terça-feira, 16 de outubro de 2012

Timor-Leste: ÁGIO “ENGENHEIRO DA LÍNGUA”, COMPETÊNCIAS CROCODILO MADE IN USA

 


Ministro de Estado e da Presidência do Conselho de Ministros timorense em Portugal para apresentar Constituição Anotada
 
16 de Outubro de 2012, 08:00
 
Díli, 16 out (Lusa) - O ministro de Estado e da Presidência do Conselho de Ministros de Timor-Leste, Ágio Pereira, inicia na quarta-feira uma visita a Portugal para apresentar a Constituição Anotada timorense e participar no I Congresso de Engenheiros da Língua Portuguesa.
 
Segundo fonte do gabinete do ministro de Estado e da Presidência do Conselho de Ministros, a visita de Ágio Pereira realiza-se na sequência de um convite do seu homólogo português, Miguel Relvas.
 
O ministro português visitou Timor-Leste no início de setembro para assinar vários acordos de cooperação no âmbito da comunicação social.
 
Durante a visita a Portugal, Ágio Pereira vai participar no I Congresso de Engenheiros da Língua Portuguesa, que se realiza na quinta-feira no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
 
No congresso, o ministro timorense vai falar sobre o tema "Plano Estratégico de Desenvolvimento 2011-2030" para Timor-Leste.
 
Na sexta-feira, Ágio Pereira desloca-se a Braga para apresentar a Constituição Anotada de Timor-Leste, na Universidade do Minho.
 
Em Lisboa, no dia 22, o ministro timorense vai inaugurar na biblioteca "Espaço Timor" uma exposição de pintura de vários artistas timorenses.
 
No dia 23, Ágio Pereira reúne-se com o primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, e com o ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas.
 
A visita a Portugal termina no dia 25.
 
MSE // VM.
 
Exercício Crocodilo 2012 é oportunidade de passar competências para militares timorenses - Governo
 
16 de Outubro de 2012, 08:17
 
Díli, 16 out (Lusa) - O secretário de Estado da Defesa de Timor-Leste, Júlio Tomás Pinto, considerou hoje que o exercício conjunto com os fuzileiros norte-americanos Crocodilo 2012 é uma oportunidade de passar competências aos militares timorenses.
 
"Esta é uma oportunidade para partilhar experiências e passar competências aos nossos militares", afirmou Júlio Tomás Pinto, salientando que os exercícios conjuntos com os fuzileiros norte-americanos começaram em 2009.
 
O exercício conjunto Crocodilo 2012 terminou hoje, depois de uma semana de uma série de atividades militares e de apoio médico e construção de infraestruturas nas aldeias mais remotas de Timor-Leste.
 
"A nossa instituição militar só foi estabelecida há dez anos e a maior parte das chefias das Forças de Defesa de Timor-Leste são veteranos e com experiência em guerrilha, não são militares regulares. Esta é uma oportunidade de transferir aptidões para os nossos militares, principalmente os mais novos", salientou o secretário de Estado da Defesa.
 
Para o governante, esta é também uma oportunidade de treinar os militares timorenses para operações de manutenção de paz.
 
Atualmente, um grupo de militares timorenses está integrado no contingente português destacado no Líbano.
 
"Queremos no futuro contribuir para as missões de manutenção de paz", acrescentou Júlio Tomás Pinto.
 
MSE // VM.
 
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Angola: “PASSOS CONCRETOS” NOS DIREITOS HUMANOS, COMBATE À POLIOMIELITE

 


Angola tem dado "passos concretos" nos Direitos Humanos - Provedor de Justiça
 
16 de Outubro de 2012, 15:04
 
Cidade da Praia, 16 out (Lusa) - O Provedor de Justiça angolano afirmou hoje em declarações à Agência Lusa que Angola tem dado "passos bastante concretos" em relação à promoção e defesa dos Direitos Humanos no país, face aos "apenas 10 anos" de paz.
 
Paulo Tchipilika falava na Cidade da Praia à margem de um seminário sobre "Reforço e Implementação das Instituições Nacionais de Direitos Humanos nos Países de Língua Oficial Portuguesa", promovido pelo Alto Comissariado para os Direitos Humanos das Nações Unidas e pelo Governo português.
 
Escusando-se a adiantar pormenores mais concretos, o antigo ministro da Justiça angolano salientou que a instalação, em 2005, da provedoria de Justiça em Angola constituiu um ponto de viragem importante para melhor defender os cidadãos.
 
Preferindo falar da Justiça em detrimento da "questão política" do setor em Angola, Paulo Tchipilika destacou o trabalho importante que a provedoria tem desenvolvido em parceria e complementaridade, não de sobreposição, com outras instituições ligadas aos Direitos Humanos no país.
 
"Temos dado alguns passos bastante concretos, sobretudo na preservação e salvaguarda dos direitos, deveres e garantias fundamentais dos cidadãos. A figura do provedor está cada vez mais a afirmar-se e a ganhar o seu espaço", disse, sublinhando receber anualmente uma média de quase duas mil queixas.
 
Salientando que há ainda um caminho "bastante longo a percorrer", Paulo Tchipilika lembrou que Angola só tem paz há cerca de uma dezena de anos e que, ao longo desse tempo, houve progressos.
 
"Na área da Justiça ainda há bastante caminho a percorrer. O ideal será sempre um equilíbrio total e completo e devemos persegui-lo sempre em todo o país. Há muitas coisas a limar, muitas arestas, e aí é importante o papel do Provedor de Justiça", frisou.
 
"Angola ainda tem sequelas e assimetrias bastante grandes, sobretudo no âmbito dos direitos económicos e sociais, Mas existe um esforço para melhorar e a figura do Provedor de Justiça tem permitido seriar as questões relacionadas com os Direitos Humanos", acrescentou.
 
