quarta-feira, 31 de outubro de 2012

ESTE HOMEM É PERIGOSO

 


Baptista-Bastos – Diário de Notícias, opinião
 
Pedro Passos Coelho gosta de dizer coisas. Já se sabe. Poucas vezes, porém, as diz acertadas. Há, neste homem envelhecido, acabrunhado e notoriamente consumido, a revelação subjacente de que se envolveu num labirinto cujo término ignora. As políticas que desenvolve, com desvios, evasivas, recuos, imperfeições, criam desesperos, angústias e perplexidades. Completamente desorientado com o rumo dos acontecimentos que não domina, descobriu, nas jornadas parlamentares do PSD-CDS, o verbo "refundar", e originou não só o pasmo nas suas hostes como a perturbação nas de António José Seguro.
 
Marcelo Rebelo de Sousa explicou a natureza do erro e a dimensão do tolejo político. Passos, incisivo e fatal, declarou que a "refundação" do protocolo de ajustamento com a troika nada tinha a ver com "renegociação"; é outra coisa. Mas não explicou a natureza das suas elucubrações. Os participantes nas jornadas saíram em silêncio, entreolhando-se, porém, com a farpa da dúvida cravada no ânimo. "Ele parece lelé da cuca", disse alguém.
 
Estamos entregues às insuficiências de um homem que baralha tudo e que presume enganar os outros com atropelos semânticos. O nosso cansaço advém de já termos compreendido que a inépcia de Passos Coelho não é uma escolha entre contradições, sim um processo mental complicado, pela obstinação no erro e pela recusa em o admitir.
 
Alguém de recta consciência e no perfeito domínio das faculdades elementares pode apoiar e sustentar o representante de uma ideologia que, sem pudor, já se não esconde nem sequer se dissimula? A sociedade, transversalmente, critica, execra e até expele, com insultos nunca vistos e ouvidos, este Executivo; e o dr. Cavaco (também objecto de escárnio e maldizer) cala-se, admitindo a redução da democracia ao funcionamento processual. O descalabro associa-se à pouca vergonha.
 
O poder já não dispõe de suporte legítimo porque espezinhou as delegações sociais, políticas e morais que lhe foram atribuídas. Ainda não há muito se dizia que um "governo celerado" era o que desdenhava da própria qualidade das pertenças mútuas. Os conflitos de valores inultrapassáveis, que dilaceram a nação e nos transformam em títeres de uma experiência maléfica, irão resultar em que confrontos imprevisíveis? A responsabilidade do caos só pode ser atribuída ao dr. Cavaco. Já lhe dissemos que não queremos esta gentalha. Então? Por muitíssimo menos, Jorge Sampaio escorraçou Pedro Santana Lopes.
 
A "refundação" do protocolo de ajustamento não é uma falácia: corresponde a uma manobra sórdida, que repõe a questão do poder e da liberdade, entre a pluralidade das escolhas e os ínvios atalhos da "inevitabilidade." Atentemos nas evidências: Pedro Passos Coelho não é aquele sujeito afável que se apresentou aos costumes. É perigoso, e cada vez mais, quando se lhe avizinham as tormentas.
 

Portugal: União de forças contra Orçamento que hoje é votado na generalidade

 

SK – MAG – Lusa, com foto
 
Lisboa, 31 out (Lusa) – Movimentos ligados aos protestos de rua e estruturas sindicais concentram-se hoje, em frente ao parlamento, em Lisboa, para marcarem a votação, na generalidade, da proposta de Orçamento do Estado 2013, que acusam de "hipotecar o futuro" do país.
 
Apesar de serem várias as iniciativas e as formas de protesto que hoje pretendem assinalar a votação, na generalidade, da proposta de Orçamento do Estado para 2013, na Assembleia da República (AR), a maioria das plataformas, movimentos e grupos de cidadãos contactados pela Lusa destacam a "acumulação de forças" a que se está a assistir, entre as várias ações de luta.
 
Às 15:00, os signatários do apelo "Que se lixe a Troika!" e outras plataformas e grupos de cidadãos, ligados aos protestos de rua, constituem as primeiras hostes da concentração marcada, à porta do Parlamento.
 
Uma "vigia de protesto", que se prolongará noite dentro, visa denunciar, a "uma só voz", a austeridade que está a ser imposta aos portugueses e exigir a demissão de "um Governo que está ao mando da troika".
 
Para as vários grupos e movimentos que aderiram ao apelo "Que se lixe a Troika! Este Orçamento não passará", as contas do Estado que o governo apresentou para 2013 são uma "reafirmação e o agravamento" de uma política que "levou o país ao desastre".
 
