quinta-feira, 13 de setembro de 2012

O consenso social foi substituído por um braço-de-ferro - comentário de Miguel Gaspar

 

 
O consenso social acabou. Foi substituído por um braço-de-ferro. Um braço-de-ferro entre o primeiro-ministro e o país.

A TSU não vale isso.
 
Entalado entre a entrevista incendiária de Manuela Ferreira Leite, a ameaça de uma moção de censura de António José Seguro e o clamor da sociedade civil contra o agravamento da austeridade, Passos Coelho disse ao que vinha logo nos primeiros minutos da entrevista à RTP: não recuo, não recuo, não recuo.

Por coragem? Por teimosia? Por estar amarrado à troika?

Ou, pura e simplesmente, por não ter alternativa?

Para Passos, recuar é cair no abismo.

Mas se Passos não recuar, é o país que cai no abismo.

Ora o primeiro-ministro fez uma escolha. Ele não falou para o país. Falou para os seus adversários políticos. Em particular para os que mais o ameaçam, os que estão dentro do seu partido e dentro do seu Governo. E para Belém.

Lembrou a Cavaco, a Ferreira Leite e aos seus deputados que o FMI terá que dar luz verde ao Orçamento e às medidas que ele e o ministro das Finanças anunciaram. Lembrou ao entretanto emudecido Paulo Portas que o próprio Paulo Portas deu o visto prévio à austeridade que agora não defende. Estão todos amarrados.

Reconheceu que esta foi a mais difícil negociação que teve com a troika. Ou seja, que o alívio das metas do défice teve um preço muito alto. E que não há margem real para mudar nada no orçamento – só para “modelar”. Mas está isolado e fragilizado.

Não reconheceu que perdeu o país na declaração de há uma semana. Não o recuperou, de todo, esta noite. E sabe-o. Mas está a ser incapaz de medir as consequências disso.

O consenso social acabou. Foi substituído por um braço-de-ferro. Um braço-de-ferro entre o primeiro-ministro e o país.

A TSU não vale isso.

*TSU - Taxa Social Única
 

Portugal: PROTESTO JUNTO À RESIDÊNCIA OFICIAL DE PASSOS COELHO

 


Expresso, com foto – esta noite em Lisboa
 
Várias pessoas concentraram-se junto à residência oficial do primeiro-ministro, em protesto contra as novas medidas de austeridade do Governo, enquanto Passos Coelho dava a entrevista à RTP.
 
"25 de Abril sempre, fascismo nunca mais!". "Os ladrões estão lá dentro e os polícias estão cá fora", gritaram, entre outras palavras de ordem, as várias pessoas que se concentraram junto à residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento, em protesto contra as novas medidas de austeridade do Governo.
 
O líder da Fenprof, Mário Nogueira, presente na manifestação, defendeu a demissão de Passos Coelho. Além das palavras de ordem, dos apitos e das buzinas, houve pessoas a baterem tampas de tachos, provocando um ruído ensurdecedor a escassos metros do local onde o primeiro-ministro estava a ser entrevistado.
 
O protesto começou cerca de meia hora antes da entrevista de Pedro Passos Coelho à RTP. Vigiados por um considerável aparato policial, os manifestantes - entre os quais a coordenadora da Federação de Sindicatos da Função Pública, Ana Avolila - estão confinados a uma distância de meia centena de metros da porta da residência oficial de Passos Coelho.
 
O trânsito esteve cortado junto à residência de São Bento e na rua contígua.
 
Função Pública promete novos protestos
 
A coordenadora da Federação Nacional de Sindicatos da Função Pública, Ana Avoila, afirmou hoje que vão ser realizadas manifestações de protesto onde houver iniciativas públicas com o Governo.
 
Em declarações à agência Lusa, a sindicalista, que falava no decorrer do protesto junto à residência oficial do primeiro-ministro, em Lisboa, disse que a concentração é uma "iniciativa de gente indignada, de delegados e dirigentes sindicais".
 
"Em todo o lado, e enquanto pudermos", vai haver protestos promovidos por sindicalistas afetos à CGTP-IN (Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses - Intersindical Nacional), assegurou.
 
Enquanto os manifestavam gritavam "gatuno, gatuno, gatuno", Ana Avoila mostrava a sua indignação por o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, dar uma entrevista à RTP na residência oficial e não nos estúdios da estação de televisão.
 
"Medidas vão deixar portugueses de tanga"
 
"O primeiro-ministro veio esconder-se aqui, não sei do que tem medo", afirmou. Na opinião da sindicalista, desde que esta semana foram anunciadas novas medidas de austeridade pelo líder do Governo e pelo ministro das Finanças, há "uma grande indignação", porque são "medidas que vão deixar toda a gente de tanga".
 
O líder da Federação Nacional de Professores (Fenprof), Mário Nogueira, outros dos presentes no protesto, disse que se o Governo "tivesse vergonha, demitia-se. Se houvesse um pouco de decoro e ética, este Governo ia-se embora".
 
Para além de criticar as políticas governativas, que "são más", Mário Nogueira condenou também "a atitude do Governo", dando como exemplo o facto de Passos Coelho ter anunciado que ia "dar mais um salário, mas depois saber-se que o vai tirar". Isso ultrapassa tudo, é uma atitude de desrespeito que não é aceitável, muito menos num primeiro-ministro", referiu.
 
Ana Avoila disse à Lusa que foi instalada no local uma televisão para que os manifestantes possam assistir à entrevista de Passos Coelho.
 

Portugal: PSP REFORÇA SEGURANÇA DE PASSOS COELHO

 


São agora 12 os polícias que estão reservados para o primeiro-ministro. Chefe de Governo já tem segurança ao nível de Sócrates em final de mandato.
 
Celso Paiva Sol – Rádio Renascença, com foto
 
A segurança pessoal dos membros do Governo está a ser reforçada. Na sequência dos recentes casos de tentativas de agressão, e numa altura em que as novas medidas de austeridade geram muita contestação, a Renascença sabe que a PSP reforçou o pessoal que tem empenhado na segurança de alguns ministros.
 
No caso de Pedro Passos Coelho, o primeiro-ministro já tem tanta segurança como José Sócrates em fim de mandato. O chefe de Governo é acompanhado em permanência por três equipas do corpo de segurança pessoal da PSP, estando-lhe já reservada uma quarta equipa de prevenção. Ao todo, são 12 agentes.
 
Do ponto de vista da ameaça, cuja avaliação é da responsabilidade dos serviços secretos, não tem havido alterações ao longo destes 15 meses de mandato do Governo. Numa outra vertente - a de risco, a cargo da própria PSP, houve várias alterações.