Segundo Paulo Tchipilika, Angola tem três órgãos de soberania - "o presidente, órgão singular, a Assembleia Nacional e os Tribunais, pois os ministros são «auxiliares» do presidente" - o que traz "aspetos positivos", aligeirando processos.
 
No entanto, há outros aspetos, que se escusou a apontar, que necessitarão de "um acerto" para se completar o processo de consolidação do Estado Direito, "que terá uma vertente específica da reconciliação nacional".
 
"Angola tem estado a assumir a consolidação do Estado de Direito Democrático, o progresso e o desenvolvimento", afirmou, lembrando que, em África, "há uma crise de respeitabilidade pela pessoa humana".
 
"Os Direitos Humanos também dizem respeito aos direitos económicos e sociais e é esta vertente que tem de ser aprofundada e salvaguardada em África, para que não haja tantas assimetrias", referiu, dando como "bom exemplo" a situação de Cabo Verde.
 
JSD //JMR.
 
Combate à poliomielite em África poderá ser reforçado com inclusão de vacina injectável
 
16 de Outubro de 2012, 14:44
 
Luanda, 16 out (Lusa) - A luta para a erradicação da poliomielite na região africana poderá incluir, nos próximos tempos, uma vacina injectável combinada, disse hoje em Luanda o director regional da Organização Mundial de Saúde (OMS), Luís Gomes Sambo.
 
Essa possibilidade está a ser analisada por peritos e parceiros internacionais da coligação contra a pólio, que se encontram reunidos em Luanda até quarta-feira.
 
A luta contra a poliomielite tem sido feita, até agora, através de vacinas orais, administradas a crianças dos zero aos cinco anos.
 
Luís Gomes Sambo, citado pela agência de notícias angolana Angop, considerou a reunião importante para o êxito da consulta de pesquisa que decorre para a elaboração de um plano de estratégias.
 
Angola, que há mais de um ano não regista nenhum caso da doença, é um dos países da região onde foram assinalados "progressos bastante animadores, com uma redução de 33, num total de 18 municípios em 2010, para zero casos até março de 2011, afirmou.
 
Este feito, segundo a OMS, coloca a Angola o desafio de elaborar novas estratégias para a consolidação da pós-interrupção da doença, através de um maior reforço da imunidade infantil.
 
Luís Sambo manifestou abertura à troca de experiências para a melhor elaboração do próximo plano de acção, quando a região de África tem registado progressos significativos na erradicação da poliomielite.
 
"Devemos cooperar localmente, pois já existem políticas governamentais e o problema já está identificado. Devemos agora estabelecer prioridades", disse Luís Gomes Sambo.
 
Na reunião participam especialistas de programas de vacinação e de instituições científicas, de cooperação, pesquisa e assistência técnica a nível internacional, entre os quais representantes do CDC/Atlanta, Fundação Bill e Melinda Gates, OMS, Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e organizações não-governamentais internacionais.
 
NME //EJ.
 
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Guiné-Bissau: JUSTIÇA RASCA, CASAR CEDO, PANE NO PARLAMENTO, FANTOCHE NHAMADJO

 


Procurador-geral da Guiné-Bissau reclama melhorias na legislação da justiça militar
 
16 de Outubro de 2012, 12:41
 
Bissau, 16 out (Lusa) - O procurador-geral da República da Guiné-Bissau, Abdu Mané, defendeu hoje uma "melhoria substantiva" na legislação penal da justiça militar do país, que diz estar "inadequada e ultrapassada".
 
A posição de Abdu Mané foi defendida num simpósio subordinado ao tema "Justiça Criminal na Guiné-Bissau", patrocinado pela UNIOGBIS (gabinete integrado das Nações Unidas para a consolidação da paz na Guiné-Bissau) que decorre hoje e na quarta-feira em Bissau.
 
No seu discurso de abertura do simpósio, o procurador-geral guineense disse que a legislação penal militar, cujo quadro normativo data de 1993, precisa de ser adaptada à nova realidade.
 
Abdu Mané exemplificou com uma lei de 1978 que reformula algumas disposições da justiça militar, e que, "além de se apresentar ultrapassada, contém critérios duvidosos na determinação dos chamados crimes de natureza militar, o que não permite destrinçar a jurisdição penal comum e a jurisdição militar".
 
"Estas situações dificultam um coerente e eficaz combate ao crime", observou ainda o procurador-geral guineense.
 
O presidente do Tribunal Superior Militar, Eduardo Sanhá, não discordou da opinião do procurador-geral, mas lembrou que a justiça militar "é uma estrutura importante" no Estado de direito democrático.
 
"Eu, como conhecedor da justiça militar e da realidade da justiça militar penso que é um pilar da Justiça num estado democrático", sublinhou Eduardo Sanhá, que confirmou também que o primeiro-ministro deposto no golpe de Estado de abril passado, Carlos Gomes Júnior apresentou uma queixa-crime contra o chefe das Forças Armadas, António Indjai.
 
"Na promotoria militar deu entrada uma queixa-crime contra o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas. Eu, enquanto presidente não conheço os pormenores da queixa-crime. A promotoria, como entidade independente, vai apreciar o caso e depois decidir o que fazer", disse Eduardo Sanhá.
 
Sobre o simpósio, o responsável militar afirmou que é uma oportunidade para a troca de pontos de vista entre os civis e os militares sobre a legislação penal do país.
 
Para Abdu Mané, o simpósio servirá como rampa de lançamento para uma reforma da legislação penal no país.
 
MB // VM.
 
29 por cento das mulheres na Guiné-Bissau casa antes dos 18 anos
 
16 de Outubro de 2012, 14:02
 
Bissau, 16 out (Lusa) - Na Guiné-Bissau 29 por cento das mulheres casa-se antes dos 18 anos, de acordo com um estudo da organização Plan Internacional, que hoje apresentou em Bissau o relatório "Por ser Menina", sobre a situação das jovens no mundo.
 
