terça-feira, 20 de setembro de 2011

Ramos Horta diz que adesão da Palestina à ONU pode contribuir para a paz na região




FYS - LUSA

Lisboa, 20 set (Lusa) -- O presidente de Timor-leste, José Ramos Horta, defendeu hoje a adesão plena da Palestina como Estado membro da Organização das Nações Unidas (ONU), considerando que isso irá contribuir para a paz no Médio Oriente.

Num artigo divulgado pelo jornal online Huffington Post, o chefe de Estado timorense diz que a Palestina tem todo o direito de almejar o estatuto de membro pleno das Nações Unidas e que a concretização dessa vontade acarreta não só direitos aos palestinianos, mas também deveres.

"Ser membro da ONU não dá só direitos, mas também responsabilidades. Uma das obrigações é por exemplo não permitir que o seu território seja usado para lançar ataques contra outros países", sublinha.

Ramos Horta considera, igualmente, que o novo Estado palestiniano irá ter também responsabilidades adicionais para conseguir reconciliar-se com o Hamas em Gaza e repetir lá o processo de construção, bem sucedido, da Cisjordânia.

"A liderança do Hamas e de outros grupo militantes na região estará também sob maior pressão regional para abandonar as suas táticas terroristas contra o Estado de Israel. Os membros da Liga Árabe deverão também convencer o Hamas e o Hezbollah a desistir de ataques e encorajar todos os países árabes e muçulmanos a reconhecer o Estado de Israel", defende.

O presidente timorense nota ainda que as fronteiras de 1967 devem ser ajustadas, salvaguardando a segurança do território israelita, mas lembra que há vários casos de países cujas fronteiras terrestres e marítimas não foram solucionadas e que isso não constituiu um impedimento para que alcançassem a independência.

"O grande desafio para Israel é desocupar a Cisjordânia, ter a coragem e a sabedoria para deixar aquele território e entregar os assentamentos às autoridades palestinianas", sublinha.

Ramos Horta deixou também um apelo aos Estados Unidos e a Israel para que não se oponham à integração plena da Palestina na ONU e a apoiem.

"O primeiro-ministro de Israel, Benjamim Netanyahu, disse-me no início deste ano que ele queria ver um Estado Palestino economicamente próspero. Esta é a sua oportunidade para mostrar visão e liderança, aprovando a adesão da Palestina à ONU, levantando o bloqueio a Gaza e facilitando o comércio", desafia.

O chefe de Estado de Timor-leste defendeu ainda que os Estados Unidos e a Europa deverão criar um fundo para comprar a Israel as habitações, escolas e postos de saúde existentes na Cisjordânia para as doar à Palestina.

"Não há dinheiro que compre as vidas perdidas, mas os palestinianos receberiam infraestruturas de qualidade, o que poderia ser uma pequena compensação por décadas de humilhação e despojamento", atesta.

*Foto EPA

Timor-Leste: ONG portuguesa dá 20 mil manuais escolares que vão ser distribuídos pela GNR




MSE - LUSA

Díli, 20 set (Lusa) -- A organização não-governamental portuguesa Karingana Wa Karingana (Era uma vez) entregou segunda-feira 20 mil manuais escolares para serem distribuídos em Timor-Leste.

Segundo uma nota enviada à imprensa, os manuais escolares foram entregues ao comando da Guarda Nacional Republicana em Díli, que depois se encarregará de os distribuir.

A organização não-governamental tem como objetivo promover de ações de apoio, solidariedade, de cooperação e desenvolvimento em comunidades e países de expressão portuguesa.

A Karingana Wa Karingana entrega este mês em Moçambique mais de 100 mil livros.

Documentos secretos: EUA QUERIAM NEUTRALIDADE NA GUERRA COLONIAL PORTUGUESA




Mesmo antes do golpe de 25 de Abril de 1975, Zaire queria que EUA dessem mais apoio à FNLA

 JOÃO SANTA RITA, Washington – VOA News

Presidente Nixon, na varanda da Casa Branca, com Mobutu Sese Seko (então Joseph Mobutu), em Agosto de 1970. Os estados Unidos queriam manter neutralidade durante a guerra colonial portuguesa. mas receando a queda do regime de Lisboa, Mobutu queria que os americnaos apoiassem a FNLA de Holden Roberto.

As guerras coloniais portuguesas vão servir apenas para enfraquecer os recursos de Portugal e de África o que servirá para “contribuir para um prolongado estado de insegurança e tensão na Africa austral”.“Essa situação,não serve os interesses de ninguém”.

Mesmo antes do golpe de estado de 25 de Abril de 1974, que derrubou o regime colonial português, o Zaire queria que os Estados Unidos dessem maior apoio à FNLA, manifestando preocupação sobre uma futura queda do regime de Marcello Caetano.

Portugal, por outro lado, queixava-se amargamente da falta de apoio dos Estados Unidos e estes diziam que a guerra colonial só servia para "um prolongado estado de insegurança e tensão na Africa Austral".

Estas são alguns dos pormenores agora revelados em milhares de documentos secretos relacionados com a política americana para África entre os anos de 1969 e 1976.

Os documentos vão desde memorandos a actas de reuniões ao mais alto nível e fornecem uma visão inédita, as vezes pessoal e mesmo cheia de humor, da política americana para África entre 1969 e 1976.

Talvez um dos aspectos mais salientes seja o facto de que antes do golpe de estado de 1974 que derrubou a ditadura portuguesa e marcou o fim do regime colonial português os documentos indicaremm claramente tensões entre Washington e Lisboa, com Portugal a queixar-se amargamente da falta de apoio militar americano para as suas guerras coloniais e os diplomatas americanos a mostrarem-se receosos e a quererem manter uma neutralidade nessa guerra.

Por exemplo em Janeiro de 1970 o Departamento de Estado enviou um telegrama para a sua embaixada em Lisboa em que afirma que as guerras coloniais portuguesas, mesmo que Portugal pudesse resistir por muitos anos, serviriam apenas para enfraquecer os recursos de Portugal e de África o que serviria para “contribuir para um prolongado estado de insegurança e tensão na Africa austral”.

