domingo, 12 de fevereiro de 2012

BISPOS E SIMILARES (TAMBÉM) MENTEM!




Orlando Castro*, jornalista – Alto Hama*

“Muitos governantes que têm grandes carros, numerosas amantes, muita riqueza roubada ao povo, são aparentemente reluzentes mas estão podres por dentro".

O Club K diz que em 2011 o MPLA celebrou um acordo com a Igreja Católica para que esta o apoie na campanha eleitoral de 2012.

“Da parte do partido no poder agenciou o acordo Manuel Vicente, na condição de PCA da Sonangol a mando de Eduardo dos Santos, ao passo que da parte da Igreja estiveram alguns bispos do regime, Dom Damião Franklim e a Filomeno Vieira Dias de Cabinda, com orientações do militante cardeal Alexandre do Nascimento, escreve o Club K.

Que a hierarquia da Igreja Católica de Angola continua a querer agradar a Deus (José Eduardo dos Santos) e ao Diabo (José Eduardo dos Santos), aviltando os seus mais sublimes fundamentos de luta pela verdade e do espírito de missão, que deveria ser o de dar voz a quem a não tem, não é novidade.

O caso de Cabinda é o mais claro paradigma dessa hipocrisia. Recorde-se que em 2010, a Igreja Católica de Angola reitervaa a esperança na solução célere da prisão em Cabinda do padre Raul Tati e a posição sobre o estatuto do mesmo sacerdote, em processo de renúncia por livre iniciativa própria.

Ao que parece, a enorme violação dos direitos humanos em Cabinda, a forma execrável como as autoridades coloniais de Angola tratam impolutos cidadãos de Cabinda, pouco interessar à Igreja Católica. Isto porque, de facto, o regime colonial compra a sua cobardia dando-lhe as mordomias que a leva a estar de joelhos perante o MPLA.

“Nós, como Diocese, contactamos a Procuradoria-Geral da República e esperamos que o assunto se resolva da forma mais célere e se esclareça quanto antes, embora notamos com preocupação que o tempo da prisão cautelar já se tenha excedido”, dizia então o vice-presidente da CEAST e Bispo da diocese de Cabinda, Dom Filomeno Vieira Dias, dando uma no cravo e outra na ferradura.

Dom Filomeno Vieira Dias sabe que em Cabinda, como em Angola, há cada vez mais gente a ser tratada de forma ignóbil pelo regime do MPLA. No entanto, desde que a Igreja não perca os seus privilégios vai fazendo o jogo dos poucos que têm milhões, estando-se nas tintas para os milhões que têm pouco ou nada.

Não deixa de ser elucidativo da posição subserviente da Igreja Católica o facto de Dom Filomeno Vieira Dias quase resumir os atentados aos direitos humanos em Cabinda ao caso, obviamente muito grave, do padre Raul Tati.

“Eu, pessoalmente, visitei este sacerdote. Tive encontro com ele. O nosso vigário geral, também, há poucos dias, visitou-o e teve encontro com ele”, acrescentou o prelado, que rematou, indicando que “é quanto temos a dizer sobre esta matéria.”

Francamente! Raul Tati foi humilhado física e psicologicamente e, apesar disso, a Igreja Católica faz de conta que ele até está bem, recusando-se a denunciar – como era e é seu dever – as abomináveis condições em que o padre e todos os outros detidos tentavam sobreviver.

Apesar de ter pedido a demissão, o Padre Tati não deixa de ser um cidadão. Cidadão cabinda cuja nobreza de espírito o levou a não pactuar com uma Igreja que esquece e até conspurca os seus mais elementares mandamentos.

No final de 2011, D. José Manuel Imbamba, arcebispo de Saurimo e porta-voz da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé, disse que os padres que teimam em defender os interesses dos cabindas não foram afastados por razões políticas, mas por questões disciplinares, nomeadamente por não manterem uma boa relação pastoral com o bispo D. Filomeno Vieira Dias.

D. José Manuel Imbamba sabe que está a mentir. É grave. Ou estava calado ou, se para tanto tivesse coragem, falaria das pressões do regime angolano sobre os prelados que - tal como aprendeu o arcebispo de Saurimo – apenas querem dar voz a quem a não tem, nomeadamente na colónia angolana de Cabinda.

Aliás, o mesmo se passa com D. Filomeno Vieira Dias que só de vez em quando, raramente, quase nunca, se vai lembrando do “rebanho”que tem a seu cargo como bispo da colónia angolana de Cabinda.

Quando instado a comentar as detenções no estrangeiro de activistas dos direitos humanos de Cabinda, a mando do regime de Luanda ou – quem sabe? – de qualquer força extra-terrestre, como a de Agostinho Chicaia, o prelado católico não quis (pudera!) desagradar aos donos do poder em Angola e refugiou-se no argumento de que não comentava um caso que tinha ocorrido fora do país.

Consta, contudo, que D. Filomeno Viera Dias mostrou-se preocupado com aquilo que chamou de incapacidade de diálogo entre as pessoas. Pois é. Que em Cabinda todos que ousem pensar de forma diferente do MPLA sejam culpados até prova em contrário, isso não é preocupante para o bispo.

Preocupante é a falta de diálogo… num regime colonialista que só permite o seu próprio monólogo, que se julga dono da verdade, que põe a razão da força acima da força da razão.

“Para nós é sempre preocupante quando não há capacidade de diálogo e conversação entre as pessoas. Portanto ele (Agostinho Chicaia) foi detido fora de Angola, eu não posso pronunciar-me sobre um facto que ocorreu num outro país, não tenho elementos, é algo que procuramos aprofundar, procuramos saber quais são os motivos, mas não temos elementos sobre isto,” disse no seu estilo angélico D. Filomeno Vieira Dias.

