sábado, 27 de outubro de 2012

Timor-Leste: PERTAMINA FOI ATACADA ESTA MADRUGADA POR JOVENS

 

Timor Hau Nian Doben
 
Esta madrugada, cerca das duas horas locais, um grupo de jovens atacou e tentou incendiar a estação de combustível Pertamina, em Díli.
 
Este ataque à Pertamina foi o culminar de uma noite de conflitos entre grupos de jovens, num mercado perto desta estação de combustível.
 
De acordo com algumas testemunhas presentes no local, a Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL) foi muito lenta a atuar, apesar de terem recebido inúmeros telefonemas a relatar o que se estava a passar na zona do conflito. A PNTL apenas apareceu muitas horas depois dos acontecimentos.
 
A Pertamina é propriedade de Nilton Gusmão e da Esperança Timor Oan, uma companhia com sede em Taibesse. Gusmão é o dono de ambas as empresas referidas.
 
Nilton Gusmão é sobrinho do primeiro-ministro Xanana e a Pertamina é a empresa que fornece o combustível às viaturas pertencentes ao Estado timorense.
 
O sobrinho de Xanana Gusmão é quem tem ganho todos os concursos públicos ligados ao combustível em Timor-Leste.
 
Ler mais violência atual em Timor-Leste, em Página Global
 

MADRID E ROMA SÃO PALCO DE PROTESTOS CONTRA A AUSTERIDADE

 

TSF – foto Reuters, em Roma
 
A capital espanhola assiste a uma nova manifestação contra o Orçamento de Estado proposto pelo primeiro-ministro. Também em Roma, milhares de pessoas protestaram contra o Governo.
 
Depois de sexta-feira ter sido marcada por dezenas de manifestações e do desemprego em Espanha ter ultrapassado a fasquia dos 25 por cento, milhares de pessoas voltaram hoje a sair à rua em Madrid, para protestar contra o Orçamento de Estado para 2013.
 
A marcha começou na central Praça de Espanha e terminou na Praça de Neptuno, junto ao Congresso de Deputados espanhol.
 
«A vossa dívida não pagamos» e «não é uma crise, é uma fraude» foram algumas das palavras de ordem mais ouvidas durante todo o percurso.
 
Também em Roma, dezenas de milhares de manifestantes, em especial jovens, protestaram contra as medidas de austeridade do Governo italiano.
 
Uma manifestação convocada por partidos da extrema-esquerda e sindicatos autónomos, numa jornada designada como «Dia sem Monti».
 
Os italianos desfilaram por várias artérias de Roma com bandeiras vermelhas, com o símbolo da foice e do martelo.
 
Ao longo do percurso, as forças policiais reforçaram a presença nas ruas e as lojas encerraram para evitar os problemas.
 

Guiné-Bissau: Capitão Pansau N´Tchama detido numa cela em Bissau sem declarações

 

MB – MSP - Lusa
 
Bissau, 27 out (Lusa) - O capitão Pansau N'Tchama, que terá liderado há uma semana um ataque ao quartel de uma força de elite do exército guineense, foi capturado na ilha de Bolama e transportado hoje para Bissau, onde foi preso sem prestar declarações.
 
A agência Lusa testemunhou o momento em que um pequeno barco atracou no cais do porto de Bissau, onde Pansau N'Tchama, de 33 anos, estava sentado sob uma forte vigilância de seis militares fortemente armados.
 
O capitão vinha amarrado com uma corda ao pescoço e vestia uma camisa de farda militar e um calção e estava descalço.
 
Sem prestar quaisquer declarações, Pansau N'Tchama foi conduzido numa carrinha de caixa aberta, sempre com armas apontadas à cabeça, para o Estado-Maior General das Forças Armadas, onde foi presente ao chefe das Forças Armadas, António Indjai.
 
Após breves palavras de circunstância Pansau N'Tchamá foi conduzido para uma cela no Estado-Maior, também sem que ninguém prestasse declarações.
 
O portão do Estado-Maior das Forças Armadas, na fortaleza d'Amura, no centro de Bissau, foi literalmente invadido por manifestantes, na sua maioria jovens, que gritavam "vivas às Forças Armadas da Guiné-Bissau e abaixo aos que diziam que era tudo invenção".
 
Nos últimos dias a sociedade guineense esteve dividida entre os que apoiam a tese das autoridades civis e militares sobre a ocorrência do ataque ao quartel dos paracomandos e os que negavam essa hipótese, afirmando tratar-se de mais uma invenção de factos.
 
O governo e o Estado-Maior das Forças Armadas prometeram para domingo uma reação sobre a captura do capitão Pansau N'Tchamá.
 

Visita de Durão Barroso foi “momento histórico” nas relações entre Cabo Verde e UE

 

JSD – MSP - Lusa, com foto
 
Mindelo, Cabo Verde, 27 out (Lusa) - O primeiro-ministro cabo-verdiano considerou hoje que a visita oficial do presidente da Comissão Europeia (CE) a Cabo Verde foi um "grande momento na história" do relacionamento entre a Cidade da Praia e Bruxelas.
 
Num balanço feito à agência Lusa aos dois dias da visita de José Manuel Durão Barroso ao país, José Maria Neves lembrou que a "boa execução" do contratualizado no programa de cooperação bilateral em 2008 foi "premiado" com o bónus de 10,2 milhões de euros até 2013, juntando a verba aos 60 milhões de euros previstos inicialmente.
 
"Conseguimos fazer a avaliação dos cinco anos da Parceria Especial (UE/Cabo Verde). Os resultados são extraordinariamente positivos para o país e há também ganhos comuns para UE", disse o chefe do executivo cabo-verdiano à Lusa, numa pausa dos últimos compromissos de Durão Barroso, já no Mindelo (São Vicente).
 
José Maria Neves salientou que Cabo Verde tem cumprido com os seis pilares previstos na parceria especial, designadamente na boa governação, democracia, liberdades, segurança e estabilidade, sociedade de informação, densificação da sociedade civil, cooperação para o desenvolvimento e luta contra a pobreza.
 