“Essa situação,” diz o documento,”não serve os interesses de ninguém”. O Departamento de Estado diz que o "Manifesto de Lusaka" – um documento que delineou politicas de África para com a África do Sul e territórios sob dominação colonial - pode fornecer a Portugal uma oportunidade de “reconciliar” os interesses de ambas as partes. Algo que nunca aconteceu.

Em Maio de 1970 numa reunião do então secretàrio de Estado, Henry Kissinger, com o chefe do governo português, Marcello Caetano, Kissinger declara abertamente que os Estados Unidos querem desenvolver uma relação com Portugal de modo a “não serem questionados ou parecerem apoiar ou opôr-se às politicas portuguesas”.

Uma nota sobre as linhas mestras da política americana para a África sob dominação portuguesa, emitida pelo Departametno de Estado em Setembro de 1970 é clara: “Devemos continuar a permanecer fora do conflito e a manter o nosso embargo de armas”. Acrescenta o documento: “Evitar identificarmo-nos com o lado português ou rebelde”.

Uma outra nota referente especificamente a Moçambique afirma o mesmo. Em ambos os casos o documento reconhece que “há pouco que os Estados Unidos podem fazer para influenciar os acontecimentos” que se desenrolam nas colonias portuguesas.

É interessante notar que já em 1970 o presidente do então Zaire, Mobutu Sese Sekou, manifestava preocupação sobre as consequências da possível queda do regime colonial português pressionando os americanos para darem mais apoio a Holden Roberto, o então dirigente da FNLA algo a que inicialmente os Estados Unidos mostram relutância.

Jonas Savimbi e a Unita eram algo que na altura não estavam no radar dos americanos.

As pressões do Zaire para os Estados Unidos darem o seu apoio á FNLA vão aumentar imediatamente após o derrube do regime de Marcelo Caetano em Abril de 1974, altura que marca também o começo de uma amarga divisão dentro das estruturas de política externa americana que se vai prolongar até á independência de Angola.

Essa divisão versa uma ala liderada por Kissinger que não quer deixar a União Soviética ganhar uma base de apoio em Angola através do MPLA e elementos no departamento de estado que se opõem vigorosamente a isso, alegando que Angola não tem qualquer interesse estratégicos para os Estados Unidos. Isso será tema de próximas reportagens

COMITÉ DA UNIÃO AFRICANA ABORDA CRISE NA LÍBIA




ANGOLA PRESS

Cidade de Cabo - O Presidente sul-africano, Jacob Zuma, deve acolher hoje (quarta-feira) uma reunião do Comité Ad Hoc de alto nível da União Africana (UA) sobre a Líbia para deliberar sobre a situação neste país da África do Norte.

Este comité compreende os Presidentes da Mauritânia, Mohamed Ould Abdel Aziz, do Congo, Denis Sassou Nguesso, do Mali, Amadou Tumani Turé, da África do Sul, Jacob Zuma, e do Uganda, Yoweri Musseveni, bem como o presidente da Comissão da União Africana, Jean Ping.

Terça-feira, Zuma indicou que a UA ainda não reconhecia o Governo de transição líbio.

Zuma, que fez esta declaração diante da Assembleia Nacional, criticou uma vez mais a campanha de bombardeamentos da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) na Líbia, sublinhando que a resolução da ONU apenas autorizou a NATO a proteger o espaço aéreo na Líbia.

Por outro lado, dirigentes da África Austral visitarão Madagáscar esta quarta-feira para avaliar os progressos realizados no quadro dos esforços para pôr termo à crise de liderança prolongada neste país, segundo o Governo sul-africano.

Uma delegação do órgão para a defesa e segurança da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) vai convidar as partes a aceitar o roteiro de paz modificado durante a cimeira extraordinária da organização regional em Joanesburgo, no mês de Junho de 2011, segundo um comunicado do Governo.

Liderada pelo vice-ministro dos Negócios Estrangeiros sul-africano, Marius Fransman, esta delegação integrará igualmente responsáveis tanzanianos e zambianos e permanecerá em Madagáscar durante dois dias.

O antigo Presidente malgaxe, Marc Ravalomanana, vive em exílio na África do Sul desde que ele foi destituído em Março de 2009 por Andry Rajoelina, então presidente da Câmara da capital, Antananarivo.

“SITUAÇÃO NA LÍBIA É UMA FARSA” - Kadhafi




 ANGOLA PRESS

Tripoli - O coronel deposto Muammar Kadhafi chamou de "farsa" a actual situação na Líbia e pediu aos cidadãos do país que não acreditem na mudança do governo, numa mensagem de áudio divulgada nesta terça-feira.

"O que acontece na Líbia é uma farsa que só é possível graças aos bombardeios aéreos, que não vão durar para sempre", disse Kadhafi na gravação divulgada pelo canal de televisão Arrai, que tem sede na Síria.

"Não festejem nem acreditem que um regime foi derrubado e que outro o substitui, graças aos bombardeios aéreos e marítimos", completou o ex-líder líbio, cujo paradeiro é desconhecido.

Líbia: GENERAL DE KADHAFI FOI CAPTURADO, ANUNCIA CNT




ÁFRICA 21, com agências

Al-Abaaj, procurado pelas forças do novo regime líbio, "foi capturado ao lado de familiares quando viajavam em cinco veículos", disse Mohamed Wardugu.

Benghazi - Um influente general das forças do antigo governo de Muammar Kadhafi foi capturado segunda-feira no sul da Líbia, anunciou hoje a AFP, que cita uma fonte do Conselho naciontal de transição (CNT), em Benghazi.

"O general Belgacem Al-Abaaj, chefe dos serviços de informação do antigo regime na região de Al Khofra, foi capturado segunda-feira entre as cidades de Sebha e Oum Alaraneb", revelou Mohamed Wardugu, representante da "Brigada do Escudo do Deserto" em Benghazi.