"Fizemos recentemente um estudo que abrangeu vários países e que demonstrou claramente que de facto há níveis de abandono escolar, sobretudo das raparigas, muito elevados", muitas vezes atribuídos a casamentos precoces, disse Aruna Mané, diretor de programas da Plan Guiné-Bissau, uma organização internacional de defesa dos direitos das crianças.
 
Especificamente na Guiné-Bissau, o facto de quase um terço das mulheres se casar antes dos 18 anos, com casos de casamentos e filhos aos 12 ou 13 anos, é "preocupante, e é preciso fazer um trabalho de fundo para reverter essa tendência", o que pode ser feito através da educação, disse Aruna Mané.
 
A organização tem na Guiné-Bissau uma campanha de promoção da equidade e igualdade do género, já que "as estatísticas demonstram que à medida que se vai avançando a nível de escolaridade as raparigas perdem espaço em detrimento dos rapazes".
 
O relatório foi apresentado no âmbito do Dia Mundial da Rapariga, assinalado em 11 de outubro, com Lasalete Gama, do Ministério da Saúde, a salientar que se a nível primário os níveis de educação são idênticos entre os dois sexos, "a nível do secundário há menos meninas".
 
Pina Mango, primeira vice-presidente do Parlamento Infantil da Guiné-Bissau lembrou que "na Guiné-Bissau mais de 40 por cento das meninas interrogadas declararam que fazem mais de cinco horas por dia de trabalho doméstico, o que faz com que tenham insucesso escolar, faltem às aulas ou cheguem atrasadas, ou não consigam fazer os trabalhos de casa".
 
Também ela uma menina, deixou outros números para uma sala cheia no Centro Cultural Franco-Guineense: "Hoje, 38 por cento das meninas guineenses estão sexualmente ativas porque recebem algo em troca. E há pais que incentivam as filhas a cometer esse erro, que pode levá-las à gravidez precoce e consequentemente ao abandono escolar".
 
É por isso, disse, que o Parlamento Nacional Infantil quer fazer uma campanha de sensibilização sobre as consequências da atividade sexual prematura, a que vai chamar "o verdadeiro amor espera".
 
A Plan Internacional é uma organização criada há 75 anos que trabalha em 50 países de África, Ásia e América na promoção dos direitos das crianças. No seu relatório "Por ser Menina" 2012 apela para nove anos de educação de qualidade como forma de promover e proteger os direitos à educação das meninas.
 
Os custos com a educação, o abuso e exploração sexual de alunas por professores, a gravidez precoce e o grande número de horas de trabalho em casa são apontados pela Plan como obstáculos à educação das meninas.
 
No Gana, 75 por cento das crianças entrevistadas pela Plan apontou os professores como os principais autores da violência na escola, número que no Senegal sobe para 80 por cento.
 
FP //JMR.
 
Principais partidos da Guiné-Bissau analisam formas de terminar impasse no Parlamento
 
16 de Outubro de 2012, 14:43
 
Bissau, 16 out (Lusa) - As duas principais forças políticas da Guiné-Bissau reuniram-se hoje sob a mediação do Presidente de transição do país para analisar formas de acabar com o impasse que se regista no parlamento guineense.
 
Desde o golpe de Estado de 12 de abril, o Parlamento guineense, que não foi dissolvido, não consegue funcionar normalmente por falta de quórum já que os dois principais partidos, Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e Partido da Renovação Social (PRS) não se entendem sobre os temas a serem agendados para os debates.
 
O PAIGC, que esteve no poder até ao golpe de Estado, defende que só aceita participar normalmente nos trabalhos parlamentares se forem eleitos, novamente, o primeiro e o segundo vice-presidente do órgão legislativo.
 
Até aqui o PRS, líder da oposição parlamentar, tem recusado a ideia.
 
Na reunião, convocada e mediada pelo Presidente de transição, Serifo Nhamadjo, as duas partes concordaram sobre o processo de eleição dos novos responsáveis no Parlamento.
 
"A reunião foi muito positiva trata-se do relançamento das atividades da Assembleia Nacional Popular, portanto ficamos muito satisfeitos e a reunião deve continuar nos próximos dias", disse Luís Oliveira Sanca, da direção do PAIGC.
 
"É nossa ambição (acabar com o impasse no parlamento) mas é prematuro adiantar mais dados neste momento", acrescentou Luís Oliveira Sanca, antigo ministro da Administração Territorial.
 
Questionado sobre se com a reunião de hoje o PAIGC iria integrar o governo de transição, Oliveira Sanca foi lacónico. "Veremos isso a frente, mas é prematuro dizer muito mais", afirmou.
 
O secretário-geral do PRS, Augusto Poquena, desmentiu que a reunião tenha servido também para abordar a situação do governo.
 
"Não falamos sobre a inclusão do PAIGC no governo. Só falamos da situação do Parlamento", afirmou Poquena.
 
MB //JMR.
 
Representante da ONU reuniu-se com Presidente de transição
 
16 de Outubro de 2012, 19:54
 
Bissau, 16 out (Lusa) - O representante do secretário-geral das Nações Unidas em Bissau, Joseph Mutaboba, reuniu-se hoje durante quase duas horas com o Presidente de transição do país, Serifo Nhamadjo, num encontro que classificou "de rotina".
 
Em declarações aos jornalistas após a audiência, Mutaboba disse que falou com Serifo Nhamadjo sobre a sua recente visita a vários países da região e a Portugal e dos encontros que manteve, nos quais esteve sempre acompanhado pelo representante da União Africana em Bissau.
 
A reunião de hoje serviu também para reiterar "a disposição das Nações Unidas para continuar a ajudar a Guiné-Bissau a reconstruir-se numa base sólida, fundada no diálogo interno".
 