Ao contrário do que, supostamente, aprendeu durante a sua formação religiosa, D. Filomeno Vieira Dias só raramente se lembra que deve dar voz a quem a não tem. Recordo-me, por exemplo, que o bispo levou muito tempo a descobrir os excessos do regime colonial angolano em relação aos cidadãos supostamente envolvidos em acções de apoio aos militares da FLEC.

Embora, no caso do ataque à escolta militar e policial angolana à equipa do Togo, tudo tenha acontecido em Janeiro de 2010, só em Junho D. Filomeno Vieira Dias enviou uma carta ao Procurador-Geral da República colonial, João Maria de Sousa, para mostrar preocupação em relação ao excesso de prisão preventiva de activistas e deplorar o adiamento indefinido do julgamento dos acusados.

Antes, a 3 de Maio de 2010, D. Filomeno Vieira Dias dissera que a liberdade de informar e de ser informado é um direito fundamental que não deve ser subalternizado.

Ser o Bispo de Cabinda, recorde-se, a falar de liberdade de informar quando, exactamente em Cabinda (colónia de Angola) se é detido por ter ideias diferentes, sendo que em muitos casos se é preso só porque as autoridades coloniais angolanas pensam que alguém tem ideias diferentes, é algo macabro.

D. Filomeno Vieira Dias disse então que a informação joga um papel fundamental na vida da sociedade, por isso os comunicadores devem fazê-lo com responsabilidade.

Será a responsabilidade a que alude D. Filomeno Vieira Dias, dizer apenas a verdade oficial do regime? Será ser-se livre para ter apenas a liberdade de concordar com as arbitrariedades do regime colonial?

“A liberdade de imprensa é um direito ligado às liberdades fundamentais do homem”, sublinhou na altura o prelado, falando a propósito do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, proclamado pela UNESCO em 1993.

É um direito mas, note-se, apenas nos Estados de Direito, coisa que Angola não é de facto, embora de jure o queira parecer. Aliás, nenhum Estado de Direito viola os direitos humanos de forma tão soez e execrável como faz o regime angolano na sua colónia de Cabinda.

“Quando celebramos esse dia, devemos olhar para o seguinte: que é uma grande responsabilidade informar e informar sempre com verdade,” destacou D. Filomeno Vieira Dias, certamente pedindo de imediato perdão a Deus por ele próprio não contar a verdade toda.

D. Filomeno Vieira Dias deverá, creio, também pedir perdão por se pôr de joelhos perante os donos do poder em Angola, contrariando os ensinamentos, como recordou em Bruxelas o Padre Jorge Casimiro Congo, de que perante os homens deve estar sempre de pé, e de joelhos apenas perante Deus.

E se uma das principais tarefas dos Jornalistas é dar voz a quem a não tem, também a Igreja Católica tem a mesma missão devendo, aliás, ser ela a dar o exemplo. O que não acontece.

Frei João Domingos, por exemplo, afirmou numa homilia em Setembro de 2009, em Angola, que Jesus viveu ao lado do seu povo, encarnando todo o seu sofrimento e dor. E acrescentou que os nossos políticos e governantes só estão preocupados com os seus interesses, das suas famílias e dos seus mais próximos.

Como os angolanos e os cabindas gostariam que tivesse sido D. Filomeno Vieira Dias a dizer estas verdades.

"Não nos podemos calar mesmo que nos custe a vida", disse Frei João Domingos, acrescentando "que muitos governantes que têm grandes carros, numerosas amantes, muita riqueza roubada ao povo, são aparentemente reluzentes mas estão podres por dentro".

Como os angolanos e os cabindas gostariam que tivesse sido D. Filomeno Vieira Dias a dizer estas verdades. Por tudo isso, João Domingos chamou a atenção dos angolanos para não se calarem, para "que continuem a falar e a denunciar as injustiças, para que este país seja diferente".

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Título anterior do autor, compilado em Página Global: MPLA SÓ QUER AÍ MAIS UNS 30 ANOS NO PODER!

GRÉCIA A FERRO E FOGO APROVA MAIS MEDIDAS DE AUSTERIDADE




Manifestantes pegam fogo a um banco e duas lojas em Atenas


A polícia isolou, este domingo, a praça Syntagma, junto ao parlamento grego, onde à noite é votado o novo plano de austeridade, mas os confrontos com manifestantes continuam nas ruas adjacentes, onde foi posto fogo a um banco e duas lojas.

Após a polícia ter dispersado a concentração de protesto em Atenas contra o novo memorando de ajuda à Grécia, com recurso a granadas de gás lacrimogéneo, logo após o seu início (pouco depois das 17 horas locais, 15 horas em Lisboa), milhares de manifestantes recuaram, mas o ambiente continua tenso nas artérias vizinhas do parlamento grego, testemunhou a Lusa no local.

As agressões entre manifestantes e agentes policiais são constantes, com arremessos de pedras e 'cocktails molototov', escutando-se o som de rebentamentos frequentes de petardos, e na atmosfera persiste um cheiro intenso de gás lacrimogéneo e de fumo de caixotes do lixo a arder.

Segundo outros testemunhos chegados à Lusa, alguns manifestantes estão a partir montras de estabelecimentos comerciais e pegaram fogo a um banco e duas lojas.

Durante a tarde, a polícia de Atenas dispersou a manifestação convocada para a praça Syntagma, quando milhares de pessoas ainda estavam a chegar, empurrando-as com recurso a gás lacrimogéneo para as ruas laterais, onde às 19 horas (hora de Portugal continental, 21 em Atenas locais) ainda permanece muita gente.