Al-Abaaj, procurado pelas forças do novo regime líbio, "foi capturado ao lado de familiares quando viajavam em cinco veículos", disse Mohamed Wardugu, irmão do comandante da Brigada, Barka Wardugu.

"Este general cometeu vários crimes em Al Jofra (extremo sul do país) e liderava as operações de sabotagem contra os poços de petróleo".

Mohamed Wardugu informou ainda que as forças do novo governo entraram na cidade de Sebha, onde "tomaram o aeroporto, a cidadela e o quartel Fares", mas "os combates ainda prosseguem em alguns bairros".

"Mais de 300 mercenários de Kadhafi fugiram. Nossos combatentes montaram emboscadas e mataram, feriram ou prenderam vários deles".

Mohamed Wardugu fez um apelo internacional a favor da população desta região do sul do país, integrada essencialmente pela etnia Tubu, que está privada de electricidade, água potável, remédios e até alimentos".

"Todos os dias morrem crianças, mulheres e idosos. Os feridos foram levados a Benghazi para atendimento médico", revelou ardugu sobre Sebha, 2.500 km de Tripoli.

Wardugu também protestou contra o fato de o novo governo transitório não incluir qualquer representante Tubu. "Vivemos oprimidos por 42 anos e não aceitaremos isto na nova Líbia".

Países africanos lusófonos devem cerca de 1.800 milhões de euros a Portugal





Angola é, dos cinco países, aquele com a maior fatia da dívida, cerca de 60 por cento, equivalente a 1.056 milhões de euros.

Lisboa - Moçambique é o segundo país com o maior valor total de dívida ao Estado português no conjunto dos cinco Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), segundo o Banco de Portugal (BdP).

De 2009 para 2010, a dívida registou um aumento de 65 milhões de euros, segundo dados revelados segunda-feira (19) pelo Banco de Portugal (BdP) num documento sobre a evolução das economias nos PALOP e em Timor Leste.

Este crescimento resulta da utilização de linhas de crédito acordadas em 2008 e 2009 para financiamento de projectos de investimento e infra-estruturas no país, explica o BdP, citado pelo diário luso 'Público'.

Segundo o BdP, a dívida dos PALOP ao Estado português registou, no ano passado, o maior crescimento em 15 anos, aumentando para 2.407 milhões de dólares (1.764 milhões de euros, à taxa de câmbio actual) no final de 2010.

Face ao ano anterior, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe somaram mais 201 milhões de euros em dívida a Portugal, ou seja, mais 12,9 por cento.

Já a dívida directa ao Estado caiu, no ano passado, 13 milhões de euros, uma tendência que já se verificou em 2009.

Segundo os mesmos dados, Angola é, dos cinco países, aquele com a maior fatia da dívida, cerca de 60 por cento, equivalente a 1.056 milhões de euros. O aumento foi de 62 milhões de euros.

Cabo Verde, o terceiro dos PALOP com maior percentagem de dívida a Portugal, foi o que registou o maior crescimento real, em 72 milhões de euros face a 2009, “um novo e significativo aumento” – nota o supervisor bancário no relatório – que fez o total da dívida subir para 196 milhões de euros.

Guiné-Bissau não registou “qualquer desembolso ou amortização”, tendo-se observado apenas uma redução de sete milhões de euros graças à apreciação do dólar face ao euro.

A dívida oficial de São Tomé e Príncipe aumentou em 12 milhões de euros, para 49 milhões de euros.

Os dados do BdP foram publicados no dia em que delegações dos bancos centrais dos países lusófonos participaram, em Lisboa, no seu encontro anual, para discutir temas da agenda da próxima reunião do FMI (Fundo Monetário Internacional) e Banco Mundial e outros assuntos de cooperação. A Assembleia Anual do FMI/Banco Mundial decorre esta semana, em Washington, EUA.

O XXI Encontro de Lisboa entre as Delegações dos Bancos Centrais dos Países de Língua Portuguesa à Assembleia Anual do FMI e Banco Mundial é organizado pelo Banco de Portugal.

Líder da Juventude Unida Revolucionária de Angola promete não parar perante" injustiças"




LUSA

Luanda, 20 set (Lusa) -- O secretário-geral da Juventude Unida Revolucionária de Angola (JURA), organização juvenil da UNITA, Mfuca Muzemba, disse hoje em Luanda que esta organização política não se vai calar nem cruzar os braços, perante situações injustas que acontecem no país.

Mfuca Mizemba, que foi detido a 08 de setembro durante uma manifestação de apoio a um grupo de jovens manifestantes que estava a ser julgado no Tribunal de Polícia de Luanda, foi julgado e absolvido esta segunda-feira pelo tribunal. Hoje convocou uma conferência de imprensa para falar sobre o assunto.

Segundo o líder juvenil da UNITA, o maior partido da oposição em Angola, a JURA sempre defendeu que "diante de violações graves da Constituição angolana" não deve ficar calada, mas sim "manifestar-se para uma solução justa".

PARABÉNS PRESIDENTE EDUARDO DOS SANTOS!




ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA

Angola está entre os 15 países com maiores taxas de mortalidade. Parabéns ao MPLA, ao regime, e a Eduardo dos Santos. É obra!

Um relatório do Banco Mundial revela que em Angola, uma em cada 29 mulheres morre durante o parto (dados de 2008), o que, sem surpresas, contrasta com as estatísticas da Suécia, onde esse rácio é de apenas uma em 11.400 mulheres.

No que se refere à mortalidade infantil (até aos cinco anos), Angola tem o segundo pior desempenho, apenas atrás do Afeganistão. A Guiné-Bissau surge em nono lugar e a Guiné Equatorial a 14º.

É claro que o problema (se é que a morte dos outros é um problema para os donos de Angola) é geral na África Subsaariana, região apresenta o risco de morte mais alto em crianças de até um ano de idade.

Um relatório elaborado pela UNICEF e pela OMS aponta que a taxa de mortalidade nessa faixa etária diminuiu, mas continua longe da meta imposta pelo quarto objectivo do milénio.