Sensivelmente desde a festa do PSD no Pontal, a 14 de Agosto, a PSP reformulou os planos para vários membros do Governo. Ao primeiro-ministro, a polícia atribuiu mais uma equipa permanente de três elementos e mais alguns elementos misturados e disfarçados entre as pessoas que aguardam Passos Coelho em locais públicos.
 
No caso do ministro das Finanças, Vítor Gaspar, a PSP manteve as duas equipas em permanência, mas acrescentou-lhe uma de prevenção (nove elementos ao todo). Ao ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, foi atribuída mais uma equipa (seis elementos).
 
Nas últimas semanas, também a segurança do ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, foi reavaliada, mas, neste caso, sem que daí tenha resultado qualquer alteração.
 
Esta adequação da segurança não se limita ao reforço do número de equipas. Passa também pela alteração de itinerários e até o corte esporádico de algumas vias de circulação, a colocação de outros agentes fardados em determinados locais e a alteração de locais e horários da exposição pública destas figuras políticas.
 
O caso mais recente de ameaça à integridade de um membro do Governo envolveu a ministra da Agricultura. Um homem tentou atingir Assunção Cristas com um ovo

Portugal: GOVERNO NÃO RECUA NO AUMENTO DA TSU

 

TSF, com foto
 
Passos Coelho, na RTP, insistiu que o aumento da taxa social única é «necessária» e «importante» para evitar que Portugal não tenha de pedir nova ajuda internacional. Com esta medida alguns preços vão baixar.
 
O primeiro-ministro apenas aceita, como prometeu na altura da apresentação, «modelar» a medida para proteger quem ganha menos, com a ajuda dos parceiros sociais.
 
Passos Coelho defendeu que a medida «permitirá discriminar positivamente os trabalhadores com salários mais baixos», recusando, perante a insistência dos jornalistas, que se trate de uma iniciativa «radical». Trará, isso sim, «maior competitividade às empresas».
 
Sem uma medida como esta, o desemprego no próximo ano atingiria os 17%, disse Passos Coelho.
 
O primeiro-ministro argumentou ainda que a subida da TSU fará com que os preços baixem. Citou o exemplo das empresas públicas (CTT, transportes) e das empresas reguladas.
 
«Teremos o cuidado de garantir que os ordenados mais baixos não são afetados», disse Passos Coelho, reforçando a intenção de negociar os termos concretos com os parceiros sociais.
 
«Esta medida [aumento da TSU] não foi preparada sem que o dr. Paulo Portas estivesse envolvido na sua preparação», disse o primeiro-ministro, manifestando-se tranquilo com aquela que será a posição do ministro dos Negócios Estrangeiros.
 
E sobre o apoio dos deputados do PSD e do CDS ao OE, Passos Coelho disse que «se não votarem será uma tragédia. Nem quero pensar» nesse cenário.
 

Portugal: PS ameaça com moção de censura se Governo não recuar na TSU

 


Ana Laranjeiro – Jornalde Negócios
 
António José Seguro garantiu esta quinta-feira que "tudo fará" para impedir a entrada em vigor das alterações à Taxa Social Única (TSU) e, caso seja necessário, apresenta uma moção de censura ao Governo.
 
O secretário-geral do PS diz que ou o Governo recua em relação à Taxa Social Única ou “o PS tomará todas as iniciativas constitucionais à sua disposição para impedir a sua entrada em vigor”. E “se para tal for necessário e em nome da indignação e deste gritante injustiça (…) o PS apresentará uma moção de censura ao Governo”.

António José Seguro garantiu esta quinta-feira que “ tudo fará” para impedir a entrada em vigor das alterações à Taxa Social Única (TSU) e, caso seja necessário, apresenta uma moção de censura ao Governo. “Quero ser muito claro quanto à TSU: tudo faremos para impedir para que o Governo retire dinheiro aos trabalhadores para dar às empresas. O aumento da TSU aos trabalhadores (…) retira mais que um salário por ano. É uma decisão que nos indigna profundamente”, afirmou Seguro numa declaração ao País.

A alteração à TSU “não é uma medida qualquer. A sua natureza quebra o contrato social que está para além de qualquer Orçamento do Estado”. “Há uma linha que separa a austeridade da imoralidade e essa linha foi ultrapassada. Ou primeiro-ministro recua e retira a proposta ou o PS tomará todas as iniciativas constitucionais à sua disposição para impedir a sua entrada em vigor. Se para tal for necessário e em nome da indignação e desta gritante injustiça (…) o PS apresentará uma Moção de Censura ao actual Governo”, garantiu o líder do PS.

O secretário-geral aproveitou a oportunidade para dizer a Passos Coelho que está “nas mãos” do primeiro-ministro evitar que o País adopte o que Seguro considera ser “uma medida indigna”e de “insensibilidade em relação às pessoas”. “Sinto bem a indignação dos portugueses e a ausência de uma perspectiva de futuro. E compreensível perante a incompetência e experimentalismo do primeiro-ministro que governa sem rumo e distante dos portugueses”, acrescentou.

Neste sentido, o PS garante que “há outro caminho”. “Difícil, exigente que concilia o rigor orçamental com o crescimento”, frisou.

PORTUGAL: MAIS SACRIFÍCIOS?

 


Timothy Bancroft-Hinchey - Pravda.Ru
 
O Governo português acaba de anunciar que no próximo ano, a carga das contribuições para a Segurança Social vai aumentar de 11 para 18 por cento, portanto uma subida de sete por cento, além dos outros impostos altíssimos e preços de utilidades públicas insuportáveis. Na equação da política portuguesa, um Governo PSD é sinónimo com ruptura social.
 
Nunca na história da política apareceu um homem tão mal preparado para governar um país em crise, nunca apareceu uma equipa tão inepta ou políticas tão cegas como é o caso do (des)Governo PSD do Primeiro Ministro Pedro Coelho e seus ilustres ministros. Já nos anos noventa, o mesmo partido tinha lá um Ministro de Finanças que foi rotulado de "adiantado mental"; ora bem, esse que está ali agora, faltam rótulos, faltam palavras e falta a paciência para com ele, com o Primeiro Ministro e aquele bando que secou o país até ao ponto de ruptura.
 
De facto, quem pensar em votar no PSD, CDS/PP ou PS deveria fazer uma Ressonância Magnética ao seu cérebro, porque foram estes três partidos que governaram Portugal desde a Revolução dos Cravos em 1974. Portanto, não têm qualquer desculpa contra a acusação que eles levaram o país para a situação em que está, ora colectiva, ora individualmente, ao longo de quase quatro décadas.
 