Para Davide Santos, da Plataforma 15 de Outubro, um dos grupos que vai estar junto à escadaria da AR, logo às 15:00, o objetivo é "travar a toda força" um Orçamento "feito contra os trabalhadores", que, no caso de ser aprovado, vai "hipotecar o futuro dos portugueses".
 
Como tal apelou à participação de "todos os portugueses", frisando que, em anteriores protestos, ficou "comprovado que o povo, quando sai à rua, pode fazer recuar o Governo".
 
À Lusa, Ana Rajado, do Movimento Sem Emprego (MSE), lembrou ainda que vários movimentos vão solidarizar-se com a greve dos estivadores, que têm sido "ignorados pela comunicação social" e que também se manifestam, a partir das 19:00, em frente ao Parlamento.
 
No Marquês de Pombal, em Lisboa, os trabalhadores da administração central, regional e local começam por se reunir às 15:30, numa ação de protesto convocada pela Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública, antes de seguirem também para à AR.
 

Representante do secretário-geral da ONU anuncia fim do apoio à polícia timorense

 

MSE – VM - Lusa
 
Díli, 31 out (Lusa) - O representante do secretário-geral da ONU em Timor-Leste, Finn Reske-Nielsen, anunciou hoje o fim do apoio operacional da polícia das Nações Unidas às forças de segurança timorenses e o início do repatriamento dos elementos daquela força internacional.
 
"A polícia das Nações Unidas termina o apoio operacional à PNTL (Polícia Nacional de Timor-Leste) à meia-noite de hoje (15:00 em Lisboa) e começaremos a repatriar os nossos polícias", disse Finn Reske Nielsen.
 
O representante discursava na cerimónia de certificação da PNTL e da condecoração com a Ordem de Mérito de Timor-Leste dos comandantes da Polícia das Nações Unidas e da Força Internacional de Estabilização, para simbolizar o final das atividades daquelas missões no país.
 
"O primeiro-ministro (Xanana Gusmão) e eu tivemos a honra de certificar que a Polícia Nacional de Timor-Leste está constituída e capaz de conduzir todos os aspetos das funções policiais no país", afirmou o representante do secretário-geral da ONU.
 
Segundo Finn Reske-Nielsen, a PNTL vai continuar a receber apoio bilateral dos "parceiros naturais" de Timor-Leste, nomeadamente Portugal, Austrália, Nova Zelândia e Estados Unidos, e o apoio da ONU, através das agências e programas da organização.
 
"A PNTL mostrou que é capaz de garantir a segurança em grandes ocasiões (...) como nas eleições presidenciais e legislativas", disse o representante do secretário-geral da ONU.
 
No discurso, Finn Reske-Nielsen destacou também que a relação da PNTL com as forças de defesa do país é bem conduzida e construtiva e que Timor-Leste é o país da região do sudeste asiático que tem mais mulheres polícias.
 
"Hoje temos de celebrar porque se desenvolveu uma polícia sustentável que respeita os valores democráticos e os direitos humanos, valores que estiveram na base de formação deste país", disse.
 
As autoridades timorenses e as Nações Unidas decidiram em setembro que não haverá prolongamento do mandato da Missão Integrada da ONU no país, que termina a 31 de dezembro, nem da Força de Estabilização Internacional.
 
O Governo timorense anunciou também em setembro que após o final do mandato da UNMIT não quer "nem missões políticas, nem de paz", mas uma relação de cooperação "inovadora" com aquela organização.
 

PR timorense pede dedicação e disciplina às forças de segurança e defesa do país

 

MSE – PNE - Lusa
 
Díli, 31 out (Lusa) - O Presidente de Timor-Leste, Taur Matan Ruak, apelou hoje às forças de defesa e segurança do país para trabalharem com dedicação e disciplina e construírem um país mais seguro e próspero.
 
"Apelo aos efetivos de todas as instituições de defesa e segurança de Timor-Leste para estarem à altura das altas responsabilidades que o país lhes pede, trabalhando com dedicação, rigor e disciplina", afirmou o Presidente timorense.
 
Taur Matan Ruak discursava na cerimónia de certificação da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL) pelas Nações Unidas, que incluiu também a condecoração com a Ordem de Mérito dos comandantes da Polícia das Nações Unidas e da Força de Estabilização Internacional (ISF) para simbolizar o final das atividades daquelas missões em Timor-Leste.
 
As autoridades timorenses e as Nações Unidas decidiram em setembro que não haverá prolongamento do mandato da Missão Integrada da ONU (UNMIT) no país, que termina a 31 de dezembro, nem da Força de Estabilização Internacional.
 
