terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Timor-Leste: Gatos e Monstros em Vídeos Humorísticos antes da Eleição




Sara Moreira – Global Voices, com tradução de Richard de Araújo

As eleições presidenciais em Timor-Leste estão marcadas para 17 março de 2012 e o período da campanha eleitoral [tet] está previsto para começar em 29 de fevereiro. Enquanto isso, ao mesmo tempo que alguns candidatos usam as redes sociais para fazer divulgação de suas campanhas, os internautas timorenses debatem, principalmente através do Facebook e de blogs, o processo democrático e o futuro desse país com 10 anos de idade.

Um dos usos mais originais da mídia cidadã na antecipação das eleições, no entanto, não é nada sério – o usuário Slogheinn submeteu uma série de vídeos humorísticos no Youtube que zombam dos quatro candidatos mais conhecidos à presidência.

Tal é o caso de Francisco Guteres “Lu-Olo”, presidente do histórico partido de oposição Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (FRETILIN), que apresentou sua candidatura com o maior número de abaixo-assinados, 22.590 ao todo.

Tal como mostra no vídeo a mímica do “Camarada Lu Olo”, ele sente-se frustrado por estar à “sombra” de Mari Alkatiri, secretário-geral da Fretilin. Lu Olo lamenta por ter de concorrer mais uma vez à presidência, depois de ter dirigido o Parlamento Nacional de Timor-Leste de 2002 a 2007, e ter sido derrotado no segundo turno quando concorreu à presidência do país na eleição presidencial de 2007:

“O problema é que Alkatiri obrigou-me a ir e ponto final.

Estou farto de ser presidente, Alkatiri está sempre me dando ordens tal como dava quando eu era o presidente do parlamento.

Eu sei que a ambição sem capacidade é um crime, mas se o patrão manda-me fazer algo, tenho de fazê-lo, mesmo que sem qualidade.

Eu não sei por que Alkatiri tem de me usar da forma como ele quer…

Às vezes tenho que tomar uma posição para diferenciar-me dele (…)”


O atual presidente de Timor-Leste, José Ramos Horta, cuja candidatura de acordo com Centru Jornalista Investigativu Timor-Leste (CJITL) contou com o apoio de 7.977 pessoas (embora seu sítio web anuncie [en] que tenha recebido em torno de 116.300 petições), é representado por um gatinho num vídeo com uma abordagem um tanto católica onde ele lembra a tentativa de assassinato que sofreu em 2008:

“Eu quero recandidatar-me à Presidência da República, mas tenho de ir falar com três bispos, três papas e quatro corujas para ver se eles vão apoiar-me ou não.

Se não, vou ver com a ONU. Se as pessoas não quiserem me escolher, vou regressar a Timor bem rápido […] meu povo ainda precisa de mim.

Se você quer saber, no passado atiraram em mim e eu fui para o céu. Lá Jesus disse-me que eu deveria substituir Pedro, para tornar-me o guardião de lá, mas os estrangeiros são bons, e eu disse que não podia ficar. Eu tenho de voltar para Timor (…)”

 
Fernando de Araújo, também conhecido como Lasama, que é o atual presidente do Parlamento Nacional, apoiou a sua candidatura com 8.314 assinaturas. Como parte de suas promessas eleitorais ridicularizadas, ele supostamente pretende baixar o preço do “macarrão para US$ 0.05 e o vinho de palma para US$1,00, bem como abrir um grande cassino para jogar cartas”. Tal como diz seu avatar diz: “ouça-me! Eu também quero ser presidente da República!”:
 
 
O Major-General das Forças Armadas de Timor-Leste, conhecido como Taur Matan Ruak [en] (expressão tétum que significa: “dois olhos afiados”), cuja candidatura foi apoiada por 10.000 pessoas, “aproveita a oportunidade para explicar aos eleitores por que ele queria ser o primeiro a começar a campanha”, em antecipação à data prevista:
 
 
Mesmo o primeiro-ministro e ex-presidente da República, “Maun Bot” (grande irmão) Xanana Gusmão, teve de ter seu próprio avatar e fazer uma chamada ao “querido povo de Timor Lorosae para que se preparassem para a festa da democracia”.
 

Destaque Página Global

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ELEITORES TIMORENSES: PARTICIPEM NA SONDAGEM “VOTO PARA PR DE TIMOR-LESTE”, na barra lateral

Guiné-Bissau: Brasil confere apoio alimentar e na criação de cantinas escolares



FP - Lusa

Bissau, 28 fev (Lusa) -- A Guiné-Bissau vai beneficiar de 1.500 toneladas do apoio alimentar doado no fim do ano passado pelo Brasil a países com maiores carências, assegurou hoje em Bissau o representante do Programa Alimentar Mundial (PAM), Pedro Figueiredo.

O Brasil anunciou no final do ano passado uma doação de 700.000 toneladas de alimentos, arroz, feijão e óleo vegetal. Além da Guiné-Bissau, S. Tomé e Príncipe, Moçambique e Timor-Leste são outros países lusófonos a beneficiar da ajuda.

Pedro Figueiredo falava no Centro Cultural Brasil-Guiné-Bissau, para apresentar os resultados de uma missão guineense ao Brasil, essencialmente para conhecer o Programa Nacional de Alimentação Escolar, que distribui diariamente alimentos a 47 milhões de estudantes, de acordo com o embaixador do Brasil, Jorge Kadri.

Na Guiné-Bissau a alimentação escolar é fornecida nomeadamente pelo PAM, junto de 120.000 crianças, mas o organismo já anunciou que no futuro irá gradualmente deixar de prestar essa ajuda.

O secretário de Estado do Ensino, Besna Na Fonta, que chefiou a delegação que esteve este mês no Brasil, disse que o objetivo é o de que o programa passe para a gestão do governo da Guiné-Bissau, envolvendo nele vários Ministérios, como já acontece no Brasil.

O programa das cantinas escolares, disse o responsável, tem de no futuro ter uma maior verba no Orçamento Geral do Estado. Ainda neste semestre, afirmou também, a Guiné-Bissau deve ser visitada por uma missão brasileira, do Centro de Excelência do PAM Contra a Fome, de Brasília (criado para capacitar países a reduzir a fome).

