domingo, 20 de novembro de 2011

PROJETO LINGUÍSTICO DE KIRSTY SWORD GUSMÃO "FOI COM OS PORCOS"




ANTÓNIO VERÍSSIMO

Muito boas alminhas ainda hoje estão para saber a razão porque José Ramos Horta nomeou Kisrty Sword Gusmão Embaixadora da Educação de Timor-Leste sabendo que a perspicaz dama exala por todos os poros a componente do lóbi anglófono que sistematicamente procurou, procura e procurará por todos os meios possíveis e imaginários levar a sua avante em pôr os timorenses a falar inglês obrigatoriamente como língua oficial de Timor-Leste. Possivelmente Ramos Horta quis acalentar a senhora pelo facto de deixar de ser primeira-dama do país devido a seu untuoso esposo, Xanana Gusmão, ter sido nomeado primeiro-ministro e deixado de ser presidente da República, cargo que então, em 2008, passou a pertencer a Ramos Horta por eleição.

Se é verdade que devemos acalentar os amigos, ainda mais as amigas, não menos verdade é que em cargos políticos não se pode nem deve facilitar e fazer de simples soldados generais. Ser amigo e gentil a esse ponto pode prejudicar seriamente um país e levá-lo para esferas de influência extremamente nocivas. Era o que podia e pode acontecer se Kirsty Sword Gusmão, Xanana Gusmão (como é afirmado pelo Hoje Macau) e restante grupelho do lóbi anglófono conseguir um pequeno espaço de manobra para primeiro mandar o português às urtigas pretextando isto ou aquilo e até se necessário para salvar o tétum, e depois, anos passados, mandar o tétum e as “línguas maternas” pelo mesmo caminho. É que os anglófonos mais radicais, os da Austrália são isso, têm o permanente sonho de rebentar com todas as culturas e impor as suas, falando-se globalmente apenas em inglês. Historicamente está provado e na prática também, nada nos impede de constatar inúmeras tentativas e muitos sucessos nesse sentido.

Para os que desconhecem, apareceu há uns meses uma nova tentativa de deitar para o caneiro a língua portuguesa em Timor-Leste por iniciativa e manobras encabeçadas por Kirsty Sword Gusmão, desta vez com o apoio implícito e conhecido de Xanana Gusmão na sua qualidade de marido da dama e primeiro-ministro. Das manobras de Kirsty temos dado aqui a relevância possível. Todos podem atualizar-se em Timor-Língua, isto relativamente às manobras mais recentes.

Anos, meses a fio nesta última manobra Kirsty-Xanana, foi falado e refalado aquilo que se estava a passar na erradicação do ensino da língua portuguesa nos primeiros anos escolares básicos… Disso, sobre isso, a Agência Lusa nem uma palavra citou (salvo erro e sem exageros). O Jornal Digital, da PNN, o Hoje Macau e pouco mais, foram os únicos da imprensa online a fazer referência sobre o assunto (salvo erro). De resto foram blogues que de algum modo mostraram a insistência de Kirsty Sword Gusmão na sua luta contra o português (o tétum viria por objetivo ou virá a seguir) a favor da sua língua Mátria, o inglês. Não deixa de ser igualmente estranho que a Lusa também não refira nada sobre o fracasso desta última tentativa de abalroamento ao português em Timor-Leste pela dama Kirsty Gusmão e o seu lóbi. Felizmente o Hoje Macau foi sensível ao que se estava a passar e fez público o que devia. Uma vez mais Kirsty Gusmão foi desmascarada. Valha também e principalmente os esforços feitos na blogosfera na denúncia sobre o complô que se desenhava e já tinha tomado letra de forma na secretária do primeiro-ministro.

Para melhor esclarecimentos sobre mais este fracasso do lóbi anglófono em Timor-Leste será obrigatório ler o título Timor-Leste: Projecto de abolir ensino básico da Língua Portuguesa nas escolas não avança, compilado no Página Global mas com origem no jornal Hoje Macau, da autoria de Joana Freitas. Um ótimo serviço prestado à língua portuguesa no seu todo e a Timor-Leste na parte que lhe toca e lhe garante a defesa da sua cultura, longe que quer ficar dos exterminadores culturais anglófonos.

Logo na abertura o Hoje Macau escreve: “Não passou de uma intenção a proposta de abolição da Língua Portuguesa do ensino básico de Timor-Leste. A notícia foi confirmada ontem ao Hoje Macau por uma fonte próxima da Presidência da República daquele país

Em Setembro, o Hoje Macau divulgou a intenção proposta por Xanana e Kirsty Gusmão, primeiro-ministro de Timor-Leste e esposa, em terminar com o ensino do português nas escolas básicas, numa notícia primeiramente avançada pela imprensa timorense.

Na altura, o Conselho de Ministros estaria já em vias de preparação do diploma legal que aprovaria a decisão de abolir aquela que, desde 2002, é língua oficial em Timor-Leste.

Mas ao que tudo indica, o projecto “fracassou por completo”, disse fonte próxima da Presidência do país ao Hoje Macau. A justificação é simples: “era uma iniciativa australiana que esbarrou no argumento de que o povo [australiano] que marginalizou por completo mais de 200 línguas aborígenes e obrigou os seus indígenas à formação em inglês não estaria em condições para dar lições aos timorenses”.”

Pela primeira vez a presidência timorense tomou uma posição coerente, de interesse nacional e de denúncia sobre os ataques sistemáticos que Kisty Sword Gusmão faz à língua portuguesa em prol do reconhecimento e implantação da língua inglesa em Timor-Leste, reconhecida constitucionalmente como é o português e o tétum. Tanto quanto se espera de Kirsty este é um “cavalo de batalha” que ainda não perdeu nenhum casco, portanto vai continuar a cavalgar depois de um repouso. É que a dama não é pessoa de desistir perante dificuldades, nem perante o óbvio, como está a ser evidente.