"Temos agora melhores condições para, com dedicação e muito trabalho, construirmos um país mais seguro e mais próspero, com mais bem-estar para as famílias timorenses", acrescentou Taur Matan Ruak.
 
No discurso, o chefe de Estado timorense destacou o "papel fundamental" da UNMIT na "restauração da segurança interna, na confiança no processo de construção nacional e na assistência à consolidação democrática e ao caminho do diálogo e da tolerância".
 
Sobre a ISF, Taur Matan Ruak destacou o seu apoio no treino militar das forças de defesa, na evacuação noturna de feridos e doentes graves dos distritos para Díli e o papel que tiveram durante a crise política e militar de 2006.
 
A UNMIT e a Força de Estabilização Internacional, composta por militares australianos e neozelandeses, entraram no país em 2006 na sequência da crise política e militar que assolou o país e provocou milhares de desalojados.
 

Forças de defesa e segurança timorenses provaram estar aptas a cumprir o seu papel

 

MSE – PNE - Lusa
 
Díli, 31 out (Lusa) - O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, disse hoje, na cerimónia de certificação da Polícia Nacional (PNTL) do país pela ONU, que as forças de defesa e segurança do país provaram estar aptas para cumprir o seu papel.
 
"Tendo as F-FDTL [forças de defesa] e a PNTL provado estarem aptas a cumprir, com profissionalismo e competência, as obrigações que constitucionalmente lhes estão atribuídas, a situação de apoio externo não poderia, obviamente, perdurar no tempo", afirmou Xanana Gusmão.
 
A cerimónia, que decorreu no Palácio do Governo, incluiu também a condecoração com a Ordem de Mérito dos comandantes da Polícia das Nações Unidas e da Força de Estabilização Internacional para simbolizar o final das atividades daquelas missões em Timor-Leste.
 
As autoridades timorenses e as Nações Unidas decidiram em setembro que não haverá prolongamento do mandato da Missão Integrada da ONU no país, que termina a 31 de dezembro, nem da Força de Estabilização Internacional.
 
O governo timorense anunciou também em setembro que após o final do mandato da UNMIT não querem "nem missões políticas, nem de paz", mas uma relação de cooperação "inovadora" com aquela organização.
 
"O dia de hoje constitui, assim, um marco capital para a história recente, mas gloriosa da nossa Pátria. É um motivo de júbilo e de orgulho para todos os timorenses (...) conseguimos corrigir os nossos erros e melhorar as nossas capacidades técnicas e profissionais", afirmou Xanana Gusmão.
 
No discurso, o primeiro-ministro timorense agradeceu a todas as forças de defesa e segurança que desempenharam no país um papel "meritório" para uma "sociedade mais segura e mais justa".
 
"A condecoração com a Ordem de Timor-Leste, que as duas instituições acabaram de receber, representa o nosso genuíno agradecimento a todos quantos, ao longo destes últimos seis anos, serviram a UNPOL e as ISF, servindo também, dessa forma, Timor-Leste e o seu povo", disse.
 
A UNMIT e a Força de Estabilização Internacional entraram no país em 2006, na sequência da crise política e militar que assolou o país e provocou milhares de desalojados.
 
A PNTL recebeu da UNPOL a responsabilidade para tomar conta da segurança do país em março de 2011.
 
Nos últimos 18 meses, a UNPOL tem dado formação e apoio institucional à PNTL.
 

Golpistas guineenses cancelam encontro com Ntchama para evitar julgamento público

 
Captura de Ntchama, exibido em Bissau
RTP - Lusa
 
A imprensa da Guiné-Bissau foi hoje por duas vezes chamada ao Estado Maior General das Forças Armadas para ouvir declarações de Pansau N´Tchamá, acusado de liderar um ataque a um quartel, mas a iniciativa foi anulada.
 
A Guiné-Bissau vive novamente dias de instabilidade desde o passado dia 21, quando um comando, alegadamente liderado pelo capitão Pansau N`Tchamá, atacou o quartel dos para-comandos. No ataque morreram seis pessoas
 
O capitão foi capturado uma semana depois e encontra-se detido em Bissau.
 
Na segunda-feira os jornalistas chegaram a ser convocados para ouvir declarações de Pansau N´Tchamá mas o encontro foi anulado. Hoje voltaram a ser chamados por duas vezes e das duas vezes foram anuladas as declarações.
 
Daba Na Walna, porta-voz das Forças Armadas, explicou aos jornalistas que havia de facto vontade de alguns militares de colocar o capitão perante as câmaras e microfones, nomeadamente dos que participaram na busca e captura de Pansau.
 
No entanto, acrescentou, o Estado Maior entendeu que Pansau N´Tchamá não pode ser julgado "na praça pública" mas nas instâncias corretas, que é na justiça.
 