O documento do Fundo das Nações Unidas para Infância e Juventude (UNICEF) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que, em 2010, cerca de 7,6 milhões de crianças com menos de cinco anos de idade morreram. A taxa é menor do que à registada na década de 90, quando em média morriam 12 milhões de crianças com menos de 5 anos por ano em todo o mundo, mas ainda está longe do quarto objectivo do milénio, que estimava uma redução de dois terços no número até 2015.

Em 2010, 12 mil crianças morreram por dia em todo o mundo. A maior parte delas na África Subsaariana e no Sul da Ásia, que representam 82% do total de óbitos nessa faixa etária. A tendência, porém, segundo a UNICEF, é de queda.

“A notícia de que a taxa de mortalidade infantil na África Subsaariana está em declínio, sendo duas vezes mais rápido do que era há uma década, mostra que podemos fazer progressos, mesmo em lugares mais pobres”, disse o Director Executivo da UNICEF, Anthony Lake.

De 1990 para 2010, a taxa global de mortes de menores de cinco anos diminuiu 35% - caiu de 88 mortos em cada 1000 crianças para 57 em cada mil. As demais regiões do mundo reduziram seus números em 50% ou mais, e o ritmo de declínio da mortalidade aumentou de 1,9% ao ano entre 1990 e 2000 para 2,5% ao ano. Ainda assim, na África Subsaariana, uma em cada oito crianças morre antes dos cinco anos.

Outro dado preocupante é que praticamente a metade das mortes em crianças com menos de cinco anos está concentrada em apenas cinco países: Índia, Nigéria, República Democrática do Congo, Paquistão e China. Índia, com 22% das mortes, e Nigéria, com 11%, respondem sozinhas por um terço de todas as mortes. A maior parte dessas crianças - 70% - morre antes mesmo de completar o primeiro ano de vida.

Os quatro maiores causadores de mortes em crianças com menos de cinco anos em todo o mundo são: pneumonia (18%), diarreias (15%), complicações antes do parto (12%) e asfixia no parto (9%). Em mais de um terço dos casos, a subnutrição contribui para piorar a situação dessas crianças. E, na África Subsaariana, a malária ainda é uma das principais causas de morte, chegando ao índice de 16% de todas as crianças com menos de cinco anos mortas.

*Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

ANGOLA JÁ É O MAIOR PARCEIRO COMERCIAL DA CHINA NO CONTINENTE AFRICANO




AC - LUSA

Paris, 20 set (Lusa) -- Angola tornou-se em 2006 o maior parceiro comercial da China no continente africano, destronando a África do Sul, devido sobretudo às exportações de petróleo, indica um estudo divulgado hoje pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD).

No primeiro semestre de 2008, pela segunda vez no espaço de dois anos, Angola destronou mesmo a Arábia Saudita como maior fornecedor de petróleo à China.

Pelas contas do BAD, em 2006, as exportações angolanas para a China representaram 35,6 por cento do total, fazendo daquele país o segundo maior parceiro comercial de Angola, a seguir aos Estados Unidos.

No conjunto, o comércio sino-angolano duplicou em apenas dois anos, somando 14.000 milhões de dólares (10.220 milhões de euros) em 2007, diz o referido estudo, intitulado "China and Africa, an Emerging Partnership for Development?".

A exploração do petróleo em Angola continua "dominada por grandes empresas ocidentais", mas nos últimos cinco anos Luanda "tem procurado diversificar as suas parcerias" e "atrair companhias de outros países", entre os quais a China, Índia e Japão, assinala o estudo.

"Excluindo o petróleo e os diamantes", refere a mesma fonte, "mais de metade do investimento direto chinês em Angola é dirigido para o setor da construção, seguido da indústria ligeira, retalho e transportes".

Segundo estatísticas chinesas, em 2009, a China tornou-se o maior parceiro comercial de África, ultrapassando a União Europeia e os Estados Unidos.

No seu primeiro "Livro Branco sobre a Cooperação Económica e Comercial com África", divulgado em dezembro passado, o Governo chinês disse que nos primeiros onze meses de 2010 o comércio bilateral somou 114.800 milhões de dólares (84.158 milhões de euros), um aumento de 143,5 por cento em relação a igual período de 2009.

Aquele valor bate também o anterior recorde de 106.800 milhões de dólares (78.294 milhões de euros), estabelecido imediatamente antes da crise financeira global de 2008.
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Adenda Página Global: "O Ministério da Cultura do MPLA proibiu a venda do disco “ditadura da pedra” do musico Brigadeiro 10 Pacotes  por alegadamente conter criticas ao Presidente José Eduardo dos Santos."

Vídeo: DITADURA DA PEDRA - Brigadeiro 10 Pacotes

Moçambique no grupo de 18 países africanos com taxas baixas de mortalidade infantil




A VERDADE

Apesar de continuar com “maiores taxas de mortalidade infantil”, Moçambique está no grupo de 18 países africanos tidos pelo Banco Mundial (BIRD) como tendo registado uma redução de 25% nas suas taxas de mortalidade infantil nos últimos quatro anos.

Dados, entretanto, mais actualizados do Ministério da Saúde (MISAU) indicam que as crianças moçambicanas são mais susceptíveis de ter uma vida inicial “mais saudável” do que há 20 anos, ganhos que, no entanto, não são iguais em todo o país, pois muitas crianças e mulheres que vivem nas zonas rurais remotas continuam em risco.

Entretanto, e segundo o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, em nota da sua lavra enviada ao Correio da manhã, durante os 10 anos anteriores à crise financeira mundial, as economias da África ao Sul do Sahara cresceram em média de 5% a 6% “e a maioria dos africanos já se tinha recuperado e ido além dos níveis da pré-crise”.

Para ele, se aquele nível de crescimento de taxas tivesse sido mantido, o Produto Interno Bruto (PIB) africano poderia duplicar em cerca de 12 anos e aumentar aproximadamente 50% em termos per capita, gerando receitas públicas para investimento nos seus habitantes, na produtividade e em infra-estrutura, “algo inédito em anos anteriores”, sublinha Zoellick na mesma nota.