Uma vez que a presidência timorense afirma o que afirmou e o Hoje Macau divulgou, facilmente se conclui que Kirsty Gusmão não tinha absolutamente nada de ser nomeada Embaixadora da Educação, foi o mesmo que meter a raposa a guardar o galinheiro. Também não podemos acreditar que José Ramos Horta desconhecia ou desconhece os objetivos da sua amiga Kirsty, logo por isso a sua atitude merece crítica, por estar a pôr em risco a educação em Timor-Leste ao nomear uma figadal adversária da oficial língua portuguesa e do tétum (seria a seguir) no país. Depois da crítica o lugar deve ser ocupado pelo elogio à decisão correta em defesa da cultura e linguística timorense. Não por a não erradicação do português mas sim porque o português pode também ser escudo protetor do tétum enquanto aquela língua materna se mantiver em desenvolvimento estrutural. O tétum e até mesmo as outras línguas maternas, que devem ser devidamente protegidas e ensinadas.

Nas feiras, nos carrocéis, nos carrinhos de choque, como eram chamados, uma voz dizia no sistema de som: “Nova corrida, nova viagem”. Acreditem que é o que se deve dizer sobre um já esperado novo plano “arquitetónico” baseado na manha de Kirty Sword Gusmão. Não será desta, nem nunca, que vai desistir. Tiremos-lhe o chapéu. Por isso uma vez lhe disse por escrito, em resposta a um escrito da dama, que para mim ela era “uma agradável surpresa”. Porque é, quem não gosta dos que dão luta e tentam endrominar-nos? Mas também é perigosa, podem crer. Fala a experiência. Por agora podemos dizer no português popular que o projeto linguístico de Kirsty “foi com os porcos”. Deu em nada… Até à próxima.

XANANA HONORIS CAUSA

Há alguns meses atrás Xanana Gusmão esteve em Portugal e foi feito Doutor Honoris Causa pela Universidade de Coimbra, pela defesa e apego à língua portuguesa. Isto, assim, apesar de ele querer facilitar o caminho à exclusão do ensino da língua portuguesa no ensino básico sob um pretexto esfarrapado da defesa das línguas maternas e ter a sentença de morte da língua portuguesa na sua secretária para assinar, aprovar e dar o golpe mortal. O proponente, disseram os jornais desse tempo, foi Eduardo Lourenço. Será legítmo perguntar o que foi que Lourenço andou a beber ou a fumar quando apresentou a proposta? E agora, uma vez a golpada desmascarada vão pedir de volta o Honoris Causa ao golpista?

Woodside diz que todos "estão alinhados" para ver desenvolvido projeto de gás do Sunrise



MSE - LUSA

Díli, 20 nov (Lusa) - A petrolífera australiana Woodside, os seus parceiros e os governos da Austrália e de Timor estão "alinhados no desejo" de ver desenvolvido o projeto de gás natural Sunrise, disse a empresa em comunicado, citado sábado pela Bloomberg.

A Woodside, liderada por Peter Coleman, está ansioso pela continuação do diálogo com Timor-Leste para tentar resolver a disputa que travou o projeto de exploração de gás natural no Mar de Timor, refere o documento.

"A Woodside acredita que não está fora de alcance o alcance de uma solução para o atual impasse", sublinha a empresa.

A exploração do Greater Sunrise, campo de gás, criou um impasse nas relações entre a petrolífera australiana Woodside e as autoridades de Timor-Leste.

Enquanto a empresa australiana defende a exploração numa plataforma flutuante, Timor-Leste insiste em ter uma fábrica de processamento de gás natural na costa sul do país, com o objetivo de criar postos de trabalho e desenvolver aquela região.

"Não estamos a perceber a dificuldade em trabalhar este processo, mas acreditamos que com o apoio dos líderes dos dois governos e da 'joint venture' é possível", acrescenta o comunicado.

Peter Coleman visitou Timor-Leste em agosto para se reunir com o governo de Díli, mas o encontro foi inconclusivo.

Em outubro, a empresa reiniciou o diálogo com Díli.

Na mesma altura, o secretário de Estado dos Recursos Naturais do país, Alfredo Pires, admitiu que as autoridades timorenses estão preparadas para qualquer intervenção que assegure a construção de um gasoduto do Greater Sunrise para o sul do país e que as autoridades timorenses continuam a defender a mesma posição.

Missão de Paz chega ao Timor Leste e mostra como o esporte tem ajudado o país




Meninas que foram abusadas sexualmente na infância e adolescência encontram no vôlei, nos voluntários e nos militares brasileiros uma forma de superar o trauma sofrido no passado. (Fim)

OLHOS E SORRISOS QUE AGRADECEM

Este vídeo, relativamente longo, sobre a atualidade timorense, trás ao conhecimento de todos nós o verso e o reverso, o positivo e o negativo, que os timorenses mais carentes e desprotegidos enfrentam quotidianamente.

Narrações tristes de passados ensombrados que hoje perspetivam a esperança de felicidade para os intervenientes e para os voluntários brasileiros que levam na bagagem e lhes mostram que é possível terem uma vida melhor.

O agradecimento está nos olhos de todos as crianças e jovens timorenses que recebem o calor humano e a atenção dos que os ajudam a sorrir. (Redação PG)

PROFESSORES PORTUGUESES PARA TIMOR-LESTE



Concursos

DESTACAMENTO TIMOR LESTE

Ao abrigo da Cooperação entre Portugal e a República Democrática de Timor-Leste no âmbito do Decreto-Lei n.º 48/2009, de 23 de Fevereiro, e da Portaria n.º 1184/2010, de 17 de Novembro, é aberto para o corrente ano lectivo e para efeitos do artigo 68.º do ECD, novo procedimento destinado à mobilidade de docentes de carreira para o exercício de funções na Escola Portuguesa de Díli, Centro de Ensino e Língua Portuguesa.

