cintura, ministra da Mulher e Ação Social moçambicana, disse que o Governo tem vindo a realizar ações para a extensão do subsídio social básico, dando prioridade aos idosos em situação extrema de pobreza, chefes de família e sem capacidade para trabalhar.

"O número anda à volta de 270 mil agregados familiares chefiados por pessoas idosas que fazem parte deste subsídio social básico. Mensalmente temos estado a prever ações, orçamentos para cada vez irmos abrangendo mais agregados familiares chefiados por idosos e outras pessoas sem capacidade para realizar trabalhos, com deficiência e ou doença crónica", disse Iolanda Cintura, durante uma cerimónia para a extensão da iniciativa em Manica, centro de Moçambique.

No país, estima-se que 727.598 idosos vivem em situação de pobreza e mais de metade não tem capacidade para trabalhar e tem a cargo os netos.

Entretanto, dos 286.176 deficientes que vivem em situação de pobreza em Moçambique, enfrentam diferentes limitações que as impedem de aceder a oportunidades de desenvolvimento, apesar de demonstrar capacidades para o trabalho.

"Não é tão simples fazer uma extensão ou abrangência total para todos, porque não é esta a abordagem do programa, mas sim faz uma priorização, para aqueles idosos que são chefes de família e não tem capacidade de realizar trabalho. Olhamos para o critério e a capacidade financeira que o próprio programa oferece", precisou Iolanda Cintura.

A responsável disse que um programa paralelo também ajuda as pessoas em situação de pobreza, mas com capacidade de trabalhar, a envolverem-se em projetos de geração de rendimentos, além de procurar estimular as famílias para tomarem a responsabilidade de cuidar dos seus membros, incluindo idosos e crianças.

Iolanda Cintura defendeu ainda a necessidade de se desenvolverem ações e programas sustentáveis, que contribuam para a proteção social básica dos grupos vulneráveis da população e destacou o esforço do Governo por estar a aumentar o orçamento para favorecer estes grupos.

PRIMEIRO CONCURSO MISS TIMOR-LESTE PROVOCA POLÉMICA E É ADIADO




MSE – MLL - Lusa

Díli, 08 mai (Lusa) - O primeiro concurso de Miss Timor desde a restauração da independência do país foi adiado devido à polémica levantada pelas organizações de defesa dos direitos das mulheres que o consideram como uma "discriminação da mulher".

"Era para se realizar no próximo dia 24, mas depois desta polémica vamos adiar para junho ou julho", explicou hoje o ministro do Turismo, Francisco Lay, cujo ministério está responsável pela organização do evento.

Segundo o ministro, o objetivo da realização da Miss Timor é promover Timor-Leste no estrangeiro com a participação da vencedora no concurso Miss Universo.

A opinião não é partilhada pela Rede Feto, organização que junta um grupo de 10 associações que protegem os direitos das mulheres, e que o considera como uma "discriminação da mulher".

Em conferência de imprensa, realizada na terça-feira, a Rede Feto considerou que aquele ministério deve desenvolver as infraestruturas do turismo e não organizar "concursos de beleza" que vão criar um estereótipo de mulher.

"Na terça-feira, fui ao parlamento explicar a razão da realização do concurso. A primeira-dama, Isabel Ferreira, e o primeiro-ministro, Xanana Gusmão, já manifestaram publicamente apoio ao concurso", disse Francisco Lay.

O concurso, que se devia realizar a 24 de maio no âmbito das comemorações do 11.º aniversário da restauração da independência, a 20 de maio, tem, segundo o ministro, outro objetivo que é formar as jovens timorenses.

"As meninas depois de eleitas vão ter formação e atividades socioculturais para melhorar a sua cultura geral e conhecimento sobre o país", afirmou.

Para a próxima semana ficou marcada uma reunião entre o Ministério do Turismo e a Rede Feto para discutir o concurso Miss Timor.

"Já é tempo de os jovens viverem com alegria à semelhança dos outros jovens do mundo", desabafou o ministro, sublinhando que há centenas de inscrições, mas que as jovens se começaram a retrair por causa da polémica instalada.

