sexta-feira, 29 de julho de 2011

UNITA À BEIRA DA IMPLOSÃO




ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA

As coisas na UNITA não vão bem. Ao que consta, o presidente (Isaías Samakuva) não só se negou a receber Paulo Lukamba Gato como ameaça expulsá-lo do partido.

Há muito que, por obra e graça do MPLA mas – igualmente – por incapacidade dos seus quadros, se prevê o fim da UNITA.

Jonas Savimbi morreu no dia 21 de Fevereiro de 2002, de morte violenta (em combate e às mãos de alguns dos seus antigos generais). Foi nesse dia que começou a morrer a UNITA. De morte lenta, é certo, mas igualmente (tanto quanto parece) de forma irreversível.

Talvez pouco adiante, como já fizeram o favor de me recordar alguns amigos da UNITA, continuar a dizer nesta altura que a vitória seguinte começou com a derrota anterior. Isso faria sentido se o Mais Velho ainda andasse por cá.

Apesar de todas as enorme aldrabices do MPLA, as eleições legislativas acabaram por derrotar em todas as frentes não só a estratégia mas a sua execução, elaboradas por alguns dos “generais” da UNITA.

Como já em tempos aqui disse, creio que se Jonas Savimbi fosse vivo muitos desses “generais” da equipa da Isaías Samakuva não passariam de “cabos”. Mas quem sabe são eles.

Esperando, embora tendo cada vez menos essa certeza, que a Direcção da UNITA, esta ou qualquer outra, prefira ser salva pela crítica do que assassinada pelo elogio, volto a dizer o que penso com a legitimidade inerente ao facto de ser angolano, mau grado não ser negro.

Desde logo, lembrando que muitos dos “generais” escolhidos por Isaías Samakuva para os combates eleitorais, sociais e políticos levantaram os braços e içaram um pano branco quando se ouviu o primeiro “tiro”.

A hecatombe eleitoral, social e política mostrou que a UNITA não estava mesmo preparada para ser governo e queria apenas assegurar alguns tachos e continuar a ser o primeiro dos últimos.

O sacrificado povo angolano, mesmo sabendo que foi o MPLA que o pôs de barriga vazia, não viu na UNITA a alternativa válida que durante décadas lhe foi prometida, entre muitos outros, por Jonas Savimbi, António Dembo, Paulo Lukamba Gato, Alcides Sakala e Samuel Chiwale.

Terá sido para ver a UNITA com pouco mais de 10% que Jonas Savimbi lutou e morreu? Não. Não foi. E é pena que os seus ensinamentos, tal como os seus erros, de nada tenham servido aos que, sem saberem como, herdaram o partido e a ribalta da elite angolana.

É pena que os que sempre tiveram a barriga cheia nada saibam, nem queiram saber, dos que militaram na fome, mas que se alimentaram com o orgulho de ter ao peito o Galo Negro.

Se calhar também é pena que todos aqueles que viram na mandioca um manjar dos deuses estejam, como parece, rendidos à lagosta dos lugares de elite de Luanda.

Por último, se calhar também é de lamentar que figuras sem passado, com discutível presente, queiram ter um futuro à custa da desonra dos seus antepassados que deram tudo o que tinham, incluindo a vida, para dignificar os Angolanos.

É que, ao contrário do Mais Velho, na UNITA há muitos que preferem ser escravos com lagosta na mesa do que livres embora procurando mandioca nas lavras.

Não creio que Homens como Paulo Lukamba Gato, Alcides Sakala e muitos, muitos, outros, tenham deitado a toalha da luta política ao tapete. Também não creio que aceitem trair um povo que neles acreditou e que à UNITA deu o que tinha e o que não tinha.

E é esse povo que, de barriga vazia, sem assistência médica, sem casas, sem escolas, reclama por justiça e que a vê cada vez mais longe. E é esse povo que, como dizia o arcebispo da minha cidade (Huambo), D. José de Queirós Alves, não tem força mas tem razão.

*Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

SAMAKUVA DIVIDE UNITA




Agostinho Gayeta e Teodoro Albano, Luanda e Lubango – VOA News

Em Luanda, os contestatários voltam a exigir que Samakuva abandone a liderança, mas as províncias apoiam a actual liderança

Na UNITA, os contestatários voltam a exigir que Samakuva abandone a liderança do partido e propõem uma comissão de gestão que deve ser liderada pelo vice-presidente do partido, enquanto a secretária provincial do “Galo Negro” na Huíla, Amélia Judite, manifesta abertamente o seu apoio à chefia de Isaías Samakuva.