Pansau será julgado num tribunal militar, porque os crimes de que é acusado se deram num quartel militar, de acordo com Daba na Walna, que no entanto não adiantou datas.
 
Daba Na Walna disse que os jornalistas terão acesso a todas as informações quando for realizado o julgamento de Pansau N´Tchamá.
 
*Título alterado por PG
 

FOME AMEAÇA POPULAÇÃO DO BOÉ, LESTE DA GUINÉ-BISSAU, diz governo local

 

RTP - Lusa
 
A população do setor de Boé, local da proclamação da independência da Guiné-Bissau, está a ser ameaçada pela fome e o administrador local, Augusto Banjai, apela à intervenção urgente do Governo central.
 
Entrevistado pela Rádio Sol Mansi (da Igreja Católica), Augusto Banjai informou que a fome "ameaça as populações" de Boé e se nada for feito pelo Governo "a situação pode piorar e ser catastrófica".
 
O administrador (máxima autoridade política local) adiantou que Boé, localidade situada no extremo leste da Guiné-Bissau, já isolada devido à ma condição das estradas, ficou ainda mais pior pela ação das chuvas que caíram naquela região.
 
Os transportes públicos deixaram de ir para Boé, contou o administrador, acrescentando que a jangada que fazia a ligação fluvial entre Boé e a zona de Gabu está estragada.
 
"A situação é muito difícil. Nos últimos dias o setor está completamente isolado do resto do país. Nenhuma viatura vai para lá ou sai de Boé para Gabu. A jangada ou o pequeno bote que havia na travessia do rio estão com problemas", disse Augusto Banjai.
 
"A população passa fome, o que é muito lamentável. Mesmo tendo dinheiro não há uma única loja no setor para comprar o arroz", afirmou o administrador de Boé. O arroz é a base da dieta alimentar dos guineenses.
 
"Mesmo tendo dinheiro é preciso ir de bicicleta até Beli ou Lugadjol, ou então ir à cidade de Gabu, que dista a 90 quilómetros, para comprar arroz", observou Augusto Banjai, lançando apelos às autoridades.
 
"Apelo às autoridades para prestarem mais atenção à população de Boé que passa fome. Para complicar ainda mais a vida daquela gente há a questão da inundação às suas `bolanhas` (campos de cultivo do arroz) ao ponto de não conseguirem produzir nada", disse o administrador.
 
"É uma situação lamentável. Convido ao governo regional e nacional para que visitem o setor de Boé para que possam constatar as dificuldades", acrescentou Banjai.
 
A 24 de setembro de 1973, ainda decorria a luta armada, o PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde) proclamou, de forma unilateral, a independência da Guiné-Bissau justamente em Boé.
 

Agualusa afirma ter "grande admiração" por jovens que se manifestaram em Luanda

 

FA – ESI - Lusa, com foto
 
Berlim, 31 out (Lusa) – O escritor José Eduardo Agualusa manifestou “grande admiração” pelos jovens que têm exigido democracia em Angola, num sarau literário realizado na terça-feira à noite em Berlim, para apresentar o último romance traduzido para alemão, “Barroco Tropical”.
 
Já na parte reservada ao diálogo com o público, e em resposta a uma pergunta sobre o futuro de Angola, tema que perpassa toda a sua obra, Agualusa disse “depositar grandes esperanças nos jovens manifestantes que correm riscos de perder oportunidades de trabalho para lutar por algo em que acreditam”.
 
Numa sessão realizada na Embaixada do Brasil na capital alemã, o autor angolano enalteceu o trabalho de reconstrução levado a cabo nos últimos anos em várias cidades do país, depois da devastação causada pela guerra civil.
 
Simultaneamente, advertiu que “as pessoas também estão destruídas e isso é muito mais difícil de reconstruir”.
 
Em nota mais otimista, disse acreditar, no entanto, que, com o regresso a Angola de muitos jovens “com novas ideias” que tinham saído do país, após o fim da guerra e devido ao crescimento económico, “ainda se vá a tempo de corrigir muitas distorções" no rumo trilhado pela antiga colónia portuguesa.
 
“Uma das coisas mais assustadoras é ver pessoas que há 30 anos defendiam uma sociedade mais justa no centro deste processo de capitalismo selvagem, em absoluto desprezo pela maioria da população”, lamentou Agualusa.
 
Bem secundado pelo seu tradutor para alemão, Michael Kegler, o escritor lusófono deu também espaço ao humor e à improvisação, partilhando com a numerosa assistência ideias que resultaram em livros, como o sonho que teve em Berlim, durante uma residência artística, que acabaria por dar origem ao romance “O Vendedor de Passados”.
 