"Ninguém vos pode impor uma solução do exterior se não o quiserem", disse, frisando que é preciso que haja diálogo interno e que os guineenses se entendam.
 
Questionado sobre está em causa a sua permanência em Bissau e se esse assunto foi falado com o Presidente, Joseph Mutaboba disse que essa questão [de continuar como representante da ONU] não se põe e que a sua disposição para continuar "é sempre a mesma".
 
O chefe do Estado Maior General das Forças Armadas, António Indjai, já disse que se pudesse consideraria Joseph Mutaboba "persona non grata", considerando-o um fator de desestabilização para o país.
 
Joseph Mutaboba também já foi criticado por elementos do Governo de transição da Guiné-Bissau.
 
Serifo Nhamadjo convocou para quinta-feira os partidos que apoiam a transição para um encontro destinado a debater o andamento do processo.
 
A Guiné-Bissau está a ser gerida por um Governo de transição e por um Presidente de transição, na sequência do golpe de Estado ocorrido a 12 de abril passado.
 
FP // ARA.
 
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Moçambique: LENGA-LENGA CPLP vs BISSAU, RESPEITAR DIREITOS?, LEIS PREJUDICIAIS

 


Lei e tradição prejudicam crianças orfãs e víuvas moçambicanas no acesso às herancas
 
16 de Outubro de 2012, 07:02
 
André Catueira, da Agência Lusa
 
Chimoio, 16 out (Lusa) - Sob pressão de frio e ameaça de chuva, Lucília Deniasse, 13 anos, encolhe-se numa capulana, enquanto vende molhos de lenha, o seu único recurso de sobrevivência, no mercado Macombe, na vila de Catandica, Barué, centro de Moçambique.
 
"Depois que perdi os meus pais, saímos da casa porque o meu tio a alugou para gerar dinheiro e nos sustentar. Mas temos passado fome e vendemos lenha para comprar comida e comprar cadernos. Ele vendeu cadeiras e não vimos o dinheiro", conta à Lusa Lucília Deniasse, sustentada no ombro da irmã mais nova.
 
Ela é o rosto visível da estatística de 54 por cento de crianças órfãs e viúvas despojadas de herança no distrito de Barue, após morte dos seus progenitores ou chefes de famílias.
 
"Quando morre o dono da casa, os seus familiares vêm apoderar-se dos bens e património de herança pertencentes às viúvas e órfãs. Esta situação apoquenta-nos, embora esteja a diminuir", explicou à Lusa Júlio Luciano, chefe da repartição da Mulher e Ação Social do distrito de Barué.
 
Um estudo, de 2007, da organização internacional Save The Children, sobre aspetos relativos ao direito à sucessão, herança e transmissão de bens, conclui que o quadro juridico-legal e sociocultural que regem estes aspetos afeta órfãos e viúvas, tornando-os mais vulneráveis à pandemia de sida.
 
"Após a publicação do estudo, desenhámos um plano estratégico para revertermos a situação de perdas de heranças, ou seja, automaticamente os bens são herdados pelos órfãos e viúvas após a perda do chefe da família, e temos conseguido sucesso", disse à Lusa Jone João Francisco, gestor de projetos da Save The Children para os distritos de Barué e Guro.
 
O plano inclui a sensibilização e formação de líderes comunitários e pessoas influentes da população para saberem lidar com disputas de heranças nas suas comunidades e ajudar que os beneficiários diretos não sejam despojados dos bens pelos familiares do falecido.
 
Nos últimos quatro anos, disse, 56 crianças do distrito de Barué ganharam causas em tribunal por disputa de heranças, depois de o litígio ter sido comunicado às autoridades do bairro, que condicionaram a abertura do processo para a justiça formal.
 
Um dos maiores obstáculos para o acesso à herança tem sido a falta de certificados de matrimónio, por muitos estarem a viver maritalmente, e, por vezes, sem o registo dos filhos, situação que, para a Save The Children, representa "um desafio".
 
A Ação Social, em parceria com a Save The Children, apoia 2.475 crianças órfãs e vulneráveis em Barué, que beneficiam de formação em atividades vocacionais, nas especialidades de carpintaria, alfaiataria, entre outras, além de receberem pacotes com material escolar.
 
AYAC // HB
 
PR moçambicano garante que CPLP está a "fazer tudo" para resolver crise na Guiné-Bissau
 
16 de Outubro de 2012, 10:38
 
Maputo, 16 out (Lusa) - A presidência moçambicana da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) assegurou total apoio à Guiné-Bissau para ultrapassar a crise sociopolítica que o país enfrenta, mas considera o diálogo "um potente mecanismo" para a resolução do conflito.
 
"Nós estamos com o povo da Guiné e continuaremos a fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para que as dificuldades que hoje enfrentam sejam ultrapassadas e para o que o povo volte a viver em paz e a dar a sua contribuição que todos necessitamos na área politica, económica, social e cultural", disse o chefe de Estado moçambicano, Armando Guebuza, que é igualmente presidente em exercício da CPLP.
 
Falando hoje num encontro com os embaixadores da CPLP acreditados na Bélgica, à margem das VII Jornadas Europeias de Desenvolvimento, Armando Guebuza defendeu que os atores guineenses devem assumir o papel central na resolução dos problemas que o país enfrenta, uma ação que deve ser feita à base de diálogo, com apoio das organizações regionais e internacionais.
 
O restabelecimento urgente da ordem constitucional guineense é uma das principais apostas da presidência moçambicana da CPLP para a Guiné-Bissau, atualmente administrada por um Governo de transição, após uma junta militar ter levado a cabo o golpe de Estado a 12 de abril.
 
Na última Assembleia-Geral, em setembro, as Nações Unidas decidiram enviar à Guine-Bissau uma missão composta pela CPLP, Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, União Africana e a própria ONU para avaliar a situação e recomendar medidas que sejam necessárias para estabilizar aquele país.
 