Se fossem dirigentes de qualquer empresa, teriam sido despedidos por incompetência, mas porque são da classe que manda em Portugal, o pior que lhes acontece é que voltam para o lugar de onde vieram, atrás das grades de uma Universidade, ou então num instituto qualquer fazendo sabe-se lá o quê...organizando festas de 150.000 Euros, talvez.
 
Há situações em que as verdades têm de ser ditas, por muito que magoem e há em Portugal uma tendência de deixar as coisas estarem, fingir que está tudo bem, ou que há-de ficar e talvez algum dia virá um Dom Sebastião para colocar tudo em ordem. Desculpem-me, mas isso não vai acontecer. O laissez-laire morreu agora em Setembro de 2012. Virem a página, nova mentalidade, novo país.
 
O Pai desta situação foi o próprio Presidente, Aníbal Silva, que gosta de cultivar um ar de enorme sabedoria, protegendo-se, escondendo-se atrás de frases crípticas, fontes de sabedoria do tipo "Tenho uma certa visão para Portugal", ou "O Progresso do Povo Português no Espaço Económico Europeu". Infelizmente a fonte virou poço.
 
Aníbal Silva foi Primeiro-Ministro entre 1985 e 1995, precisamente nos anos após a adesão de Portugal à Comunidade Europeia (depois União Europeia). Preparou o país para o desafio? Não, andou dez anos a viajar masturbando-se virtualmente pelas ruas e estradas do país em limusinas com polícias em motos a acompanhar, fazendo discursos e brincando à política. Nestes precisos anos, rios de dinheiro jorraram pelas fronteiras dentro, supostamente para ser bem investido criando as condições para Portugal se cingir no clube Europa.
 
Se bem que o país estava totalmente despreparado na altura e a adesão na minha opinião deveu mais à amizade de Mário Soares com "son ami" Miterrand e se bem que Aníbal Silva em termos de honestidade e integridade se classifica entre os intocáveis na política portuguesa, ser honesto e parecer "sério" não chega. E a década do Cavaquismo foi um aborto fedorento que contaminou cada sector da governação portuguesa durante 30 anos.
 
O dinheiro foi pessimamente mal empregue, as negociações com a União viram desaparecer a indústria, a agricultura e as pescas portuguesas. Perdendo estas indústrias, como é que Portugal poderia estar preparado para o desafio? O que segue, desde meados dos anos noventa, é uma consequência disto, é a cauda do Cavaquismo, uma espécie de uma lama mal-cheirosa que encobre tudo, escondendo buracos e enganando todos.
 
Desde meados dos anos noventa, assistimos a um deslise constante, assistimos a uma desgovernação por incompetentes que esbanjaram o dinheiro dos contribuintes, que deixaram Portugal com os piores salários, com preços de comida e de utilidades públicas a aumentar ano após ano, não protegeram o povo quando o país entrou no Euro (sem perguntar a ninguém se queria deixar o Escudo), quando os preços duplicaram ou triplicaram e deixaram os portugueses com uma das mais altas taxas tributárias na Europa (os pobres, claro, não os ricos).
 
Chegamos agora a 2012, com um Governo que mais facilmente encontrar-se-ia num hospício em qualquer outro país, o de Pedro Coelho, que implementa medidas sem saber se passam no Tribunal Constitucional, quando até um idiota sabe que não, e que acha que tem o direito de saquear o país e roubar o povo, aumentando a contribuição para a Segurança Social em sete pontos percentuais.
 
Quando a planta está doente, poda-se e rega-se. O que este Governo fez foi cortar a água, tirar todas as folhas, partir o caule e arrancar as raízes. Agora que a planta teima em não crescer, acham bem pisar com botas pesadas e se não morrer à primeira, hão-de continuar até que ela não resiste mais.
 
Com uma teimosia e idiotice destas, não surpreende que os jovens vão-se embora. Desta vez, não voltam mais. Quando se tira dinheiro de uma economia, seca-a. A resposta não é mais impostos - qualquer estudante de finanças públicas sabe que este tipo de política produz resultados ao contrário. A resposta é...
 
Tenho as minhas ideias, mas não cabe a mim ditar aqui neste jornal russo o que os economistas e estudiosos portugueses são pagos para fazer: encontrar uma solução. Basta dizer que esta não reside nos três partidos acima referidos, como é mais que evidente.
 

PORTUGAL PRECISA DA DEMISSÃO DO GOVERNO E DE CAVACO SILVA

 


Freitas do Amaral diz que o desgoverno de Passos-Portas-Cavaco “tem de dar um passo atrás para não perder a legitimidade política”, em artigo de Rita Tavares, inserto no jornal i. Moderado, um homem às direitas e de direita, mas com uma noção de democracia das mais corretas para os maus tempos em que sobrevivemos a toda esta fantochada global dita democrática, Freitas evita afirmar que a legitimidade do desgoverno de Passos-Portas-Cavaco já há muito perdeu a legitimidade. Até as sondagens deixam perceber isso mesmo.
 
Não é só a perda de legitimidade do governo que está em causa mas sim o próprio PR Cavaco Silva, pelo menos a partir do momento em que desrespeitou a Constituição e aprovou o OE em vigor. Para não fazer alarde da vasta minoria que o elegeu para Belém neste segundo e malfadado mandato. Outro fosse o PR e Portugal estaria a enveredar por efetiva equidade. A tal de que Cavaco fala mas contraria e a que fecha os olhos e assina de cruz. A favor da desigualdade social crescente, do desemprego, da miséria e da fome dos portugueses. Afirmação sustentada no título PORTUGAL É UM DOS TRÊS PAÍSES EUROPEUS COM MAIS DESIGUALDADES SOCIAIS que publicamos.
 
Cavaco, como Portas, pretende passar incólume pelos intervalos da chuva de péssimas decisões governamentais que aprovou sem medir os interesses dos portugueses e do país. Cavaco não pode beneficiar desse estatuto incólume por também ter imensas responsabilidades em não exercer o seu cargo como era exigível. Primeiro os portugueses e o país e não alguns portugueses (os mais ricos e da estirpe a que se guindou graças a abraçar a política) e o país que “se lixe”. Há que pedir-lhe contas, mas mais a Passos Coelho e a Paulo Portas.
 