"A parceria tem trazido um contributo fundamental para o processo de modernização e de transformação do país, para o crescimento da economia e para a debelação da pobreza", acentuou.
 
Durão Barroso, que não prestou qualquer declaração aos jornalistas durante a estada no Mindelo, visitou na "capital" de São Vicente projetos nos setores da água e saneamento e viu com a sociedade civil - Associação de Defesa do Consumidor e o Atelier de Artes Mar - ações que tem, disse José Maria Neves, ações com "impacte muito positivo" na qualidade de vida das pessoas.
 
"Foi uma visita muito produtiva e há condições para reforçar as relações com a UE, descobrindo novas avenidas de cooperação, como nas áreas das energias renováveis e das tecnologias da informação e comunicação e ainda na construção de fatores de competitividade económica", afirmou.
 
José Maria Neves adiantou que o passo seguinte é o começo das negociações para o programa de cooperação UE/Cabo Verde para o período entre 2014 e 2020, lembrando a possibilidade de acesso a fundos europeus através dos programas de apoio comunitários às regiões ultraperiféricas da Europa - Açores, Madeira e Canárias.
 
"Temos acesso a alguns fundos do FEDER (Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional) e do 10.º FED (Fundo Europeu de Desenvolvimento) e vamos apostar aí também", referiu, lembrando os acordos de cooperação já existentes com os três arquipélagos que integram, com Cabo Verde a região da Macaronésia.
 
No âmbito sub-regional, concluiu, Cabo Verde e a UE podem desenvolver ações comuns com outros países da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) nas áreas das energias renováveis, combate ao narcotráfico e criminalidade conexa e segurança e estabilidade - Guiné-Bissau, Mali e "Corredor do Sahel".
 
Durão Barroso, que janta hoje com a comunidade cultural no Mindelo, regressa depois à Cidade da Praia, de onde seguirá para Lisboa às primeiras horas de segunda-feira.
 

António Costa diz que futuro não está na saída “dos melhores” para o estrangeiro

 

JYF – MSP - Lusa
 
Paris, 27 out (Lusa) - O presidente da câmara de Lisboa, António Costa, afirmou hoje, em Paris, que o futuro de Portugal não está na saída "dos melhores" para o estrangeiro, mas antes na capacidade de o país "aproveitar a geração mais bem qualificada que alguma vez teve".
 
"O nosso futuro não está [na saída dos] melhores. Está certamente [na nossa capacidade] de aproveitar aquela geração mais bem qualificada que alguma vez o país teve, e que seria um desperdício deixar fugir", disse à Lusa António Costa, à margem da anual noite de gala que a Câmara de Paris dedica à comunidade portuguesa em França, e que celebra também a implantação da República portuguesa.
 
Embora tendo sublinhado não pretender comentar diretamente os discursos do primeiro-ministro e do Governo português, que, nos últimos meses, têm feito apelos à emigração, o autarca considerou que, "se há coisa de que Portugal precisa, é de mais gente qualificada e não de menos gente qualificada".
 
"Aquilo que eu acho é que nós temos, todos, em Portugal, que olhar para os bons exemplos daqueles que encontraram forma de resolver os problemas, que resolveram os problemas, e seguiram em frente. E foi isso que nós no passado fizemos, e é isso que certamente agora vamos ter de fazer para triunfar", acrescentou, referindo-se ao caminho que a comunidade portuguesa em França fez nas últimas décadas.
 
Minutos mais tarde, dirigindo-se a um salão de festas com cerca de meia centena de portugueses e lusodescendentes, António Costa afirmou sentir, sempre que regressa a Paris, "orgulho no respeito, admiração e consideração que Portugal tem em França, graças aos [seus] excecionais embaixadores, que são os portugueses que aqui trabalham".
 

Portugal: JORNALISTAS CONSENSUAIS SOBRE NECESSIDADE DE GREVE

 

Sol - Lusa
 
Os jornalistas reunidos hoje num encontro do sindicato para debater problemas no sector foram consensuais sobre a necessidade de promover formas de luta, entre as quais uma paralisação que o sindicato pretende convocar para o dia da greve geral de dia 14.
 
«Uma greve está claramente sobre a mesa. Há uma reflexão a fazer se esse dia vai ser especifico do sector ou coincide com a de dia 14», afirmou à Lusa no final da reunião o presidente do Sindicato dos Jornalistas, Alfredo Maia, explicando que a direcção da organização vai decidir «nos próximos dias» se a greve será convocada para dia 14.
 
Na reunião de hoje do sindicato, em Lisboa, participaram cerca de 30 jornalistas, oriundos da rádio, televisão e imprensa, mostrando-se a maioria favorável a uma paralisação no dia da greve geral, embora também tenha sido adiantada a data de 24 Novembro, dia da conferência nacional dos jornalistas.
 
«Não se trata apenas da greve de uma central sindical [a greve geral foi convocada pela CGTP], mas antes de uma jornada que já transcende isso e já tem um enquadramento internacional e ibérico», ressalvou Alfredo Maia, referindo-se aos problemas que os jornalistas enfrentam também noutros países, como em Espanha os do jornal El Pais, que se preparam para uma greve de nove dias.
 
Outra das propostas apresentadas pelos jornalistas na reunião do sindicato foi a criação de um jornal de greve on-line, uma iniciativa que já aconteceu nos anos 80 mas em edição em papel distribuída pela cidade de Lisboa.
 
«A iniciativa jornal de greve ou jornal de luta é uma ideia que tem pés para andar e há um potencial de voluntários para essa missão», adiantou Alfredo Maia.
 
Na reunião foram abordados vários dos problemas que enfrentam hoje os jornalistas: despedimentos, encerramentos de publicações, falta de mobilização da classe, trabalho precário, estágios gratuitos, a proliferação das agências de comunicação ao mesmo tempo que diminuem o numero de jornalistas ou os requisitos para o acesso à profissão, entre outras questões.
 
