quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

GRUPO DE CIDADÃOS DA GUINÉ-BISSAU LANÇA MOVIMENTO CIDADÃO




MB – VM - Lusa

Bissau, 30 jan (Lusa) - Um grupo de cidadãos da Guiné-Bissau lançou hoje em Bissau o Movicidadão (Movimento Cidadão) para promover a participação dos guineenses nos assuntos da cidadania e os seus direitos junto do Estado.

Em conferência de imprensa na Casa dos Direitos (sede da Liga Guineense dos Direitos Humanos), Odete Semedo, antiga ministra da Educação e uma das impulsionadoras da ideia, afirmou que a nova organização "pretende juntar-se ao Estado" na promoção dos direitos da cidadania dos guineenses.

Entre as várias atividades que a Movicidadão pretende levar a cabo de imediato está o registo civil de milhares de guineenses "que não existem perante a lei" por não terem bilhete de identidade ou uma certidão de nascimento, enfatizou Odete Semedo.

De acordo com o diretor-geral da Identificação Civil, Registos e Notariado do Ministério da Justiça, Arnaldo Mendes, cerca de 60 por cento da população não tem registo civil, num universo de 1,7 milhões de habitantes.

"Muitas crianças, adolescentes e adultos não têm registo civil. São anónimos perante o Estado, não contam no número da população", sublinhou a responsável da Movicidadão.

Odete Semedo, que era chefe do gabinete do Presidente interino deposto no golpe de Estado de 12 de abril, Raimundo Pereira, disse que a nova organização se vai ocupar também da promoção de alguns atos de usos e costumes guineenses, nomeadamente o casamento tradicional, para que possam ser reconhecidos por lei.

"Há muitas famílias a viver em união de facto, mas cujos cônjuges continuam a ter nos documentos, por exemplo, no bilhete de identidade, o estatuto de solteiros. Existindo aquilo que dizemos na nossa gíria comunhão de cama e mesa então existe uma união facto", observou Odete Semedo, uma das mais consagradas escritoras da Guiné-Bissau.

A inserção e a motivação dos cidadãos nas tomadas de decisões, sobretudo as mulheres e os jovens, são, entre outros, os objetivos da Movicidadão, idealizada pelo dramaturgo, ensaísta e teatrólogo guineense Carlos Vaz.

"Queremos juntar as nossas mãos com as autoridades e ajudar o Estado. Existe hoje uma grande fissura no tecido social da Guiné-Bissau, por isso é preciso pensar a cidadania de uma outra forma", notou Odete Semedo.

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