É previsível que por estes dias Cavaco faça alguma comunicação ao país. Decerto surgirá com “paninhos quentes”, naquela sua habitual conversa de nem sim nem não mas antes pelo contrário. Uma vez mais surgirá com ludíbrios, que é o que sabe fazer melhor. Diz uma coisa mas depois promulga outra. Assim fez antes e garantias de que agora não o repita não temos. A solução é demitir o governo de Passos, o seu governo, convocar eleições parlamentares… e depois demitir-se, para que se “elejam dois coelhos de uma cajadada” (outros e competentes) e assim se poupem uns largos milhões de euros em eleições. Um reparo severo para o Partido Socialista, que tem imensas responsabilidades na atual situação e quer passar também pelos intervalos da chuva ou da responsabilização. Estamos fartos de políticos destes, parasitas apátridas que só olham para interesses das suas súcias, insensíveis às dificuldades de um país de nobre povo de uma nação valente que um dia se vai fartar e revoltar-se se tudo continuar no tal ludibrio. Portugal precisa de uma outra receita: a demissão do governo e de Cavaco Silva. Novos políticos, novas políticas. Decência. Democracia. Desenvolvimento. Os três D’s prementes da atualidade. (PG)
 
Freitas do Amaral ao i: "Governo tem de dar um passo atrás para não perder legitimidade política"
 
Rita Tavares - i online
 
O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros é duro na análise às novidades dos últimos dias. “As grandes opções de política económico-financeira anunciadas pelo governo estão erradas”, diz Freitas do Amaral, que aconselha o governo a “dar um passo atrás” quando apresentar o Orçamento do Estado para 2013.
 
Em declarações ao i, Freitas diz estar preocupado com a lógica seguida pelo governo na elaboração da proposta que entregará em Outubro no parlamento, sobretudo no que diz respeito ao CDS que “dá ideia que não foi ouvido”, refere o fundador do partido. “O governo deve dar o passo atrás. Tem de ouvir o Presidente da República, o PS, os partidos políticos (e já agora o CDS), as confederações sindicais e patronais”, acrescenta o ex-presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, sem deixar de atacar a submissão às directivas que têm vindo de fora: “Tem de lutar contra a troika (de funcionários) com os seus patrões: BCE, FMI e Comissão Europeia.”
 
Quanto às “opções” anunciadas pelo primeiro-ministro e o ministro das Finanças, Freitas não hesita em classificá-las de “erradas” e avisa que se forem aprovadas no parlamento, “por uma maioria obediente e insensível, este governo perderá toda a legitimidade política para nos tirar da crise, porque estará a afundar-nos nela”. Hoje mesmo o PS – que há um ano se absteve – assumirá a sua ruptura com o governo numa audiência com o Presidente da República. Por isso desta vez Passos Coelho só contará mesmo com a maioria PSD/CDS na votação do Orçamento do Estado para o próximo ano. Mas mesmo a coligação está longe de viver dias serenos (ver texto principal).
 
“Inaceitável” Quanto às medidas em si, o ex-ministro de José Sócrates indigna-se sobretudo por aparecerem em contracorrente. “Quando a troika nos dá mais um ano, e é particularmente suave para 2013, precisamos de agravar a austeridade?” Em concreto, sobre o aumento em sete pontos percentuais da contribuição dos trabalhadores para a segurança social, Freitas considera-a “inaceitável”, “mais do dobro do que seria aceitável”. “Aliás, a solução encontrada pelo governo vai pôr os trabalhadores a financiar as empresas onde trabalham. Ora, eles não são bancos”, diz mesmo.
 
O arraso às medidas já anunciadas pelo governo prossegue quando se fala na reforma do Estado. O ex-ministro suspeita que o governo esteja a “atirá-la para 2014” porque “nada está preparado para este ano”. Neste ponto, Freitas do Amaral acompanha as vozes de esquerda que têm pedido um corte mais visível na despesa, sobretudo a despesa corrente primária, onde “há tanto para cortar”, garante.
 
E se a expectativa do governo é que em 2013 o pior já tenha passado (foi o que Pedro Passos Coelho previu na rentrée do PSD no Pontal), perante as medidas agora apresentadas Freitas do Amaral tem outra versão. Caso o governo não volte atrás, o país “entrará numa espiral recessiva e em 2013 estará pior”. Rita Tavares
 
*Título e opinião PG
 

PORTUGAL É UM DOS TRÊS PAÍSES EUROPEUS COM MAIS DESIGUALDADES SOCIAIS

 


 
Portugal é o país da União Europeia, com excepção da Letónia e Lituânia, a ter maiores desigualdades na distribuição dos rendimentos das famílias, revela um estudo que vai ser apresentado na sexta e no sábado em Lisboa.
 
O estudo da 'Accenture', que vai ser divulgado no Centro Cultural de Belém num encontro promovido pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, revela que, embora tenha vindo a decrescer, as desigualdades na distribuição dos rendimentos pelas famílias portuguesas "são mais elevadas em Portugal do que em todos os países europeus, excepto Letónia e Lituânia".

De acordo com o estudo, os 20% mais ricos têm um rendimento seis vezes superior ao dos 20% mais pobres, embora a diferença tenha sido mais alta um ponto, entre 1995 e 2005.

O risco de pobreza atinge os 43,4% e é atenuado por apoios sociais, cifrando-se nos 17,9%, ou seja, uma em cada cinco pessoas é considerada pobre e uma em cada três pessoas com mais de 65 anos vive só e é considerada pobre (35%), números que estão abaixo da média europeia, que é de uma em cada quatro pessoas (24%).

A discrepância entre ricos e pobres (também designada por Índice de Gini), que se situa nos 33,7%, em contraponto com os 30,5% da média europeia, ajuda a explicar as assimetrias existentes entre quem vive em áreas urbanas de quem vive em zonas rurais. Por isso, o estudo conclui que "o despovoamento do Portugal rural em favor das áreas urbanas e do litoral é uma tendência prevalecente".

Assim se explica que as regiões da Grande Lisboa e do Grande Porto, que ocupam apenas 2,4% do território, concentram 31,5% da população residente.

No sector económico, Lisboa, Porto e Albufeira (Algarve) são os municípios do país onde se registam mais pagamentos por habitante, através das caixas de multibanco. Da mesma forma, entre os 558 ecrãs de cinema existentes no país, 80 estão em Lisboa, 31 em Vila Nova de Gaia e 21 em Oeiras, enquanto 198 dos 308 municípios não têm nenhum.

Na saúde, um médico de família tinha, em 2010, em média 145 utentes no Grande Porto e 757 no Alentejo Litoral. Em relação ao índice de envelhecimento, o número de idosos por cada cem jovens era, em 2011, de 179 no Alentejo e 118 na região de Lisboa, o mesmo se verifica em matéria de densidade populacional: Alcoutim, Mértola e Idanha-a-Nova têm menos de sete habitantes por quilómetro quadrado, ao passo que na Amadora, Lisboa e Porto existem 5.000.