Leia mais sobre esta polémica, aquela região e Timor-Leste em TIMOR LOROSAE NAÇÃO

Cabo Verde - Desemprego: MpD considera que Governo tem política “míope”




A Nação (cv)

O presidente do Movimento para a Democracia (MpD), Carlos Veiga, considera que o aumento do desemprego, que em 2012 atingiu a cifra de 16,8 por cento,  tem a ver com a política “míope” do Governo.

O líder do maior partido da oposição rebateu o argumento do Primeiro-ministro, José Maria  Neves, que afirmou que se não fossem as medidas tomadas pelo seu Governo, a taxa de desemprego seria superior a que foi anunciada recentemente pelo Instituto Nacional de Estatística.

“Sempre que há coisas desagradáveis ou negativas, que acontecem em Cabo Verde, o culpado é sempre o outro, designadamente os anos 90, agora é a crise internacional”, que para Carlos Veiga é um argumento falacioso, “Se fosse verdade, então desde finais de 2007, quando começou a crise internacional, o desemprego teria disparado”.

Na perspectiva do líder da oposição, o aumento do desemprego no país é devido às políticas erradas do Governo de José Maria Neves.

“A culpada não é a crise internacional, mas uma política económica míope, desajustada das necessidades da economia, uma política económica que afastou os investidores externos, que sufocou os investidores internos e que diminuiu o rendimento disponível das famílias”, realçou.

Para Carlos Veiga, a governação do PAICV transformou-se numa fábrica de produção do desemprego. Por isso, defendeu, é preciso que o Governo mude urgentemente de política. E se houver um cenário de eleições antecipadas, disse que o seu partido está preparado para ir às urnas mesmo que seja amanhã.

“Temos dito que somos a favor da estabilidade política em Cabo Verde, e que os Governos devem cumprir os seus mandatos. O essencial é mudar de políticas. Estamos preparados para eleições em qualquer altura”, enfatizou.

Por último, lembrou que o Movimento para a Democracia vai interpelar o Governo no Parlamento, no final deste mês, sobre a degradação da situação económica e financeira de Cabo Verde.

Alemanha vai apoiar Cabo Verde na implementação de país com energia 100% renovável




JSD – MLL - Lusa

Cidade da Praia, 07 mai (Lusa) - A Alemanha vai apoiar Cabo Verde na criação de infraestruturas para ajudar a tornar o arquipélago um país com energia 100% renovável, projeto orçado em 1.200 milhões de euros, afirmou hoje um especialista de um instituto de pesquisa alemão.

A intenção será pormenorizada na sexta-feira na Cidade da Praia, numa reunião entre o Departamento Internacional do Instituto de Gestão e Pesquisa da Alemanha e o Governo cabo-verdiano, sublinhou Michael Knaus, responsável da instituição alemã que se encontra há um ano em Cabo Verde a trabalhar no projeto.

A iniciativa insere-se no ambicioso programa do Governo cabo-verdiano, de José Maria Neves, de instalar, até 2020, fontes de energias renováveis, sobretudo eólica e solar, projeto que, atualmente, conta já com uma taxa de penetração na ordem dos 30%.

"Nos últimos 12 meses, trabalhámos em todas as ilhas no processo de transição do fuel para as energias renováveis e calculámos que o montante que é necessário investir é de 1.200 milhões de euros", frisou Knaus, citado pela agência Inforpress.

Segundo aquele responsável do instituto alemão, atualmente, Cabo Verde gasta cerca de 13 milhões de euros/anuais (cerca de 2,3% do Orçamento do Estado) na importação de combustíveis, mais nove milhões do que em 2004.

A ideia, explicou, é manter um preço estável durante 20 anos, baixando de 0,23 para 0,18 euros o preço do quilowatt (Kw), produzindo, paralelamente, o dobro de energia atual.

"Já conversámos com empresas da Alemanha que se mostraram interessadas em entrar no mercado cabo-verdiano. As empresas chinesas, que tiveram conhecimento do programa, mostraram-se também interessadas", salientou Knaus, salientando que o "ideal" será atrair investidores estrangeiros para criar parcerias.

