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Díli, 17 out (Lusa)
- O ministro dos Recursos Naturais de Timor-Leste, Alfredo Pires, garantiu hoje
que as autoridades estão decididas em construir um gasoduto do Greater Sunrise
para a costa sul do país e que não vai ser considerada qualquer outra opção.
"Não vamos
considerar qualquer outra opção. A solução para o Greater Sunrise é única e tem
de vir a Timor-Leste", afirmou à agência Lusa Alfredo Pires.
O plano de
desenvolvimento da reserva de gás Greater Sunrise entrou num impasse devido a
visões diferentes entre australianos e timorenses.
Enquanto a empresa
petrolífera australiana Woodside defende a exploração numa plataforma
flutuante, Timor-Leste insiste em construir um gasoduto para ter uma fábrica de
processamento de gás natural na costa sul do país, com o objetivo de criar
postos de trabalho e desenvolver aquela região.
Questionado pela
agência Lusa sobre se Timor-Leste está a ponderar anular o tratado assinado com
as autoridades australianas e a Woodside para a exploração do Greater Sunrise,
o ministro admitiu que a aquela possibilidade está a ser analisada.
"Estamos a ver
as possibilidades. Por enquanto, o último tratado que temos assinado refere que
se até fevereiro de 2013 o plano de desenvolvimento para o Greater Sunrise
ainda não tiver sido aprovado pela Autoridade Nacional do Petróleo a Austrália
ou Timor-Leste têm a possibilidade de anular o tratado", disse Alfredo
Pires.
Segundo o ministro,
para já o Governo está a analisar os prós e os contras sobre as várias opções.
Na segunda-feira,
Pierre-Richer Prosper, advogado contratado pelo Governo timorense para tratar
daquela questão, afirmou em Camberra, citado pela televisão "ABC",
que o gasoduto vai permitir aos australianos poupar dinheiro.
"Atualmente, o
Governo australiano despende importantes somas para a ajuda ao desenvolvimento
de Timor-Leste. Com o gasoduto será criado emprego e podem ser melhoradas as
infraestruturas, a educação e a saúde", disse.
Criticando a
ausência de posição do Governo da Austrália, o advogado destacou que
Timor-Leste pode "facilmente encontrar um novo parceiro para a exploração
do gás e construir um gasoduto".
"Penso
particularmente naquele grande país no nordeste da Ásia que tem grande
necessidade de gás e estaria interessado no projeto", afirmou o advogado,
citado pela "ABC".
Donald Rothwell, um
especialista em direito internacional da Universidade Nacional Australiana,
alertou, na Rádio Austrália, que a saída de Timor-Leste do tratado tripartido
para a exploração do gás no mar de Timor não terá só consequências comerciais.
Segundo o
especialista, o tratado define "temporariamente" as fronteiras
marítimas entre os dois países.
"Se
Timor-Leste sair do tratado mudará completamente o traçado da fronteira
marítima com a Austrália e afetaria o acesso dos dois países aos recursos
minerais e à pesca", disse Donald Rothwell.
Para o
especialista, o abandono de Timor-Leste do acordo poderá também pôr em causa a
relação de confiança existente entre os dois países.