Sector privado

Trata-se de um potencial atribuído pelo presidente do BIRD à contribuição do sector privado do continente negro que no período investiu cerca de 77 biliões de dólares norteamericanos nas redes de telecomunicações na África Subsaariana na última década, aumentando o número de assinantes de telefonia móvel de menos de 10 milhões para 400 milhões de assinantes.

O mesmo sector envolveu-se também na “explosão de investimentos”, por parte dos países em desenvolvimento, na manufactura e infraestrutura e no rápido aumento dos fundos de capital e em outros investidores que procuravam colocar capital privado para funcionar nos países em desenvolvimento.

Robert Zoellick, presidente do Banco Mundial há cerca de quatro anos, diz ainda que tem defendido a importância de modernizar o multilateralismo para melhor reconhecer e reflectir as mudanças económicas que estão ocorrendo no mundo de hoje de forma que “todos nós do Norte, Sul, Leste e Oeste, ricos e pobres, homens e mulheres, possamos ter parte na formulação, implementação e contínua melhoria de soluções de desenvolvimento”.

Diz ainda que tem defendido a necessidade de tornar a abertura, transparência e responsabilização uma característica- chave “não apenas do Grupo Banco Mundial, mas das políticas públicas no mundo inteiro”.

O presidente daquela prestigiada instituição financeira mundial enfatizou que tem falado igualmente “sobre a necessidade de forjar um novo contrato social para reconhecer que os investimentos na participação dos cidadãos, na sociedade civil e na responsabilização social sejam tão importantes para o desenvolvimento como os investimentos na infra-estrutura, firmas, fábricas ou propriedades agrícolas” .

Moçambique: PROPRIETÁRIAS DE ARROZAIS AMOTINAM-SE NA BEIRA





Pelo menos mil mulheres, na sua maioria proprietárias de machambas de arroz na zona de Damas, no bairro da Munhava-Matope, na cidade da Beira, Centro de Moçambique, amotinaram-se Sexta-feira ultima defronte do edifício do Conselho Municipal da Beira (CMB). Elas exigem o ressarcimento justo pela perda das suas terras ou destruição das suas culturas, em conexão com a implantação do projecto de construção do novo terminal de carvão e minerais no Porto da Beira.

O grupo, que permaneceu no local por um pouco mais de oito horas, juntou-se naquele local pelo facto de o CMB fazer parte da comissão encarregue de efectuar o levantamento das camponesas lesadas em parceria com a empresa Caminhos-de-ferro de Moçambique (CFM) proprietária do projecto. Do mesmo grupo de camponesas, algumas estão a receber 1.500 meticais (cerca de 55 dólares americanos), outras dois mil meticais e outras ainda cinco mil meticais como compensação.

Fátima Manuel Jussa, uma das proprietárias das machambas ocupadas, disse, citado pela edição de hoje do “Diário de Moçambique”, não saber o porquê desta disparidade. Entretanto, o representante dos CFM neste processo de compensações, Rito Almirante, disse que a disparidade no pagamento dos valores deve-se ao facto de existir um grupo que perdeu apenas culturas de arroz, devido à invasão das águas salgadas, e outro que perdeu culturas e a própria terra.

O último grupo tem direito a receber cinco mil meticais, enquanto o primeiro, que apenas ficou sem as culturas de arroz, tem como compensação 1.500 meticais. “Esta base de cálculo destes valores não está a ser entendida pelas camponesas, havendo no grupo dos que têm direito a receber 1.500, alguns oportunistas”, afirmou Almirante, prometendo segunda-feira efectuar novos registos. O levantamento indica que mais de mil camponesas ficaram lesadas pela repulsão das areias dragadas no mar.

A empresa CFM calcula em 2,9 milhões de meticais o valor envolvido para as compensações.

Portugal: "SE EXISTIR INFLEXIBILIDADE NEGOCIAL VAI HAVER TÚMULTOS" - FESAP




GABRIELA CHAGAS - LUSA

Lisboa, 20 set (Lusa) -- O secretário coordenador da Frente Sindical da Administração Pública (FESAP) disse hoje que os serviços públicos estão em situação de rotura e que se as negociações com o governo chegarem a uma situação de inflexibilidade "vai haver tumultos".

Nobre dos Santos falava hoje no final de uma reunião negocial com o secretário de Estado da Administração Pública, Hélder Rosalinho, onde foi discutido o regime de mobilidade especial na Função Pública.

"O sindicato não pode cair na esparrela de colocar as pessoas na rua, fazendo manifestações para depois não acontecer nada. Queremos modificar onde é possível, mas se chegarmos a uma situação de inflexibilidade, não vamos ter manifestações, mas sim tumultos nas ruas", disse Nobre dos Santos, adiantando que os trabalhadores estão no limite.

*Foto EPA

Portugal: O ÚLTIMO A SABER


wehavekaosinthegarden

MANUEL ANTÓNIO PINA – JORNAL DE NOTÍCIAS, opinião

O "desvio colossal" das contas da Madeira escondido pelo PSD regional estava, pelos vistos, no segredo dos deuses. No caso, da santíssima trindade Jardim-Cavaco-PGR. O marido, que é como quem diz o pagante contribuinte, foi, como sempre é, o último a saber.

Segundo confirmaram ao "Público" deputados madeirenses, Cavaco "inteirou-se da situação financeira da região durante as audiências concedidas aos partidos no final de Julho, antes de marcar a data das eleições regionais" e, além dele, a situação "era também do conhecimento dos representantes do Ministério Público junto da secção regional do Tribunal de Contas da Madeira".

E ambos, presidente e MP se calaram, enquanto o Governo fazia cortes cegos em salários, pensões e prestações sociais, na Educação e na Saúde por conta do défice e em obediência aos "mercados" e a Frau Merkel, sua profetisa. Isto apesar de a situação configurar eventualmente um crime (por isso a PGR, subitamente desperta, a estará a "analisar") e ser, nos termos da lei, de denúncia obrigatória.