«Desta reunião sai uma enorme consciência da gravidade do momento, e também um grande ânimo no sentido da intervenção dos jornalistas nos desafios que se colocam nos próximos tempos: desde logo o de resistir à ofensiva que está a ser levada a cabo», concluiu Alfredo Maia, desvalorizando a fraca adesão ao encontro e salientando que os presentes tornaram a jornada de hoje «muito rica».
 

O PISTOLEIRO BORGES

 


Clara Ferreira Alves - Expresso, revista, em 05.10.12

O nosso provincianismo convenceu-o de que o senhor era um construtor quando não passa de um destruidor

Meu caro Borges, o senhor é um pistoleiro ao serviço do dinheiro. E como tal, um de nós está a mais neste país, ou você ou nós, povo português. Sabe o que acontece aos pistoleiros fora da lei no final do filme e antes do tiroteio? Aparece- lhes pela frente um xerife bera. Há um filme interessante que desde já recomendo a Vexa. chamado "Gunfight at the O.K. Corral", que em português teve o horrível título de "Duelo de Fogo" (porque os portugueses são todos uns ignorantes, como Vexa sabe). Diz o xerife Wyatt Earp para o cowboy fora da lei Billy Clanton antes de o matar:

"Pensas que és muito duro, não pensas, filho? Pois eu nunca conheci um pistoleiro tão duro que vivesse para celebrar o seu 35a aniversário. Aprendi uma regra sobre pistoleiros. Há sempre um homem que saca mais rápido do que tu, e quanto mais usares a arma mais depressa aparece esse homem".

O senhor acha-se muito esperto, inventor de ideias brilhantes como a TSU, congeminada por neurónios que estiveram ao serviço de entidades de mérito internacional dedicadas ao bem-estar de uns poucos em detrimento de todos.

Entidades como a Goldman Sachs, onde o senhor era um entre muitos diretores mas com a inegável vantagem de vir de um pequeno, pobre (e "ignorante") país onde os paisanos ficam impressionados com títulos como diretor da Goldman Sachs, ou vice-presidente do que quer que seja. Com o seu título de Finanças e os seus pergaminhos académicos, a sua Universidade de Stanford, o seu INSEAD, o seu Banco de Portugal, o seu Citibank, o seu BNP Paribas, a sua Petrogal, a sua Sonae, a sua Jerónimo Martins, a sua Cimpor e a sua Vista Alegre, as suas consultadorias americanas (que a sua biografia oficial não esclarece), o seu breve FMI (uns mesitos até ser corrido), a sua Universidade Nova, a sua Universidade Católica, o seu Instituto Europeu de Corporate Governance, a sua Comissão Política Nacional do PSD e a sua Assembleia Municipal de Alter do Chão (passa- -me aí o alter do chão), mais a sua autoridade moral em matéria de hedge furtds, de que os portugueses sabem nada, o senhor é um homem requestado. Nunca produziu um livro que se visse, um pensamento, uma teoria geral.

O senhor é um alto empregado do sistema capitalista internacional e nunca teve de se esforçar muito para compreender o mundo das pessoas que não têm a sua fortuna. Na verdade, só quem não tem de trabalhar duro para viver pode, decentemente, operosamente, genialmente, desempenhar tantos cargos de topo em tantos lugares ao mesmo tempo. O senhor faz parte do reduzido grupo dos que não têm nada para aprender porque ensinam os outros. O senhor é um pedagogo, um homem para toda a obra desde que a obra consista em defender a regra da multiplicação do capital à custa do trabalho. É um ramo de atividade que remunera muito. E, conhecendo Portugal, depois de um título na carteira todos os títulos vêm parar às mãos. O nosso provincianismo convenceu-o de que o senhor era um construtor quando não passa de um destruidor. Como se dizia dantes, o senhor ganha bem e sai cedo. E, caramba, até da Fundação Champalimaud o senhor é administrador.

Na verdade, nunca ninguém lhe deve ter dito que o senhor não passa de um pistoleiro contratado. É que nenhum primeiro-ministro com o juízo todo num país em austeridade contrata pistoleiros para defenderem o interesse do Estado português face aos interesses privados.

Porque o senhor abomina o Estado português, todos os Estados, e, suspeito, despreza os portugueses que não são tão importantes como o senhor. Não se dá a chave da casa ao banco. O senhor é o do banco, será sempre o do banco. E deram-lhe a chave da nossa casa.

A condescendência que usa quando fala da estupidez e ignorância dos outros, todos os outros, sentado ao lado de inteligências como o Relvas, homem de muito estudo e procura do conhecimento, leva-me a concluir que como todos os pistoleiros, o senhor nunca critica a mão que lhe dá de comer e que não tem escrúpulo académico. Percebo que se trata da nobre missão de vender o país.

Que é o que o senhor, com empenho, acolitado pelo Relvas, vem fazendo. Da água que bebemos à energia com que nos aquecemos, o senhor privatiza e depois põe o povo português a pagar as rendas, tarifas e taxas dos monopólios e negócios que o senhor assinou em nosso nome. É verdade, o senhor trabalha para nós e ninguém se lembrou de lhe explicar isso. É o nosso empregado. Saia enquanto pode.

Portugal: A DIPLOMACIA QUE FALTA

 

João Marcelino – Diário de Notícias, opinião
 
1 Multiplicam-se as vozes que no CDS e no PSD exigem ao Governo que abandone a pose de aluno bem comportado e parta para uma interação mais dinâmica com os credores internacionais, na linha do que tem sido sugerido tanto pelo líder do PS, como por vários senadores da vida pública portuguesa que se têm pronunciado nas últimas semanas.
 
É urgente que isso se faça, de facto. As palavras de Lagarde sobre a inflexibilidade das metas nominais são um bom ponto de partida para uma atividade diplomática que ampare os resultados do programa de ajustamento português que inevitavelmente hão de surgir no futuro.
 