Armando Guebuza, que é igualmente presidente em exercício da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), participa durante três dias nas VII Jornadas europeias orientadas sob lema "Crescimento inclusivo e sustentável para o desenvolvimento humano".
 
As Jornadas são um fórum de alto nível que junta representantes governamentais e da sociedade civil, para refletir sobre questões prementes de cooperação internacional para o desenvolvimento.
 
MMT // VM.
 
Multinacionais devem respeitar direitos das famílias realojadas -- diretor da ONU-Habitat em Moçambique
 
16 de Outubro de 2012, 18:47
 
Maputo, 16 out (Lusa) - O diretor executivo do Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), Joan Clos, apelou hoje às multinacionais para que respeitem os direitos humanos durante o processo de transferência de famílias decorrrente da implantação de grandes projetos industriais.
 
Em declarações aos jornalistas, em Maputo, no quadro de uma visita oficial a Moçambique, Joan Clos lembrou que a ONU-Habitat tem "uma posição muito conhecida" a propósito do realojamento de populações resultante do estabelecimento de indústrias.
 
"As multinacionais devem (neste processo de transferência de famílias) minimizar os danos ao máximo, quanto menos melhor, seguindo os processos legais, respeitando a lei e fazendo adequadas compensações, respeitando os direitos humanos dos cidadãos", disse o diretor executivo da ONU-Habitat, quando questionado pela Lusa sobre desentendimentos entre famílias e grupos empresariais.
 
Nos últimos tempos, Moçambique tem descoberto grandes reservas de carvão e gás, que têm levado milhares de famílias moçambicanas a abandonarem as suas zonas de origem para dar lugar à instalação de indústrias.
 
Em janeiro, a Vale Moçambique, subsidiária do grupo brasileiro Vale, foi distinguida como a "Pior multinacional" em termos de respeito pelo ambiente e direitos sociais e dos trabalhadores, e foi acusada de violação dos direitos de 750 famílias que transferiu para a zona de Cateme, em Tete, no centro do país.
 
As famílias denunciaram publicamente "as precárias condições de vida" a que dizem estar sujeitas desde finais de 2009, altura em que foram realojadas naquela região, onde as casas que lhes foram atribuídas pela Vale apresentam rachas nas paredes que permitem infiltrações de águas das chuvas.
 
Sem mencionar nomes de empresas, Joan Clos, que é igualmente sub-secretário geral da ONU, disse que os grandes grupos empresariais devem fazer as "devidas compensações" às famílias abrangidas nos processos de realojamento.
 
Durante a visita de seis dias, que iniciou na segunda-feira, Joan Clos vai manter encontros com membros do governo, parceiros da cooperação internacional, académicos, representantes do setor privado e da sociedade civil moçambicana, com os quais abordará aspetos ligados à urbanização em Moçambique.
 
O responsável, que até ao dia 20 deste mês, vai inteirar-se dos projetos da agência das Nações Unidas desenvolvidos há 10 anos no país, considera, no entanto, Moçambique um dos "melhores exemplos" da cooperação com o organismo da ONU.
 
Num encontro realizado ainda hoje com as autoridades municipais de Maputo, o diretor executivo da ONU-Habitat falou sobre os desafios e oportunidades da urbanização em Moçambique, reiterando o compromisso das Nações Unidas em apoiar a redução de riscos e aumentar a capacidade de resistência urbana no país.
 
MMT // NV.
 
*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG
 
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Portugal: AGÊNCIA LUSA É O SENHOR QUE SE SEGUE NA ÁREA DOS DESPEDIMENTOS

 


Agência Lusa anuncia programa de rescisões por mútuo acordo
 
Lisboa, 16 out (Lusa) – O Conselho de Administração da agência Lusa anunciou hoje ter aprovado um programa de rescisões por mútuo acordo, com prazo até 31 de outubro, justificado pelo corte no contrato programa do Estado com a empresa para 2013.
 
Um dia depois da apresentação pelo Governo da proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano, que inclui uma redução de 30,9% no contrato programa do Estado com a Lusa, a Administração da agência enviou uma ordem de serviço aos trabalhadores segundo a qual as reduções do financiamento “implicam uma reorganização das estruturas com adequada redução de custos”.
 
Os trabalhadores da Lusa, excluindo aqueles em situação de pré-reforma, que escolham fazê-lo vão receber uma “indemnização equivalente a 1,25 vezes a retribuição por cada ano de trabalho, até ao limite máximo de 140.000 euros”, lê-se na nota.
 
De acordo com a proposta do Relatório do Orçamento do Estado para 2013 entregue na segunda-feira na Assembleia da República, no próximo ano, o contrato programa do Estado com a Lusa passará dos 19,1 milhões de euros recebidos em 2012 para 13,2 milhões de euros, o que representa menos 30,9% nas transferências do Estado.
 
O Orçamento é votado na generalidade no final dos dois dias de debate, 30 e 31 de outubro, estando a votação final agendada para 27 de novembro no parlamento.
 
Na sequência do anúncio da diminuição do valor do contrato programa do Estado com a Lusa, os trabalhadores da agência aprovaram a realização de uma greve de quatro dias, com início marcado para quinta-feira, dia 18.
 
TDI. (RCR/APL) // SB
 
PS diz que corte de 30% na Lusa é “caprichoso e sem fundamento”
 
Lisboa, 16 out (Lusa) - O deputado socialista Manuel Seabra afirmou hoje, após ter recebido uma delegação de representantes dos trabalhadores da Lusa, que o corte de 30% que o Governo quer impor à agência noticiosa é “completamente caprichoso e sem fundamento”.
 
De acordo com a proposta do Relatório do Orçamento do Estado para 2013 entregue na segunda-feira na Assembleia da República, no próximo ano a indemnização compensatória para a agência Lusa passará dos 19,1 milhões de euros recebidos em 2012 para 13,2 milhões de euros, o que representa menos 30,9 por cento nas transferências do Estado.
 