"O Programa das Cantinas Escolares é muito importante. Em anos letivos anteriores havia inscrições [de alunos nas escolas], mas iam-se registando desistências", disse Besna Na Fonta, explicando que através da alimentação não só aumenta o número de alunos que vão à escola, como diminuem as desistências.

O Brasil tem colaborado com a Guiné-Bissau na implementação de um programa de cantinas escolares. A missão guineense foi patrocinada pela Agência Brasileira para a Cooperação.

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GLOBALIZAÇÃO DESREGULADA




Mário Soares – Diário de Notícias, opinião

1. A globalização económica desregulada não trouxe ao Mundo, como se esperava, uma nova ordem mundial, nem paz, nem qualquer progresso social. Ainda se está para ver como vão evoluir os novos Estados ditos emergentes, que se tornaram colossos económicos - ou talvez melhor, financeiros - sem que os Direitos Humanos, das respetivas populações, fossem respeitados e houvesse nos Estados qualquer aprofundamento democrático. Talvez com a única exceção do Brasil.

A corrida às armas voltou a ser uma preocupação dos Estados, tanto dos grandes, a Rússia, a China, os Estados Unidos, que as fabricam e vendem, aos países mais pequenos, incluindo as armas nucleares, que continuam a proliferar. Um perigo e uma vergonha!

O tempo corre, os progressos científicos são uma indiscutível realidade, em praticamente todos os domínios da Ciência, mas não surge uma nova ordem mundial, capaz de fortalecer a ONU, como se esperava, nos anos finais do século passado, e ponha termo aos conflitos armados que se vão manifestando, com mais ou menos força, em todos os Continentes. Os Objetivos do Milénio, assinados por quase todos os lideres políticos mundiais, do tempo, foram esquecidos e ficaram no papel, se não foram, pura e simplesmente, para o caixote do lixo da história...

Os grupos dos Estados mais poderosos - o G2, o G7, o G20, etc. - foram criados, entre os Estados mais ricos, para enfraquecerem a ONU. Mas a verdade é que deles nada resultou, para além do barulho da comunicação social que propagaram, sem objetividade, os diferentes Gs.

Qualquer estudo sobre as primeiras décadas do novo século mostrará o recuo civilizacional que tem afetado o Planeta, dadas as crises financeira e económica, mas também social, política e até moral, que nos têm vindo a envolver.

As perspetivas que nos chegam neste ano aziago de 2012, estão longe de serem boas. Pelo contrário. No entanto, os Estados Unidos parecem estar a melhorar, ligeiramente, no que se refere ao crescimento económico e à baixa do desemprego. Se em Novembro próximo, Barack Obama, ganhar as eleições, aos fanáticos republicanos, então sim, espero que se abram, ao Ocidente, novas perspetivas.

Pelo contrário, quanto à União Europeia, a impressão que nos dá é que vai de mal a pior, talvez a caminho de uma catástrofe anunciada... A última Cimeira foi tão só um novo passo dado em vão. Veremos a próxima, que se aproxima. Nunca houve tantas Cimeiras para tão poucos resultados...

É certo que temos eleições presidenciais na França, que podem vir a constituir uma viragem política importante, se François Hollande ganhar, como espero, a Nicolas Sarkozy. E em 2013 haverá eleições na Alemanha, que deverão ser fatais para a Chanceler Merkel. O SPD voltará, creio, ao poder. Nessa hipótese, bastante provável, consumar-se-ia, necessariamente, uma mudança à Esquerda que levaria a União Europeia a ser de novo uma referência política, social e económica, em termos mundiais.

2. O Ocidente conta muito menos. A Rússia e a China, conjugadas, impediram que o Conselho de Segurança da ONU, aplicasse - como devia - sanções à Síria, para terminar com a carnificina intolerável imposta pelo ditador Bashar al-Assad. Seguiu, aliás, na linha do seu falecido pai, que conheci, pessoalmente, numa missão da Internacional Socialista em que participei.

A Síria está, assim, a desintegrar-se como sucedeu ao Iraque, com a passagem para o campo insurrecto de muitas centenas de soldados, antes fiéis ao regime. A Liga Árabe que, felizmente, adotou uma linha de paz, ficou um pouco paralisada com o veto da Rússia e da China. Dadas as divergências religiosas que enfraquecem o regime baasita, não me parece fácil que o governo sírio, se possa aguentar muito mais tempo. Mas o que se segirá, não é fácil de prever, dados os exemplos da Líbia, do Egito e mesmo do Iraque...

3. A primavera islâmica. 2011, parecia indicar uma grande viragem democrática no universo islâmico. No entanto, só a Tunísia, até agora, foi um sucesso pacífico. Porque tanto a Líbia, que perdeu o seu ditador Kadafi, como o Egito, o Estado charneira da Região, que está a julgar Moubarak, apesar das mortandades a que deram lugar, não é fácil saber como vão evoluir.

De qualquer modo, a semente democrática ficou e tudo vai ser diferente daqui para o futuro. Muito do que se vai passar terá a ver com o preço do petróleo e as guerrilhas religiosas no universo islâmico. A Argélia e Marrocos, que parecem ter percebido a necessidade de se aliarem, e a Mauritânia, no Magrebe, bem como uma certa confusão que vai no Próximo Oriente, da Jordânia à Arábia Saudita, do Líbano aos Emiratos e à Palestina, têm uma evolução imprevisível.

Essa imprevisibilidade tem a ver com o Irão, República Islâmica xiita, que é hoje um Estado muito complexo e diferente dos outros, até pelo seu tamanho e riqueza, mas também por estar próximo, segundo dizem os meios americanos, de fabricar a bomba atómica, vive em conflito latente com Israel, Estado que tem há muito tempo armas atómicas, dadas pela América. É, pois, muito difícil perceber com uma situação tão difícil, vai evoluir.

Quanto a Israel, penso que está a fazer uma política agressiva, baseada nos apoios do lobby judaico americano, que pode, no futuro, vir a tornar-se menos colaborante do que tem sido. A União Europeia, embora internacionalmente paralisada, também tem dado sinais no mesmo sentido, isto é: de que Israel não pode fazer tudo quanto lhe apeteça, sem concertar antes a sua política com os seus aliados... De políticos irresponsáveis estamos todos fartos.

A verdade é que certos Estados da Região: a Síria, o Irão, a Palestina, Israel e o Egito se poderão tornar explosivos de um momento para o outro, tendo como temos uma ONU indecisa e com pouco poder de intervenção.