O procedimento é destinado, preferencialmente, aos docentes que actualmente se encontram sem componente lectiva atribuída, não sendo admitidas candidaturas de docentes das Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores, uma vez que não lhes é aplicado a referida disposição normativa, bem como, de docentes que tendo estado a exercer funções naquele território no ano transacto, por decisão da entidade pública, não lhes foi renovada a mobilidade para o presente ano lectivo.


Fonte: SIPE

COMITIVA DE TIMOR-LESTE VISITA CÂMARA MUNICIPAL DE FLORIANÓPOLIS





Hoje, 18 de novembro a Câmara Municipal de Florianópolis recebeu uma visita da Sra. Idalina Pereira Guterres, Chefe da Divisão de Recursos Humanos do Parlamento do Timor-Leste. Ela foi recepcionada pelo Presidente Jaime Tonello pelo Procurador Geral Antônio Chraim, José Luiz Coelho - Dir. Orçamento, Planejamento e Execução Financeira e membros da diretoria administrativa da Câmara. A comitiva timorense veio a Florianópolis depois de participarem de uma visita pelo vale do Itajaí vieram conhecer como é feita a gestão pública do nosso município.

O Chefe de Estado do Timor-Leste é o Presidente do mesmo, que é eleito pelo voto popular para um mandato de cinco anos. Embora o papel seja largamente simbólico, o presidente não tem poder de veto sobre certos tipos de legislação. Após as eleições, o presidente designa o líder do maior partido ou coligação majoritária como o Primeiro-Ministro do Timor-Leste. Como chefe do governo, o primeiro-ministro preside o Conselho de Estado.

O Parlamento Nacional tem seus membros por voto popular para um mandato de cinco anos. O número de bancos pode variar entre um mínimo de 52 a um máximo de 65, embora excepcionalmente tenha 88 membros, atualmente, devido a este ser o seu primeiro mandato.

A Constituição timorense foi decalcada da de Portugal. O país ainda está no processo de construção da sua administração e instituições governamentais.

O presidente da Câmara de Vereadores, Jaime Tonello, juntamente com o Procurador geral e membros da diretoria financeira explicaram como funciona a nossa gestão de governo. Futuramente o governo do Timor-Leste pretende trazer membros do seu corpo administrativo para aprender como feito a administração publica aqui na Câmara Municipal de Florianópolis.

O FUTURO DO PORTUGUÊS EM TIMOR-LESTE (11) – UMA CONCLUSÃO… POR ENQUANTO





Por causa de uma série de tarefas profissionais e acadêmicas, fiquei um tanto desatualizado sobre a polêmica da língua portuguesa. E é com felicidade que escrevo este post para encerrar esta série sobre O futuro do português em Timor-Leste, pois parece, ao menos por enquanto, que a língua portuguesa está garantida em Timor-Leste, já que fontes próximas ao Presidente da República afirmaram que a proposta de abolição do português no ensino básico não passou de uma intenção.

A matéria foi publicada há um tempo, no dia 29 de setembro, no jornal Hoje Macau porém somente tive conhecimento recentemente, devido a informações do colega linguista e também professor que já atuou em Timor-Leste, Nuno Almeida, e registro aqui também meus agradecimentos.

A notícia, intitulada Português de Pedra e Cal, fala da proposta, das fontes do Presidente da República, da inconstitucionalidade do projeto, entre outras coisas. Ela pode ser lida na íntegra no link a seguir: http://hojemacau.com.mo/?p=21123. (Também publicado em Página Global em postagem mais em baixo)

A língua portuguesa manteve-se no país e conseguiu vencer mais essa batalha, pois parece que ela ameaça interesses comerciais de Estados e entidades internacionais, que possuem "vários olhos" apontados em direção a Timor-Leste. Considero essa vitória nada mais do que uma justiça feita à língua portuguesa, assim como a todos os profissionais que vêm trabalhando e se empenhando para mante-la em Timor-Leste. Ainda, pode ser visto também que os interesses de uma pequena parcela acabam por se "fantasiar" de elementos governamentais e científicos para justificar sua veracidade, que não se confirma.

Mesmo com dificuldades no processo de ensino e aprendizagem, grande parte da população leste-timorense quer a língua portuguesa e fico feliz com a vitória democrática dos interesses populacionais.

*Davi B. de Albuquerque é linguista na Universidade de Brasília

- Ler mais sobre o tema em TIMOR-LÍNGUA

Espanha/Eleições: O PP venceu as eleições -- ministro do Fomento, saúda Mariano Rajoy



António Sampaio - Lusa

Madrid, 20 nov (Lusa) - O PP, com 75 por cento dos votos contados, é o vencedor das eleições legislativas de hoje, afirmou em Madrid o ministro do Fomento, José Blanco que felicitou o candidato Popular, Mariano Rajoy.

"Escrutinado mais de 75 por cento do voto pode dizer-se que o PP ganhou as eleições", afirmou Blanco, numa conferência de imprensa no centro de acompanhamento das eleições, no Palácio do Congresso em Madrid.

"Por isso, em nome do Governo, quero expressar a felicitação ao PP e ao seu candidato Mariano Rajoy, a quem já felicitei pessoalmente", disse.

*Foto EPA

Egipto: SETE MORTOS NOS CONFRONTOS NA PRAÇA TAHIR



JORNAL DE NOTÍCIAS

Pelo menos sete pessoas morreram este domingo nos confrontos com a polícia egípcia na Praça Tahrir, no Cairo, quatro das quais com ferimentos de munições verdadeiras, segundo relatos de médicos à agência France Press.