Sejamos claros: se nenhum milagre acontecer, daqui a um ano, delapidado o consenso social e político, este Orçamento do Estado, que vai sair da Assembleia da República por entre gritos e protestos populares, terá destruído vários mitos.
 
O primeiro (dos mitos) diz respeito à autoridade técnica de Vítor Gaspar, que já falhou o défice deste ano (no final terá ficado, como mínimo, dois pontos acima dos 4,5% inicialmente previstos...) e está na rota para outro buraco. Não se conhece quem acredite que o PIB nacional só vá contrair um ponto em 2013. Se o fisco se apresta para esganar os contribuintes da classe média para baixo, como poderá a economia não contrair pelo menos tanto quanto este ano? Agarrando nas recentes retificações do FMI quanto à proporcionalidade do efeito recessivo das medidas que diminuem a despesa pública... é fazer as contas. A partir daí imaginem-se as consequências no défice (por contração das receitas e aumento da despesa) e no incremento da dívida.
 
O segundo mito tem a ver com o virtuosismo deste caminho de austeridade. Se ele, na vida real, não produz os efeitos imaginados nos gabinetes e nos centros de estudo, se faz sofrer as pessoas sem qualquer benefício, então para quê insistir? Porque não adaptá-lo no tempo, na dimensão e, sobretudo, nos juros leoninos que ele rende (nove mil milhões por ano) aos benfeitores que nos pagam as faturas?
 
O terceiro mito tem a ver com a crença de que, nesta história, tem de ser sobretudo a reforma do Estado a puxar pela economia. "Sim, mas." Se não se equilibrar esta equação, ou seja, se não se incrementar a economia de forma a ela poder amparar os sacrifícios exigidos em cada etapa, a situação portuguesa vai ser, durante muitos anos, comparável à de um automóvel que acelera na lama: afunda-se mas não avança e suja toda a gente que esteja em volta. Neste caso são (quase) todos os portugueses.
 
2 É aqui que entra a necessidade da diplomacia, na qual o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, também tem andado desaparecido. É preciso que Portugal fale, e a várias vozes, em todas as oportunidades. Que explique aos parceiros europeus o que está a fazer e os faça compreender que a vontade pode não ser suficiente para que a consolidação orçamental se faça no tempo desejado e desejável. Portugal tem de combater a ideia, genericamente aceite pela opinião pública da Europa do Norte (e que em parte fizemos por merecer), de que não quer fazer os esforços adequados à alteração do seu modo de vida. Em vez de gastar o tempo com as sibilinas indiretas ao PP, que só meia dúzia de pessoas do "melhor Povo do mundo" entendem, Vítor Gaspar pode utilizar a formação que segundo ele o País lhe proporcionou, e o crédito internacional que julga que tem, dando a cara por um ajustamento credível.
 
Claro que os resultados destas iniciativas e intervenções não serão imediatos. Nada acontecerá de bom para as nossas necessidades, infelizmente, no curto prazo. Merkel tem eleições em outubro e percebe-se o peso destas no arrastar das decisões comunitárias. Mas há fóruns que devem ser aproveitados.
 
Esta diplomacia justifica-se tanto pela necessidade externa como interna.
 
É preciso que os portugueses voltem a ver os governantes como pessoas que se batem pelo País e não apenas como feitores que executam, capatazes que cumprem. Diplomacia não é só Vítor Gaspar agachar-se para falar com o seu homólogo alemão. Tem de ser muito mais do que isso e quanto mais depressa melhor porque este Orçamento do Estado só por milagre abaterá o défice na medida prevista. E se forem necessárias mais medidas o Governo não resistirá à necessidade das pessoas, sujeitas à "dor" de que fala, e prevê, Abebe Selassie, o rosto do FMI para Portugal. Há riscos, sim. E o Governo também não está imune a eles, pese a maioria no Parlamento.
 
Depois da TSU e do IMI, o Governo anunciou um corte de 10% no subsídio de desemprego mínimo e em outras despesas sociais. Recuou, depois, e em toda a linha, em menos de 24 horas. Pedro Mota Soares acha que tudo se deveu ao "diálogo social" mas a ideia é de que no Governo as medidas se preparam depressa e com muito improviso. E o PP, neste caso, até não pode fingir que a culpa é do parceiro de coligação...
 

Portugal: AVANÇO E RECUO À BEIRA DE UM PRECIPÍCIO

 


Daniel Oliveira – Expresso, opinião, em Blogues
 
O governo propôs mais meia hora de trabalho diário. As reações foram violentas perante tamanho incentivo ao desemprego. O governo recuou nessa para a UGT ter um argumento para assinar um acordo inaceitável para qualquer sindicalista.
 
O governo avançou com a concessão de um canal da RTP com o Estado a pagar. As reações foram de espanto por tão estapafúrdia ideia. O governo recuou para poder continuar a defender a privatização.
 
O governo avançou com a redução em 10% no subsídio de desemprego mínimo. As reações foram de indignação perante tamanha insensibilidade social. O governo recuou para vir seguramente a propor uma outra qualquer patifaria que pareça um pequeno menos grave.
 
A estratégia é sempre a mesma: propor uma brutalidade para a tareia que vem depois até parecer uma coisa mais ou menos decente. Resultou à primeira, resultou à segunda, não resulta, porque não somos todos idiotas, à terceira.
 
O único recuo sincero deste governo foi na TSU. Aí, a rua foi demasiado forte. E, mesmo neste caso, os impostos vieram com tal violência que já ninguém se lembra que para além de roubar os salários ainda queria pôr os trabalhadores a financiarem as suas próprias empresas. Fora este caso, estes recuos são apenas jogos de sombras.
 
O problema é que o governo anda a brincar com coisas sérias. Com a vida, o dinheiro e a ansiedade das pessoas. Por isso, em vez dos avanços e recuos resultarem num benefício para a sua estratégia, este jogo funciona contra o governo. Em vez de conseguir amenizar o que vem depois, apenas aumenta a impaciência dos portugueses. Consegue, em simultâneo, exibir a sua brutalidade social e a sua desorientação.
 