Quando alguém quis saber que tipo de relações tem com o poder instituído em Angola, devido às suas críticas ao regime, Agualusa foi evasivo, sublinhando, porém, que “é muito difícil lidar com a estupidez, porque esta é imprevisível, e os regimes totalitários tendem a ser muito estúpidos”.
 
Neste contexto, o papel do escritor e dos livros, na opinião de Agualusa, é "criar um território de reflexão e de debate, porque a maioria da população não tem possibilidade de fazer ouvir a sua voz e os livros servem para isso, para a transportar e promover".
 
Ao longo de duas horas, ainda houve tempo para revelar que tem pensado em abraçar um projeto literário sobre os 27 anos de guerra civil e os 13 anos de guerra da independência, mas admitiu que se trata de “um universo difícil de penetrar, apesar de já haver agentes dispostos a falar disso”.
 
Agualusa, o escritor angolano mais lido da atualidade, com quatro obras traduzidas na Alemanha, esteve em Berlim para participar no Festival Berlinda, organizado pelo magazine cultural eletrónico berlinda.org e pela sua editora, Inês Thomas Almeida.
 
O festival, que termina a 17 de novembro, inclui vários eventos culturais lusófonos e prossegue hoje com um concerto da grande revelação da música angolana, Aline Frazão, que atuará pela primeira vez na Alemanha.
 

SINAIS CONTROVERSOS – VI

 


Martinho Júnior, Luanda
 
10 – Justino Pinto de Andrade “aproveitando” a “esteira que lhe foi estendida” e que ele próprio também cultivou, abandonou o MPLA, ao que tudo indica “arrastando” entre outros, o seu irmão Vicente e fundou o Bloco Democrático em finais de 2010.
 
Esse foi talvez um dos seus poucos actos de honestidade política, mas fê-lo precisamente no momento que, tendo ele próprio constatado à sua maneira a deriva do MPLA dos seus princípios e convicções originais, era possível começar a acção de deitar fora o “ditador” produzido a partir do momento em que, a 19 de Maio de 1993, os Estados Unidos reconheceram o governo angolano, substituindo-as por jovens “moscas”que nem ele!
 
Para tal teve de esperar a oportunidade suscitada pela administração democrata de Barack Hussein Obama e a 2ª fase de relacionamento Estados Unidos – Angola, com sua orientação de “mudança dialéctica”, ou seja, preparar a contradição entre o MPLA e uma oposição formatada no cadinho duma estratégia de tensão similar a muitas que vêm ocorrendo noutras partes do mundo após a implosão da União Soviética e o fim do “socialismo real” na Europa do Leste.
 
Logo na sua primeira intervenção em Benguela, a 30 de Dezembro de 2010 ele deu o mote “à esquerda” (como esse tipo de “orientação” gosta de se rever à “esquerda”),propiciando-se a “líder de massas”, a “líder da juventude revolucionária”,crítico do poder, do MPLA, do estado angolano e de muitas das entidades angolanas ao mais alto nível:
 
…“35. A noite está grávida de punhais. Temos que arrancá-los, um a um, e fazer nascer um dia luminoso, símbolo da nossa fé e da nossa esperança.
 
36. Aos que se pretendem eternizar no poder – muitas vezes utilizando a violência e a fraude –só temos um recado a dar: Estamo-nos a organizar e a estruturar, para proporcionarmos ao nosso povo condições de vida mais dignas, mais justas.
 
37. O nosso partido funda as suas raízes no humanismo e o progresso. É um partido virado para o futuro, e pretende dar satisfação aos mais profundos anseios dos angolanos.
 
38. Nós recusamos o projecto daqueles que, colocados no poder, transformaram um partido com história numa espécie de empresa em que os dirigentes passaram a funcionar como o seu Conselho de Administração, para maximizar os rendimentos e distribuir os dividendos entre si (na sua parte de leão…) e algumas migalhas aos restantes accionistas. É por isso que perderam a alma e deixaram de ter respeito por todos quantos consentiram suor e lágrimas para transformar a pátria oprimida numa pátria realmente libertada.
 
39. Chegou a hora de dizermos basta à delapidação dos nossos recursos, ao açambarcamento, ao nepotismo, ao tráfico de influências, ao roubo descarado do património do Estado. Para nós, quem quer ser rico, que trabalhe, que se empenhe, que se esforce. Nós não pactuaremos com sanguessugas”…
 
Pelos vistos tinha muitas motivações na “luta contra o ditador”, ainda que para isso tivesse que subverter o entendimento sobre a história dum país que sofreu a “guerra dos diamantes de sangue” e foi obrigada a travá-la, ainda que ela fosse uma guerra ilegítima provocada por interesses que eu não tenho deixado de identificar como elitistas e conformam o comportamento do cartel dos diamantes, do “lobby” dos minerais, do “lobby” do petróleo e do carácter dos estados instrumentalizados, entre eles o dos Estados Unidos e o sul africano, neste caso quer com o “apartheid”,quer durante os governos liderados sobretudo por Nelson Mandela e Thabo M’Beki!
 