No local foi instalado um hospital de campanha e de acordo com o médico Mohammed Fattouh, quatro pessoas foram baleadas com munições reais e três morreram por asfixia.

As forças de segurança egípcias voltaram a entrar hoje na Praça Tahrir para expulsar os manifestantes que se concentram no local.

Ao cair da noite de hoje os confrontos estenderam-se para as ruas próximas do ministério do Interior, perto daquela praça, com manifestantes a atirarem pedras e 'cocktail molotov' e a polícia a responder com disparos de armas de fogo e munições de borracha, relatou a AFP.

No sábado, dois manifestantes morreram nos tumultos entre a polícia e os manifestantes, a uma semana das primeiras eleições legislativas após a queda do regime de Hosni Mubarak.

*Foto em Lusa

Portugal: GREVE GERAL NECESSÁRIA




CARVALHO DA SILVA - JORNAL DE NOTÍCIAS, opinião

Quando a dignidade, a justiça, a democracia e a soberania estão em causa, toda a luta de um povo, todos os sacrifícios se justificam. A situação financeira e económica dos trabalhadores e das suas famílias é dura, as pressões do desemprego, da precariedade e de alguns autoritarismos patronais são violentas. Mas são também muito fortes a necessidade e a oportunidade da greve geral do próximo dia 24.

Como já aqui escrevi, a proposta de Orçamento do Estado para 2012 perspectiva um ciclo de austeridade, de recessão económica e deterioração orçamental que não sabemos até onde se prolongará e quais os seus efeitos totais. As políticas que o Governo se propõe adoptar assentam na recessão económica e tornam o agravamento do desemprego, a facilidade de despedir, o aumento dos horários de trabalho, a redução da retribuição do trabalho e os cortes com as prestações sociais, como factores estruturantes do empobrecimento dos portugueses.

Por aqui não podemos pagar dívidas. E o prestígio de Portugal não aumentará se empobrecermos.

Ninguém fica em melhores condições para vencer desafios futuros se empobrecer!

Os trabalhadores da Administração Pública perdem, em média, em dois anos, cerca de 30% da sua retribuição. A proposta de aumento dos horários de trabalho em 2,5 horas semanais é ignóbil que resultaria, inevitavelmente, em mais desemprego e numa grande perda salarial.

Espera-se que Portugal registe, em 2012, a maior recessão económica do conjunto dos países da OCDE. Entretanto, tenhamos presente que as políticas implementadas são as mesmas que foram seguidas na Grécia e que o "The Economist", em 29.10.11 chamava a atenção para o facto de, na Grécia, a recessão verificada se ter situado a níveis bem piores do que era esperado.

Aplaudir as orientações da troika é puro acto de masoquismo!

Aceitar que estes tecnocratas ao serviço dos nossos credores e agiotas se dêem ao desplante de virem ao nosso país afirmar na Comunicação Social as políticas que devemos seguir significa abdicarmos da nossa soberania. As suas sugestões de mais cortes na saúde, nas condições das autarquias e nos subsídios de férias e de Natal constituem autênticas provocações e permitem mais chantagens sobre os trabalhadores.

É evidente que a crise da União Europeia (UE) "é sistémica" (Durão Barroso no Parlamento Europeu), que o descalabro das políticas seguidas pela UE vão afectando cada vez mais países e provocam uma estagnação económica generalizada, que a mudança de rumo é imprescindível, que vamos ter de encarar o projecto de desenvolvimento do país em contexto de múltiplas novas condições.

Para travar os perigos, para resistir com êxito e para ganhar os desafios do futuro é preciso que os trabalhadores e o povo não se conformem e intervenham com a sua luta e as suas propostas.

À troika temos de dizer que a situação exige uma renegociação profunda do "Memorando" em que o alargamento do prazo para a redução do défice público e a redução da taxa de juro cobrada são elementos centrais, visando permitir o crescimento da economia e do emprego, condições essenciais para o país diminuir o peso da dívida, pública e privada. A taxa de juro tem de baixar, sem qualquer taxa adicional para além do custo de obtenção do empréstimo pelas entidades financiadoras. A dimensão da dívida pública exige uma reestruturação para que se prolonguem os prazos de vencimento dos empréstimos e se reduza o montante da dívida.

Na preparação desta greve é preciso relembrar: nunca os trabalhadores e a sua luta foram obstáculo à economia, antes pelo contrário!

Quando os sindicatos e os trabalhadores lutavam contra a destruição do aparelho produtivo eram alcunhados de retrógrados.

Não foi a luta do povo português e dos trabalhadores que levou aos descalabros das parcerias público-privadas ou do BPN que consumiram dezenas de milhares de milhões de euros que agora o povo tem de pagar.

A greve geral é por direitos e condições de trabalho e por direitos sociais fundamentais mas, acima de tudo, por Portugal, contra o retrocesso social e civilizacional em curso e pelo futuro das jovens gerações.

*Mais artigos de opinião do mesmo autor

Portugal: Sem-abrigo são cada vez mais e apoios estão a diminuir nas instituições



RTP

Mais sem-abrigo nas ruas, alguns com cursos superiores, centros de acolhimento esgotados e o aumento de pedidos às equipas que distribuem alimentos e agasalhos são um desafio cada vez maior para as instituições, algumas já sem capacidade de resposta.

"Hoje em dia ninguém está livre de ser sem-abrigo, uma situação que não escolhe idade, nem profissão" e que é ditada pelas "circunstâncias adversas da vida", contou à agência Lusa o presidente da Comunidade Vida e Paz (CVP), Jorge Santos.

Actualmente quem vive na rua já não é apenas o "desgraçado" com um historial de exclusão social: "Nós encontramos sem-abrigo que estiveram muito bem na vida, como empresários e advogados", afirmou.