"A longo prazo, se for um projeto de sucesso, a experiência pode ser exportada para os países da sub-região e Cabo Verde pode transformar-se num exportador de energias renováveis", prognosticou.

Nesse sentido, chega na quarta-feira à Cidade da Praia uma delegação de 30 empresários alemães, liderada pela ministra dos Assuntos Económicos, Ambiente, Energia e Planeamento Territorial do estado alemão da Renânia-Palatinado, Eveline Lemke, para dar início à parceria entre a Alemanha e Cabo Verde.

BAN KI-MOON PROPÕE MAIS UM ANO DE MISSÃO DA ONU NA GUINÉ-BISSAU




FP – JMR - Lusa

Bissau, 07 mai (Lusa) - O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, propõe mais um ano de mandato para o escritório da ONU na Guiné-Bissau mas sugere uma reformulação que contempla a abertura de delegações regionais e um segundo representante especial.

O Escritório Integrado das Nações Unidas para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS) termina o mandato no final de maio mas no relatório que Ban Ki-Moon enviou ao Conselho de Segurança, a que a Agência Lusa teve hoje acesso, sugere-se que o mandato seja revisto e prorrogado até 31 de maio de 2014.

Tal permitirá que a missão da ONU tenha mais tempo para dar "apoio estratégico" às autoridades nacionais, em cooperação com outros parceiros internacionais, nota o documento, no qual se pede também a manutenção no país e mais apoio para o escritório das Nações Unidas contra o tráfico de droga.

No documento enviado ao Conselho de Segurança a propósito da próxima reunião sobre a Guiné-Bissau, o secretário-geral faz um resumo dos últimos acontecimentos no país desde 28 de fevereiro (altura do relatório anterior, quando o Conselho de Segurança prorrogou o mandato da UNIOGBIS até 31 de maio deste ano) e fala de ajustamentos no mandato, embora sem aumentar o orçamento.

"Para dar maior eficácia e efetividade à implementação" do mandato da UNIOGBIS, o secretário-geral propõe que o Conselho de Segurança aprove as propostas saídas de uma missão técnica da ONU que esteve na Guiné-Bissau entre 18 e 27 de março, uma delas a de criar um "pilar político" na UNIOGBIS centrado em questões como paz, segurança ou direitos humanos.

Esse pilar seria chefiado por um representante do secretário-geral, mantendo-se José Ramos-Horta, atual representante especial de Ban Ki-Moon, no cargo, mas com mais tempo para a diplomacia e para a mobilização de apoios para a Guiné-Bissau.

Ban Ki-Moon defende que o processo político na Guiné-Bissau deve de ser visto numa perspetiva ampla e em duas fases, uma até às eleições e outra depois, para a implementação de reformas chave, o que tem de requerer um acordo pós-eleitoral.

No relatório Ban Ki-Moon diz que a situação política na Guiné-Bissau continua tensa, devido às contínuas discordâncias entre políticos para acertar um roteiro que leve à restauração da ordem constitucional, e que a em termos de segurança a situação é de calma ainda que "volátil".

Ban Ki-Moon pede aos "atores" da Guiné-Bissau para que trabalhem de boa-fé para um novo pacto de regime e um mapa de transição consensual, que inclua um bem definido calendário eleitoral e a formação de um governo inclusivo, e reafirma o empenho da ONU em ajudar o país.

No documento Ban Ki-Moon centra-se essencialmente no relatório da missão da ONU de março passado, que fala da necessidade referida por parceiros internacionais de melhorar a situação dos direitos humanos e do "clima de medo" resultante de restrições à liberdade de expressão e manifestação.

Fraco é também, diz, o acesso à justiça, com muitos crimes a não serem reportados, investigados e julgados, continuando a haver uma "cultura de impunidade", com os militares e as elites políticas a imiscuírem-se no sistema judicial.

Ban Ki-Moon reconhece que apesar da fraqueza do Estado e dos críticos indicadores socioeconómicos a Guiné-Bissau não caiu num conflito aberto e diz que só com uma política de estabilidade e segurança é possível aproveitar os abundantes recursos.