A expectativa, agora, é apenas ver que prodígios de imaginação jurídico-financeira mobilizará o Governo para justificar que o "buraco laranja" de Jardim ("referência incontornável" para Cavaco; exemplo de "um bom governo PSD" para Manuela Ferreira Leite; "exemplo supremo na vida democrática" para Jaime Gama; "economicamente sério" para Almeida Santos) seja cobrado aos do costume.

Presidente da CNE duvida que timorenses residentes no estrangeiro participem nas eleições




MSE - LUSA

O presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Timor-Leste, Faustino Cardoso Gomes, disse hoje à agência Lusa que duvida que os timorenses residentes no estrangeiro participem nas eleições de 2012 no país.

Segundo Faustino Cardoso Gomes, não há legislação apropriada para isso, tempo e orçamento para organizar eleições presidenciais e legislativas para os timorenses residentes no estrangeiro.

"A lei que já foi promulgada e publicada no Jornal da República contempla direito dos cidadãos timorenses no estrangeiro de votar, mas até aqui os órgãos competentes ainda não elaboraram o diploma para os procedimentos desta votação", nomeadamente do recenseamento eleitoral, explicou o presidente da CNE.

Segundo o presidente do CNE, outro obstáculo é a falta de tempo.

 "Já estamos no mês de setembro e a atualização da base de dados vai até 15 de dezembro. Como é uma nova experiência é preciso tempo para primeiro esclarecer os cidadãos timorenses", explicou.

Outra questão, segundo o presidente da CNE, é a do orçamento. "As eleições no estrangeiro custam dinheiro.

O orçamento da CNE para 2012 não contempla orçamento para o exterior", disse.

Para Faustino Cardoso Gomes "dar oportunidade de votar aos cidadãos timorenses no estrangeiro é um passo positivo de como incluir aqueles cidadãos no processo da democracia, mas deve ter sido em conta que há certos princípios fundamentais que devem ser cumpridos".

O recenseamento eleitoral para as eleições presidenciais e legislativas de 2012, ainda sem data marcada, começou a 01 de junho e acaba a 15 de dezembro.

Timor-Leste: ONU ALERTA PARA DISCRIMINAÇÃO DE DEFICIENTES E PEDE MEDIDAS AO GOVERNO




MSE - LUSA

Díli, 20 set (Lusa) -- Joãozinho dos Santos, um timorense de 29 anos, sofre de poliomielite e hoje juntou-se às Nações Unidas na apresentação do relatório sobre os "Direitos das Pessoas com Deficiência" em Timor-Leste.

"Quando acabei o liceu e quis continuar os estudos numa escola técnico-profissional em informática o diretor da escola não me permitiu por causa da minha condição", afirmou à Agência Lusa Joãozinho dos Santos.

Segundo o timorense, o diretor da escola disse-lhe que não estava autorizado a estudar naquele estabelecimento porque era deficiente.

"Ele não podia fazer aquilo", afirmou Joãozinho dos Santos, que hoje representou, na cerimónia de lançamento do relatório da Missão Integrada da ONU para Timor-Leste (UNMIT), a Ra'es Hadomi Timor Oan, uma organização timorense de pessoas com deficiência.

Segundo o documento da UNMIT, as "mulheres, crianças e pessoas com deficiências mentais são as mais discriminadas" de todas as pessoas com deficiência.

"As crianças com deficiência são mais vulneráveis à discriminação, especialmente no acesso à educação", refere o documento.

A ONU recomenda ao Governo timorense que proteja com urgência aqueles grupos mais vulneráveis e que realize ações de sensibilização sobre os direitos das pessoas com deficiência.

Tendo em conta a proximidade das eleições gerais, previstas para 2012, a ONU alerta também para a necessidade de melhorar as acessibilidades e garantir o direito de voto de pessoas com deficiência.

O relatório recomenda também que os espaços públicos, ministérios e as próprias instalações das Nações Unidas passem a considerar acessos para pessoas com deficiência.

"Este relatório é muito importante e é um começo", afirmou Joãozinho dos Santos, que hoje estuda na Universidade Nacional de Timor-Leste.

As autoridades timorenses ainda não assinaram e ratificaram a Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência.

Na cerimónia, foi distribuído o primeiro relatório das Nações Unidas elaborado em braille.

Macau: Imposição de medidas de coação pelo Ministério Público viola Lei Básica -- advogados




FV - LUSA

Macau, China, 19 set (Lusa) -- O presidente da Associação dos Advogados de Macau está preocupado com a possibilidade do Ministério Público poder vir a impor medidas de coação sem necessidade de confirmação por um juiz de instrução criminal, e invoca violação da Lei Básica.

"Há motivo para preocupação quando se levantam pistas para se discutir a competência do Ministério Público ter poderes para impor medidas de coação sem necessitarem de confirmação por um juiz de instrução criminal", disse Neto Valente aos jornalistas, numa análise às propostas de alteração ao Código de Processo Penal, atualmente em consulta pública.

Na opinião do presidente da Associação dos Advogados de Macau, a alteração proposta é "muito discutível, porque, quando se redigiu a Lei Básica -- e nada disto é por acaso -, ficou escrito que teria de haver um juiz de instrução criminal".

"Era o sistema que estava em vigor antes da transferência de soberania e, portanto, era isso que os redatores da Lei Básica queriam e que a Assembleia Nacional Popular aprovou", justificou.

Neto Valente defendeu que se está a "violar a letra e o espírito da Lei Básica", porque "não passou pela cabeça dos redatores da Lei Básica manter formalmente a figura de um juiz de instrução criminal mas esvaziar-lhe as competências".

O responsável disse ainda que "o Termo de Identidade e Residência -- esse sim pode ser imposto pelo Ministério Público e por qualquer autoridade policial -- não está bem abordado no Código de Processo Penal, porque é usado com demasiado excesso e demasiada liberalidade".

O facto de o arguido não poder ausentar-se mais de cinco dias da Região Administrativa Especial da China sem ter de comunicar às autoridades "não é muito eficaz e vai empurrar muitas pessoas, por esquecimento, sem maldade nenhuma, ao incumprimento dessa disposição", justificou, ao criticar que "isso pode ter consequências gravosas".