Esta situação é confirmada por Cláudia Silva, do Centro Acolhimento de Sem-Abrigo do Beato: "Não é uma maioria, mas encontramos pessoas licenciadas, com outro tipo de necessidades. São pessoas que cortaram com uma vida inteira de trabalho e neste momento encontram-se na rua. Isso cada vez mais nos está a bater à porta e as respostas não estão propriamente adequadas".

O perfil do sem-abrigo alterou-se também ao nível da idade, que diminuiu dez anos nos últimos dois anos, situando-se entre os 27 e os 30.

São os homens que procuram maioritariamente ajuda porque a mulher consegue arranjar alternativas para não ir parar à rua, como recorrer à prostituição ou trabalhar nas limpezas, adiantou Cláudia Silva.

O Centro do Beato, em Lisboa, tem capacidade para 271 pessoas, mas "as respostas estão todas esgotadas", disse, salientando também as dificuldades vividas pelo centro, cuja verba que recebe mantém-se há 12 anos.

Com é um centro de emergência não tem lista de espera: "Se não temos vagas obrigamos essa equipa a dar uma resposta" através da indicação para outras instituições, explicou.

A CVP vive a mesma situação: "Cada vez aparecem mais pessoas na rua, nomeadamente casais, a pedir ajuda devido ao desemprego, mas a instituição não consegue responder a todos", lamenta Maria da Glória.

O presidente da instituição acrescenta que, todas as noites, as 56 equipas da CVP, com cerca de 600 voluntários, percorrem 96 pontos de Lisboa e contactam cerca de 465 sem-abrigo.

Uma procura que tem aumentado: "O sem-abrigo já conhece as carrinhas e os voluntários, mas agora estão aparecer pessoas que caíram no desemprego e que já não têm dinheiro para sobreviver, deslocando-se às equipas para ter alguma ajuda", adianta Jorge Santos.

O director do Centro de Acolhimento de Xabregas também fala de uma nova realidade encontrada pela equipa de rua.

"Nos locais habituais onde se costumava encontrar unicamente pessoas com perfil de sem-abrigo, encontramos agora pessoas que trabalham, têm casa, mas sem recursos suficientes para pagar as despesas, recorrendo à carrinha para conseguir alimentos e a instituições para receberem roupa", conta João Barros.

Mas também existem pessoas que estão a passar necessidades mas não recorrem aos canais habituais de apoios sociais por vergonha, acrescenta.

A directora da Acção Social da Assistência Médica Internacional lembra que as respostas as estas situações já eram diminutas e que a situação se complicou.

"Em termos de acolhimento os centros estão cheios, mas também já estavam antes da crise. Não podemos multiplicar as camas", diz Ana Martins.

Apesar de haver muitos casos de desalojamento, Ana Martins salienta que, ao contrário do que se passa noutros países europeus, Portugal, por enquanto, ainda não tem famílias com crianças a viver na rua porque os centros regionais tentam encaminhar estas pessoas para quartos ou instituições.

"Antes da crise já éramos o país mais pobre da Europa. Esta crise só veio afundarmo-nos ainda mais em termos sociais", diz, lembrando que Portugal tem dois milhões de pobres há 30 anos.

Povo e trabalhadores devem ser os protagonistas na greve geral, Jerónimo de Sousa



Márcia Dina Pimparel Vara - Lusa

Vila do Conde, 20 nov (Lusa) - O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, considerou hoje que "o povo e trabalhadores devem ser protagonistas" na greve geral, convocada pelas centrais sindicais CGTP e UGT para o próximo dia 24 de novembro.

A paralisação deve conter a "máxima força, fundamental para ampliar o movimento de contestação e protesto, não só contra o pacto de agressão, mas também contra os objetivos declarados do Governo PSD e CDS em conduzir o país ao empobrecimento", sublinhou ainda.

Jerónimo de Sousa, que participava, em Vila do Conde, num almoço comemorativo do aniversário do PCP e da Revolução de Outubro [Rússia], não duvida que "o Governo ou a Troika, com o FMI à cabeça", anunciam medidas que visam apenas "atacar os direitos e rendimentos dos trabalhadores, dos reformados, das classes e camadas populares".

*Foto EPA

A SENHORA MERKEL FEZ DOS PATRÕES SINDICALISTAS




MANUEL TAVARES – JORNAL DE NOTÍCIAS, opinião

A profundidade do buraco em que estamos enfiados resulta bastante clara das reacções de parte significativa do mundo empresarial às últimas recomendações da troika. Desta vez, não foi Louçã, nem Jerónimo, nem Seguro, tão pouco Carvalho da Silva ou João Proença a erguerem as vozes para denunciarem excessos dos mercados e seus aliados e reclamar uma mais enérgica posição nacional por oposição aos ditames europeus, ou mais correctamente dos países do centro da união financeira, da Alemanha e da França como está bom ver.

Claro que Mário Soares, do alto do seu estatuto de pai do regime, disse grosso o que mais nenhum se atreveu a sussurrar, colocando-nos de atalaia sobre a senhora Merkel: porque ela veio do leste, ou seja do lado comunista do Muro de Berlim, e porque historicamente a Alemanha soma responsabilidades em duas grandes guerras.

Ainda assim, valerá a pena acrescentar às do pai do regime duas outras vigorosas declarações sobre o estado da crise e da governação ou ainda sobre a última conferência de imprensa da troika mais as suas recomendações: Belmiro de Azevedo disse que "o preço a pagar pelo equilíbrio das contas não pode ser a miséria absoluta e um exército de excluídos" e reclamou "crescimento"; Fernando Ulrich apelou para que "acabem com as conferências de imprensa da troika" e "nos poupem de ouvir funcionários de quinta ou sétima linha não eleitos democraticamente", reclamando "união política porque aí o meu voto conta para eleger a senhora Merkel".