Não houve pânico durante a retirada da praça, com milhares de pessoas a acotovelarem-se por estreitas ruas mas em ordem como se já estivessem há muito habituadas a este tipo de situação, testemunhou a Lusa no local.

"Foi uma acção inesperada, pensava que nos deixavam manifestar e voltar para casa. A polícia foi muito agressiva. Nem nas manifestações dos indignados entre Maio e Julho isto aconteceu", disse Haritina, uma manifestante.

"Os polícias recebem ordens para fazer isto, também estão numa posição difícil", afirma Petrus, médico que participou no protesto contra as medidas de austeridade que o parlamento está hoje a debater para garantir um segundo resgate de 130 mil milhões de euros ao país.

Segundo a France Presse, a polícia interveio quando os manifestantes começaram a fazer pressão no cordão de segurança, junto ao parlamento grego, onde já decorria o debate extraordinário sobre o memorando de ajuda externa à Grécia.

A mesma agência de notícias dá conta de seis feridos nos confrontos.

À mesma hora, decorreu uma segunda manifestação convocada pelo partido comunista para a Praça Omonia, a cerca de um quilómetro do parlamento, e que tentou juntar-se posteriormente à concentração na Praça Syntagma. A polícia impediu no entanto este movimento e registaram-se confrontos.

As autoridades estimam que tenham saído para a rua 30 mil pessoas em Atenas e outras 15 mil em Salónica, segunda cidade do país.

Os sindicatos avançam por seu lado com 60 mil manifestantes só na capital grega.

O novo plano grego de resgate, cuja adopção é exigida pelos credores internacionais para impedir a bancarrota e manter Atenas no euro, levou à convocação com carácter de urgência de um debate parlamentar, onde o governo de coligação socialista-conservador de Lucas Papademos detém uma maioria teórica de 236 votos em 300 possíveis.

O novo plano de austeridade prevê, entre outras medidas, o despedimento de 15 mil funcionários públicos até ao final do ano (150 mil até 2015), uma redução de 22% do salário mínimo, que deverá situar-se perto dos 500 euros, e a liberalização das leis laborais.

A votação do projecto de lei está prevista para a meia-noite em Atenas (22 horas em Lisboa).

Grécia aprova novas medidas de austeridade em clima de guerrilha urbana

Jornal de Notícias

O parlamento grego aprovou as novas medidas de austeridade, no meio de uma onda de protestos violentos que está a deixar Atenas num clima de guerrilha urbana.

O novo plano de austeridade é considerado vital para impedir bancarrota da Grécia. A aprovação das novas medidas vai permitir desbloquear um segundo pacote de ajuda, no valor de 130 mil milhões de euros.

Nas ruas de Atenas, contam as agências France Press e Reuters, vive-se "um clima de guerrilha urbana", com confrontos entre polícias e manifestantes, que estão, este domingo, concentrados na praça Syntagma, em frente ao Parlamento Grego, que acabou de votar o novo plano de austeridade.

Durante o dia, pelo menos um banco e duas lojas foram incendiadas no centro de Atenas. Muitos manifestam-se usam pedras e "cocktails molotov" para atacar a polícia e são constantes os pequenos focos de incêndio.

Vários deputados socialistas e uma dezena de parlamentares do partido Nova Democracia (conservadores), as forças políticas que integram a coligação governamental grega, manifestaram publicamente discordar do acordo e ameaçaram votar contra as medidas de austeridade exigidas pela 'troika' (Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu).

O novo plano de austeridade incluiu despedimentos na função pública e uma redução nos custos da mão-de-obra, de forma a que a Grécia possa receber um empréstimo de resgate de 130 mil milhões de euros antes de 20 de março, quando o país terá de reembolsar 14,5 mil milhões de euros aos detentores de dívida pública grega.

A capital grega Atenas está hoje a ser palco de manifestações com milhares de pessoas nas ruas, tendo-se registado confrontos entre manifestantes e a polícia, estando esta noite vários edifícios em chamas.

Brasil: AVIÃO ATERRA APÓS ATAQUE A PILOTO


Correio da Manhã

Um avião comercial brasileiro fez este domingo uma aterragem de emergência em Porto Alegre, depois de um passageiro ter alegadamente atacado o piloto e membros da tripulação

O avião da TAM Airlines dirigia-se da capital uruguaia, Montevideu, para São Paulo quando um homem entrou no cockpit, após uma hora de voo. O avião guinou para a direita na altura em que o homem atacou o piloto, que gritou por ajuda.

O ministro da Indústria uruguaia, Roberto Kreimerman, encontrava-se a bordo e disse ao jornal 'El Observador' que toda a gente gritou quando o avião se inclinou acentuadamente.

Um passageiro citado pelo diário 'Folha de São Paulo' indicou que foram necessárias várias pessoas para dominar o suspeito, que foi detido depois de o avião aterrar em segurança na cidade brasileira de Porto Alegre.

A polícia disse que o homem sofreu um "episódio psicótico". A TAM Airlines declarou que um "tumulto" a bordo causou a aterragem de emergência, sem fornecer mais pormenores.

PM da Guiné-Bissau garante que candidatura presidencial é constitucional



SCA – Lusa, com foto

Lisboa, 12 fev (Lusa) - O primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior, garantiu hoje em Lisboa que a sua candidatura presidencial é constitucional, afirmando ter pareceres jurídicos que o confirmam.

Carlos Gomes Júnior falava durante um encontro com a comunidade guineense em Lisboa, que hoje decorreu na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa.

"Foram evocadas questões de inconstitucionalidade (...) Pedimos pareceres a constitucionalistas credenciados e temos esses pareceres guardados", disse o primeiro-ministro guineense, que será o candidato oficial do partido PAIGC nas eleições presidenciais, agendadas para 18 de março.