Em Luanda, o Grupo de Reflexão da UNITA voltou a agitar as águas no seio do partido nesta quarta-feira.O grupo de Reflexão da UNITA, subscritor do memorando tornado público na última sexta-feira, em que se exige a realização do XIº Congresso do "Galo Negro", reafirmaram a  falta de legitimidade de Samakuva cujo segundo mandato terminou a 22 de Julho.

Os contestatários voltam a exigir que Samakuva abandone o poder e propõem uma comissão de gestão que deve ser liderada pelo vice-presidente do partido,Ernesto Mulato. Na comunicação feita à Imprensa, a ala contestatária do "Galo Negro" acusou o actual líder dos “maninhos" de práticas antidemocráticas e de promover acções de intolerância política no seio do partido.

Rafael Aguiar, coordenador adjunto do Grupo de Reflexão e um dos subscritores do memorando,afirmou que as acções de Isaías Samakuva reforçam atitudes autoritárias do regime vigente em Angola, o que, no seu entender, pode frustrar a expectativas dos angolanos de conquistar o poder político em 2012.

Os contestatários propõem uma Comissão de Gestão,em que Ernesto Mulato, Vice-presidente do partido, é indicado para liderança. O Grupo de Reflexão exige, por isso e sem pré-condições, que Isaías Samakuva entregue as pastas à Comissão de Gestão que deverá conduzir os destinos do partido até a realização do XIº Congresso e a tomada de posse da nova direcção do "Galo Negro".

Por seu turno,o Vice-presidente da UNITA contesta a posição tomada por este grupo de militantes e considerando-os golpistas.Também Ernesto Mulato defende o debate dos problemas internos nos órgãos de direito do partido.

Na Huíla, e em sinal de solidariedade, a actual liderança do partido, a secretária provincial da UNITA, Amélia Judite, veio reafirmar que Isaías Samakuva é o presidente do maior partido na oposição até a realização do próximo congresso. E repudia de forma categórica a criação da suposta comissão de gestão da UNITA por considerar não fazer parte dos estatutos do partido e qualifica os seus autores de estarem a agir de má fé.

Numa altura em que se alega a falta de dinheiro para a realização do conclave, Amélia Judite acredita que o XI Congresso da UNITA vai ter lugar, mas afasta qualquer tipo de pressão pública: “No primeiro congresso constituinte da UNITA não houve pessoas que foram para a rádio para ser realizado! Não vai ser o XI Congresso da UNITA  que tem de haver elementos que têm de ir a rádio para ser concretizado. É claro o congresso será realizado em tempo oportuno, nas condições da UNITA, mas não sob pressão de forças externas a própria UNITA.”

Aos membros contestários, “sedentos” do congresso, a secretária da UNITA na região fez um apelo: "É  preciso ouvir as bases". E adiantou Amélia: “Nós estamos a receber solicitações das bases dos militantes da UNITA que pedem a estes membros sedentos de um congresso à sua moda, deviam passar às bases refiro-me às bases, nas comunas, nas aldeias, nos comités locais, para puderem ouvir a opinião dos militantes em relação a esta situação.”

Katengue diz que 70% dos membros da UNITA está consigo no movimento contra Samakuva




ANGOLA 24 HORAS

Alberto Katengue, designado coordenador do chamado Grupo de Reflexão da UNITA, afirmou ao Jornal da Noite da RNA, que o actual Presidente do Partido «do Galo Negro» caiu na ilegitimidade, além do seu desempenho durante o mandato ser deplorável.

Referindo-se a Isaías Samakuva, o membro afirmou que, ele perdeu a qualificação e a confiança dos membros, daí que no Congresso tudo seria resolvido, mas defendeu que o actual Presidente da UNITA furta-se de realizar o Congresso, sendo esta razão do movimento de pressão para que o mesmo seja removido de uma ou outra maneira.

“O movimento integra um pouco mais de 70 por cento dos militantes, há uma crise, um descontentamento, e qualquer membro ao tomar conhecimento da sua existência adere automaticamente, são muito mais de setenta por cento”, frisou.