Perante estas declarações, a pergunta é óbvia e simples : o que é que está a acontecer para que patrões pareçam perigosos sindicalistas?

A resposta parece-me tão óbvia quanto a pergunta: se o nosso governo seguir a recomendação da troika para cortar mais salários, agora também no sector privado, o mercado interno vai definhar. Muito provavelmente até níveis de empobrecimento da capacidade de consumir que correríamos o risco muito sério de destruir a maior parte do nosso actual tecido empresarial.

Portugal é essencialmente um país de pequenas e médias empresas. O seu definhamento e falência acabaria por arrastar as poucas grandes empresas que não vivem exclusivamente da exportação dos seus produtos.

A subsistência de uma classe média minimamente apta a consumir e de um mercado interno minimamente activo é, portanto, o núcleo fundador de uma nova circunstância. Se chegaremos a ver patrões e sindicalistas de braço dado, isso é outra coisa... Certo é que ambos os lados parecem convergir em defesa dos salários.

*Mais artigos de opinião do mesmo autor

Timor-Leste: Projecto de abolir ensino básico da Língua Portuguesa nas escolas não avança




Joana FreitasHoje Macau – 29 setembro 2011

Não passou de uma intenção a proposta de abolição da Língua Portuguesa do ensino básico de Timor-Leste. A notícia foi confirmada ontem ao Hoje Macau por uma fonte próxima da Presidência da República daquele país

Em Setembro, o Hoje Macau divulgou a intenção proposta por Xanana e Kirsty Gusmão, primeiro-ministro de Timor-Leste e esposa, em terminar com o ensino do português nas escolas básicas, numa notícia primeiramente avançada pela imprensa timorense.

Na altura, o Conselho de Ministros estaria já em vias de preparação do diploma legal que aprovaria a decisão de abolir aquela que, desde 2002, é língua oficial em Timor-Leste.

Mas ao que tudo indica, o projecto “fracassou por completo”, disse fonte próxima da Presidência do país ao Hoje Macau. A justificação é simples: “era uma iniciativa australiana que esbarrou no argumento de que o povo [australiano] que marginalizou por completo mais de 200 línguas aborígenes e obrigou os seus indígenas à formação em inglês não estaria em condições para dar lições aos timorenses”.

Recorde-se que muitos foram os críticos que apontaram o dedo a Kirsty Gusmão como detentora da responsabilidade da eliminação do ensino do português no básico de Timor-Leste. A mulher do primeiro-ministro é natural da Austrália e Embaixadora da Boa Vontade para a Educação.

Xanana Gusmão e a mulher, os principais promotores da ideia, justificavam esta eliminação do português como uma forma de combate à iliteracia.

“Estou convicto de que a língua portuguesa não foi o factor responsável pelo insucesso de aprendizagem, até porque com base nos dados estatísticos sobre o ensino durante o mandato do I Governo Constitucional recuso-me determinantemente a aceitar esse pressuposto”, frisou ao Hoje Macau António Mota, presidente da Associação de Amizade Macau-Timor.

Mas o timorense, que reside no território, avança com dados que explicam a sua opinião: em 2004-2005 as escolas primárias de Timor-Leste aumentaram de 835 para 862, as pré-secundárias aumentaram de 120 para 129 e as secundárias de 55 para 76. Também o número de professores subiu de 6667 para 7792. Estiveram matriculados 246 mil estudantes, o equivalente a mais de 1/5 do total da população. Isto “demonstra que os Timorenses tiveram um governo (o I Governo Constitucional – entre 2002 e 2006) que procurou garantir a universalidade do acesso à educação”, frisou António Mota.

Denote-se que também Portugal se mostrou preocupado com a preservação do ensino em português em território timorense, com o envio constante de professores para leccionar no país.

Mas a que se deve então o insucesso escolar de que se utilizou Xanana Gusmão para justificar a abolição do ensino básico em português? O presidente da Associação de Amizade Macau-Timor também analisa a questão: “no meu entender, foram três os factores [que levaram ao insucesso escolar]: carências alimentares, deficiências de infra-estrutras escolares e orçamentos inadequados para os sectores da saúde e da educação. Isto fez com as crianças abandonassem a escola logo nos primeiros anos, e não o ensino da língua portuguesa”, ressalva António Mota.

Seriam “outros os interesses alheios a Timor-Leste e ao seu povo atrás da decisão de abolir o ensino do português nas escolas básicas”, frisa o presidente da associação. A grande defensora desses interesses, diz ainda, “é Kirsty Gusmão”.

Com a anexação à Indonésia, o uso do português foi proibido, sendo a língua indonésia o principal idioma, até então desconhecido no território. Durante 24 anos, toda uma geração de timorenses cresceu e foi educada nesta língua. O português sobreviveu, no entanto, como língua de resistência, usada pela Fretilin e pelas outras organizações da resistência internamente no contacto com o exterior.

O português é, inclusive, ferramenta suficiente para que os timorenses possam adoptar um passaporte para as mais prestigiadas universidades do mundo, explicou fonte próxima da presidência.

Hoje, cerca de 25% dos timorenses falam português e, ao que o Hoje Macau apurou, muitos mais continuarão a falar.

Aluna da Unesc é selecionada pela Capes para formação de professores no Timor Leste



O BARRIGA VERDE

Ampliar a formação de docentes para o Ensino Básico no Timor Leste e apoiar a formulação e implementação de novas diretrizes curriculares para a formação de professores. É com este objetivo que uma mestranda do PPGE (Programa de Pós-Graduação em Educação) da Unesc, de Criciúma/SC, vai participar do Programa de Qualificação de Docentes e Ensino de Língua Portuguesa no Timor Leste, da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).

A professora Maria Irone de Andrade foi selecionada pela Capes para ficar seis meses em Timor Leste, participando de atividades de formação de professores. “Não crio expectativas, mas tenho certeza que com esta experiência internacional vou ganhar muito para a minha vida”, destacou a professora.