"Tal estabilidade requer um genuíno empenho dos atores nacionais para mudar o ciclo político-militar de conflitos em nome de interesses pessoais" e também o empenho dos parceiros internacionais para, com a Guiné-Bissau, trabalharem numa paz duradoura, segurança e desenvolvimento, diz o secretário-geral da ONU.

No documento o responsável considera importante que a ONU e os parceiros trabalhem em conjunto para apoiar um responsável, legitimo e efetivo Estado da Guiné-Bissau, devendo a UNIOGBIS centrar-se numa estratégia de conselheiro e guia mas também de apoio técnico e de facilitador de diálogo e reconciliação nacional.

E que apoie um ambiente propício a eleições transparentes e credíveis, o fortalecimento das instituições, uma estratégia para as áreas da justiça, defesa e segurança, e as autoridades no combate ao tráfico de droga e crime transnacional.

PROFESSORES E GOVERNO DA GUINÉ-BISSAU SEM CONSENSO, GREVE MANTÉM-SE




FP - JMR - Lusa

Bissau, 07 mai (Lusa) - Uma reunião realizada hoje entre sindicatos dos professores e governo da Guiné-Bissau foi inconclusiva e a greve no setor da Educação vai manter-se, disse à Lusa um responsável sindical.

Os professores do ensino público da Guiné-Bissau iniciaram hoje uma greve de 30 dias úteis, cujo término vai coincidir com o final do ano letivo. Caso a greve seja cumprida na totalidade o ano letivo deverá ser considerado inválido, visto que esta é a terceira greve dos professores neste ano, que levaram a muitos dias de aulas perdidos.

Governo e sindicatos reuniram-se hoje mas segundo o presidente do Sindicato Nacional dos Professores (Sinaprof), Luís Nancassa, a reunião foi inconclusiva porque "os que representaram o governo não tinham nada para oferecer, foram lá só para apelar ao bom senso dos sindicatos".

Os sindicatos reivindicam o pagamento de oito meses de salários em atraso de professores que são novos ingressos e professores que estiveram doentes, e sete meses de atraso para professores em processo de efetivação, entre outras exigências.

Questionado sobre a possibilidade de o ano letivo ser considerado nulo o sindicalista disse à Lusa que a responsabilidade "é de quem deve sanear a situação".

"O governo tem de pagar aos professores que deram aulas. Ninguém aguenta trabalhar oito meses sem ganhar", disse o sindicalista, que ainda assim admitiu flexibilidade nas reuniões com o governo.

Para quarta-feira está marcada mais uma reunião entre sindicatos e governo.

CASO QUIM RIBEIRO PROSSEGUIU EM LUANDA




Cassette inculpando os acusados foi apresentada em tribunal

Coque Mukuta – Voz da América

O julgamento do chamado “caso Quim Ribeiro” prosseguiu Terça-feira em Luanda mas já não é provável que uma decisão do tribunal seja conhecida em breve tal como o  procurador-geral da República, João Maria de Sousa, disse em Janeiro último.

Na altura Sousa disse que a decisão final do referido caso podia ser conhecida nos primeiros três meses do ano em curso.

O processo, que ficou conhecido como “Caso Quim Ribeiro”, envolve o antigo comandante da Polícia Nacional em Luanda, Joaquim Vieira Ribeiro, e mais 20 efectivos da corporação, acusados de estarem envolvidos na apropriação indevida, em Agosto de 2009, de valores desviados do Banco Nacional de Angola (BNA) e de terem assassinado um oficial superior da Polícia e um funcionário dos Serviços Prisionais, a 21 de Outubro de 2010.

Na sessão de Terça-feira foi apresentada uma cassete que alegadamente confirma que os réus estão implicados no assassinato do Domingos Francisco João mais conhecido por Joãozinho.

O assunto veio a público devido a uma suposta denúncia efectuada precisamente Domingos Francisco João “Joãozinho”, então oficial superior da Policia Nacional destacado na Divisão de Viana.