O despovoamento das zonas rurais tem contribuído para a redução do número de explorações agrícolas (de 785.000 em 1979 para 305.000 em 2009) e para o abandono dos campos, aumentando assim o número de incêndios florestais (2349 em 1980 e 22.026 em 2010).
 
*Leia mais sobre Portugal - (símbolo na barra lateral)
 

Portugal: OS POBRES QUE PAGUEM A CRISE

 


Alfredo Leite – Jornal de Notícias, opinião
 
No mesmo sítio onde Passos Coelho tratou todos os portugueses por "amigos", o meu amigo Pedro (Ivo, não o Passos, de quem estou longe de ser amigo, apesar de me tratar como tal) publicou ontem um post que faz lembrar um remake luso de "Good Bye, Lenine!". Dizia assim: "Quem tivesse emigrado em 1975 e chegasse hoje a Portugal diria que o país está igual. Pobre, amargurado. E a ver a mesma telenovela". É certo. A única diferença é que em 75 os portugueses tinham esperança. O que o Governo nos fez nos últimos dias foi aniquilar a mais ínfima réstia desse sentimento.
 
Naquele tempo, em que a "Gabriela" ainda passava a preto e branco na única televisão existente (a mesma que Passos Coelho quer agora desbaratar), pedia-se que fossem os ricos a pagar a crise, mas, com o Governo laranja a falhar as previsões de retrair a economia em 4%, são agora os trabalhadores por conta de outrem e os pensionistas a pagar a dita. Em menos de uma semana Passos, Gaspar e o silêncio encurralado - e cúmplice - de Portas puseram os trabalhadores quase a pagar para trabalhar. Com isso, arruinaram a paz social que tanto nos distinguia da Grécia e aniquilaram o capital de cooperação institucional que envolvia a oposição socialista e a UGT. Em poucos dias, Crato, Gaspar e Cristas foram alvos de tentativas (vis e injustificadas, é certo) de agressão. Mas um Governo que brinca com a vida do povo que o elegeu (e de quem só teve de respeitar essa escolha) não pode esperar que a revolta seja indefinidamente contida e, nesse sentido, as manifestações do próximo sábado serão uma prova de fogo para o executivo e um teste aos cada vez menos brandos costumes nacionais.
 
Entre os pingos deste fogo cruzado continua a tentar passar despercebido Paulo Portas. O líder do CDS/PP e parceiro de coligação de Passos mantém um silêncio que o seu eleitorado, o que nele votou por se opor à privatização da RTP, por ser contra o aumento de impostos e por defender a dignidade de reformados e pensionistas, haverá de julgar. Enquanto se cala, refugiado no seu muito peculiar dever patriótico, Portas solta os seus mais próximos colaboradores contra Gaspar. Foi assim ontem, com a "peixeirada" à porta fechada entre o porta-voz centrista, João Almeida, e o ministro das Finanças, no decorrer de uma reunião entre os grupos parlamentares da maioria que nos governa. E por muito que todos tenham tentado calar as violentas trocas de palavras entre ambos, não é crível que Almeida se manifestasse contra a subida da TSU e as mexidas nos escalões do IRS à revelia de Paulo Portas.
 
Dito isto, Passos, que ainda há dias cantarolava no Tivoli "Nini dos meus 15 anos" durante um concerto de Paulo de Carvalho, poderá ter de ensaiar uma canção mais adequada ao espírito de 75 (a música, entre outras revoluções, venceu o festival RTP de 74) que dizia assim: "E depois do amor/ E depois de nós/ O adeus/ O ficarmos sós".
 

Brasil: É PRECISO APROFUNDAR AS VERDADES

 


Mário Augusto Jakobskind – Direto da Redação
 
O Brasil está passando por um momento de apresentação à opinião pública de muitas verdades que estavam sendo escondidas. É o caso da série de reportagens sobre torturadores, divulgadas até mesmo pela mídia de mercado, exatamente por órgãos de imprensa que deram total apoio à longa noite de trevas a partir de abril de 1964.
 
O fato de jornalões como O Globo, como diria Leonel Brizola, que engordaram na estufa da ditadura, divulgarem verdades escondidas demonstram que os defensores daquele período tentam de todas as formas se desvencilhar do passado comprometedor.
 
Neste passado não basta apenas apontar os, como diria Uraniano, “velhinhos” que quando tinham força torturavam e matavam opositores do regime. É preciso não esquecer dos financiadores da repressão, empresários que hoje, reciclados, apoiam candidatos dos mais variados, mas sempre com objetivo de retribuição a curto, médio e longo prazo. Até porque, não pregam prego sem estopa.
 
Pois bem, tendo em vista essa questão, a Comissão da Verdade criada no município de São Paulo convocou, além de Brilhante Ustra (foto), o ex-Ministro da Fazenda, Delfim Neto, para esclarecer acusações segundo as quais ele foi um dos arrecadadores de grana para a ação dos órgãos da repressão.
 
Brilhante Ustra, o major Curió e outros do gênero foram executores do esquema apoiado pelas elites brasileiras, que naquele momento fizeram a opção pela truculência.
 
Da mesma forma que os órgãos de imprensa conservadores tentam se desvencilhar do passado condenatório, Delfim Neto hoje procura se apresentar apenas como um “técnico” daquela época e chegou nos dias atuais a ser considerado consultor econômico de Luis Inácio Lula da Silva.
 
O ex-Ministro da Fazenda juntamente com o nonagenário Jarbas Passarinho, entre outros, foram signatários do AI-5 que endureceu ainda mais o regime golpista resultando no aumento de torturas e mortes contra opositores do regime de força vigente no país.
 
Já são passados mais de 40 anos, mas muitos fatos daquele período ainda não foram totalmente desvendados. Documentos que se encontram agora no arquivo nacional podem ser considerados a ponta do iceberg do esquema repressivo. É necessário também que os demais arquivos da ditadura sejam conhecidos, porque se isso não acontecer, a página do horror acontecida cairá no buraco negro da história.
 
É claro que os setores extremistas de direita do espectro político atual, embora minoritários e que até de vez em quando se manifestam em comentários de leitores deste espaço democrático, procuram de todas as maneiras evitar que as verdades daquele período finalmente venham à tona.
 