4. A Igreja Católica em crise. Também a Igreja, apesar das aparências, parece estar com problemas. O Papa Bento XVI, há dias, presidiu a uma cerimónia de proclamação de 22 novos Cardeais, de maioria europeia. Portugal ganhou mais um Cardeal. A Europa, aos olhos do Papa, que vai fazer 85 anos e tem problemas de saúde, no que toca à sua mobilidade, é considerada uma "terra de missão". Porque deseja cortar cerce com o que chama "o declive do catolicismo europeu".

É certo que, nos últimos tempos, nos diferentes Estados europeus, mas não só, foram descobertos vários escândalos de abusos sexuais e relativamente aos negócios da Igreja. Mas, independentemente desses casos, o Papa tem outras preocupações: as sociedades materialistas do nosso tempo, a falta de valores éticos e um sistema económico em que só conta o dinheiro (tráfico de armas e de drogas, a ignorância dos Direitos Humanos e das questões ambientais). Por isso o Papa disse que "a Europa é uma vinha devastada por javalis".

Na verdade a Igreja não pode deixar de se sentir mal com o capitalismo de casino, do tempo que vivemos. A doutrina social da Igreja, que esteve na base de uma das famílias políticas - a democracia cristã - que construíram a União Europeia (a outra, foi o socialismo democrático ou a social democracia) passou a ser completamente ignorada nos seus valores, quando os Partidos se tornaram populistas, conservadores e neoliberais (isto é, PPs), os quais, hoje, dominam a grande maioria dos Estados europeus.

L'Osservatore Romano, periódico oficial da Santa Sé, descreve, num artigo recente, o Supremo Pontifície como "um pacífico pastor, rodeado de lobos". Nesta breve frase se sente o mal-estar do Vaticano, nesta Europa materialista e insegura em que vivemos, quando há, obviamente, uma crise de fé. Por isso, talvez, Frei Bento Dominges, no seu habitual artigo de Domingo, no Público, escreveu "a hora do Concílio é hoje". E acrescenta: "Tornar a sério a interfecundidade do diálogo com ateus, agnósticos, com outras configurações religiosas do Oriente e do Ocidente, com outras Igrejas cristãs, é um imperativo para um novo Concílio". Oxalá assim seja, diz um agnóstico, como eu...

5. Crise profunda do capitalismo. Não sou eu que o diz. É Michel Rocard, socialista e ex-primeiro-ministro de França, na época de François Mitterrand. Com 82 anos, acaba de publicar um livro intitulado "Mes points sur les i". Não o li ainda, porque não chegou às livrarias portuguesas. Mas permito-me refletir sobre uma entrevista que deu a Le Monde de 27 de Fevereiro último. Diz ele: "o capitalismo entrou numa crise profunda, sem nenhum regresso à normalidade. Nada será como antes". E acrescenta "a Direita acredita que podemos trabalhar mais e voltar a ter crescimento. É falso. A sociedade de amanhã será radicalmente nova. Será menos mercantil e menos cúpida".

Não quer isto dizer que o capitalismo vai desaparecer, como tal, visto que ainda não se encontrou maneira de o substituir. Mas vai mudar radicalmente, "declarando guerra às finanças, tais como estão", como disse François Hollande, que aliás é o autor do prefácio do livro de Rocard. E cita o exemplo de Franklin Roosevelt que pôs a finança toda contra ele, por ter imposto a separação absoluta entre os bancos de depósito e os de investimento. E a verdade é que durante sessenta anos o Mundo viveu ao abrigo de crises financeiras. A própria Inglaterra, "a pérfida Albion", que é a casa-mãe do pensamento monetarista, começa a querer proteger-se dos excessos que contribuíram para criar a crise que hoje nos aflige. Cameron, o primeiro-ministro do Reino Unido, parece querer voltar à União Europeia, mas fazendo dela uma EFTA em ponto grande...

Numa palavra, não é o capitalismo, em si mesmo, que está em causa. É a sua desregulação monetarista, que tem de mudar, obedecendo a valores éticos, dominando os mercados especulativos e impondo as conquistas sociais, que trouxeram à Europa sessenta anos de bem-estar.

ANGOLA DOS ANGOLANOS NÃO EXISTE - Constantino Zeferino



Club K, com foto - opinião

Luanda - Em Angola, não podemos continuar a hipotecar o futuro dos angolanos, sobretudo das Novas gerações. Temos que os envolver todos e mobilizá-los para as tarefas atinentes ao processo de ensino-aprendizagem de qualidade.

Passados 37 anos da péssima governação do MPLA, o País encontrase numa encruzilhada: ou reforçamos a democracia, e credibilizamos a política com adopção de medidas correctas para sairmos da crise e estarmos em condições de reiniciar o crescimento económico e a convergência com o modelo social do Estado de Direito democrático em pleno Século XXI, com mais justiça social; ou insistimos nos mesmos erros políticos do colonialismo português em Angola, consubstanciado no difícil acesso à educação, ensino-aprendizagem por parte da maioria dos povos indígenas e dessa forma a crise adensarseá, tornandonos progressivamente mais pobres, com a própria estabilidade social e política ameaçada. Porque votar no programa de governo do PR. JES, que continua a insistir na politica do Alcatrão, na degradação do ambiente, na depauperação dos cidadãos e/ou na destruição do tecido social angolano? A actual situação não é uma fatalidade.

Ela é fruto das promessas apresentadas em catadupa e não cumpridas, de iniciativas avulsas sem uma visão estratégica adequada, da propaganda ofuscante e do condicionamento das liberdades ou, ainda, de compra de consciências com o dinheiro do povo para silenciar os gravíssimos problemas de violação sistemática dos DH (Direitos Humanos) à UE, e a comunidade internacional, hipotecando o nosso futuro colectivo, endividando ainda mais o País.

A actual situação é o resultado de uma política de duplicidade e de fingimento. Precisamos de políticas correctas da gestão da terra, de prioridades claras e de soluções exequíveis.

É importante definir prioridades e afirmar sem receios onde é necessário romper com os erros do passado. Há que ser transparente nas escolhas políticas. De pouco adianta prometer fazer tudo ao mesmo tempo.