Gomes Júnior indicou ainda que a própria lei eleitoral guineense refere que qualquer candidato à Presidência da República tem direito a 55 dias de suspensão de funções e mais cinco dias depois do ato eleitoral.

"Não é necessário pedir a exoneração, mesmo que fosse pedir a exoneração neste momento, o Presidente interino [que substituiu Malam Bacai Sanhá, que morreu em janeiro em Paris] tem limite constitucional, não pode exonerar nem pode nomear. No presente caso não há nenhuma constitucionalidade", salientou.

O líder político indicou ainda que, "por uma questão de ética", a partir do momento em que começar a fazer campanha eleitoral irá entregar funções à ministra da Presidência do Conselho e Ministros da Guiné-Bissau, Adiatu Djaló.

Sobre os motivos desta candidatura presidencial, Carlos Gomes Júnior afirmou apenas que "o PAIGC tinha de apresentar um candidato à altura para fazer face a todos os embates".

Perante uma sala quase cheia de cidadãos guineenses, o ainda primeiro-ministro afirmou que veio a Portugal agradecer às autoridades portuguesas "pelo tratamento que dão aos filhos da Guiné-Bissau" e "pela melhoria da cooperação"

"Em momentos difíceis e em vários acontecimentos cíclicos na nossa terra, o povo português sempre de forma carinhosa acolheu os nossos irmãos. Por isso é que tenho a obrigação de vir dizer obrigado ao governo de Portugal", disse o governante.

"Depois dos acontecimentos de 01 de abril [quando ocorreu um levantamento militar no país], estávamos prestes a ser sancionados, mas a diplomacia portuguesa trabalhou afincadamente (...) para mostrar as razões porque a Guiné-Bissau nunca devia ser sancionada, mas sim protegida, para que não houvesse uma nova derrapagem e foi assim que retomámos a cooperação com a União Europeia", salientou Gomes Júnior, mencionando o recente acordo de pescas assinado entre Bissau e Bruxelas.

Na próxima quarta-feira, o primeiro-ministro da Guiné-Bissau tem agendada uma reunião com o chefe do Governo português, Pedro Passos Coelho.

Durante o encontro de hoje, onde foi assinalado um minuto de silêncio em memória do Presidente guineense Malam Bacai Sanhá, que morreu no passado dia 09 de janeiro em Paris, os cidadãos guineenses tiveram a oportunidade de interpelar o primeiro-ministro e outros responsáveis.

Uma das muitas reivindicações da plateia foi a futura eleição de um deputado pela diáspora.

Gomes Júnior considerou ser uma questão de direito, esperando que o assunto seja ultrapassado nas próximas eleições legislativas.

Nas eleições presidenciais de 18 de março, a comunidade guineense na diáspora não vai poder exercer o seu direito de voto.

Leia mais sobre Guiné-Bissau - use os símbolos da barra lateral para se ligar aos países lusófonos pretendidos

MILITARES UCRANIANOS DESTACADOS PARA ÁFRICA



Ucrânia em África (mz)

A 18ª unidade especial de helicópteros das Forças Armadas da Ucrânia funcionará na República Democrática do Congo (RDC) com 157 militares.

O pelotão de reconhecimento partiu de Kyiv no dia 10 de Fevereiro de 2012, juntamente com máquinas e equipamento, para preparar a construção de uma base ucraniana na RD do Congo.

O avião ucraniano AN-124-100М “Ruslan” transportou cerca de 90 toneladas de equipamentos necessários para o funcionamento da unidade especial de helicópteros das Forças Armadas da Ucrânia, que executará as tarefas da Missão das Nações Unidas para estabilização no Congo.

Como explicou o chefe do contingente ucraniano, o tenente – coronel Serhiy Shapovalov, a deslocação da unidade será feita gradualmente. “O aeroporto mais próximo é incapaz de receber as aeronaves da classe “Ruslan”. Por isso, primeiro voaremos para Uganda e depois seremos transferidos para a RD do Congo com os aviões da Missão das Nações Unidas, “Hércules” e “IL-76”. Nos arredores da cidade de Goma, no centro – leste do Congo, nas margens do lago Kivu será colocada a base e dois helicópteros das forças de paz da Ucrânia. A segunda parte da unidade será localizada a 500 quilómetros à leste, na localidade de Bunia, na zona fronteiriça com o Sudão”, - explicou o tenente – coronel.

Como mencionou Shapovalov, a 18ª unidade especial de helicópteros das Forças Armadas contará com 157 efectivos, eles irão operar 4 helicópteros de combate Мі-24 e 43 unidades especiais automóveis. As tarefas principais dos capacetes azuis ucranianos são a realização de reconhecimento aéreo, vigilância, medidas de contenção e apoio das forças terrestres, apoio das acções militares da Missão das Nações Unidas, incluindo operações de busca e salvamento e a entrega de ajuda humanitária.

O esquadrão ucraniano irá operar em conjunto com a Brigada de Infantaria indiana, proporcionando cobertura aérea das suas operações terrestres.

A aprovação de envio do contingente militar ucraniano foi votado favoravelmente pelo Parlamento no dia 22 de Dezembro de 2011, embora anteriormente a Comissão Parlamentar da Segurança e Defesa Nacional recomendou ao Parlamento rejeitar este projecto de lei.

Baltasar Garzón: A HISTÓRIA JÁ O ABSOLVEU




Mario Wainfeld, do Página12, em Buenos Aires - Outras Palavras

Baltasar Garzón foi condenado por herdeiros da Santa Inquisição. Este homem digno, que poderosos odeiam, é um cidadão do mundo

O condenado é espanhol – andaluz, para maior precisão. Percebe-se por sua fala, seu modo de pronunciar certas consoantes ou quando fala de “libertáz” ou de “dignitáz”. Gosta de futebol (foi goleiro na juventude e às vezes reincide) e também dos touros. É uma referência da justiça mundial, um exemplo de consciência em muitos países – por exemplo, nestas pampas.