Não se pode esquecer também que além da face repressiva, o regime ditatorial tinha outras facetas. A política econômica, por exemplo, de arrocho salarial e em determinados momentos de subserviência total aos interesses dos Estados Unidos, cujos governos, desde John Kennedy conspiraram para a quebra da ordem constitucional, deve ser também lembrada.
 
Outro fato que não se deve esquecer é o de que, no período ditatorial, os meios de comunicação eram impedidos de divulgar denúncias sobre corrupção e corruptores. Os órgãos de imprensa silenciavam, seja por temor da censura, seja por autocensura mesmo.
 
Vale lembrar também que o poder ditatorial vigente, encabeçado por generais de plantão nomeados, cassou políticos e até mesmo ministros do Supremo Tribunal Federal, na época, figuras de proa do mundo jurídico brasileiro, entre eles Evandro Lins e Silva e Hermes Lima, nomeando como substitutos nomes sem independência e coragem para não acatarem resoluções do Executivo.
 
A redemocratização do país não avançou em todos os campos. O Poder Judiciário, por exemplo, continua praticamente intocável e ainda guarda vícios daquele período, que volta e meia se manifestam nas condenações absurdas de movimentos sociais que não aceitam uma ordem social injusta.
 
Por estas e muitas outras, já é tempo também de passar a limpo o Poder Judiciário e até mesmo mudar os critérios de escolha dos Ministros do STF.
 
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Na área internacional vale a informação, quase não divulgada, de que um comitê jurídico equatoriano levará a tribunais internacionais a denúncia sobre a coleta de amostras de DNA do povo waorani por parte de enviados do Instituto Coriell, dos Estados Unidos. O Presidente Rafael Correa disse que não permitirá que prevaleça a impunidade.
 
Depoimentos de integrantes desse grupo indígena confirmaram que em 1991 dois estadunidenses extraíram sangue de alguns deles com o pretexto de examinar sua saúde. O silêncio sobre a violência cometida não continuará, como imaginavam os responsáveis pelo Instituto Coriell, com sede em New Jersey.
 
Espera-se que outros governos sigam o exemplo do Equador e façam o mesmo em matéria de defesa da proteção aos patrimônios naturais ou biológicos de suas nações.
 
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Depois de dez anos de tentativas de diálogo entre as Farcs e o governo do então Presidente, Andrés Pastrana, depois de tanto sangue derramado, o governo colombiano de Juan Manoel Santos chegou à conclusão de que a saída deve ser o diálogo, que a maioria do povo defende. E as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARCs) sempre defenderam.
 
Fora do diálogo, não se alcançará a paz e a justiça social. E para se conseguir tudo isso é necessário neutralizar os setores vinculados ao ex-presidente Álvaro Uribe e os ditames do Departamento de Estado norte-americano nestas bandas.
 
* É correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da Folha de São Paulo e editor internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do seminário Brasil de Fato. É autor, entre outros livros, de América que não está na mídia, Dossiê Tim Lopes - Fantástico/IBOPE
 

Brasil: A TENTATIVA DE SUFOCAR A BLOGOSFERA

 


No mais recente atentado contra a liberdade de expressão no Brasil, o prefeito de Curitiba (PR) e candidato à reeleição Luciano Ducci processou o blogueiro Tarso Cabral Violin, apenas porque discordou de duas enquetes publicadas na página mantida pelo blogueiro. Em outros cantos do país, a mesma tática, a da judicialização da censura, tem sido aplicada visando intimidar e inviabilizar financeiramente vários blogs. Além disso, também está em curso no país uma ação ainda mais violenta contra os blogueiros, com ameaças de morte e até atentados.
 
Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé - Carta Maior
 
No mais recente atentado contra a liberdade de expressão no Brasil, o prefeito de Curitiba (PR) e candidato à reeleição Luciano Ducci processou o blogueiro Tarso Cabral Violin, apenas porque discordou de duas enquetes publicadas na página mantida pelo blogueiro. A Justiça Eleitoral, num gesto inexplicável, deu ganho de causa ao prefeito-censor e estipulou uma multa de R$ 106 mil, o que inviabiliza a continuidade do blog. No mesmo Paraná, o governador Beto Richa também persegue de forma implacável o blogueiro Esmael Morais, que já foi processado várias vezes e coleciona multas impagáveis.

Em outros cantos do país, a mesma tática, a da judicialização da censura, tem sido aplicada visando intimidar e inviabilizar financeiramente vários blogs. Alguns processos já são mais conhecidos, como os inúmeros que tentam calar os blogueiros Paulo Henrique Amorim e Luis Nassif. No fim de 2010 e início de 2011, o diretor de jornalismo da poderosa TV Globo, Ali Kamel, também ingressou na Justiça contra seis blogueiros – o que prova a falsidade dos discursos dos grupos de mídia que se dizem defensores da liberdade expressão. Criticado pelos blogueiros, pelo seu papel manipulador nas eleições de 2006 e 2010, Kamel parece ter escolhido a via judicial para se vingar dos críticos.

Se os juízes de primeira instância parecem pressionados diante de autoridades e empresas de Comunicação tão poderosas, é preciso garantir que os tribunais superiores mantenham-se atentos para garantir que a liberdade de expressão não se transforme num direito disponível apenas para meia dúzia de famílias que controlam jornais, TVs e rádios brasileiras.

Além da judicialização da censura, também está em curso no país uma ação ainda mais violenta contra os blogueiros – com ameaças de morte e até atentados. Em 2011, o blogueiro Ednaldo Filgueira, do município de Serra do Mel, no Rio Grande do Norte, foi barbaramente assassinado após questionar a prestação de contas da prefeitura. Outro blogueiro também foi morto no Maranhão. Há várias denúncias de tentativas de intimidação com o uso da violência, principalmente em cidades do interior onde a blogosfera é o único contraponto aos poderosos de plantão.

Como se não bastassem os processos e as ameaças físicas, alguns setores retrógrados da sociedade também tentam impedir a viabilização financeira da blogosfera através de anúncios publicitários. Recentemente, o PSDB ingressou com ação na Procuradoria-Geral Eleitoral (PGE) questionando os poucos anúncios do governo federal em blogs e sítios de reconhecida visibilidade. A ação foi rejeitada, o que não significa que não cumpriu seu objetivo político de intimidar os anunciantes. Até o ministro Gilmar Mendes, do STF, tem atacado a publicidade nos blogs.

Diante desses atentados à liberdade de expressão, o Centro de Estudos Barão de Itararé manifesta a sua total solidariedade aos blogueiros perseguidos e censurados. É preciso denunciar amplamente os que tentam silenciar esta nova forma de comunicação.