É, sobretudo, com todos os angolanos que vamos conseguir alterar o actual estado das coisas e não a penas com um único homem e partido. Porque insistir em um só homem, o sr. Pr. José Eduardo dos Santos e o Mpla, para governar ab aeternum Angola? Nós, cidadãos deste portentoso e belo país, precisamos de ideias politicas claras, de verdadeiros servidores do povo, que não se servem nem oprimem o povo. Enfim, queremos a Mudança qualitativa de Regime para Angola.

Angola: ELEIÇÕES E COMUNICAÇÃO SOCIAL



Deutsche Welle

Na quinta-feira, 23 de fevereiro, discutiu-se o papel da comunicação social na prevenção de conflitos eleitorais numa iniciativa organizada pela ONG Omunga, na província de Benguela.

Partidos políticos, organizações da sociedade civil e jornalistas de diferentes media angolanos discutiram opapel da comunicação social na prevenção de conflitos eleitorais. A organização não governamental de defesa dos direitos humanos, Omunga, convidou Luisa Rogério, secretária-geral do Sindicato dos Jornalistas de Angola, para moderar o debate.

Conflitos eleitorais

Segundo Luísa Rogério, diversos factores podem contribuir para possíveis conflitos eleitorais em Angola e relembra que vários jornalistas angolanos, sobretudo, os da imprensa pública, pertencem aos comités de especialidade do partido no poder, o MPLA.

"As tendências estão claramente demarcadas", diz a secretária-geral do Sindicato dos Jornalistas de Angola, e acrescenta que "questão de a vida política marcar muito (…) o contexto sócio-profissional dos angolanos" afeta o desempenho dos jornalistas.

Media: instrumento do governo?

Israel Samalata, correspondente do bissemanário "Folha 8", é da opinião que o atual estado da comunicação social pública em Angola é ainda bastante crítico, por privilegiar o partido no poder e marginalizar a oposição.

Samalata aponta mesmo a Rádio Nacional (RNA), o Jornal de Angola e a própria Televisão Pública (TPA), como "órgãos do estado que desempenham um papel critico contra a oposição numa fase dos processos eleitorais".

Reponsabilidade partilhada

Já o ativista cívico João Micelo, pensa que mais importante do que apontar o dedo, é lembrar que "todo o povo angolano e os políticos em geral devem ter a responsabilidade de se engajarem nesse processo eleitoral."

João Micelo, relembra que "o jornalista é um ser humano e que pode cometer falhas. Ele acredita que o papel do jornalista, neste caso, é "tentar que não aconteça uma série de irregularidades no processo eleitoral do ponto de vista informativo."

Autor: Nelson Sul de Angola (Benguela) - Edição: Carla Fernandes / António Rocha

Angola: Histórico do MPLA critica JES em plena reunião do Comitê Central




Lisboa – A última reunião do Comitê Central do MPLA (realizada a 10 de Fevereir) foi marcada por um episódio invulgar no conclave do partido no poder em Angola. Em plena reunião, o histórico Ambrósio Lukoki entrou em trocas de palavras duras com o presidente do partido, José Eduardo dos Santos (JES), deixando este em embaraçado.

O actual embaixador de Angola na República da Tanzânia, Ambrósio Lukoki, levantou-se para transmitir ao líder do seu partido que, nos últimos tempos, têm se registado um certo distanciamento entre o MPLA e o povo. Reforçando o mesmo que "os problemas destes não estão a ser resolvidos". Em resposta, JES sublinhou que não se deveria apenas criticar, mas também participar nas reuniões e submeterem propostas para as soluções.

Inconformado com a resposta, Ambrósio Lukoki defendeu-se assegurando que é um militante empenhado e que participa, na maior parte das vezes, nas reuniões do seu partido. Para dar sustento nas suas afirmações, o antigo ministro da Educação do governo de Agostinho Neto disse que tem escrito inumeras vezes ao seu presidente para transmitir os problemas, mas - em contrapartida - nunca teve nem sequer uma resposta.

Entre outras questões levantadas pelo histórico do partido no poder, a troca de palavras entre os dois (ele e o JES) prolongou-se perto de 20 minutos, até ter chegado o momento que o ex-vice presidente do partido, Antônio Pitra Neto interferiu surgerindo que, as questões levantadas por Ambrósio Lukoki eram pertinentes e que fazia mais sentido se fossem debatidas numa outra reunião.

A intervenção de Pitra Neto foi interpretado como um gesto libertar José Eduardo dos Santos do debate em que se mostrava encabulado. Foi notado também que poucos aplaudiram quando JES dava as respostas a Ambrosio Lukoki. (Apenas um pequeno grupo de senhoras que batiam palmas)

Ambrosio Lukoki é respeitado no MPLA por seu percurso histórico. Foi membro do Bureau Político no tempo de Agostinho Neto de quem era muito próximo. No seguimento da morte de Neto chegou a ser visto como uma figura com créditos para sucessão presidencial. Foi, no entanto, prejudicado por questões regionalistas que se levantaram na altura. (Faz parte da etnia bacongo)

Nos dias que ocorrem, notabiliza-se pela frontalidade aos assuntos considerados de tabus. Há cerca de quatro anos atrás, numa reunião preparatória para as eleições de 2008, questionou sobre a problemática de sucessão presidencial. Ambrósio Lukoki tomou a palavra para perguntar se “no partido já não havia outros candidatos”.

Oposição apela à intervenção da comunidade internacional para evitar problemas



MB - Lusa

Bissau, 28 fev (Lusa) - Os partidos políticos da Guiné-Bissau reunidos no chamado Fórum da Oposição Democrática pediram hoje a intervenção da comunidade internacional no sentido de evitar eventuais problemas nas eleições presidenciais antecipadas de 18 de março.

Segundo Fernando Vaz, a oposição democrática transmitiu esta preocupação numa reunião realizada hoje com alguns representantes da comunidade internacional em Bissau aos quais apresentou alegadas irregularidades que estariam a ser "orquestradas" pelo Governo.

De acordo com Fernando Vaz, que disse falar em nome do Fórum da Oposição Democrática, o Governo está a utilizar meios do Estado na campanha do candidato Carlos Gomes Júnior, atual primeiro-ministro, e ainda estaria a conduzir de forma tendenciosa a entrega da segunda via do cartão de eleitor.

"Informámos a comunidade internacional sobre estes atos fraudulentos e esperamos que faça algo no sentido de chamar à razão o Governo, evitando desta forma as perturbações que possam advir destes atos", afirmou Fernando Vaz.