Este foi apenas mais um episódio na triste vida de um governo desgovernado. Que, em apodrecimento acelerado, já só consegue repetir uma truque gasto. Já não resulta. Alguém que os avise.
 
 

Ucrânia: ABANDONAR LENTAMENTE O UNIVERSO SOVIÉTICO

 


New Eastern Europe, Cracóvia – Presseurop – imagem Tyunin
 
As eleições legislativas de 28 de outubro devem confirmar o poder do presidente Yanukovych e a necessidade de renovar o que resta da Revolução Laranja. Mas a longo prazo, a crise duradoura do país levará à normalidade, defende um jornalista ucraniano.
 
 
O mundo pós-soviético, construído com tantos sacrifícios, está agora a colapsar. Assim como o seu colapso, o destino da Ucrânia repousa no equilíbrio. Muitos representantes políticos da Ucrânia, meios de comunicação social e a elite dos negócios preparam-se para uma longa vida de clandestinidade. Que mais podem fazer? Após dois anos no poder, o Presidente Viktor Yanukovych apoderou-se praticamente de todo o poder no país. O que este fez, juntamente com outros políticos do Partido das Regiões, só pode ser classificado como um simples Golpe de Estado.
 
Ao alterar a Constituição restaurou velhos privilégios para a instituição do Presidente, que, curiosamente, é a função que desempenha. Este marginalizou o papel do Governo, do parlamento e do sistema jurídico, subordinou o setor da defesa e calou o povo e a oposição.
 
Neste momento, na Ucrânia está a nascer algo que se assemelha ao regime de Alexander Lukashenko na Bielorrússia. Existe apenas uma diferença: foram precisos vários anos para Lukashenko se tornar um ditador, enquanto Yanukovych se tornou um ao explorar os direitos que possui como Presidente, algo que ocorreu perante a completa indiferença da sociedade ucraniana.
 
Tudo isto, uma vez mais, confirma a tese dos analistas que afirmaram abertamente que a Revolução Laranja de 2004 não foi uma aspiração da sociedade ucraniana à democracia, mas à riqueza. Durante a “revolução”, um populista irresponsável, Viktor Yushchenko, tornou-se o ídolo de milhões de ucranianos por um curto período de tempo.
 
As pessoas que votaram em Yushchenko não estavam a expressar o seu apoio à liberdade, mas à prosperidade. A ideia era simples: uma vez que Yushchenko nos pode pagar a tempo, também pode trazer prosperidade à Ucrânia. Atualmente, o desapontamento, sentido há anos por quem votou em Yushchenko, está a ser sentido pelo eleitorado pobre, marginalizado e desprivilegiado de Yanukovych.
 
Estados consumistas
 
Por que haveríamos de comparar Yanukovych ao Presidente da Bielorrússia? As analogias estão lá, mas as conclusões serão diferentes. Lukashenko governa a Bielorrússia há 18 anos, enquanto o seu gémeo “ucraniano” não irá provavelmente ficar no poder durante tanto tempo. Antes de mais, a ditadura bielorrussa é de natureza muito consumista, o que significa que o regime não percebe o que são reformas económicas.
 
A maioria dos bens é, obviamente, financiada com dinheiro russo. Quando o Kremlin decidir deixar de financiar o seu irmão mais novo, a sociedade bielorrussa irá experienciar a verdadeira pobreza. E a pobreza levará ao colapso do sistema. Lukashenko acabará por ser afastado pelos que fazem parte do seu círculo mais próximo ou entregue, pelos mesmos, à justiça.
 
A Ucrânia é diferente da Bielorrússia, na medida em que sempre se sustentou a si mesma. É verdade que temos tido acesso a gás natural barato, algo que nos foi concedido por Leonid Kuchma, quando chegou a acordo com o antigo líder russo, Boris Ieltsin. Mas esta política terminou definitivamente. Moscovo não ajudará Kiev da mesma forma que tem vindo a ajudar Minsk. Não pode, nem quer fazê-lo.
 
Em pleno desmoronamento do mundo pós-soviético, Kiev está em apuros, assim como qualquer outro Estado pós-soviético. Estes podem ser considerados países consumistas mas apenas pelo facto das suas elites e sociedades continuarem a utilizar recursos e meios soviéticos. Existem, obviamente, países – como a Geórgia – onde os recursos foram esgotados; o Governo em Tbilissi viu-se obrigado a dar mais liberdade aos pequenos negócios e a lutar contra a corrupção.
 
A Ucrânia será um país relativamente normal
 
Mas há também países que possuem muitos recursos naturais, nomeadamente a Ucrânia e a Rússia. No entanto, o seu fim está à vista e será trágico. Yanukovych foi simplesmente eleito tarde. Se este tivesse sido presidente da Ucrânia em 1994 (em vez de Kuchma), ainda hoje continuaria a governar o país, fazendo com que nos questionássemos sobre quando acabaria este pesadelo de 18 anos. Mesmo se Yanukovych chegasse mais tarde ao poder, talvez em 2004, este ainda teria usufruído de alguns anos na liderança de um regime completamente autoritário; isto é, até à chegada da crise económica.
 
E, curiosamente, foi esta mesma crise económica que levou Yanukovych ao poder, sendo que o seu regime não corre qualquer risco. No entanto, o colapso económico está próximo e requer diálogo e confiança. Não se deve, portanto, reprimir nem roubar o que resta no país. Yanukovych não se insere de todo na última categoria.
 
No final do mandato de Yanukovych surgirá outro problema. O paternalismo continua muito embrenhado na sociedade ucraniana que, além de não ter sentido de obrigação cívica, ainda não está preparada para enfrentar desafios mais sérios. O rosto desta nova era poderá ser Yulia Tymoshenko ou alguém como ela, que promoverá talvez a criação de um clima político onde os debates em torno das reformas passarão a ser possíveis. Estas reformas serão da responsabilidade de uma nova geração de políticos e economistas, mas não deixaram de ser submetidas a um processo exaustivo.
 