A reivindicação dos direitos humanos na Argentina teria chegado ao ponto atual sem a intervenção fidalga de Baltasar Garzón? Este cronista supõe que não, mas trata-se de hipótese. O indiscutível é que Garzón é parte da busca de justiça diante do terrorismo de Estado; que merece um capítulo, ou algo mais. Que é um modelo para as militâncias mais nobres da nossa história. Em termos jurídicos, um criador notável de jurisprudência, que influenciou muita gente por aqui.

A década de 1990 não foi obscura apenas pela entrega do patrimônio nacional e pelo desmantelamento do estado de bem-estar social. Também assistiu a um retrocesso fenomenal na odisseia em favor da memória, verdade e justiça. A aparição do magistrado que reabriu as causas encerradas aqui por estultice, obediência devida e indultos, dinamizou os movimentos por direitos humanos. Deu nova voz às vítimas, acostumou-as a um peregrinar por tribunais de várias paragens do globo. Foi o pioneiro, o mais decidido. Que cada um decida se foi o melhor. Está entre eles.

Sucessivos governos argentinos deram-lhe as costas com argumentos banais e covardes. O governo Menen, por razões evidentes. A Aliança que veio em seguida o copiou, ainda que eleito tivesse prometido purificar o país e lutar contra a corrupção. O senhor juiz pediu extradições, foram-lhe negadas. A Argentina já não era apenas garantia da impunidade dos genocidas. Tornara-se a base da qual estes não podiam sair, para não ser levados ao banco dos réus.

O ditador Augusto Pinochet foi menos prevenido

Assim que soube que Pinochet “parava” em solo britânico, Garzón correu ao escritório e começou a escrever um pedido de extradição. Corria contra o relógio, devia agir em sigilo. Convocou apenas um funcionário de sua vara, começou a ditar-lhe, febril, o texto da ordem. Precisava ser veloz e rigoroso. Não lhe interessava a repercussão fácil, mas a prisão do criminoso. Num momento, já de madrugada, seu colaborador, impressionado, perguntou: “Senhor, este homem de que estamos tratando é aquele que imagino”? O cronista escutou esta história do mesmíssimo juiz que a reportou, rindo, porque tem sentido de humor e ama o que faz – ou fazia.

O Parlamento britânico admitiu a extradição. A sessão dos lordes foi transmitida pela TV argentina. O cronista, que a assistiu, emocionou-se, escorregou para suas memórias locais. As vítimas, os companheiros que já não estão, as Mães e Avós. Nesta tarde, na reunião de fechamento de Página 12, brindou-se com champagne. Creia-me, leitor, não o fazemos todas as semanas, nem todos os meses, nem todos os anos.

Um juiz espanhol com culhões e consciência de que persegue (em boa lei) um ditador chileno. A autoridade política de outro país intervindo. A repercussão na Argentina. O exemplo é, para este escriba, uma boa vinheta do que é a Justiça universal.

Em 2003, numa Argentina com governo (muito) diferente, Garzón voltou à carga. A reação do presidente Nestor Kirchner não foi um nacionalismo de opereta, nem uma chicana baseada em questões de competência judicial. Foi acelerar o que já tinha em mente: a revogação das leis de impunidade. A restauração da Justiça. As vítimas sobreviventes puderam repetir seus testemunhos em tribunais competentes.

Haviam passado menos de dois anos desde a queda de Fernando de la Rúa. A mudança nada teve a ver com o vento de proa ou o preço das commodities. Foi política pura: outra posição ideológica, outro compromisso com as instituições e as leis. Cada um avaliará quanto pesou a obra de Garzón. Ninguém poderá negar que muito.

Meteu-se com criminosos de toda laia: os terroristas de Estado da América do Sul, o ETA, os para-policiais de seu país. Quando quis explorar os crimes do franquismo, transpôs um limite. Não o perdoaram. Assediaram-no com causas sacadas de tribunais menores, que o odeiam. Esta semana, veio a condenação num deles.

A cena de um tribunal desdenhoso, muito inferior à pessoa que condena, é um clássico da história universal. A lista de acusados é interminável, mencionemos alguns: Sócrates, Galileu, Nelson Mandela. Não são casos idênticos, mas há um padrão comum. A pena imposta a Garzón é tremenda, uma afronta universal: acabaram com sua carreira como magistrado, nada menos.

Quando Fidel Castro era um jovem revolucionário, levantado em armas contra a ditadura de Fulgencio Batista, foi preso e levado diante de um tribunal. Sua defesa célebre terminava com frases indeléveis: “Tenho pena de vossas honras e compadeço da mancha sem precedentes que recairá sobre o Poder Judiciário (…) Condenai-me, não importa, a história me absolverá”.

A Garzón, a história já absolveu, refutando os juízes que o condenaram, dignos herdeiros da Santa Inquisição. Este homem digno é um exemplo, uma referência luminosa muito além da Espanha. Um cidadão do mundo, que soma a outros méritos ser um importante protagonista da melhor história argentina.

Departamento Federal de Investigações deleta dados de processo contra neonazistas



Deutsche Welle

Dados importantes para elucidar crimes praticados por neonazistas na Alemanha foram eliminados propositalmente pela polícia, sob ordens do Departamento Federal de Investigações. Ministro do Interior pede esclarecimentos.