O dirigente reafirmou a determinação dos partidos da oposição no sentido de levarem avante a intenção de realizar uma manifestação de desagrado sobre aquelas alegadas irregularidades no próximo dia 01 de março em frente ao Supremo Tribunal de Justiça, que acusam de parcialidade.

A oposição afirma discordar da decisão do Supremo Tribunal quando aceitou a candidatura do primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior.

"O Supremo Tribunal prestou um péssimo serviço à Nação e à democracia", frisou Fernando Vaz, destacando que os representantes da comunidade internacional presentes na reunião prometeram falar com as autoridades para saber o que se passa, para depois voltar a encontrar-se com os partidos da oposição.

Na reunião participaram os embaixadores da África do Sul, dos Estados Unidos, da União Africana, da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) e elementos das Nações Unidas.

Fernando Vaz disse que elementos das embaixadas europeias não se fizeram representar na reunião, sem, no entanto, especificar os motivos.

Contactada pela agência Lusa, fonte do gabinete do representante do secretário-geral das Nações Unidas em Bissau disse que Joseph Mutaboba, que não assistiu ao encontro, já tinha iniciado as consultas com as forças vivas da Guiné-Bissau.

A fonte frisou que nesse quadro Joseph Mutaboba já se tinha encontrado na semana passada com o ex-Presidente Kumba Ialá e nos próximos dias vai reunir-se com o Governo, elementos da sociedade civil e das igrejas.

E SE A DOROTHEA ELOGIA PORTUGAL…




Orlando Castro*, jornalista – Alto Hama*

Angela Dorothea Merkel sabe coisas sobre o reino de Pedro Miguel Passos Relvas Coelho que os súbditos lusos desconhecem. É obra.

Diz ela que apesar da sua dureza, o programa esclavagista do governo português goza de grande apoio político e social, pelo que “há grandes hipóteses de que as medidas acordadas sejam de facto implementadas".

Angela Dorothea Merkel terá sido informada que, afinal, os escravos portugueses são daquele tipo de gentalha que diz que “quanto mais me bates, mais eu gosto de ti”. E se calhar até tem razão.

A chanceler alemã, na sua qualidade de líder do país que tem Portugal como protectorado, louvou hoje o acordo alcançado em concertação social entre o governo português, o patronato e a UGT, incluindo-o nos "progressos alcançados na Europa para uma política sustentável", extensíveis à Itália, Espanha e Irlanda.

"Em Portugal, o governo de Coelho conseguiu chegar a acordo com os parceiros sociais sobre amplas medidas para flexibilizar o mercado de trabalho e para uma política activa de mercado de trabalho", sublinhou a chanceler.

E tem razão. Quando a barriga está vazia a coluna vertebral tende a diluir-se. E isso aconteceu com aqueles parceiros sociais para quem chega um prato de lentilhas ou de farelo. Para os outros parceiros o acordo também chegou porque, desde logo, têm garantida lagosta e várias refeições por dia.

Recorde-se que Pedro Passos Coelho, embaixador da Alemanha e primeiro-ministro de Portugal, garantiu não ter "medo de greves" e prometeu "travar todas as batalhas" para alterar uma lei laboral que actualmente apenas gera "desemprego e precariedade".

Calculo que a tradução das instruções enviadas por Angela Dorothea Merkel seja a correcta, pelo que aí temos o soba do protectorado alemão a dizer, alto e bom som, que no seu reino “quer, pode, e manda”, embora com poderes delegados.

Para Passos Coelho, "o maior mito que se tem vivido na sociedade portuguesa é que não se pode mexer na legislação laboral para não afectar os direitos" dos trabalhadores. Embora nunca tenha sido trabalhador (nem isso é relevante), o embaixador não sabe do que fala mas, é claro, sabe que os escravos estão anestesiados pela barriga vazia, razão pela qual um qualquer prato de farelo é visto como uma dádiva de Deus.

"A quem serve este regime, que supostamente é extremamente avançado de direitos sociais? Que regime avançado é este que só gera desemprego, precariedade, recibos verdes ou contratos a termo? Temos medo das pressões, ou da contestação ou das greves que possam surgir? Eu não tenho!", frisou o dono do governo, recordo, no discurso da sessão evocativa em memória de Francisco Sá Carneiro, no Porto.

E foi preciso ter lata e muita falta de dignidade falar desta forma numa sessão evocativa de Sá Carneiro.

Estes devaneios de um anão que se julga gigante, relembram-me que, recentemente, D. Januário Torgal Ferreira, bispo das Forças Armadas… portuguesas, disse que se Francisco Sá Carneiro fosse vivo caía para o lado. No entanto, como já morreu, deve estar – segundo D. Januário Torgal Ferreira - a dar voltas no túmulo já que, acrescenta, a austeridade (entre outros dislates deste governo) é uma espécie de "terrorismo".

Pois é. Tal como os sacos vazios não se aguentam de pé, também os portugueses, e pela mesma razão, estão de cócoras e de mão estendida. Passos Coelho ri-se e Merkel aplaude. Acabam, de facto, de provar que são fuba do mesmo saco.

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.


Portugal – Greve Geral: CGTP apela à mobilização dos funcionários públicos



Diário de Notícias - Lusa

O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, apelou hoje ao envolvimento dos trabalhadores da Administração Pública na preparação da greve geral que a central sindical marcou para 22 de março.

Arménio Carlos intervinha em Coimbra, num plenário regional de dirigentes, delegados e ativistas sindicais promovido pelo Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Centro, na Casa Municipal da Cultura.

Ao criticar as atuais políticas sociais do Governo e o que definiu como "pacote de exploração" dos trabalhadores, lamentou que o executivo de Pedro Passos Coelho "esteja a ir mais longe" do que o previsto no memorando da "troika" quanto à redução do défice das contas públicas.

"Fazem-no com a consciência que estão a subverter a Constituição" da República Portuguesa, designadamente em relação aos serviços públicos, como a Segurança Social, a Educação e o Serviço Nacional de Saúde.

Insistindo que os trabalhadores "têm saída para isto", o líder da CGTP acusou o Governo de "não ter coragem para tocar nos intocáveis", nem "para combater a evasão fiscal e a economia paralela".