Para Manuel Seabra, esta redução significa que “é o serviço público que está em causa”.
 
“Dizemos muito claramente que o Governo tem nenhuma estratégia para o serviço público”, afirmou o deputado, acrescentando que estão em causa não só postos de trabalho, mas também “a qualidade do serviço nas suas mais diversas valências”, destacando as editorias ligadas ao noticiário Internacional e ao Local.
 
“Percebemos a angústia dos trabalhadores da Lusa porque 30% é dinheiro a mais para poder manter o funcionamento da empresa”, sublinhou.
 
Manuel Seabra lembrou que já no dia 04 de outubro o grupo parlamentar do PS tinha questionado o ministro da tutela, Miguel Relvas, “sobre o corte e como se iria refletir” na empresa, sem obter resposta até ao momento.
 
O deputado salientou ainda o apoio do grupo parlamentar do PS à audição dos trabalhadores da Lusa na comissão parlamentar de Ética - que acontece hoje à tarde - e garantiu que os socialistas tudo farão para que este corte não se concretize.
 
Na sequência do anúncio da diminuição da indemnização compensatória entregue pelo Estado à Lusa, os trabalhadores da agência aprovaram a realização de uma greve de quatro dias, com início marcado para a próxima quinta-feira, dia 18.
 
RCR (APL) // PNG
 
Título PG
 

Há cada vez mais famílias com dificuldades em pagar a alimentação dos filhos nas escolas

 

i online – Lusa
 
O presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap) alertou hoje para o aumento do número de famílias que, sem Apoio Social Escolar, não estão a conseguir comprar manuais nem a pagar a alimentação dos filhos.
 
"Estamos a caminhar para o abismo", alertou Albino Almeida, referindo-se ao aumento da taxa de desemprego e aos inúmeros casos de trabalhadores que estão com salários em atraso.
 
Para o presidente da Confap, estas famílias que pertenciam à classe média estão agora desprotegidas, uma vez que não conseguem ter abono de família nem apoio social escolar (ASE) a tempo de responder às necessidades imediatas.
 
"Há muitas famílias que neste momento estão sem recursos para pagar a alimentação e o transporte ou para comprar os manuais dos filhos", alertou.
 
Hoje, o Correio da Manhã noticiou o caso de uma escola em Loulé que se recusou a dar comida a uma menina, porque os pais não tinham pago a mensalidade de alimentação.
 
Questionado pela Lusa sobre este caso em concreto, o Ministério da Educação e Ciência respondeu que pediu informações e que irá averiguar a situação.
 
Para Albino Almeida, "este é apenas o primeiro de muitíssimos casos que o país vai conhecer".
 
O presidente da CONFAP recorda que as aulas começaram apenas há cerca de um mês e por isso ainda há muitas escolas e autarquias que continuam a garantir a alimentação das crianças, apesar de os encarregados de educação não estarem a efetuar os respetivos pagamentos.
 
Por trás deste problema, está uma questão burocrática: a atribuição do ASE (que permite 50% de desconto ou isenção na aquisição de material escolar ou alimentação) é baseada no escalão de abono de família, que é definido de acordo com o IRS.
 
"Há casos em que os apoios são atribuídos com base em declarações de IRS de há dois anos", alertou por seu turno a responsável pela ação social no Agrupamento de escolas de Oliveira do Douro, Isabel Sousa.
 
Além disso, contou a responsável, alguns pais daquele agrupamento ficaram desempregados e foram ao Instituto de Segurança Social requerer abono de família ou alteração de escalão mas foi-lhes dito que a situação só seria resolvida no próximo ano.
 
"Houve pais que me disseram que lhes tinham dito na Segurança Social que os escalões iam ser revistos em 2012 e por isso teriam de aguardar até lá", criticou a responsável, que decidiu pôr mãos à obra e ajudar as famílias com os processos.
 
Resultado: "Uns já conseguiram uma revisão do escalão, mas outros ainda continuam à espera", resumiu.
 
No agrupamento de escolas de Oliveira do Douro, que é frequentado por 2.950 alunos, "este ano houve uma avalanche de pedidos em relação aos anos anteriores".
 
"Nunca vi, em 20 anos, tanta aflição como agora", lamentou a responsável, estimando que este ano já chegaram ao seu gabinete "dezenas de novos processos".
 
*Este artigo foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico aplicado pela agência Lusa*
 
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Portugal: OS PRETEXTOS PARA ANDARMOS À ESTALADA

 


Pedro Tadeu – Diário de Notícias, opinião
 
Quando o FMI corrige cálculos anteriores e diz que por cada euro adicional de austeridade a economia vai afundar entre 0,9 e 1,7 euros, percebemos que andamos a ser enganados. Dá vontade de andar à estalada.
 
O orçamento apresentado ontem por Vítor Gaspar, dadas aquelas contas do FMI, irá, portanto, causar mais 5 mil milhões de austeridade e 8 ou 9 mil milhões de euros de quebra do PIB, de perda de riqueza do país. Qualquer burro percebe que assim não vai haver dinheiro para pagarmos a dívida nem para estabilizar o défice e que estaremos, no final do ano, de bolsos vazios e ainda mais longe de atingir as metas da troika! Dá vontade de começar à estalada.
 
Quando o primeiro-ministo promete um sacrifício equitativo para vencer a crise mas aceita este novo IRS - que significa para um casal de trabalhadores com um filho que, por mês, tenha 1500 euros de rendimento, um aumento de 140% neste imposto, enquanto um outro casal que ganhe mais de 25 mil euros por mês tem um aumento de apenas 18% - parece que alguém não sabe fazer contas. Dá vontade de começar à estalada.
 