É urgente acionar os poderes públicos – governo federal, Congresso Nacional e o próprio Supremo Tribunal Federal – em defesa da blogosfera. É o que faremos, em parceria com as demais entidades da sociedade civil, em especial com o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), requisitando audiências junto ao STF, STJ, TSE, Congresso Nacional e Ministério da Justiça.

Pedimos, ainda, a atenção da Secretaria Especial dos Direitos Humanos para o tema. Liberdade de expressão não é monopólio de meia dúzia de empresários. É um patrimônio do povo brasileiro, garantido na Constituição. A comunicação é um direito básico do ser humano, que precisa ser respeitado.

*Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé
 

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Emir Sader – Carta Maior, em Blog do Emir
 
Os EUA tinham, entre suas vantagens estratégicas, a distância dos campos de enfrentamento das duas guerras mundiais e a suposta inviolabilidade do seu território. Até que os atentados de 2011 quebraram essa característica e geraram a paranoia, que os EUA exportaram para o mundo.

A partir dali, os EUA desencadearam o que chamaram de “guerra ao terror”, a exportação do terrorismo “preventivo” para todos os territórios que eles considerem de risco para sua integridade. Reivindicaram para si o direito de fazê-lo de forma preventiva, o que elimina qualquer necessidade de provas concretas, porque supõe um risco potencial.

Foram assim as invasões do Afeganistão e do Iraque, esta sem sequer aprovação do Conselho de Segurança da ONU, com acusações que os próprios países invasores – EUA e Inglaterra – confessaram posteriormente não corresponder à realidade.

O projeto norteamericano era reeditar o que fizeram com o Japão – uma civilização tão distante da dos EUA como são as do Iraque e do Afeganistão, que se tornou o maior aliado norteamericano na região. Mas para isso tiveram que atirar duas bombas atômicas, em Hiroshima e em Nagasaki.

A invasão norteamericana era presidida pela ideia de levar a democracia liberal a um mundo considerado “bárbaro”, hostil à civilização – sem se dar conta que se trata das civilizações mais antigas da humanidade. Nada revelou, rapidamente, o caráter das invasões, quando os poços de petróleo foram protegidos no Iraque, assim que as tropas desembarcaram, mas os museus e outras relíquias foram saqueadas.

Desde então, uma década não foi suficiente para que a ordem norteamericana reinasse na região. Os atentados e as vítimas aumentam e nenhuma ilusão resta de que qualquer simulacro de democracia liberal pudesse ser imposta.

Mesmo vencedores na guerra fria, os EUA são incapazes de estabilizar a ordem mundial. Desde o fim da bipolaridade mundial, há mais guerras e menos paz no mundo. Os EUA se revelaram incapazes de participar de duas guerras simultaneamente, apesar da imensa superioridade militar.

O mundo, 11 anos depois do 11 de setembro de 2001, é um lugar menos seguro, mais instável, dominado pelas turbulências, econômicas e militares, e deve seguir assim por um bom tempo, até que novas forças possam impor um mundo multipolar, de paz e de conflitos negociados politicamente.
 

Australiana: Mulher mais rica do planeta exige ‘salário africano’ para trabalhadores

 

Pragmatismo Político
 
Mulher mais rica do mundo afirma que salário ideal para trabalhadores é o africano, de R$ 4 por dia
 
A mulher mais rica do mundo e herdeira de um império de mineração, Gina Rinehart, afirmou na última semana que a Austrália está ficando muito cara para as mineradoras e disse que conseguiria contratar trabalhadores na África por menos de US$ 2 por dia (cerca de R$ 4).
 
“As evidências são inquestionáveis de que a Austrália está ficando cara demais e pouco competitiva para negócios voltados à exportação”, disse Rinehart em uma rara aparição pública no Clube de Mineração de Sydney. Um vídeo com a fala da bilionária foi divulgado no site da entidade.
 
“Os africanos querem trabalhar, e seus trabalhadores desejam trabalhar por menos de US$ 2 por dia”, disse ela. “Tais números me fazem ficar preocupada com o futuro desse país”, disse. “Estamos nos tornando uma nação de alto custo e alto risco para investimentos.”
 
Rinehart pediu que as mineradoras possam levar trabalhadores estrangeiros para a Austrália, e sua empresa Hancock Prospecting conseguiu aprovação, em maio, para contratar pouco mais de 1.700 funcionários de construção estrangeiros para um projeto no oeste australiano.
 
A premiê australiana, Julia Gillard, criticou os comentários da bilionária e disse que o país vai bem.
 
“Não é o costume da Austrália jogar às pessoas US$ 2, jogar a elas uma moeda de US$ 2 e pedir que trabalhem um dia inteiro”, disse Gillard. “Nós apoiamos salários adequados e condições de trabalho decentes.”
 
Outra polêmica
 
Na semana passada, Gina gerou grande polêmica ao fazer piada com os “invejosos”, que, segundo ela, passam mais tempo bebendo que trabalhando (veja aqui). Ela também pediu ao governo que diminua o salário mínimo para atrair mais investimentos.
 
Gina Rinehart, herdeira e presidente do grupo Hancock Prospecting, tem uma fortuna avaliada em US$ 30 bilhões, segundo a revista Business Review Weekly (BRW).
 
“Se sentem inveja dos que têm mais dinheiro que vocês, não fiquem sentados reclamando. Façam algo para ganhar mais, passem menos tempo bebendo, fumando e brincando, trabalhem mais”, completa o texto.
 
Agências
 
Leia também em Pragmatismo Político
 

POBRE NOTICIÁRIO SOBRE TIMOR-LESTE, EM PORTUGUÊS, SURGE HOJE MAIS RICO

 


Presidente Taur Matan Ruak atribui certificado honorário a equipa médica chinesa
 
13 de Setembro de 2012, 11:51
 
O Presidente de Timor-Leste, Taur Matan Ruak, atribuiu na semana passada um certificado honorário a todos os membros da 4º equipa médica chinesa enviada para Timor-Leste.

Ruak discursou juntamente com Fang Wenxin, encarregado de negócio interino da embaixada chinesa em Timor Leste, informa o CRI online.

Taur Matan Ruak elogiou a equipe chinesa pelo seu trabalho e enfatizou o sucesso da cooperação entre China e Timor na área da medicina. O presidente timorense espera ainda que os dois países aprofundem as cooperações de amizade.

Por sua vez, Fang Xinwen relembrou que esta é a quarta equipa médica a deslocar-se a Timor Leste, desde o seu inicio em 2004.