Entre o colapso do regime autoritário e as primeiras reformas, deveremos ter que esperar, pelo menos, entre quatro a sete anos. E as próprias reformas demorarão entre três a cinco anos a ser implementadas. As contas são simples: dentro de quinze anos, ou até talvez oito, a Ucrânia será um país relativamente normal. Só nesse momento se assemelhará à Polónia dos dias de hoje.
 
Este artigo foi publicado na edição de outubro-dezembro do New Eastern Europe.
 
Visto de Kiev
 
Campanha marcada por “uma ausência total de ideias”
 
“Não se pode dizer que a campanha que terminou tenha sido interessante. Mas, pelo menos, foi instrutiva”, escreve Serhy Rakhmanine no Dzerkalo Tyinia: “parecia que estávamos a assistir a um concurso onde o dinheiro e a facilidade eram reis e senhores”. No entanto, sublinha o semanário, esta campanha ficou marcada por uma “ausência total de ideias” dos partidos concorrentes e pela “ausência percetível” de Yulia Timochenko, a opositora presa desde 2011 por abuso de poder. E por fraude, acrescenta o semanário de Kiev:
 
O Governo não hesita em apoiar-se nos tribunais, os únicos habilitados a demonstrar o recurso à corrupção ou a métodos escandalosos, como a remoção ilegal de painéis de publicidade (por vezes em presença das forças da ordem). Os candidatos da oposição tentaram, em vão, apelar para a justiça e denunciar a recusa das autoridades locais para distribuírem o material de campanha ou facilitarem a organização de comícios. Como é hábito, a televisão nacional abriu amplamente os seus canais ao Partido das Regiões, o partido do Presidente Viktor Yanukovych, que ficou com a parte de leão na presença em canais oficiais, ou seja, 43,3% do tempo de antena.
 
No fim de tudo isto, não sei quem ganhará nem que consequências terão estas eleições. O que é certo, pelo contrário, é que a mentira e a indiferença já ganharam. […] O que esperam os líderes dos países ocidentais, que se abstêm diplomaticamente de se pronunciar sobre a nossa campanha eleitoral, preferindo esperar pelo resultado? De que é que precisam? De milhares de observadores?
 

OPOSITORES RUSSOS DETIDOS DURANTE PROTESTO EM MOSCOVO

 

MDR – PNG - Lusa
 
Moscovo, 27 out (Lusa) – Vários opositores russos foram detidos hoje pela polícia durante um protesto de cerca de 200 pessoas no centro de Moscovo contra a alegada tortura de um opositor detido, anunciaram vários ativistas no Twitter.
 
“Eu estava a andar no passeio. Detiveram-me sem qualquer explicação”, escreveu o líder da Frente Esquerda, Serguei Udaltsov, um dos organizadores dos protestos maciços dos últimos meses contra o Presidente russo, Vladimir Putin.
 
Outro opositor, Alexei Navalny, colocou na rede social uma fotografia tirada dentro da carrinha da polícia onde foi levado para uma esquadra, juntamente com outro opositor, Ilya Yashin.
 
Os opositores estavam entre cerca de 200 pessoas que protestaram perto da sede dos serviços de informações da Rússia (FSB) contra “a tortura e a repressão”.
 
Em causa está a situação do opositor Leonid Razvozzhayev. A polícia anunciou que Razvozzhayev se entregou e confessou ter planeado distúrbios, mas, dias depois, o opositor retratou-se da confissão e apresentou queixa por ter sido raptado na Ucrânia. Ativistas de direitos humanos que o visitaram na prisão disseram à imprensa que Razvozzhayev foi torturado.
 
Os três opositores detidos hoje vão ser acusados de violação da ordem pública, segundo a polícia.
 

Itália: Berlusconi diz-se “obrigado” a continuar na política para reformar justiça

 

MDR – PNG – Lusa, com foto
 
Roma, 27 out (Lusa) – O ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi afirmou hoje sentir-se “obrigado” a continuar na política para reformar a justiça, um dia depois de ter sido condenado a uma pena de prisão por fraude fiscal.
 
“Vai haver consequências. Sinto-me obrigado a permanecer no campo [político] para reformar a esfera da justiça”, disse Berlusconi a um dos seus canais de televisão, TG5.
 
“Alguns cidadãos não compreenderam o que me aconteceu”, acrescentou.
 
Berlusconi, 76 anos, anunciou na semana passada que não se vai candidatar às próximas legislativas, previstas para a primavera de 2013, mas não disse que se afastava da política.
 
Dois dias depois, o ex-primeiro-ministro foi condenado a uma pena de quatro anos de prisão por fraude fiscal no processo relacionado com o seu império audiovisual Mediaset, pena reduzida a um ano graças a uma amnistia. A condenação inclui também a inibição do exercício de funções públicas durante cinco anos.
 
As penas são passíveis de recurso e os advogados de Berlusconi já anunciaram que vão recorrer.
 

Comissão Europeia: “DALLIGATE” GANHA CONTORNOS DE ROMANCE POLICIAL

 


La Tribune, Paris – Presseurop - imagem Vlahovic
 
Uma semana após a demissão do comissário europeu John Dalli, continuam a crescer as suspeitas de conspiração contra ele, numa altura em que se preparava para apresentar um texto de grande severidade em relação aos produtos de tabaco. A um alegado tráfico de influências, acrescenta-se um estranho caso de assalto à sede dos ativistas antitabagistas.
 
 
É um enredo digno de John Le Carré, que pode tornar-se uma fonte de embaraço para o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, pois envolve grupos de pressão, "big money" e agora também manobras de bastidores.
 