Quando o grupo parlamentar do PS acusa de populismo quem o critica por nesta altura andar a trocar viaturas e aparece o seu deputado Francisco Assis, em tom de desafio demagógico, a perguntar para a geral se o líder do grupo parlamentar socialista deve andar num Renault Clio, vislumbra-se a inutilidade de um hipotético governo alternativo do PS. Dá vontade de começar à estalada.
 
Quando o Cardeal Patriarca mostra compaixão pelos pobres, cada vez em maior número, mas acusa o poder de se deixar governar pela rua, onde os pobres protestam por nada mais lhes restar fazer, deparamo-nos com uma definição esquisita do conceito "amor pelo próximo". Dá vontade de começar à estalada!
 
Quando o presidente Cavaco Silva escreve que o cumprimento do objetivo do défice público é simplesmente inviável, mas não retira consequências disso tratando de demitir o governo antes da aprovação do orçamento que repete esse erro, somos obrigados a concluir que no Palácio de Belém o poder é uma inutilidade. Dá vontade de começar à estalada.
 
A classe política, os economistas, os líderes morais dão, todos os dias, razões para ser deflagrada a violência que Passos Coelho disse, no parlamento, recear.
 
No dia em que começasse tudo à estalada havia pretexto para sitiar o país e impôr, à cacetada de polícia de choque, a política de empobrecimento generalizado dos portugueses. A quem interessa, pergunto, que andemos à estalada?
 

Portugal: SILVA LOPES DIZ QUE VAI A MANIFESTAÇÃO CONTRA MERKEL

 

Diário de Notícias - Lusa
 
O economista José Silva Lopes disse hoje que estará presente nas manifestações quando estas visarem os políticos europeus e, nomeadamente, a chanceler alemã, Angela Merkel.
 
Silva Lopes, que falava numa conferência sobre o Orçamento do Estado para 2013 organizada pelo Instituto de Direito Económico Financeiro e Fiscal da Faculdade de Direito de Lisboa, afirmou que não existe outra solução que não seja de austeridade para Portugal porque esta é imposta pelos políticos europeus.
 
"Compreendo que haja agora manifestações quase todos os dias, mas estas manifestações deviam ser contra a senhora Merkel e outros políticos da União Europeia que nos andam a por este garrote", afirmou o ex-ministro das Finanças.
 
Referindo-se às declarações da presidente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, que admitiu que terá ido longe demais com a austeridade, Silva Lopes interpretou como um sinal aos dirigentes europeus.
 
"O que a senhora Lagarde estava a dizer é que é preciso menos austeridade na Europa e se houver menos austeridade na Europa haverá mais margem para Portugal, Espanha, Grécia, etc respirarem um pouco".
 
Para o economista, o Orçamento do Estado para 2013, apresentado na segunda-feira no Parlamento, representa as "limitações" impostas pela Europa: "Essa coisa de pensar que mandamos a 'troika' às urtigas não pode ser. E depois no dia seguinte quem nos empresta o dinheiro? E se negarmos a dívida, como vamos viver?", perguntou.
 
Silva Lopes afirmou que a austeridade "é dolorosa, é lamentável, mas só nos livramos dela se a Europa deixar de nos apertar tanto", rematando que quando houver manifestações contra as políticas de austeridade da Europa, lá estará.
 
A chanceler alemã fará uma visita a Portugal no dia 12 de Novembro.
 
Relacionado em DN
 

Portugal: Ferreira Leite avisa que Orçamento para 2013 “não tem execução possível”

 


Carlos Santos Neves, RTP
 
É “inviável” a execução da proposta de Orçamento do Estado para 2013 ontem submetida ao Parlamento e impõe-se que o Governo explique em que estado ficará o país se falhar a concretização das metas acertadas com os credores internacionais, defendeu esta terça-feira Manuela Ferreira Leite. Um aviso deixado na Conferência “O estado e a competitividade da economia portuguesa”, promovida pela Antena 1 e pelo Jornal de Negócios com o apoio da Faculdade de Economia da Universidade Nova. Rejeitando que Portugal esteja a encaminhar-se para a porta de saída da Zona Euro, a antiga ministra das Finanças sustentou que a única alternativa é “negociar com a troika, que cometeu um “erro básico” na “receita” aplicada ao caso português.
 
“Engordámos comendo aquilo que não devíamos, comendo mais do que aquilo de que precisávamos”. Foi com esta imagem que Manuela Ferreira Leite recuou a um dos registos políticos que mais marcaram a sua passagem pela liderança do PSD, quando, na Oposição ao Governo de José Sócrates, se desdobrava em alertas para o sobre-endividamento do país.

“É preciso emagrecer e o emagrecimento mantém-se exatamente exigente. Aquilo que eu gostaria de recomendar é que as pessoas não aceitassem morrer antes de emagrecer. Isto é, morrer gordo é do pior que há depois de se ter feito uma dieta tremenda”, admitiu a antiga titular da pasta das Finanças na conferência organizada pela rádio pública e pelo Jornal de Negócios.
 
Todavia, continuou a antecessora de Pedro Passos Coelho na liderança dos social-democratas, a solução para o quadro de colapso das contas públicas não pode passar pelas fórmulas inscritas pelo Ministério de Vítor Gaspar na proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano – um processo de reequilíbrio do défice em que a receita a encaixar com o agravamento de impostos tem um peso calculado em 80 por cento.

O Orçamento ontem entregue à Assembleia da República, afirmou Manuela Ferreira Leite, é “inviável” e “não tem execução possível”.

“Como eu acho que os objetivos não vão ser conseguidos, era bom que desde já o Governo, antes da aprovação do Orçamento ou durante a discussão do Orçamento, dissesse, se isto não for conseguido, onde é que estará o país nessa situação, porque há aqui um ponto fundamental pensando na macroeconomia. Efetivamente, não há macroeconomia sem pessoas. A economia é uma ciência social e, quando não se pensa como é que as pessoas, as empresas e o país estão depois de determinado tipo de receita, então realmente mais vale não fazer nada”, reforçou.