Na Terça-feira o tribunal analisou uma requerimento da defesa em relação à detenção da família Pintinho, suposta proprietária do dinheiro que o magistério público diz ser do estado

Entre outas figuras de destaca a serem julgadas conta-se António João, ex-director provincial da Investigação Criminal e João Caricoco Adolfo Pedro, que respondia pelo sector de buscas e capturas.

O julgamento é um dos mais demorados e sensacionais de sempre em Angola e o seu desfecho é aguardado com ansiedade a todos os níveis da sociedade Luandense.


Seca ameaça de fome cerca de 1 milhão de pessoas no sul de Angola -- bispo




Lusa

Luanda, 07 mai (Lusa) - Cerca de um milhão de pessoas estão ameaçadas de fome no sul de Angola, disse hoje à Lusa o bispo de Ondjiva, capital da província do Cunene, Pio Hipunyati.

Contactado telefonicamente pela Lusa a partir de Luanda, Pio Hipunyati, responsável máximo da diocese de Ondjiva, disse que a seca que atinge a região é "a mais severa dos últimos anos".

"A situação é alarmante. Choveu pouquíssimo e não haverá colheita nenhuma. Este seria o mês das colheitas, mas não há água, nem para as pessoas nem para os animais", frisou.

ANGOLA PODE DEIXAR DE IMPORTAR ARROZ DENTRO DE POUCOS ANOS




NME – JMR - Lusa

Luanda, 07 mai (Lusa) - Angola poderá deixar de importar arroz "em poucos anos" face aos "resultados animadores" obtidos com os ensaios da produção deste cereal no país, anunciou hoje um especialista do Instituto de Investigação Agronómica (IIA) angolano.

Adão Gonçalves Pinheiro, especialista em cultivo de arroz, disse, citado pela agência Angop, que as condições naturais de Angola estão a permitir obter bons indicadores nos campos de experimentação de produção de arroz em regadio nas províncias do Huambo e Bié, permitindo que, a médio prazo, Angola se torne autossuficiente.

Angola lançou em janeiro deste ano um projeto de revitalização do cultivo de arroz nas duas províncias do Planalto Central, financiado pela Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA).

Novas técnicas de produção de arroz em sistema de regadio, em substituição do cultivo em sequeiro ainda praticado pelos produtores angolanos, são fruto dos quatro meses de formação específica nesta área de oito técnicos angolanos em 2012, no Japão.

Adão Gonçalves Pinheiro disse que as condições naturais de Angola, como o acesso à água, permitem que o arroz possa ser produzido durante todo o ano, através da rega, utilizando espécies melhoradas provenientes dos maiores produtores de arroz no mundo.

"Os ensaios que estamos a efetuar estão a dar resultados muito animadores e tudo aponta para que, em poucos anos, deixaremos de importar arroz. Estamos a introduzir técnicas que aumentam a produção e os nossos agricultores poderão produzir o arroz sem depender da chuva", disse o especialista.

O projeto prevê igualmente formação de quadros e técnicos das províncias da Lunda Sul, Moxico e Uíje.

Português que fez ameaça de bomba em São Tomé e Príncipe colocado sob termo...




... de identidade e residência

MYB – JMR - Lusa

São Tomé, 07 mai (Lusa) - O Tribunal de Primeira Instância de São Tomé e Príncipe decretou hoje termo de identidade e residência como medida de coação sobre o cidadão português que fez uma ameaça de bomba a bordo de um avião.

Manuel Ferreira, que irá a julgamento na quinta-feira, provocou hoje o pânico quando já dentro do avião da companhia aérea Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV) que faz a ligação São Tomé-Lisboa ao serviço da transportadora STP Airways, disse ter "uma bomba que pode explodir a qualquer momento".

O avião, que tinha entre os passageiros a ministra dos Negócios Estrangeiros são-tomense, Natália Umbelina e o ministro português da Solidariedade e Segurança social, Pedro Mota Soares, foi evacuado e inspecionado pela polícia e pela segurança do aeroporto, que concluíram que não existia qualquer explosivo a bordo.