Justino Pinto de Andrade tem procurado cultivar audiências e, se não tirou assim tanto proveito delas, “abriu caminho” a outras “sensibilidades” de forma “automática”… foi fácil actuar nesse sentido “no terreno”!
 
Os ensinamentos recolhidos no laboratório de Cuba, que têm recebido uma resposta digna e inteligente por parte da revolução cubana no que toca ao alvo que por ingerência norte americana constitui a sociedade cubana, em Angola começam a frutificar, uma vez que os ambientes sócio-políticos de África são muito mais vulneráveis e o poder é de outro cariz!
 
Em Cuba não conseguiram bloquear psico, emocional e politicamente a sociedade cubana, mas em Angola estão pelo menos a conseguir condicionar desde já a sociedade angolana, por tabela alguns sectores do próprio MPLA e a prova está no recente processo sócio-político com expressão nas próprias eleições!
 
Desde a proclamação do Bloco Democrático a 30 de Dezembro de 2010 em Benguela que a estratégia de tensão começou a ser instalada em Angola, envolvendo a mobilização duma coligação tácita de sensibilidades políticas, sociais e, como não podia deixar de ser, os “media independentes” que vão desde a Voice of America, ao Folha 8, ao Angolense, ao Maka Angola…
 
Para os “activistas jornalistas” envolvidos na “encomenda” estimulada pelos Estados Unidos em sua ainda curta nova fase de ingerências em Angola à maneira da “inteligência” da administração democrata de Barack Hussein Obama, não é preciso que as notícias fabricadas sejam muito verídicas… o que interessa é que elas sejam oportunas, “bombásticas”,apelem às emoções, esqueçam a história e sobretudo alinhem na “mudança dialéctica” com vista a pelo menos instalar a “alternância política” de maior conveniência, a coberto dos direitos humanos, a coberto da “luta contra a corrupção” e sempre contra a “ditadura do MPLA”… conformes aos interesses da hegemonia do império!
 
Justino Pinto de Andrade teve uma boa aprendizagem em preparação dessa trilha: Open Society, professor universitário da Universidade Católica, “activista jornalista” na Rádio Eclésia, promotor de “rappers” que se auto intitulam de “revolucionários”…
 
A Igreja Católica, ou pelo menos alguns sectores dela, serviu (e serve) “humildemente” aos interesses das ingerências norte americanas ao dar guarida aos agenciados do seu percurso em Angola e em 2003 não se sabia de facto, em relação a Cabinda, onde começava e onde acabava a Igreja Católica com o padre Congo à cabeça, a “Open Society” e as correntes com maior cobertura mediática da FLEC, conforme artigo que na altura coloquei no desaparecido semanário Actual.
 
Foi em Benguela que o Bloco Democrático foi oficialmente proclamado a 30 de Dezembro de 2010 e na altura estavam em plena gestação as “primaveras árabes” do norte de África: Tunísia, Líbia e Egipto, em cadeia.
 
Nelas ressoavam os “slogans”mil vezes enunciados da “luta contra os ditadores” Ben Ali, Kadafi e Moubarak, gente identificada ou mais ou menos intimamente associada nos últimos 20 anos com os Estados Unidos, a Grã Bretanha ou a França e que via chegada a sua hora!
 
Havia que apeá-los em nome da “mudança dialéctica” mais ou menos discretamente controlada pelo AFRICOM e pela NATO, para os neo conservadores hastearem suas bandeiras, que nem a do rei Idris na Líbia, por exemplo!
 
Nenhum deles teve percurso resultante dum movimento de libertação ao nível dum MPLA, mas Justino Pinto de Andrade, obediente ao esquecimento da história, pela sua “reinterpretação”,fiel ao filósofo Karl Popper com todos os recursos do “especu-tropo” George Soros e dos que o integram nas ingerências norte americanas (recordo a CIA, a NED, ou a USAID) recorre, à maneira das conveniências do império, à “luta contra os 32 anos de ditadura de JES”! (CONTINUA)
 
 
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* Para ler todos os textos de Martinho Júnior, clique aqui
 

Angola: SEMANÁRIO ANGOLENSE ACABA NA FOGUEIRA

 

Deutsche Welle
 
A edição do Semanário Angolense deste fim de semana não chegou a ver a luz do dia. Desta vez por conter um discurso muito crítico do presidente da UNITA, Isaias Samakuva.
 