“O erro básico”

Ao intervir num painel partilhado com os antigos ministros Bagão Félix e Vieira da Silva e o economista Vítor Bento, Ferreira Leite apontou também um “erro básico” à missão do Fundo Monetário Internacional, do Banco Central Europeu e da Comissão Europeia. Um erro que radica no “desenho” do Programa de Assistência Económica e Financeira. “E daí o Governo não tem culpa”, contemporizou.

“E onde é que está o grande erro, que não tem nada a ver com 83 e 84? É que quando desenharam a receita esqueceram-se de um pormenorzito (sic): é que as nossas famílias estavam profundamente endividadas e, como tal, o efeito recessivo de, por exemplo, aumento de impostos é muitíssimo superior àquele que estaria se não houvesse esse endividamento das famílias”, propugnou.

“Por outro lado, simultaneamente ao nosso desequilíbrio externo - era o grande problema de 83 e 84 -, nós tínhamos um problema orçamental e estamos através de uma determinada receita a tentar bater os dois défices que são incompatíveis. E portanto é uma situação complexa cujo desenho, do meu ponto de vista, está errado. Porque exatamente, logo na primeira previsão de desemprego e recessão, ficaram muito espantados com o resultado, ficaram espantados porque se esqueceram de que o efeito recessivo é muito superior quando as famílias e as empresas estão muito endividadas”, insistiu a antiga dirigente do PSD.

“Nós neste momento estamos perante a situação que é o sector das famílias endividado a tentar corrigir o sector do Estado endividado. Portanto, só pode dar profundíssima recessão e um aumento enorme de desemprego”, rematou.

“Negociar com a troika”

Na perspetiva da antiga governante, não haverá “outra alternativa” que não passe por uma renegociação das condições do empréstimo com as instituições que formam a troika: “Provavelmente não é só o Governo, é o Governo, são várias entidades, é quem tem capacidade para isso”.

Manuela Ferreira Leite considera que o Ministério de Paulo Portas poderia desempenhar um papel mais relevante. E recusa que Portugal esteja condenado a abandonar a moeda única. Para tal, socorre-se da situação grega.

 
“Eu vejo, por exemplo, o ministro dos Negócios Estrangeiros pouco envolvido na questão europeia. Se calhar precisava de estar mais envolvido. Lembro-me que anteriormente, quando havia as grandes negociações com a Europa, através dos fundos, era sempre o ministro dos Negócios Estrangeiros, o primeiro-ministro, todos esses, que estavam envolvidos na negociação. Porque, quando o Vítor Bento me diz que nós não temos outra saída sem ser sair do euro, eu recuso completamente semelhante alternativa. Pela simples razão de que ainda não vi essa decisão aplicada à Grécia”, notou.

“A Grécia não tem cumprido absolutamente nada, dizem para fazer e não fazem. Há quantos anos está isto a suceder? Objetivos, não cumpre nenhum. Não têm um governo que os mantenha, não tem máquina fiscal, não tem acordos sociais, não tem nada. Não cumpre. Já algum dia disseram que a Grécia vai embora do euro, que não os financiamos? Somos nós que, sendo bem comportados, que temos estado a fazer tudo aquilo que devemos, todos os sacrifícios possíveis, que temos tido uma estrutura que nos ajuda, desde acordos políticos até acordos sociais, máquina fiscal eficaz, é a nós que nos vêm dizer não vos damos mais nada, porque vocês têm que se ir embora?”, questionou Ferreira Leite, para quem este é um argumento que “devia ser explorado”.

“Se não houver hipóteses nenhumas, como o ministro das Finanças diz, que não há saída absolutamente nenhuma - portanto a troika está fechadíssima para nós e abertíssima para a Grécia, o que é uma coisa absolutamente bizarra -, vamos admitir que isto é assim, então há uma coisa que os portugueses deverão exigir. É que nos digam, perante a inviabilidade de haver qualquer tipo de alteração, perante a única possibilidade e única alternativa que existe para este país, é isto que neste momento está consagrado no Orçamento, que me digam qual é que é o desenho que fazem do país e da sociedade portuguesa ao fim deste tempo”, instou.
 
Bagão Felix
 
Na conferência desta terça-feira, o antigo ministro das Finanças e do Trabalho Bagão Félix alertou que o Governo está a atuar mal ao privilegiar um aumento de impostos no Orçamento para 2013.

Bagão Félix considerou mesmo que a “carga fiscal pode gerar uma septicemia na economia”.
 
Vitor Bento
 
No mesmo painel, Vítor Bento quis assinalar que o país está “numa situação de insolvência potencial”. Que poderá desembocar na inevitabilidade de uma saída do euro.

“Nós dependemos dos balões de oxigénio que nos são dados pela troikae pelo BCE. Ninguém diz como é que se cresce. Cresce-se. Devemos crescer. Eu também sou a favor do crescimento, acho que toda a gente é a favor do crescimento. Mas se durante dez anos atrás, com todos os instrumentos, não conseguimos crescer, é agora sem dinheiro que vamos conseguir crescer? Com que instrumentos?”, perguntou o economista.

O ajustamento, prognosticou ainda Vítor Bento, vai prosseguir por via da redução da “procura interna” e de “um equilíbrio muito abaixo do pleno emprego”.

“Isso pode-se tornar socialmente insustentável e nessa altura as pessoas vão pedir para sair do euro. E portanto, se queremos politicamente estar no euro, nós temos que criar um pacto, um pacto entre as forças políticas e as forças sociais de fazer o que é necessário para nos mantermos no euro. Porque não tenhamos ilusões: se não fizermos o que é necessário, nós vamos sair do euro mais cedo ou mais tarde”, concluiu.
 

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