Os trabalhadores da Função Pública, ao reforçarem a ação reivindicativa, "estão também a lutar pela melhoria da qualidade dos serviços prestados às populações", adiantou.

A greve geral decretada pela CGTP, para 22 de março, "é a mais importante" que a central desenvolveu "nos últimos 20 ou 30 anos em Portugal", disse.

No final do plenário, os sindicalistas realizaram um desfile pela cidade, aproveitando para distribuir uma moção em que reafirmam "a sua determinação para lutar contra o pacote de exploração do Governo PSD/CDS".

Ao fazer um "balanço muito positivo" da visita efetuada hoje ao distrito de Coimbra, Arménio Carlos disse à Lusa ter testemunhado que existe da parte dos trabalhadores "um grande apoio à rejeição deste pacote de exploração" do Governo.

O líder da CGTP adiantou que o anunciado encerramento dos escritórios de três delegações da agência Lusa, em Coimbra, Évora e Faro, foi outro dos assuntos que analisou esta tarde com outros sindicalistas, incluindo o coordenador da União dos Sindicatos de Coimbra, António Moreira.

Na sua opinião, as atuais delegações da agência noticiosa no Continente "devem ser mantidas", pois elas garantem "um serviço público que a Lusa faz de uma forma descentralizada" a nível nacional.

"A centralização deste serviço de informação agrava as assimetrias e a desertificação", afirmou Arménio Carlos.

Decidido pela administração da Lusa, em finais de 2009, o encerramento dos escritórios das delegações de Coimbra, Évora e Faro teve a concordância da atual e anterior direções de informação, mantendo-se em funções, a trabalhar a partir de casa, os jornalistas adstritos a cada uma das três regiões, de acordo com a empresa.

Portugal: ASSUNÇÃO ESTEVES NO ROL DOS VILÕES QUE NUNCA SE FARTAM



É FARTAR VILANAGEM!

Mão amiga enviou com pedido de publicação referências à vida cor de laranja e das notas de euro que entram nas contas bancárias da militante PSD que é atualmente presidente da Assembleia da República, a senhora dona Assunção Esteves.

Após inteirarmo-nos do conteúdo que publicamos a seguir a reação é de enjoos e vómitos. Não pelo que esta senhora descaradona que se reforma aos 42 anos à custa de todos nós aufere… se fosse só ela a única política parasita existente naquelas circunstâncias, o que é preocupante é que existem imensos parasitas como Assunção Esteves que foram quase imberbes para deputados (de todos os partidos) e na casa dos 40 anos de idade se reformaram e recebem à custa de todos nós quantias exorbitantes, dignas dos salafrários que sem vergonha se pavoneiam e sistematicamente nos vigarizam.

Fica a divulgação solicitada com a batida e rebatida frase: É fartar vilanagem… Até um dia. (Redação PG)

A ASSUNÇÃO DO DESCARAMENTO DELES

Alguém percebe?!

Se ela continua a trabalhar, está a receber reforma porquê?!

Ela é loira, mas de burra não tem nada...

Sempre a pedirem-nos sacrifícios e " Eles " e " Elas " a receberem reformas, salários, subvenções vitalícias. Como é que isto algum dia irá para a frente, se todos eles quando fazem as leis é para zelarem pelos seus próprios interesses?

Se o cidadão normal tem de trabalhar 40 anos (ou mais) e só tem direito a uma pequena reforma, porque é que eles ao fim de oito anos de serviço já têm direito a reformas gordas?

É aqui que o governo tem de começar a cortar as gorduras...mas corta é nos nossos subsídios e eles continuam a fazer as suas vidinhas de nababos.

Divulguem!!! Basta de nos tratarem como atrasados mentais; passem ao maior número de pessoas possível.

Foi assim que conseguimos que três ministros abdicassem dos seus subsídios de deslocação, quando (vergonha das vergonhas) têm casa em Lisboa.

Assunção Esteves (PSD), a actual Presidente da Assembleia da República, reformou-se aos 42 anos, com a pensão mensal (14 vezes ano) de € 2.315,51. Consultem o Diário da República de 30/07/1998 para vossa informação. Para que saibam também, a Senhora Assunção Esteves recebe ainda de vencimento mensal (14 vezes ano) € 5.799,05 e de ajudas de custas mensal (14 vezes ano) € 2.370,07. Aufere, portanto, a quantia anual de € 146.784,82. Ou seja, recebe do erário público, a remuneração média mensal de € 12.232,07 (Doze mil, duzentos e trinta e dois euros, mais sete cêntimos).

Relembramos que também tem direito a uma viatura oficial BMW a tempo inteiro! 

E vem este IDIOTA do Passos Coelho sacar subsídios e pedir sacrifícios aos funcionários públicos e pensionistas!!! É mesmo preciso ter lata!!!

Angola: Rafael Marques sobre Isabel dos Santos e suas controvérsias



Deutsche Welle

Em 2007 Isabel dos Santos processou o Jornal italiano "La Stampa" e três dos seus jornalistas pela publicação de um artigo que a acusava de corrupção. Num artigo, Rafael Maques revela o que está por detrás do processo.

“A honra e as mentiras de Isabel dos Santos" é o mais recente artigo publicado por Rafael Marques. No artigo, o defensor dos direitos humanos angolano apresenta factos que comprovariam que, para defender a sua própria honra, a filha do presidente angolano lesou a honra do povo angolano, tal como apresentou argumentos falsos relativos à governação do seu pai. Em entrevista à DW África, Rafael Marques falou sobre o processo de Isabel dos Santos contra o jornal italiano "La Stampa" já que, em breve, a Procuradoria de Turim, deverá decidir sobre o caso:

Rafael Marques: Chega a ser incompreensível como é que a Isabel dos Santos, cujos negócios em Angola são bem conhecidos, possa apresentar uma queixa dizendo que não administra absolutamente nada. E, por outro lado, também quer envolver-se na política, afirmando que o seu pai não é um ditador e que foi eleito em 1979, altura em que vivíamos sob um regime marxista-leninista que não permitia eleições, nem sequer a existência de outros partidos. Em 1992, e isto é de conhecimento universal, o seu pai não ganhou as eleições presidenciais na primeira volta contra Jonas Savimbi e nunca ouve uma segunda volta. Então ela faz uma série de narrações que, falando em nome de poucos angolanos e em honra dos angolanos, mentindo. Isso é grave e é preciso que seja denunciado e que a verdade seja reposta.