O presidente da Associação dos Advogados observou que "tem de haver uma lógica no sistema", e defendeu também mexidas no Código Penal para acabar com a grande disparidade das penas aplicadas às várias infrações criminais.

"Há uma grande disparidade que não se justifica. Porque muitas vezes os crimes contra o património são punidos mais severamente do que os crimes contra a pessoa", salientou.

Ao declarar que "na escala de valores que prevalece na sociedade, a pessoa é mais importante", Neto Valente rematou com um exemplo: "Matar ou ferir alguém é mais grave do que roubar um relógio. Não se deve aplicar uma pena de 10 anos a quem rouba um relógio e aplicar 15 anos a quem mata alguém".

As propostas de alteração ao Código de Processo Penal estão em consulta pública de 14 de setembro a 24 de outubro.

As alterações incidem sobre um conjunto de 75 artigos.

O Processo Penal não está em revisão, mas Neto Valente considerou aos jornalistas que "é altura de se começar a falar no assunto".

Dilma Rousseff: RESPOSTA ERRADAS À CRISE PODEM “FEMINIZAR” POBREZA


Dilma Rousseff ao lado de Hillary Clinton - foto HENNY RAY ABRAMS/AFP

JORNAL DE NOTÍCIAS - Ontem

A presidente Dilma Rousseff declarou, em Nova Iorque, que "medidas equivocadas" para fazer frente à crise poderão agravar a situação de desigualdade social entre os géneros, e defendeu medidas que garantam a "capacitação" das mulheres.

"A crise económica e as respostas equivocadas podem agravar este cenário, intensificando a 'feminização' da pobreza. Por isso, combater as consequências e também as causas da crise é essencial para a capacitação ['empowerment'] das mulheres", afirmou a presidente brasileira durante uma Reunião de Alto Nível sobre a Participação das Mulheres na Política, em Nova Iorque.

Dilma destacou que a desigualdade de géneros permanece e que são as mulheres as que continuam a sofrer mais com a situação de extrema pobreza, analfabetismo, falhas do sistema de saúde e violência sexual.

A dirigente brasileira defendeu que estes problemas devem ser combatidos na origem e lembrou que os programas sociais desenvolvidos pelo seu governo colocam as mulheres no centro das tomadas de decisão.

"São as próprias mulheres, que tanto sofrem com a pobreza, as principais aliadas das políticas para a sua superação. Elas têm prioridade em programas sociais, como o da transferência de rendimento e crédito para aquisição de imóveis, o que se reverte na melhoria da sua qualidade de vida e das suas famílias", afirmou Dilma, ao explicar o funcionamento dos programas brasileiros de transferência de rendimento.

A presidente pediu ainda o apoio das mandatárias presentes, como a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, para a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), que será sedeada no Rio de Janeiro em Junho de 2012.

"As mulheres também são as principais aliadas do desenvolvimento sustentável e da necessidade de mudar os padrões de consumo", considerou.

Na quarta-feira, Dilma tornar-se-á a primeira mulher a abrir uma Assembleia-geral das Nações Unidas, desde a criação do organismo, em 1946. A presidente começou o seu discurso de hoje a dizer que gostaria de partilhar a honra com as demais mulheres, em especial com a ex-presidente do Chile, Michele Bachellet, que foi a primeira mulher sul-americana a chegar à presidência de um país.

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Moçambique: Apoio das comunidades muçulmanas evitou que a guerra "tivesse corrido pior"




SK - LUSA

Lisboa, 20 set (Lusa) -- Os esforços que a administração portuguesa desenvolveu em Moçambique entre 1966 e 1973 para alinhar as comunidades muçulmanas com o lado português evitou que a guerra "tivesse corrido pior", afirma o principal responsável dessa estratégia.

Fernando Amaro Monteiro foi o principal responsável pela conceção e condução do programa destinado à política islâmica que o poder colonial português levou a cabo em Moçambique para atrair e alinhar as comunidades muçulmanas, e cuja história agora é retratada no livro "Moçambique: Memória Falada do Islão e da Guerra", que hoje é apresentado em Lisboa.

O trabalho é composto por uma série de entrevistas que AbdoolKarim Vakil, professor no King's College de Londres, fez a Fernando Amaro Monteiro em 2004, e, que, entre outros, descrevem detalhadamente os múltiplos esforços que o poder constituído desenvolveu durante a guerra colonial em Moçambique para evitar que as comunidades muçulmanas passassem para o lado da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO).

A política adotada para com o Islão em Moçambique, precisa Amaro Monteiro, foi iniciada em 1965-66, tendo ganhado principal relevo a partir de 1968 com a chegada ao território de Baltazar Rebelo de Sousa como governador-geral, o qual abraçara todas as principais linhas de orientação do chamado "Plano de Ação Psicológico".

De acordo com Amaro Monteiro, a ação de Rebelo de Sousa -- que tinha um "talento de relações públicas e uma capacidade de comunicação espantosos" -- foi preponderante para o estabelecimento desse diálogo.

"Num contexto de guerra, este plano -- através do qual se procurou o estabelecimento de um diálogo, de um entendimento e de uma interlocução com os muçulmanos no país (na altura cerca de 1.2 milhões de pessoas) -- foi fundamental", visto que várias áreas estratégicas do território eram ocupados por estas comunidades, explica Amaro Monteiro.

Se esse plano de aproximação -- que teve "grande sucesso mas que devia ter sido implementado mais cedo" - não tivesse existido, garante, essas zonas estratégicos teriam caído nas mãos da FRELIMO e ali "as coisas no terreno teriam corrido pior".

"Não vamos dizer que se isto tivesse sido feito antes tínhamos ganhado a guerra porque termos perdido a guerra globalmente como país foi uma coisa que aconteceu por força de uma situação histórica especial e de uma conjuntura internacional muito própria", realça Monteiro, que no período retratado no livro era adjunto dos Serviços de Centralização e Coordenação de Informações de Moçambique e consultor dos Governadores-gerais daquele território (1970- 1974).