Segundo informações divulgadas pelo jornal popular Bild am Sonntag, os dados desaparecidos, de extrema importância para o caso dos assassinatos de estrangeiros ocorridos recentemente na Alemanha, haviam sido extraídos do celular de André E., supostamente envolvido nos atentados em questão.

André E. é apontado como uma das pessoas de apoio da célula terrorista de Zwickau, que ficou conhecida como "Clandestinidade Nazista", sendo apontada como responsável pela morte de dez pessoas e por diversos outros atos de violência no país. O celular de André E. chegou às mãos dos investigadores durante sua detenção, no último 24 de novembro.

Uma troca de e-mails entre autoridades, à qual o jornal afirma ter tido acesso, prova que os dados foram deletados segundo ordens do Departamento Federal de Investigações (BKA, na sigla em alemão). Um funcionário do órgão confirmou, perante o jornal, o ato, justificando o mesmo da seguinte forma: "A fim de evitar uma dispersão das provas disponíveis neste processo delicado, o BKA pediu à polícia que deletasse os dados encontrados no celular".

Fortes suspeitas contra Departamento Federal de Investigações

Um especialista em segurança afirmou ao jornal que o procedimento implica em "omissão de provas por parte do BKA". Analistas acreditam ser possível que o Departamento de Investigações tenham pretendido, desta forma, proteger seus próprios informantes ligados à célula neonazista.

Normalmente, diz o Bild am Sonntag, a polícia teria que manter arquivados os resultados das investigações pelo menos até o fim do processo judicial, pois os investigadores podem ser testemunhas importantes do caso. E, sendo assim, eles têm que poder provar de onde exatamente recolheram as provas em questão.

Jörg Ziercke, diretor do Departamento Federal de Investigações, confirmou que os dados colhidos foram realmente deletados pela polícia após a leitura dos mesmos. Ziercke afirmou se tratar de "um procedimento normal". Segundo ele, todo o conteúdo "completo e não modificado, encontra-se em segurança, à disposição do BKA, para as investigações conduzidas pela Procuradoria Geral".

A conduta do Departamento de Investigações neste contexto alarmou o ministro alemão do Interior, Hans-Peter Friedrich. O vice-ministro Klaus-Dieter Fritsche, segundo informações do porta-voz do próprio ministério, exigiu do BKA "um esclarecimento abrangente" sobre a questão.

O presidente da Comissão de Interior do Parlamento alemão, Wolfgang Bosbach, afirmou ao jornal: "Trata-se aqui de um procedimento grave, que precisa ser imediatamente esclarecido. Não pode haver nem sequer uma suspeita de que algo deveria ser omitido", concluiu o parlamentar.

Investigações públicas

As investigações em torno da célula neonazista de Zwickau ocupam no momento duas comissões parlamentares de inquérito e uma comissão federal-estadual. Os supostos terroristas de direita Uwe Böhnhardt, Uwe Mundlos e Beate Zschärpe permaneceram desde 1998 na clandestinidade. Eles são acusados de terem assassinado nove turcos e um grego, bem como uma policial.

Além disso, pesam sobre eles acusações de outros delitos violentos e diversos roubos a bancos. Böhnhardt e Mundlos suicidaram-se em novembro último, depois que a polícia os havia descoberto após o roubo de um banco. Zschärpe e outros cinco supostos ajudantes do grupo encontram-se presos.

SV/dpa,afp,dapd,rtr

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ÂNGELA MERKEL E O NOVO NACIONALISMO ALEMÃO



Flávio Aguiar – Carta Maior

Há um outro tipo de nacionalismo em ascensão na Alemanha. É um nacionalismo baseado no que se pode chamar “as virtudes teologais do capitalismo alemão”. A Alemanha deve servir de exemplo para a Europa e para o mundo, graças à sua contenção, à sua fidelidade aos “planos de austeridade”, ao seu exemplo de ter comprimido salários e aumentado a idade da aposentadoria, ao seu exemplo de uma fidelidade à toda prova ao ideário liberal de von Hayek, que permanece hegemônico nas suas universidades. O artigo é de Flávio Aguiar.

 “Nacionalismo” é uma palavra maldita nestas Europas. É associada, sistematicamente, a fanatismo, racismo, xenofobia, extrema-direita, populismo. Uma grande parcela da intelectualidade européia (e latino, norte-americana e também brasileira) chegou a decretar que a palavra “nação” deveria ser deletada dos dicionários, em tempos de criação da União Européia, do fim do comunismo, e do fim da história (lembram desse fim?).

Apesar de que as nações continuassem a emitir passaportes, letras do tesouro (como hoje), dinheiro (como hoje), contrair empréstimos (como hoje), etc. E a fazer guerras horrendas, como nos Bálcãs. Aquela grande parcela preferia fixar-se nos seus avatares semânticos a analisar o que acontecia além das lindes dos campi universitários – lá fora – no mundo, por assim dizer. Preocupações identitárias também passaram a ser anátema: coisa de “latino-americanos retardatários”.

Os nacionalismos não desapareceram. Nem as nações. Basta olhar hoje a Europa que treme sob a adrenalina quinzenal que os problemas do euro derramam nas bolsas, nos parlamentos, e nas veias do mundo inteiro. A City londrina recusa-se a se colocar sob a supervisão financeira de Bruxelas e Frankfurt. Nicolas Sarkozy se viu forçado a aceitar a liderança germânica na frente européia – mas resmungando – e isso pode lhe custar a reeleição em abril/maio.