Segundo um inquérito do OLAF (Organismo europeu de Luta Antifraude), um tal Zammit Silvio, empresário maltês, teria proposto à Swedish Match, fabricante sueco de charutos e tabaco de mascar, que interviesse numa modificação do projeto de diretiva em curso sobre o tabaco, em troca de um envelope com... €60 milhões. O relatório do OLAF foi enviado a Durão Barroso em 15 de outubro. A 16, a Comissão Europeia anunciou em comunicado de imprensa que o comissário John Dalli, responsável pela legislação sobre tabaco, "apresentou a demissão", no seguimento desta investigação. Em 17 de outubro, a Comissão Europeia abriu o gabinete de imprensa – facto de enorme raridade – ao diretor-geral do OLAF, Giovanni Kessler, para fornecer pormenores sobre esta investigação aos correspondentes europeus.
 
Suspensão da diretiva por tempo indefinido
 
Como consequência imediata desta demissão, a adoção do projeto de diretiva sobre os produtos do tabaco pela Comissão Europeia foi suspensa por tempo indeterminado, por falta de um comissário que assuma a sua "responsabilidade política". Ora, o texto devia entrar, em 22 de outubro, na fase final de preparação, para adoção nas semanas seguintes.
 
Imediatamente, as organizações europeias de luta contra o tabaco vieram a terreiro. O SmokeFree Partnership, um grupo de pressão antitabaco, viu na renúncia do comissário "um facto muito desajustado", nas palavras da sua diretora, Florence Berteletti Kemp. A saída da diretiva vem sendo protelada, mês após mês, há mais de um ano. Os antitabagistas veem esfumar-se as possibilidades de ser adotado ainda durante o mandato que termina em 2014. Após a aprovação do projeto pelos comissários, há de facto um longo processo legislativo a percorrer, em Conselho de Ministros e no Parlamento Europeu, antes da votação final.
 
Vários computadores desaparecidos
 
Em 18 de outubro, os funcionários da Smokefree Partnership (SFP) tiveram uma surpresa desagradável, quando entraram na Rue de Trêves, 49-51, no coração do bairro europeu: os seus escritórios tinham sido revistados durante a noite. Vários computadores desapareceram, as pastas foram vasculhadas.
 
Das duas dezenas de organizações com sede no edifício, apenas três foram assaltadas: a do SFP, a da European Public Health Association e a da European Respiratory Society. São precisamente as ONG que estão em guerra aberta contra as multinacionais do tabaco, que acusam de "bloquear, alterar e adiar" a nova legislação, para citar o título de um relatório de cerca de cem páginas sobre as pressões da indústria do tabaco, encomendado pela SFP e várias organizações de luta contra o cancro.
 
De acordo com a investigação preliminar, os assaltantes conseguiram contornar o sistema de vigilância. Terão penetrado no edifício de oito andares a partir do telhado, descendo pela fachada, e entrado pelas varandas, saindo pela porta da entrada com nada menos de uma dúzia de computadores portáteis debaixo do braço.
 
Com este assalto, o escândalo político eclodiu. Depois do anúncio da sua demissão espontânea, o ex-comissário John Dalli comentou que foi levado a sair. "A porta estava aberta e, ou eu saía por minha iniciativa, ou era forçado a fazê-lo", contou esta semana no site euractiv.com. Para a Comissão, esta demissão "foi apresentada" por John Dalli ao presidente Barroso "na presença de testemunhas".
 
Queixa por tentativa de suborno
 
Nos últimos meses, o projeto de diretiva foi bloqueado várias vezes, nomeadamente a pedido do Serviço Jurídico e do Secretariado-Geral da Comissão, o que provocou a ira de diversos países, nomeadamente a Irlanda, que está tradicionalmente na vanguarda da luta contra o tabaco.
 
John Dalli avisou, em abril de 2012, que seria de uma grande firmeza, para gáudio das organizações antitabagistas. Segundo raras fugas de informação, a proposta previa a manutenção da proibição de tabaco de mascar produzido pela sueca Swedish Match, que só é, presentemente, autorizado na Suécia, e com ressalvas. Aliada desde 2009 ao grupo Philip Morris, a Swedish Match está na origem de uma queixa contra o comissário Dalli. Este tencionava também contrariar as estratégias de marketing dos gigantes do tabaco, que jogam a cartada das embalagens de formas originais para atrair clientes, nomeadamente do sexo feminino. O projeto iria finalmente impor a "embalagem despojada", ou seja, uma embalagem neutra e pouco atraente, e a proibição de escaparates visíveis em tabacarias ou quiosques.
 
Em maio de 2012, a Swedish Match apresentou queixa por tentativa de suborno [de Dalli]. O OLAF, cujos inquéritos se arrastam habitualmente por vários anos, tratou-a com uma celeridade invulgar, tendo o relatório final sido formalmente apresentado ao presidente da Comissão cinco meses depois. Não se trata de um documento final e não determina "nenhuma prova da participação" do comissário, segundo declaração da Comissão, em 16 de outubro.
 
Um porta-voz garantiu, na quarta-feira, que a Comissão irá apresentar o projeto de diretiva "nas próximas semanas", mas será necessário aguardar a nomeação do sucessor de John Dalli. Para os ativistas antitabaco, a probabilidade de o texto chegar ao fim do percurso legislativo antes do final do mandato da Comissão e do Parlamento são mais remotas que nunca. Se transitar para o próximo mandato, a indústria do tabaco ganha pelo menos um ano antes da aplicação das previstas medidas restritivas. Um ano mais, já que, inicialmente, o projeto estava anunciado para o verão... de 2011.
 
Diretiva antitabaco
 
Bruxelas quer evitar que grandes tabaqueiras tirem partido do “Dalligate”
 
O comissário responsável pelas Relações Interinstitucionais e da Administração, o eslovaco Maroš Ševčovič, foi encarregado, de urgência, de assegurar interinamente a pasta de John Dalli na Saúde e Política dos Consumidores enquanto espera que Malta designe o seu substituto, o que deverá acontecer até meados de novembro. Ševčovič disse ao diário de Bratislava SME que deverá garantir que a nova diretiva sobre o tabaco em que Dalli estava a trabalhar “seja adotada o mais depressa possível”. Mais restritiva que as anteriores, entre outras coisas, prevê avisos mais severos nos maços de cigarros e limitações para os cigarros aromáticos e eletrónicos.
 