"Não era o conhecimento desta massa [da comunidade muçulmana] antecipado e devidamente acionada que faria com que tivéssemos ganhado a guerra", reitera, salientando, contudo, que se essa massa tivesse sido acionada antes o "rendimento que ela deu a favor da administração portuguesa podia ter sido muito maior e teria começado muito antes".

O livro, da autoria de Abdoolkarim Vakil, Fernando Amaro Monteiro e Mário Artur Machaqueiro e editado pela Almedina, fornece informações sobre diversos protagonistas centrais do período histórico referido e retrata também a postura da hierarquia católica perante a religião islâmica em Moçambique as comunidades muçulmanas.

O fenómeno “Banho” como instrumento alternativo de acesso aos votos dos eleitores (as)




Caso S.Tomé e Príncipe

HECTOR COSTA* - TÉLA NÓN

Podemos definir o fenómeno “Banho”, como formas de relações sociais de clientelismo, que em S.Tomé e Príncipe, ganha forma dramática no contexto das campanhas eleitorais. É através desta prática que, os recursos como dinheiro, alimentação, mobílias, vestuários, emprego, habitação, automóveis, bolsas de estudos, são garantidos, sobretudo, para os apoiantes dos partidos ou candidatos (as), em troca de votos nas urnas.

Este fenómeno não brotou da terra como se fosse cogumelo ou batata-doce. Pois, é o produto histórico e acumulativo, por um lado, da degradação vertiginosa das condições de vida das populações, por outro lado, do défice da educação para a cidadania.

1- Degradação vertiginosa das condições vida das populações:

Apesar de não haver uma correlação sistemática entre fenómeno “Banho” e às vitórias eleitorais em São Tomé e Príncipe, eu continuo a defender à tese, segundo a qual, o “Banho” sempre condicionará e influenciará às escolhas e às decisões de uma grande maioria dos eleitores (as), sobretudo, das regiões que sofrem com o fenómeno da pobreza extrema e da exclusão social, isto é, enquanto houver fascimo social, o “Banho” sempre será um instrumento alternativo à disposição dos agentes político-partidários para acederem facilmente aos votos ou para manipularem à reflexividade das populações. Portanto, enquanto o Estado bem como outras instituições não garantirem e promoverem de forma estrutural e sistemática o bem-estar económico e social das populações, emergirá sempre e de forma natural o sentimento coletivo de desconfiança nos políticos e nos seus vagos projetos de sociedade. É ilusório e demagógico, exigir de uma população que sofre diariamente com o fenómeno do desemprego, com a fome, deficiente assistência médica e medicamentosa, degradação habitacional, que não se exponha à “ Banho” ou que não comercialize à sua consciência. 

Portanto, o Estado antes de exigir ou dar lições intelectualmente desonestas, deve em primeiro lugar, promover políticas públicas de inclusão social e, por esta via, reduzir a pobreza extrema de mais de 53% da população são-tomense que sobrevive com cerca de cinquenta cêntimos por dia (PNUD).

2 – Défice da educação para a cidadania:

Um outro fator, é o défice de educação para a cidadania, portanto,  este conceito  pode ser definido neste contexto analítico, como à promoção de valores democráticos, tanto no discurso político como no discurso educativo. É o estímulo de competências participativas e interventivas, numa dada realidade social, abrangendo assim, a educação cívica, a formação social e pessoal e a educação para os valores.

Ora, em S.Tomé e Príncipe, fatores históricos, como por exemplo, os 15 anos do partido único socialista, que foram marcados por um regime autocrático e pela violação dos direitos humanos (Seibert, 2002), não permitiram criar e desenvolver uma cultura educacional favorável ao exercício da cidadania. O voto secreto e sufrágio universal foram introduzidos em julho de 1975, aquando da eleição da Assembleia Constituinte, mas durante o regime do partido único, o voto secreto seria abolido e substituído pela votação de braço no ar (Seibert, 2002).

E o próprio regime democrático não institucionalizou a educação para a democracia, a cidadania, educação cívica, a educação para a autonomia e participação social, seja a nível do sistema escolar, seja a nível do sistema não escolar. Daí que seja muito vulgar os cidadãos (as) utilizarem expressões como: eu não sou político, eu não percebo nada de política, etc. Em boa mediada por se remeterem, por um lado, para uma experiência cultural e educativa pobre e deficitária em termos cívicos ou políticos, típica do regime autoritário, por outro lado, para as loucuras praticadas pelos partidos de mudança, como falsas promessas, a corrupção,  exclusão etc.

Portanto, não basta o Estado fazer gastos avultados nas campanhas episódicas de sensibilização, com vista a redução da prática de “ Banho”, deve também introduzir nos currículos escolares a disciplina de educação para a cidadania. Pois, os (as) cidadãos (as), desde a sua tenra idade, devem ter conhecimentos profundos dos órgãos políticos, as suas funções, como são investidos, a limitação dos seus poderes, como se pode intervir na sua ação ou competências necessárias para agir civicamente, como por exemplo, a destituição dos órgãos de soberania através de votos etc.

 A escola deve estar técnica e cientificamente preparada para contribuir para a promoção de uma sociedade democrática. Negligenciar as vertentes cívicas mais elementares da educação, é matar o Estado de direito democrático, é algemar a liberdade de opção ideológica, é confiscar a participação e intervenção ativa dos cidadãos (as) na vida pública.

 3 – Conclusão:

Só se conseguirá disciplinar gradualmente a prática de “ Banho”, sobretudo, nas campanhas eleitorais, quando por um lado, emergirem instituições que possam garantir e promover de forma estrutural e sistemática o bem-estar económico e social das populações e, por esta via, reduzir a pobreza extrema, por outro lado, quando a educação para a cidadania fizer parte integrante dos currículos escolares .

*Hector Costa: Doutorando em “Sociologia do Território, Risco e Políticas Públicas”, pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. brotero26@gmail.com, 963164512

- Texto convertido pelo conversor da Porto Editora, respeitando o Acordo Ortográfico de 1990.

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