Natural do estado de Roraima, Irone é graduada em Letras, veio a Criciúma para cursar o mestrado da Unesc. Ela disse que em 2005 após assistir a um filme sobre a guerra no Timor Leste pensou que um dia poderia colaborar com o desenvolvimento daquele país. Timor Leste tem duas línguas oficiais, o Português e o Tétum, além de 15 línguas nativas.

“Vai ser um desafio conviver com outra cultura, saber integrar e se entregar a um modo diferente de ver as coisas”, analisou Irone, que trabalha com formação de professores indígenas em Roraima. Ao todo são 18 professores do Brasil que embarcam em janeiro e retornam em julho. No PPGE a estudante é orientada pela professora Ângela Back, à qual agradeceu por ter sido fundamental na sua conquista, assim como o apoio da Unesc.

Moçambique: VISABEIRA QUER AUMENTAR NÚMERO DE TURISTAS NA GORONGOSA




EMYP - LUSA

Maputo, 20 nov (Lusa) - A gestão turística do Parque Nacional da Gorongosa, em Moçambique, foi entregue ao grupo português Visabeira, que quer aumentar o número de turistas que visitam a reserva e diminuir os custos de transporte para a região.

O Ministério do Turismo de Moçambique e os responsáveis pelo Projeto de Restauração do Parque da Gorongosa decidiram concessionar a gestão turística da reserva natural à Visabeira, que vai avançar com dois milhões de dólares (cerca de um milhão e meio de euros) no investimento.

Pedro Sousa, administrador da Visabeira, disse à Lusa que a empresa pretende "criar condições para as pessoas ficarem mais tempo e a viagem ser apenas um detalhe da estada". Por outro lado, deseja também "aumentar o número de visitantes criando condições para diminuir o preço dos voos".

O projeto da Visabeira vai centrar-se na requalificação da unidade ecoturística de Chitengo, que dispõe atualmente de capacidade de hospedagem para 78 pessoas, mas que o grupo quer estender até às 98, mantendo o perfil arquitetónico histórico do local.

"Primeiro, para aumentarmos a procura, vamos aumentar o número de quartos; segundo, a nossa ideia é criar condições para as pessoas voltarem. As pessoas precisam de dizer que foi um dinheiro bem gasto, adequado à experiência", avançou Sousa.

Outra vontade do grupo, que vai gerir o turismo do PNG através da sua cadeia hoteleira Girassol, é aumentar o tempo de abertura ao público da reserva natural, atualmente de oito meses.

"O parque tem estado aberto de abril até dezembro. Nós vamos tentar abrir mais cedo e diversificar as atividades, porque há coisas fantásticas que se podem lá fazer na altura das cheias e do calor", disse o administrador.

Em 2010, o Parque Nacional da Gorongosa recebeu mais de 5.500 turistas, na maioria de Moçambique, Europa e dos Estados Unidos da América.

São Tomé e Príncipe: Dirigente histórico do maior partido de oposição pede congresso...




... para se recuperar a "dignidade"

MYB - LUSA

São Tomé 20 nov (Lusa) -- O Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe (MLSTP-PSD), principal partido da oposição são-tomense, deve convocar um congresso extraordinário para recuperar a sua "dignidade", defendeu em entrevista à Agência Lusa Alcino Pinto, militante histórico e deputado.

"Face à situação existente, o congresso é o caminho para se reiniciar o processo de devolver ao MLSTP a dignidade que merece. Esse caminho foi frustrado pela última decisão do conselho nacional (que reafirma a confiança no atual líder do partido, Aurélio Martins), mas começam agora a surgir pequenas reações dando conta da necessidade de se fazer, de facto, algo em prol do MMLSTP digno", afirmou Alcino Pinto.

"O MLSTP não é hoje um partido unido, estamos a viver um problema de desnorte político, a atual liderança não sabe o que fazer, pensa que para conduzir a máquina política basta ter dinheiro. O presidente foi eleito em janeiro e de janeiro a esta parte não realizou nenhuma ação política significativa", adiantou o deputado.

Nas últimas duas semanas três influentes dirigentes do MLSTP-PSD demitiram-se do partido. A mais recente demissão foi a de Maria das Neves, secretária nacional da organização das mulheres sociais-democratas (MSD), que foi candidata à primeira volta das eleições presidenciais de agosto em São Tomé e Príncipe, concorrendo contra o atual líder do partido Aurélio Martins.

Antes das presidenciais, ganhas por Ponto da Costa, o MLSTP-PSD já tinha perdido as legislativas para a Ação Democrática Independente (ADI), atualmente no poder: "Nós perdemos as eleições legislativas em 2006, voltámos a perder em 2010 e, sobretudo, esta última derrota foi do ponto de vista psicológico muito profunda", recorda Alcino Pinto.

Para o militante histórico, "o MLSTP-PSD está sem norte, sem orientação política, sem liderança e transformou-se num partido onde se vive uma cultura de mentira" e onde "a confusão está instalada".

Alcindo Pinto diz lamentar também "a ausência significativa das mentes críticas do partido" das suas atividades já há vários meses.

Apesar disto, o deputado garante, que a crise interna no MLSTP-PSD não irá perturbar a votação do Orçamento do Estado do país para 2012, cuja discussão está agendada para meados de dezembro.

"Felizmente a nossa bancada (parlamentar) é constituída por homens e mulheres que conhecem a história do partido, temos o sentimento daquilo que o MLSTP quer, daquilo que o MLSTP merece", acrescentou.