DW África: E estas afirmações de Isabel dos Santos, que considera mentira, em que medida põem em causa a credibilidade do presidente?

RM: Não põem em causa a credibilidade do presidente porque o presidente não tem credibilidade nenhuma em Angola. O que a Isabel dos Santos faz é o que o pai faz todos os dias. Se o presidente tem alguma credibilidade é a credibilidade de continuar a assinar os contratos petrolíferos, de manter-se no poder como figura com quem o mundo precisa de negociar. Para além disso, não creio que tenha qualquer efeito na credibilidade do presidente, porque, internamente, o presidente não tem credibilidade. É um presidente que, volta e meia, fala na construção de um milhão e meio de casas e depois nem sequer consegue dar mil ou duas mil casas aos mais desfavorecidos. É necessário que os angolanos tomem, cada vez mais, consciência da necessidade de se afirmarem como cidadãos e de terem uma intervenção pública muito mais ativa, para evitar esse tipo de situações. Situações em que aqueles que se encontram no poder se acham no direito de dizer o que bem entendem, sendo verdade ou mentira, porque não serão desmentidos por falta de órgãos que possam difundir mensagens contrárias àquelas do poder.

DW África: Ao usar estes argumentos falsos como, comprova no seu artigo, pode-se depreender que a senhora Isabel dos Santos não se sairá bem com esta queixa contra o jornal italiano?

RM: Com certeza que não se sairá bem, porque não se pode apelar à justiça para defender a honra apresentando mentiras. É contraditório e contraproducente. E, em certos casos, ela até poderia ser acusada de perjúrio, ou seja, de estar a enganar a justiça. Mas, como é filha do presidente, certamente, isso não vai acontecer. Mas acredito que este caso não venha a ter continuidade, porque os factos estão aí.

DW África: Porquê esta ação judicial contra o jornal italiano quando outros, inclusive o Rafael Marques, têm denunciado a participação de Isabel dos Santos em negócios e nunca foram processados?

RM: É uma questão de arrogância. É essa a arrogância de quem tem muito dinheiro e tem a capacidade de defender a sua honra levando estes órgãos todos aos tribunais. E em Angola, claro que ela não pode fazer isso porque as pessoas sabem da verdade.

Autor: Nádia Issufo - Edição: Carla Fernandes / António Rocha

Sete por cento da terra arável moçambicana na mão de estrangeiros



Deutsche Welle

Um estudo do Oakland Institute aponta que o governo Moçambicano concedeu 2,5 milhões de hectares a investidores, em apenas 5 anos. A forma com que tem sido feita a cedência não é pacífica.

Sete por cento do total da terra arável em Moçambique foram concedidos entre 2004 e 2009, segundo o estudo do instituto norte-americano Oakland Institute. Cerca de dois milhões e meio de hectares foram concedidos a investidores estrangeiros de países, como África do Sul, Austrália, Portugal, Suécia, Noruega e Índia.

Muitos dos projetos são de reflorestamento, outros de agro-combustíveis ou de produção de açúcar. A atribuição desses 2,5 milhões de hectares tem gerado conflitos com as comunidades locais que tiveram que ser desalojadas.

De acordo com o presidente da União Nacional dos Camponeses (UNAC), Augusto Mafigo, na província de Tete, por exemplo, as famílias reassentadas estão em áreas improdutivas.“As pessoas estão numa zona muito cíclica, não têm água e a terra não é produtiva, não é fértil”.

Em janeiro houve protestos em Tete contra a empresa Vale do Rio Doce, que ocupou terra para extração de carvão mineral. “Então é um problema muito sério que nem o governo consegue resolver”, diz Mafigo.

Na província do Niassa, as comunidades destruíram 40 hectares de plantio de eucalipto e queimaram armazéns da empresa investidora.

O presidente da UNAC assegura que a situação tende a piorar porque cada vez mais aparecem novas empresas para investir em terras concedidas pelo governo de Moçambique. “ Nós como movimento de camponeses estamos a tentar criar alianças entre as organizações da sociedade civil para discutir esses problemas”.

Para o camponês, Inácio Maria Manuel, as terras deveriam ser usadas para a produção de alimentos. “Moçambique tem tido problemas de insegurança alimentar. Antes as comunidades plantavam alimentos onde agora se plantam eucaliptos e pinheiros. A prioridade no país devia ser produzir alimentos”.

Investidores não têm interesse em cultivar alimentos

João Mosca, especialista em economia agrária e desenvolvimento rural, diz que os investidores externos não têm nenhum interesse em produzir alimentos para o mercado interno, mas sim algodão, soja e a jatropha, planta que é utilizada para a produção de biodiesel.

O especialista discorda da forma de concessão e da quantidade de terras concedida pelo governo moçambicano. “O governo é apontado como um mau negociador em defesa dos interesses do país. Sobretudo na área da fiscalidade. São feitas concessões com grandes benefícios fiscais para os investidores externos, benefícios muitos superiores a um investidor nacional”, diz Mosca.

Na perspetiva de João Mosca há “receitas muito elevadas que não estão a beneficiar o país em consequência destes acordos negociados de forma precipitada”.

Autor: Sabine Weiler - Edição: Helena Ferro de Gouveia / António Rocha

Moçambique: ALGUÉM DEVE PARAR COM ISTO!




Fernando Mbanze – Savana (mz), opinião

Há muito, muito tempo, um célebre historiador, diplomata e poeta italiano já deixava para a sociedade uma célebre frase que até hoje nos remete e deve continuar a remeter-nos para uma reflexão profunda do que queremos ser como pessoas positivamente civilizadas, cultas e regidas por regras próprias de um Estado de Direito.

Referimo-nos a frase de Nicolau Maquiavel: Os fins justificam os meios. Esta frase, por outras palavras, quer dizer que os governantes e outros poderes devem estar acima da ética e moral dominante para alcançar seus objectivos ou realizar seus planos.

Pensamos e teimosamente continuamos a acreditar que somos efectivamente um Estado de Direito. Ou seja, somos um país livre, mas que, pelo bem e para o bem de todos nós, traçamos regras que devemos todos religiosamente cumprir, ou no mínimo, fingir que cumprimos.