O incidente provocou um atraso de mais de quatro horas no voo, que acabou por partir para Lisboa cerca das 13:00 (14:00 em Lisboa).

"O passageiro disse que tinha uma bomba no aparelho (avião) e que nós tínhamos que proceder em conformidade", disse à Lusa o responsável pela segurança do aeroporto de São Tomé, Fernando Pereira.

Manuel Ferreira não fez declarações à imprensa mas de acordo com a polícia alegou que tudo não passou de uma brincadeira.

O advogado de Manuel Ferreira disse a jornalistas que o incidente "não passa de um mal-entendido".

"As coisas serão devidamente esclarecidas, não há motivo nenhum para alarme, não está em causa nem nunca esteve em causa a segurança da aviação civil, sempre fomos um país tranquilo e vamos continuar a sê-lo", disse o advogado André Aragão.

Manuel Ferreira está a receber apoio da embaixada portuguesa em São Tomé e Príncipe.

A STPAirways voa uma vez por semana para Lisboa com aviões fretados à TACV, uma vez que a companhia são-tomense está na lista negra da União Europeia e proibida de viajar para território europeu.

O PODER COMO MANIGÂNCIA




Baptista-Bastos – Diário de Notícias, opinião

Graves e concentrados comentadores do óbvio precipitaram-se, entusiasmadíssimos, no discurso proferido pelo dr. Paulo Portas, domingo, acentuando o carácter "contundente" (disse um) do texto e a "notória divergência" (acentuou outro) com afirmações do dr. Passos Coelho, proferidas na sexta-feira anterior. A confusão, o despautério e o vazio de ideias grassam, infrenes, na Imprensa e nas televisões. Nem um anotador do facto revelou que o dr. Portas ocupara meia hora das televisões e do nosso pasmo para dizer rigorosamente nada. Melhor: para reafirmar a sua fé e a sua esperança, por igual intactas, no primeiro-ministro e nas suas sábias decisões. A fim de salvar as aparências, anunciou que defendera, com denodo e compaixão, os pobres pensionistas, aos quais, mercê dessa sua obstinação cristã, já não seria extorquida nem um cêntimo da reforma. E que, por sua intervenção, a idade limite para o trabalho não seria fixada em 67 anos, mas sim 65 e meio.

A encenação, organizada logo a seguir à fatal sexta-feira, com atabales e tubas, atingia o clímax. Até ontem, a algazarra não parou, atribuindo às declarações do dr. Portas uma distintiva aura de coragem e de espírito cristão-democrata. Quanto ao discurso, que ele leu, circunspecto e apoiado em gesticulação adequada, é um monumento de hipocrisia, com as preposições no lugar certo e a retórica que desconhece a ética e oculta um significante vazio. O engenho dele para o excesso, divertido, mas apenas convincente para otários e simpatizantes de jornalismo, é bem superior ao de Passos, desprovido de qualquer resquício de talento, tanto nesta como em outras matérias.

Portas percebe muito bem que o Governo está nas vascas da agonia. Mas não quer, por investimento político, dar-lhe o abanão final; como não deseja parecer o espeque que sustenta o edifício em ruínas. Diz umas coisas que agradam a tolos e confundem qualquer princípio de explicação racional das coisas. Espera, espera, com a certeza de que o tempo causará o que ele, agora, recusa praticar. Sempre soube regular as paixões e os interesses, combinando ambos com uma intuição que não admite regras, e que o torna no grande sobrevivente da política portuguesa.

Recorde-se a traquinada ao Marcelo Rebelo de Sousa, ou a urdidura que o fez trepar a presidente do CDS-PP, armadilhando o desventurado Manuel Monteiro, sua criação pessoal. Portas e Marcelo equivalem-se, na negligência moral e no tripúdio das mais elementares normas sociais de convivência. Como é um manipulador quase imparável e um sedutor sempre insatisfeito, os malabarismos deste género de política regalam-no e empolgam os que de ele se aproximam. Porém, compreende que o seu tempo está a chegar ao fim. Esta ambiguidade de carácter faz parte das suas autodefesas.

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