UE está disposta a financiar combate ao narcotráfico na região Ocidental Africana

 

CLI – MSF – Lusa, com foto
 
Cidade da Praia, 27 out (Lusa) - O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, defendeu hoje na capital cabo-verdiana que a União Europeia está disposta a financiar a execução do Plano Regional da Praia de combate ao narcotráfico.
 
O Plano Regional da CEDEAO de combate ao narcotráfico foi adotado em 2008 na conferência ministerial da Praia e define ações de combate ao narcotráfico e crime organizado na África Ocidental, considerada uma das principais placas giratórias do tráfico de drogas no mundo.
 
José Manuel Durão Barroso que se encontra de visita a Cabo Verde desde sexta-feira, discursou hoje na sessão solene da Assembleia Nacional, após encontrar-se com o Presidente do Parlamento.
 
Para o Presidente da Comissão Europeia, o combate ao tráfico de drogas, ao fundamentalismo religioso e aos apelos ao terrorismo nessa região africana é um dos desafios que os países da CEDEAO têm de vencer, com intensificação da cooperação regional bem como a cooperação intercontinental.
 
"A situação na Guiné-Bissau, no Mali e no Sahel são a prova daquilo que acabo de dizer" avançou.
 
Em relação a Cabo Verde, Durão Barroso defendeu que uma das maiores ameaças é o narcotráfico devido à posição geográfica do arquipélago.
 
Enaltecendo o papel do Governo neste combate, o presidente da Comissão Europeia disse, no entanto, que é necessário intensificar a cooperação regional para uma ação mais eficaz.
 
"A Comissão Europeia aprecia e apoia a determinação do governo de Cabo Verde na luta contra o tráfico de drogas. Mas é necessário intensificar a cooperação regional assim como a cooperação intercontinental entre a África a Europa e a América Latina", avançou.
 
A União Europeia, manifestou Durão Barroso, está empenhada em contribuir para resolução de problemas políticos no continente africano, nomeadamente na Guiné-Bissau e no Mali, através do reforço da cooperação com os parceiros regionais, como a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
 
Em relação à Guiné-Bissau, Durão Barroso afirmou que a crise naquele país está ligada ao narcotráfico e apelou a reforma do setor da defesa e segurança.
 
"É com muito pesar que vejo o povo sacrificado da Guiné refém de interesses obscuros que não tem deixado o pais afirmar-se como um estado viável. É importante de uma vez por todas que se conclua uma reforma séria do setor da segurança e que se crie umas forças armadas republicanas que estejam ao serviço do poder politico e não o contrário", disse.
 
Apelou ainda à uma cooperação efetiva entre as organizações regionais e internacionais para que a Guiné-Bissau possa encontrar o caminho da paz e estabilidade.
 
"É importante que todas as organizações regionais e internacionais cooperem nesse sentido. Não há aqui lugar para rivalidades institucionais. A CEDEAO, CPLP, União Africana, a União Europeia e as Nações Unidas devem trabalhar estreitamente para ultrapassar a atual situação e ajudar o povo amigo da Guiné-Bissau", advertiu.
 
A União Europeia, segundo Durão Barroso, está ainda "seriamente preocupada" com a deterioração da segurança, situação política e humanitária no Sahel em particular no Mali.
 
Além da segurança e da integração regional, existe, segundo Durão Barroso, uma vertente económica na relação de cooperação entre a UE e a CEDEAO, que deverá ser materializada com o acordo de parceria económica (APE) regional, já em negociação.
 
Finda a sessão, o presidente da Comissão Europeia rumou para o Palácio da Presidência onde foi condecorado pelo Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, com a Medalha de Primeiro Grau da Ordem Amílcar Cabral.
 

Capitão que terá liderado ataque a quartel de Bissau foi capturado - oficial

 

FP – PNG – Lusa, com foto
 
Bissau, 27 out (Lusa) - O capitão Pansau N´Tchama, que terá comandado um ataque a uma unidade de elite do exército guineense no passado domingo, foi hoje capturado e está a ser transportado para o Estado-Maior das Forças Armadas, disse fonte oficial à Lusa.
 
Pansau N´Tchama foi capturado na ilha de Bolama e está a ser transportado de barco para Bissau, disse à Lusa o porta-voz do Governo de transição, Fernando Vaz.
 
O suposto líder do ataque que no domingo provocou seis mortes junto ao quartel dos para-comandos, perto do aeroporto de Bissau, estava a ser procurado pelas Forças Armadas desde então.
 
O Governo de transição tem implicado Portugal e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) no ataque ao quartel, pelo facto de Pansau N´Tchama viver nos últimos anos em Portugal, onde tinha pedido asilo político.
 

Fome não cala revolta e se houver um coelho à solta será sempre um coelho morto

 


O CANALHA

Passos Coelho vigarista,
mentiroso e aldrabão,
porco sujo capitalista,
que nos quer roubar o pão

Veio de manso, o lacaio,
que nem cobra traiçoeira,
com danças de verde-gaio,
preparou a roubalheira

Não demorou, o mafarrico,
a dizer ao que vinha,
roubar o pobre p'ra dar ao rico,
rir do povo com gracinha

Vampiro cruel, insaciável,
sangue do seu sangue bebe,
imundo, ladrão, hiena miserável,
abutre d'um povo moribundo

Passos Coelho vigarista,
mentiroso e aldrabão,
porco sujo capitalista,
roubou-nos o natal e o verão

A fome não cala a revolta,
quando a raiva der p'ró torto,
se houver um coelho à solta,
será sempre um coelho morto

 *Poesia popular alentejana na versão mais pura e legítima
 

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