Entretanto, na Pátria Amada, há coisas que caem simplesmente como verdadeiras bombas atómicas sobre as nossas cabeças. Situações verdadeiramente aterradoras que, embora querendo continuar a acreditar, faltam-nos forças e contra argumentos para continuarmos a defender que estamos de facto num Estado de Direito.

Apenas dois assuntos actuais para ajudar, ao leitor, a compreender o que queremos dizer nestas linhas. Um diário da praça tem estado a seguir atentamente a terrível, injusta e ilegal realidade a que estão submetidos os professores do distrito de Murrupula, província de Nampula. Murrupula é, por coincidência, terra natal do actual Presidente da República, Armando Guebuza. Mas, isto não é matéria de discussão, por agora.

Neste distrito, os professores foram voluntariamente obrigados a descontar, do seu salário (que já é uma verdadeira miséria), um total de 12 por cento do seu ordenado. Isto, como acumulado de seis meses de descontos salariais. O dinheiro foi obrigatoriamente alocado, em forma de cheque, para o gabinete da administradora distrital. A contribuição obrigatória visa apoiar financeiramente a realização do X Congresso da Frelimo, a realizar-se este ano, na nortenha província de Cabo Delgado.

De acordo com o que nos chegou ao ouvido, o dinheiro foi retido exactamente na fonte, via E-SISTAFE, acreditamos. Na verdade, um grupinho de professores, comandado pelos dirigentes locais da Frelimo, reuniu e decidiu descontar a todos os professores. Vendo-se completamente lesados, os professores deram a cara e disseram claramente que, em nenhum momento, concordaram com o referido desconto. Disseram que a haver qualquer voluntarismo na contribuição para o X Congresso da Frelimo, o mesmo devia acontecer de forma individual. Entendem que cada um, depois de receber o seu salário poderia decidir tirar o que achar conveniente e dentro das suas capacidades e ir contribuir depositando o valor nalgum local a ser previamente definido. E nunca, um desconto na fonte.

Na verdade, estamos aqui, diante de um crime público. Um crime protagonizado à luz do dia. A Procuradoria Geral da República tomou, portanto, conhecimento. Conhecimento de que uma entidade (que se diz digna) roubou aos funcionários públicos à luz dia. Portanto, é tempo e oportunidade única para esta entidade agir, exigindo punição exemplar, aos prevaricadores da lei.

Embora tenha caído em descrédito, o público ainda deposita alguma esperança nesta instituição que é guardiã da legalidade, daí acredita-se que ela vai agir e vai conseguir parar com estas situações simplesmente inaceitáveis, num país que se quer sério.

Os acontecimentos de Murrupula vêm, por outro lado, aclarar que não vale a pena a discussão da velha questão da partidarização do Aparelho do Estado. Aqui está claro. A Frelimo e o Estado urdiram juntos um plano para roubar aos funcionários públicos. Aliás, a administradora distrital e o Director Distrital da Educação, sem o mínimo de vergonha, confirmaram isso. Disseram, de boca cheia, que achavam o acto legal, alegadamente porque foi a pedido dos professores. Quais professores? Se os verdadeiros professores (tirando um grupinho de engraxadores e lambe botas) publicamente disseram que, em nenhum momento, autorizaram descontos nos seus salários.

Porque este comportamento da Frelimo não é novo, verdade é que, não nos iremos espantar se, daqui a algum tempo, recebermos tristes notícias de que os professores que publicamente reclamaram perderam emprego, ou então, foram transferidos para localidades bem distantes. Localidades onde a televisão, o jornal e a rádio não chegam.

Outro assunto, actualíssimo, tem a ver com as intercalares da cidade de Inhambane. Chegam-nos notícias, segundo as quais, pontapeando completamente de forma grosseira e criminosa as leis, o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral e a Comissão Nacional de Eleições inventaram uma nova lei eleitoral. Isto no que tem a ver com as condições requeridas para um cidadão actualizar os seus dados eleitorais, requerendo novo cartão de eleitor. A lei aqui é clara, basta o cidadão apresentar um documento dentro do prazo e com sua fotografia estampada e que ateste que é residente da circunscrição eleitoral referida, para fazer a inscrição. Pode ser actualização, ou então, novo eleitor. Basta, repetimos, que o seu documento de identificação ateste que tem idade eleitoral e é residente da referida circunscrição eleitoral para poder recensear-se e exercer o seu direito cívico e constitucional.

Entretanto, os órgãos eleitorais em Inhambane, não se sabe (mas suspeita-se) a mando de quem, decidiram inventar que qualquer jovem só se pode inscrever se apresentar cartão de estudante. Confrontados com esta exigência, os jovens entraram em choque e embora leigos nesta matéria perceberam logo que algo de errado estava a acontecer com os órgãos eleitorais.

Tentavam aí e acolá, os recenseadores não aceitaram e não aceitam recensear jovens que não exibam cartão de estudante. Onde foram buscar essa lei? Porquê só agora há estas exigências desde que o país introduziu a governação autárquica. As respostas são óbvias, pois há quem tem má memória dos acontecimentos de Quelimane. Alguém não está a conseguir digerir convenientemente a perca do município de Quelimane para a oposição. Anda um verdadeiro trauma pós eleitoral.

Daí, facilmente, se pode perceber aqui, que tal como está a acontecer em Murrupula, os órgãos eleitorais de Inhambane urdiram em conluio com uma entidade partidária, um plano para impedir que os jovens não possam votar. Pois, os jovens andam verdadeiramente revoltados e rebeldes. Até os Charas e as Mabotas tem estado a pedir que os jovens mostrem positivamente a sua revolta, no sentido de impedir o contínuo caminho tortuoso que o país está a ser obrigado a tomar.

Este é, em nossa opinião, mais um motivo sério e pontual, para que quem de direito aja imediatamente e impeça a contínua violação das mais elementares normas que regem o país e a convivência no país.

Pensamos que a agir prontamente, as instituições criadas para defender o cumprimento da lei e da legalidade, estarão a criar condições para que Moçambique seja um país que orgulha os moçambicanos e não só. Continuamos a acreditar, e enquanto vivos continuaremos a acreditar que, um dia, a lei vai ser cumprida por todos, independentemente da raça, filiação partidária, capacidade financeira, cargo político – partidário...

- Fernando Mbanze/ fmbanze@gmail.com  ou fernando.mbanze@mediacoop.co.mz

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