Durante dois anos, os médicos chineses ultrapassaram vários contratempos, mas através da sua coragem e perseverança, ganharam o respeito da comunidade local, contribuindo de forma positiva para o desenvolvimento do país. A 5º equipa médica chinesa irá chegar a Timor no fim de setembro.

SAPO TL com CRI

Ministro do Petróleo exige gasoduto
 
13 de Setembro de 2012, 02:05
 
O Ministro do Petróleo disse que o seu país irá vetar o desenvolvimento de um campo de gás de propriedade conjunta com a Austrália, segundo a rádio australiana ABC.

Parte dos campos de óleo e gás do Greater Sunrise está dentro da Área Conjunta de Desenvolvimento Petrolífera no Mar de Timor, que é controlada por ambos os países e está a ser desenvolvida por um consórcio de empresas de petróleo, liderado por Woodside Petroleum.

A Woodside prefere a opção de construir uma planta flutuante LNG (Liquefied natural gas) no local de extracção do gás, mas o Ministro Alfredo Pires não irá permitir que o projecto avance, a não ser que Timor seja responsável pelo processo e pela exportação do gás.

"Não existe outra opção para o Greater Sunrise" e como " proprietários desses mesmos recursos, nós já decidimos que a opção mais favorável para nós é a construção de um gasoduto para Timor-Leste, disse Alfredo Pires à ABC.

O Ministro disse ainda à rádio que se o gasoduto não vier na direcção de Timor-Leste, que fique para as gerações futuras.

Timor-Leste foi segundo país pobre que mais reduziu taxa de mortalidade infantil
 
13 de Setembro de 2012, 09:01
 
Lisboa, 13 set (Lusa) - Timor-Leste foi o segundo país pobre do mundo que mais reduziu a taxa de mortalidade infantil nos últimos 20 anos, com uma diminuição de 70%, conclui um relatório da UNICEF hoje divulgado.
 
No relatório "Compromisso com a Sobrevivência Infantil: Uma Promessa Renovada", a agência das Nações Unidas para a infância sublinha os progressos registados nas duas últimas décadas, período durante o qual o número de mortes de menores de cinco anos diminuiu 41%, de quase 12 milhões em 1990 para 6,9 milhões em 2011.
 
Entre os 20 países de baixos rendimentos com maiores reduções estão dois países de língua portuguesa: Timor-Leste, com uma diminuição de 70%, e Moçambique, com uma quebra de 54%.
 
Ainda assim, Moçambique é o 22.º dos 195 países analisados com maior taxa de mortalidade infantil (103 mortes em 1000 nados vivos) e Timor-Leste o 51.º (54).
 
Numa tabela liderada pela Serra Leoa, com 185 mortes por 1000 nados vivos, e em que San Marino surge com a mais baixa taxa (duas mortes por mil nados vivos), os países africanos de língua portuguesa estão todos, exceto Cabo Verde, entre os 30 piores.
 
A Guiné-Bissau é o sétimo país do mundo com mais mortes de menores de cinco anos (161 por mil nados-vivos) e Angola é o oitavo, embora a taxa angolana tenha diminuido 35% desde 1990, de 243 para 158 em cada 1000 nados vivos, e a guineense 24%.
 
São Tomé e Príncipe, o 28.º país da lista, registou 89 mortes por mil nados-vivos em 2011, apenas menos 8% do que em 1990.
 
Cabo Verde, com 21 mortes por 1.000 nados vivos, é o melhor país africano de língua portuguesa, encontrando-se no 91.º lugar da lista de 195 países, e teve também uma das melhores reduções, de 63% entre 1990 e 2011.
 
Já o Brasil, com uma taxa de 16 mortes por 1000 nados-vivos (menos 73% do que em 1990), surge em 107.º lugar, enquanto Portugal, referido no relatório como um exemplo de sucesso, teve uma redução de 78% nas duas últimas décadas e regista hoje uma taxa de mortalidade infantil de 3,4% e é o nono país do mundo mais bem classificado.
 
FPA.
 
Fontes: Agência Lusa e Sapo TL
 
*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG
 
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Declarações sobre impasse no parlamento só "mais tarde" - líder da bancada PAIGC

 

FP - Lusa
 
Bissau, 12 set (Lusa) - O líder da bancada parlamentar do PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde) considerou hoje prematuro responder se há condições para o funcionamento da Assembleia e remeteu o assunto para "mais tarde".
 
Rui Diã de Sousa falava aos jornalistas após uma audiência com o Presidente da República de transição, Serifo Nhamadjo, na qual compareceu como deputado da CEDEAO (Comunidade Económica dos Países da África Ocidental), à frente de uma delegação.
 
O responsável respondeu a questões ligadas ao parlamento da CEDEAO, mas esquivou-se a esclarecer como estão as discussões à volta do parlamento da Guiné-Bissau, praticamente sem funcionar desde o golpe de Estado de 12 de abril passado.
 
Questionado sobre se o parlamento da CEDEAO podia mandar uma delegação para tentar ajudar, à semelhança do que fez na semana passada a UEMOA (União Económica e Monetária do Oeste Africano), Rui de Sousa respondeu: "Toda a gente está preocupada com a situação da Guiné-Bissau, seria de bom-tom que aqueles que são amigos da Guiné-Bissau possam vir a qualquer momento ajudar a resolver aquilo que é problema".
 
O funcionamento da Assembleia Nacional Popular tem sido pedido por alguma comunidade internacional mas PAIGC, o maior partido, e PRS (Partido da Renovação Social, o segundo maior) não se entendem.
 
Também hoje o presidente em exercício do parlamento, Ibraima Sory Djaló, do PRS, se reuniu com o Presidente de transição durante mais de uma hora, mas no final não falou aos jornalistas.
 
Rui Diã de Sousa começou por lembrar que Serifo Nhamadjo também era deputado da CEDEAO e primeiro vice-presidente do parlamento da comunidade e que não foi até agora substituído, pelo que os deputados foram informá-lo de "como vão as coisas".
 
De acordo com Rui de Sousa, a Guiné-Bissau, como Estado-membro da CEDEAO, tem compromissos com a instituição "que devem de ser resolvidos o mais breve possível", porque é necessário "elevar a imagem" do país.
 
O deputado deixou entrever que se trata, nomeadamente, do pagamento de quotas, mas acrescentou que a CEDEAO é solidária e que o país não tem sido penalizado por isso.
 
Atualmente, disse também, uma das prioridades da CEDEAO é "levar a cabo o programa de circulação de pessoas e bens", estando a decorrer nos países membros ações de sensibilização para esses objetivos. Na Guiné-Bissau decorrerá uma dia 18, em S. Domingos, no norte do país.
 

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