Na frente do parlamento grego, nesta terça-feira, manifestantes queimaram uma bandeira alemã. A zona do euro soçobra devido à disparidade nas diversas políticas econômicas nacionais postas em curso sob o escudo único da nova moeda. Não só isso: depois de um documento confidencial do Ministério das Finanças alemão recomendar a nomeação de um interventor financeiro na Grécia (depois da “troika”, o Banco Central Europeu, o FMI e a Comissão Européia, ter nomeado um interventor no governo), a dupla Merkozy aventou a proposta de criar uma “conta bancária bloqueada” para depositar as ajudas financeiras àquele país, só liberando-se fundos com a anuência dos administradores do bloqueio, ou seja, a “troika”, ou seja, Merkozy, ou seja, Ângela Merkel.

Entretanto, há um país em que esses “nacionalismos” não parecem ter eco: a Alemanha. Claro: existe o velho nacionalismo rançoso de extrema direita, neo-nazi. Mas ele é minoritário, embora perigoso. Claro: existe a xenofobia difusa que vê no estrangeiro, particularmente no imigrante muçulmano, uma ameaça, assim como existe um racismo difuso no Brasil. Mas não é a isso que me refiro. Outro tipo de nacionalismo está em ascensão.

É um nacionalismo baseado no que se pode chamar “as virtudes teologais do capitalismo alemão”. A Alemanha deve servir de exemplo para a Europa e para o mundo, graças à sua contenção, à sua fidelidade aos “planos de austeridade”, ao seu exemplo de ter comprimido salários e aumentado a idade da aposentadoria, ao seu exemplo de uma fidelidade à toda prova ao ideário liberal de von Hayek, que permanece hegemônico nas suas universidades, no pensamento econômico e na vulgata midiática sobre a crise européia, um ideário a que mesmo o social-democrata SPD e o anti-atômico Partido Verde parecem ter sucumbido.

Essa “fidelidade virtuosa” tudo justifica – inclusive a intervenção alemã nos assuntos internos de outros países.

Na terça-feira o jornal conservador “Die Welt” publicou um editorial justificando a intervenção de Ângela Merkel na próxima eleição francesa. Seus termos são exemplares:

“É digno de elogios que o Ministro de Relações Exteriores da Alemanha, Guido Westerwelle, tenha observado, quanto à campanha de Merkel a favor de Sarkozy, que o governo alemão não é candidato na eleição francesa. No entanto, nesta nova e mudada Europa, ele o é, na verdade. Sobretudo por causa do futuro que Merkel vê para o Continente. Uma visão que os socialistas franceses não compartilham. Nunca antes a Alemanha interferiu tão fundo na política interna francesa. Quebrou-se um tabu, mas o momento foi oportuno. O candidato socialista, François Hollande, com seu retorno ao calendário esquerdista dos anos 70, confunde os eleitores de todos os modos possíveis, com suas promessas de campanha, que contrariam toda a razão econômica. O Programa dos 60 Pontos, de Hollande, é uma seleta do populismo de esquerda. No futuro, os franceses poderão de novo se aposentar aos 60 anos, os impostos deverão ser fartamente aumentados, o setor público incrementado, os mercados financeiros regulamentados e os bancos fragmentados. Dado esse socialismo retrô, não surpreende que ele queira denegar o pacto fiscal e introduzir as letras do euro (“euro bonds”) e, é claro, usar o Banco Central Europeu como uma impressora de dinheiro. A vitória de Hollande significaria o fim da liderança franco-alemã na Europa. Embora apenas os 45 milhões de eleitores franceses possam depositar seus votos nas urnas, a votação é importante para todos na Europa”.

O editorial, convenhamos, é brilhantemente claro na sua pregação desabusada e arrogante, e não deixa dúvidas, pelas afirmativas que faz sobre a possível futura França, devendo-se se assumir as negativas na Alemanha da hegemonia conservadora. Ou seja, a Alemanha deve ser o país exemplar onde os impostos retroagem, onde o mundo financeiro não tem regulamentação, o setor público encolhe, as aposentadorias são restringidas, e os bancos imperam, unidos e protegidos. E este é o universo ideal, “prächtig” (vistoso, magnífico, faustoso, suntuoso, excelente) para a Europa e o mundo.

Em nome dele, que se intervenha na França e que se esmigalhe a Grécia.
Essa euforia conservadora dá frutos à chanceler alemã. Numa pesquisa divulgada na quarta-feira, seu partido, a CDU/CSU, aparece com 38% das intenções de voto, tendo crescido 2 pontos percentuais. Em compensação, seu parceiro de coligação, o FDP, aparece com 3%. Ou melhor, “desaparece”, pois com esse percentual não atingiria a cláusula de barreira e ficaria de fora do futuro Bundestag.

O SPD social-democrata tem 27%, e os Verdes caem alguns pontos para 13%.
A Linke fica estável em 8% e, o surpreendente Partido Pirata aparece com 7%. Depois de conquistar cadeiras no Parlamento de Berlim, os Piratas teriam, pela primeira vez, uma representação num parlamento nacional de país europeu – e logo no Bundestag.

Com esse resultado (a eleição é em 2013) o mais provável é que voltasse a se formar uma “Grande Coalizão”, ou seja, um governo CDU/CSU + SPD.

Esse seria o ideal para esse novo nacionalismo difuso alemão, proclamado virtuosamente pelo Die Welt (“O Mundo”, lembrando que Welt, em alemão, é palavra feminina). Inclusive porque neutralizaria o novo perigo que se avizinha. Mesmo com resistências ao “radicalismo” francês, o SPD se posicionou a favor de Hollande.

Imaginem se o “mau exemplo esquerdista” deste pega do lado de cá do Reno! Aquela sacrossanta “razão econômica” iria para o beleléu.