A edição deste fim de semana do Semanário Angolense acabou numa fogueira. No sábado passado a Media Investe, empresa que detém o semanário, decidiu censurar a edição de 27 de Outubro, por este ter publicado quase na íntegra, o discurso do líder da oposição, Isaías Samakuva.
 
Nesta intervenção criticava-se o facto do presidente José Eduardo dos Santos não ter feito o discurso sobre o estado da nação na abertura da terceira Legislatura, como prevê a Constituição. Em vez disso, o presidente angolano mandou distribuir as cópias do seu discurso aos deputados, uma atitude bastante criticada no país.
 
A Media Investe é controlada por oficiais de alta patente do SINSE, os serviços secretos angolanos.
 
A DW ouviu acerca deste caso o defensor dos direitos humanos angolano Rafael Marques.
 
DW: Trata-se mais um caso de censura?
 
Rafael Marques: Sim é mais uma forma de controlo da informação que circula. O presidente da UNITA fez um discurso bastante contundente que teve grande aceitação na sociedade pelas idéias que expôs e por ter sido uma réplica à falta de discurso sobre o estado da nação. Daí a necessidade de ter que garantir que o discurso de Isaías Samakuva não tenha ampla circulação, ele está a circular apenas na internet e como é do conhecimento geral Luanda e o país sofrem uma grave crise de abastecimento de eletricidade. Logo muito poucas pessoas têm acesso à internet e os jornais são mais lidos, porque um jornal pode ser lido por várias pessoas. Agora também os jornais privados são controlados pelo aparelho de segurança e neste caso houve uma falha dos censores, mas mesmo assim ainda foram a tempo de ir buscar os jornais da impressão diretamente para a queima.
 
DW: Como avalia o constante silêncio do presidente angolano?
 
RM: O presidente não fala muito porque não consegue justificar os seus atos que se mostram cada vez mais erráticos, como o facto de ter constituído o fundo soberano sem respaldo legal e ter colocado o filho à frente do fundo num claro acto de nepotismo e de desafio ao bom senso.
 
DW: Esta retirada do Semanário Angolense é mais uma prova que José Eduardo dos Santos não respeita a liberdade de expressão?
 
RM: Há década que o presidente angolano demonstra o seu total desrespeito pelo povo angolano. Quanto mais corrupto se manifesta, quanto mais bens públicos desvia para a sua família, e quanto mais lugares no aparelho de Estado atribui a familiares, mais sente a necessidade de mostrar desprezo pela sociedade para que não seja criticado. Veja nomeou a sobrinha como diretora do seu gabinete, outro sobrinho para a direção do Centro de Impressa. Este é praticamente um governo "Dos Santos".

Autora: Nádia Issufo - Edição; Helena Ferro de Gouveia / António Rocha
 

DELEGADO DA RTP EXPULSO DE BISSAU

 

i online – Lusa
 
JORNALISTA ALY SILVA AMEAÇADO DE MORTE
 
O delegado da RTP em Bissau, Fernando Teixeira Gomes, foi expulso do país por ordem do governo de transição, avança a edição online da revista “Sábado”.
 
O jornalista já não passou a noite em casa depois de ter recebido informação de que a casa podia ser assaltada, o que acabou por não se confirmar.
 
“Os guardas que lá estão dizem que carros com militares passaram à porta, lentamente, a olhar lá para dentro, mas não fizeram nada”, disse Fernando Teixeira Gomes.
 
O jornalista explica as razões da expulsão: “Eles lidam mal com a verdade e não aceitam que se faça informação isenta”.
 
Já o jornalista António Aly Silva teve que abandonar o pais depois de ter sido ameaçado de morte.
 

Igreja Católica, União Africana e Nações Unidas querem guineenses a dialogar

 

 
A Guiné-Bissau vive novamente dias de instabilidade desde o passado dia 21, quando um comando, alegadamente liderado pelo capitão Pansau N'Tchama, atacou uma base militar. Entretanto multiplicam-se apelos ao diálogo.
 