Alberto Katengue acusa também o líder da UNITA, Isaías Samakuva de ter instalado um regime de violência dentro do Partido, apontando como exemplo, um dos membros do partido que foi agredido dentro de uma Reunião.

“Bem essa é a primeira fase do nosso trabalho de pressão, tem outra fase como, por exemplo, manifestações, nós vamos desenvolver uma série de manifestações e vamos mesmo ocupar as instalações é a única saída”, defendeu.

RNA

O CONGRESSO DA UNITA




EKUIKUI NELSON JAMBA – ANGOLA 24 HORAS

Nos últimos tempos tem havido um grande debate relacionado a realização ou não realização do Congresso da UNITA, na sociedade civil e no seio dos próprios militantes deste partido.

Parte dos dirigentes da UNITA, Principalmente aqueles que estão a ocupar altos cargos no seio do partido e na Assembleia Nacional, defende a não realização do congresso. Acredito que estão com medo de perder os seus lugares, por isso vão induzindo no erro o atual presidente do partido.

Justificam tal decisão: alegando falta de meios financeiros e que estariam a preparar o partido para dois desafios. Devo admitir neste último ponto compactue com eles.
O mas importante deve ser dito:

São as barreiras que tem estado a criar a um dos candidatos mas favoráveis na substituição do atual presidente. falo concretamente de Abel Chivukuvuku.

Para mim este não é um messias ou o melhor mas trata-se da pessoa que reúne atualmente mais credibilidade para dar continuidade a causa da UNITA.

As barreiras que se vão criar eventualmente a este homem podem conduzir o partido a situações pouco abonatórias, nomeadamente:

1- A revolta dos seus apoiantes, que considero constituírem maior parte dos militantes atualmente.
2- O partido ter um péssimo resultado nas eleições.
3- Instaurar o regionalismo no seio do mesmo (Muitos pensam que só os do Bié podem dirigir os destinos do partido) negativo: todos os militantes capazes de dirigir e promover maior dinamismo no seio do mesmo podem almejar a cadeira de presidente.

É preciso entender que os homens falham e passam: o presidente Samakuva ja fez muito em prol do partido, é altura dele largar a carruagem e dar opurtunidade aos outros, quem fala do presidente Samakuva fala de outros dirigentes que compoém a Comissão politica e o comité permanente.

Sou a favor da realização do congresso, desde que seja feito num ambiente sadio e que seja levada em conta vontade dos militantes.

Ekuikui Nelson Jamba

UNTL e Universidade de Aveiro vão criar mestrado conjunto para a formação de professores




MSO - LUSA

Díli, 28 jul (Lusa) -- A Universidade de Aveiro e a Universidade Nacional Timor Lorosae (UNTL) vão lançar um mestrado conjunto de formação de professores em várias áreas, disse hoje à Lusa Liliana Sousa, pró-reitora da universidade portuguesa.

"Neste momento vamos lançar o mestrado conjunto em formação de professores nas áreas da Matemática, Física, Química, Biologia e Geociências e estamos disponíveis para outras iniciativas", disse Liliana Sousa, que se deslocou a Díli para participar no lançamento do programa de pós-graduação e pesquisa da UNTL.

De acordo com a pró-reitora, professores da Universidade de Aveiro vão lecionar na Universidade Nacional Timor Lorosae e no âmbito do mestrado os estudantes e professores timorenses vão passar a ter acesso à plataforma de ensino à distância e aos recursos bibliográficos "on-line" daquela universidade portuguesa.

"É um mestrado com reciprocidade e colaboração, o que significa que haverá sempre professores da Universidade de Aveiro e da UNTL envolvidos na lecionação do curso, se bem que as dissertações serão defendidas na UNTL", esclareceu.

Liliana Sousa salientou que a Universidade de Aveiro tem estado envolvida há vários anos noutros projetos de cooperação com Timor-Leste, um dos quais de "grande dimensão", que é a participação na elaboração dos currículos para o ensino secundário.

"Estamos neste momento a trabalhar nos currículos do ensino secundário que é um grande projeto de cooperação. Já terminámos os manuais do 10.º ano e iremos agora trabalhar nos do 11.º ano, o que terá um grande impacto no ensino em Timor-Leste", finalizou.