A CRISE NUNCA EXISTIU




ANTÓNIO ALTE PINHO – LIBERAL, opinião

Já se percebeu que não há crise nenhuma. Os cafés continuam cheios e, ao almoço, as irritantes filas dos restaurantes não nos dão sossego. Os comerciantes, esses, de tanto ganharem até já fecham mais cedo e, quando se trata dos mais afortunados, até encerram definitivamente. Nunca se ganhou tanto dinheiro e a Economia nunca esteve tão activa, que o digam os empresários que, por algum fenómeno inexplicável, já estão podres de ricos, e os empregados sem saber o que fazer com tanto salário a sobrar no final do mês…

As más-línguas vêm sempre falar no desemprego crescente. Mas qual desemprego?! Não há desemprego nenhum, há gente que não quer trabalhar, uns madraços armados em extravagantes que preferem viver em casas a cair aos bocados – por vício e bizarrice – do que habitar os apartamentos do “Casa para Todos”. São opções de vida…

Crise?! Isso, meus caros, só no terceiro mundo: na Europa, nos EUA e por aí fora. Em Cabo Verde – queiram ou não os mais cépticos – estamos blindados. Sim, imunes a qualquer desgraça, a qualquer tsunami financeiro. Porque, como é sabido, aquela sumidade das Finanças e o seu chefe já tinham previsto tudo. Sim, porque aquilo é que são inteligências, quais prémios Nobel da Economia, qual quê?! Aquelas duas criaturas é que a sabem toda.

Pronto, está bem, há por aí uns gananciosos que ainda querem mais, por isso é que pediram ao chefe que cortasse aos luxos dos empregados, às mordomias, aos salários obscenos de tão elevados… Mas algum deles - desses senhores respeitáveis - disse ao chefe que ele estava enganado, que andava para aí a endrominar os otários? Qual quê?! Limitaram-se a reconhecer que, afinal, não há crise nenhuma. Algum deles teve a coragem de dizer qualquer coisa como isto: “ouça lá, você está a gozar com a malta?” Não!

Porque, como se sabe, a crise, a haver alguma – e já começo a ter dúvidas -, é “internacional”. Melhor dizendo: há uma crise no geral, mas não há crise em particular… Perceberam? E quem disser o contrário, está visto também, só pode estar a soldo de uma qualquer conspiração contra o chefe. Porque, minhas senhoras e meus senhores, quem está contra o Governo não é patriota, quem ousar criticar o chefe e a sumidade das Finanças, ou não tem um pingo de cabo-verdianidade nas veias ou é estrangeiro. Sim, como essa gente dos sindicatos, já se vê, uns invejosos que só querem é desestabilizar, uns vende pátrias a soldo do terrorismo internacional, da subversão demoníaca, da anarquia inter-continental.

Em Cabo Verde nunca se viveu tão bem. Aliás, se assim não fosse, por qual razão as pessoas haveriam de sorrir? E, como se sabe, os cabo-verdianos sorriem muito, o que, como também é bom de se ver, não deixa de ser uma prova da inexistência de crise. E a própria morabeza é, aliás, a negação da própria crise, cuja inexistência já foi admitida “por todos os analistas” – só para parafrasear, com a devida vénia, essa outra sapiente figura de bigodinho aparado, cujo nome não me recordo.

ANTÓNIO ALTE PINHO - jornalista - privado.apinho@gmail.com

Orçamento do Estado restritivo e austero depende de um só partido para ser aprovado



JSD - LUSA

Cidade da Praia, 20 nov (Lusa) - Austera e rigorosa, a proposta de Orçamento do Estado (OE) para 2012 em Cabo Verde é submetida na segunda-feira a votação no parlamento, bastando, porém, os votos do partido governamental para o documento passar.

O OE, assumido pelo Governo como "prudente", tem sido alvo de críticas do patronato, dos sindicatos e até do governador do Banco de Cabo Verde (BCV), Carlos Burgo, que recomendou algumas alterações, tendo em conta a preocupação do financiamento interno, bastante elevado.

A proposta foi aprovada pelo Governo a 07 de outubro último e a ministra das Finanças cabo-verdiana, Cristina Duarte, salientou então que o documento reflete a crise económica internacional, reduz a despesa, privilegia as áreas sociais e mantém o programa de investimentos públicos.

Com despesas de 57,1 milhões de contos (517,8 milhões de euros - menos 3,75 por cento do que o de 2011) e receitas de 40,7 milhões de contos (369,1 milhões de euros - menos 7,5 por cento do que o deste ano), o OE tem um défice de cobertura de 9,8 por cento (correspondente a 16,4 milhões de contos - 148,7 milhões de euros), que está totalmente assegurado por fundos concessionais.

Mas o que está verdadeiramente em causa são duas das promessas eleitorais do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, no poder desde 2001) que o OE põe de lado para 2012 - a fixação de um salário mínimo e a atribuição do 13.º mês na Administração Pública.

Se o primeiro caso ainda está em aberto, pelo menos até dezembro, o segundo, a par dos aumentos salariais, estão já posto de parte, com os sindicatos a admitirem novas negociações, após a falta de consenso registado na Concertação Social, mas a ameaçarem uma greve geral caso as reivindicações não sejam atendidas.

O Governo contrapõe com a implementação do Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS), já estreado com êxito na Rádio e Televisão de Cabo Verde (RTC), para argumentar que o poder de compra sairá beneficiado e, alegando que, este ano, o agravamento da crise internacional, não permite a introdução do 13.º mês.

As três forças políticas com assento parlamentar vão dividir o voto no OE, com o PAICV a alinhar com o Governo, o Movimento para a Democracia (MpD, oposição) a opor-se e a União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID), a abster-se.

Como basta uma maioria simples, o voto favorável dos 38 deputados do PAICV sobrepor-se-á ao dos 32 do MpD e os dois da UCID, tal como, de resto, tem sucedido na última década, em que o partido liderado pelo também primeiro-ministro José Maria Neves tem governado desde 2001 sempre com maioria absoluta.

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