Ficou suspensa a conferência de imprensa do capitão, Pansau N'Tchamá detido desde sábado passado no Estado-Maior general das Forças Armadas. Inicialmente estava previsto que o militar acusado de ser o responsável do comando que atacou a base de Bissalanca, a 21 de outubro, falasse deste ataque que resultou em 6 mortos. Na segunda-feira (29.10) os jornalistas chegaram a ser convocados para ouvir declarações de Pansau N´Tchamá mas o encontro foi anulado. Esta terça-feira (30.10) voltaram a ser chamados por duas vezes e das duas vezes foram anuladas as declarações
 
Perante órgãos de comunicação social nacional e internacional, foi anunciada a decisão das chefias militares que o capitão, só irá pronunciar-se perante a justiça numa data a ser comunicada. Ainda no quartel militar os jornalistas assistiram acesas discussões entre algumas chefias militares e os soldados que pretendiam que Pansau N´Tchamá designasse os nomes das pessoas envolvidas naquilo que as autoridades apelidam de uma tentativa de contra golpe.
 
Da porta principal das instalações do Estado-Maior General das Forças Armadas vigiada por um forte aparato militar, podia ver-se Pansau N´Tchamá sentado na cela onde se encontra detido, aparentemente bem-disposto e sem apresentar sinais de tortura.
 
Pansau N'Tchama quer falar?
 
Uma fonte militar que solicitou anonimato, disse que foi o próprio N´Tchamá quem pediu para revelar todos os mistérios à volta dos últimos acontecimentos, e chamar pelo nome algumas pessoas envolvidas, inclusive algumas chefias militares e políticos. A mesma fonte, adianta que os jornalistas não poderiam fazer perguntas relativamente ao alegado envolvimento do Capitão N´Tchamá na morte do antigo presidente, João Bernardo Vieira.
 
Todos falam de diálogo
 
Entretanto, no plano politico, o presidente de Transição, Serifo Nhamadjo, continua uma série de reuniões com os representantes das organizações internacionais acreditados em Bissau. Nesta terça-feira (30.10), Serifo Nhamadjo esteve reunido com o representante residente das Nações Unidas para a Guiné-Bissau, Joseph Mutaboba, que defende o diálogo como principal via para ultrapassar a crise interna no país. " O diálogo entre os guineenses é a solução para o país", disse.
 
Questionado se os últimos acontecimentos, justifica o envio de uma força multinacional para o país, Mutaboba entende que ainda é cedo para falar do assunto. "Ainda não está em cima da mesa esta força".
 
A União Africana manifesta-se por seu lado muito preocupada com o evoluir da crise guineense, como revelou à imprensa Ovídeo Pequeno, enviado ao país. "A União Africana está preocupada com a situação atual da Guiné-Bissau e tem pedido que haja contenção. Que os processos decorram com normalidade para que se saiba a verdade dos acontecimentos", afirmou Ovídeo Pequeno, o primeiro de uma série de personalidades recebidas esta terca-feia (30.10) por Serifo Nhamadjo.
 
Já os líderes religiosos pretendem lançar uma campanha para promover o diálogo com vista a analisar as causas profundas da crise para poder criar uma base sólida com vista a estabilidade do país e abrir perspetivas futuras. "Dentro de 15 dias será lançada a iniciativa e a partir daí vai fazer-se a agenda de reflexão", disse hoje aos jornalistas o bispo de Bissau, José Camnaté Na Bissign, após uma audiência com o Presidente da República de transição, Serifo Nhamadjo. A iniciativa foi apresentada ao Presidente pelo bispo, que considerou como "preocupante" a situação que o país vive mas da qual é "possível sair se os guineenses se juntarem e dialogarem", disse.
 
Autor: Braima Daramé /Lusa - Edição: Helena Ferro de Gouveia / António Rocha
 

“SANDY” JÁ MATOU 48 PESSOAS NOS EUA

 

 
A tempestade "Sandy" matou 48 pessoas à sua passagem pelos EUA, incluindo 18 em Nova Iorque, a maioria devido a árvores que caíram, noticiaram as agências internacionais, que reportam 8,2 milhões de casas e empresas sem eletricidade.
 
«Foi uma tempestade devastadora, talvez a pior que assistimos», disse, citado pela agência AP, o presidente do município de Nova Iorque, Michael Bloomberg.
 
Por causa do "Sandy", que matou uma pessoa no Canadá e 67 nas Caraíbas, a campanha eleitoral para as presidenciais norte-americanas ficou suspensa, a uma semana do escrutínio.
 
Em Nova Iorque, a bolsa manteve-se fechada pelo segundo dia consecutivo, reabrindo na quarta-feira. O metropolitano ficou gravemente afetado, com os piores estragos desde há 108 anos, devendo retomar o serviço dentro de quatro a cinco dias.
 
Na "cidade que não dorme", uma grande parte dos túneis e pontes continua fechada, tal como teatros, escolas e os três maiores aeroportos, com a companhia United Airlines a cancelar mais de 15 mil voos.
 
Num hospital local, 200 doentes tiveram de ser transferidos para outras unidades, depois de uma falha no gerador.
 

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