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Brasil: Rede Globo é expulsa de manifestação dos policiais e bombeiros no Rio




Correio do Brasil - do Rio de Janeiro

Os repórteres da Rede Globo de TV foram pressionados a deixar a manifestação dos policiais e bombeiros realizada, neste domingo, em frente ao Copacabana Palace, na Zona Sul do Rio. Centenas de pessoas cercaram as equipes de jornalismo da TV Globo e da Globonews e passaram a gritar palavras de ordem, o que de fato impediu que seguissem no local.

Os integrantes das forças auxiliares de segurança do Estado do Rio, nesta mesma manifestação, decidiram adiar, até esta segunda-feira, a decisão sobre manter ou suspender a greve iniciada nesta sexta-feira. O ato público prosseguiu com o repúdio às prisões de militares acusados de incitarem o movimento. Os grevistas marcaram para esta segunda-feira, às 18h, no Centro da cidade, uma nova assembleia para decidir os rumos do movimento.

– Decisão certa. Na minha opinião, a ordem é o que foi dito aqui: que o governador (Sérgio Cabral) retire o aumento que deu, o que quer dar e tire 10% dos nossos salários, se a questão é essa, mas o mais importante é soltar os companheiros. O movimento é pacífico e ele está tratando como se fosse um movimento desordeiro – disse o cabo Lopes, da Polícia Militar (PM), aos jornalistas que permaneceram no local.

Mesmo com o anúncio da suspensão do movimento por parte da Polícia Civil, agentes da corporação participaram do ato de repúdio. O presidente do Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol), Fernando Bandeira, explicou que existem duas representações da categoria – o Sinpol, criado em 1993, e o Sindipol que, segundo histórico divulgado na página da entidade na internet, representa desde 2007 a reativação de uma instituição criada há quase 20 anos. A representação da categoria está dividida entre os dois sindicatos. Cada entidade contabiliza uma média de 1,5 mil policiais civis filiados. Bandeira criticou o anúncio de suspensão da greve feito na véspera pelo diretor jurídico do Sindpol e garantiu que a Polícia Civil continua no movimento.

– A decisão foi tomada em assembleia. A gente não pode tomar a decisão de sair da greve sem conversar com as outras categorias (bombeiros e Polícia Militar). Essa ilegalidade de suspender a greve é um desrespeito até com os policiais civis – protestou o presidente do Sinpol, reafirmando que a categoria continua com os atendimentos reduzidos e apoiando a pauta de reivindicações.

O sargento Paulo Nascimento, um dos líderes dos bombeiros, reafirmou a posição da categoria.

– Temos que manter a greve, mas dentro da normalidade e legalidade. Repito que mantemos 30% dos atendimentos sendo feitos – afirmou.

A manifestação deste domingo, na praia de Copacabana, teve uma participação tímida de militares. Ainda assim, policiais civis, militares e bombeiros mantiveram o ato que durou quase quatro horas, reafirmando o caráter “pacífico e ordeiro” que o movimento deve manter para ter continuidade e os protestos contra a prisão de vários militares que foram encaminhados ao Presídio de Segurança Máxima Bangu 1.

Uma comissão de mulheres de bombeiros e de policiais presos no complexo penitenciário estão organizadas para buscar o apoio do governo federal em Brasília, na próxima terça-feira. Mas, nesta segunda-feira, a comissão e outros parentes de militares presos terão uma reunião, às 10h, com representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Rio de Janeiro.

Emocionada, a estudante Ana Paula Fernandes Matias, mulher do sargento Matias, preso neste sábado sob acusação de não ter se apresentado ao trabalho, protesta. Ela garante que o marido estava no posto do Grupamento Marítimo (Gmar) na Barra da Tijuca, Zona Oeste da capital. Mas, como outros militares do Gmar, ele não usava o uniforme da corporação, em protesto.

– Estamos lutando por uma causa. Em momento algum abandonamos a população. Isso é uma covardia. O que eu falo para o meu filho, de 4 anos, que pergunta pelo pai, que é honesto, nunca respondeu a qualquer processo e está preso em um complexo de segurança máxima? – questionou, emocionada.


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Cerca de 300 bombeiros do Rio de Janeiro exigem libertação de dirigentes



ND - Lusa

Rio de Janeiro, 12 fev (Lusa) - Cerca de 300 bombeiros do Rio de Janeiro manifestaram-se hoje em Copacabana para exigir a libertação de dirigentes detidos no âmbito da greve conjunta com os polícias, um movimento muito seguido.

"Queremos apenas que os bombeiros e os polícias sejam tratados com dignidade", afirmou à AFP a mulher de Benevenuto Daciolo, o primeiro de 12 bombeiros (militares e armados no Brasil) a ser detido na noite de quarta-feira.

Os bombeiros anunciaram uma assembleia para segunda-feira para discutir o futuro do movimento.

Os manifestantes, cerca de 300 de acordo com a AFP, estão reunidos na praça de Copacabana e vestem camisolas vermelhas onde se pode ler "Amnistia imediata".

O comandante dos bombeiros do Rio de Janeiro afirmou que oito dos onze últimos mandados de detenção emitidos contra dirigentes grevistas já tinham sido executados. Os detidos estão encarcerados numa prisão de segurança máxima na zona oeste da cidade.

Ao todo, estão detidos 12 bombeiros, tendo também sido aplicadas sanções administrativas a 162 nadadores salvadores. Do lado da polícia militar, foram detidos 17 polícias, dez deles líderes grevistas.

O movimento desencadeou-se na noite de quinta para sexta-feira, a uma semana do Carnaval, juntando-se ao movimento dos polícias e bombeiros grevistas da Baía, no nordeste.

Na Baía, parte dos polícias que estavam em greve desde o dia 31 de janeiro voltaram ao trabalho na sexta-feira, após a ameaça do governo estadual de descontar a falta no pagamento salarial. O movimento gerou uma onda de violência que fez 157 mortos.

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