Governo e Timor Telecom assinam acordo para criar 100 centros comunitários de Internet




SAPO TL, com Lusa

Díli, 28 jul (Lusa) -- O Governo de Timor-Leste e a Timor Telecom assinaram hoje um memorando de entendimento para a instalação de 100 centros comunitários de acesso à Internet.

O acordo foi assinado em Díli pelo secretário de Estado da Formação Profissional e Emprego de Timor-Leste, Bendito Freitas, e o administrador delegado da Timor Telecom, Manuel Capitão Amaro.

"É mais uma iniciativa do IV Governo constitucional, utilizando a cooperação do setor privado com o setor público, com o objetivo da criação de emprego, rendimento económico e desenvolvimento de competências e a melhoria de serviços", disse Bendito Freitas, na cerimónia.

O governante considerou o acordo de cooperação "um passo estratégico na formação dos jovens timorenses" e realçou a importância da criação dos centros comunitários de acesso à Internet para a coesão territorial, ao dotar os distritos de infraestruturas que possam contribuir para criar oportunidades e bem estar das populações.

"Apreciamos o apoio da TT, com quem trabalhamos juntos para o avanço tecnológico na área das tecnologias da informação", disse.

O administrador delegado da TT classificou o acordo como "um marco histórico na construção e desenvolvimento da sociedade de informação timorense", que se insere na "ambição da Timor Telecom de aumentar o acesso à Internet em todas as capitais de distrito e sub-distrito, em cooperação com as instituições locais".

Timor-Leste: CINEMA EM DÍLI





A partir de hoje e durante todo o fim-de-semana, irá se realizar a “Mostra de Cinema de Díli”. Inserido numa iniciativa cultural denominada de “Encontros de Baucau – Artes e Cidadania”, este evento visa promover as artes e a cidadania activa. Os Encontros de Baucau incluem ainda actividades pontuais em Venilale.

Na sua primeira edição, os Encontros de Baucau (a decorrer entre os dias 4 e 7 de Agosto) irão focar em torno de três vertentes: cidadania, letras e cinema.

As actividades incluirão uma Mostra de Cinema, exposições de artistas e produtores locais, sessões de leitura e debates de cidadania sobre temas como a protecção do ambiente na vida comunitária, os direitos das mulheres, as ambições dos jovens, entre outros. Será também inaugurada a primeira sala de leitura pública de Baucau, com a presença de um convidado especial, o escritor timorense Luís Cardoso, mais conhecido por Takas.

O projecto foi concebido pelos Eurodeputados Ana Gomes e Rui Tavares e organizado pela sociedade civil de Baucau, nomeadamente pela Associação Arte e Cultura de Baucau, as ONG Cailalo e Na Terra, a Diocese de Baucau, a escola de artes Afloikai, Alola Foundation, o Conselho Nacional de Juventude de Timor-Leste, a Administração de Baucau e os Professores de Português do distrito de Baucau. O projecto também conta com o apoio de um grupo informal de amigos de Timor-Leste, de vários quadrantes políticos e sociais, incluindo peritos de várias nacionalidades especializados nas diversas áreas de actividades.



Mostra de Cinema de Díli
Apesar de o projecto em si estar centrado na segunda maior cidade timorense, Díli também terá direito a uma Mostra de Cinema. De 29 a 31 de Julho, a população poderá se deslocar ao Palácio do Governo (às 19h e às 21h) assim como ao Centro Juvenil Padre António Vieira (às 11h e às 16h, mas somente no Sábado e Domingo).

Para além do evento anual, há também uma componente de médio e longo prazo.O objectivo é promover a capacitação de recursos humanos locais e fomentar as actividades culturais e de cidadania entre cada edição, através de redes formais e informais de cidadãos, que desenvolverão actividades ao longo de todo o ano.




"Encontros de Baucau - Artes e Cidadania" conta ainda com o apoio da Embaixada de Portugal, Entreposto, Fundação Oriente, Governo de Timor-Leste, Instituto Camões, IPAD e Timor Telecom.

DELEGAÇÃO PARLAMENTAR DE TIMOR-LESTE VISITA CABO VERDE





Uma delegação parlamentar de Timor-Leste, chefiada pelo seu vice-presidente, Vicente da Silva Guterres, inicia, esta segunda-feira, 25, uma visita a Cabo Verde. Esta visita visa o intercâmbio de conhecimentos e experiências com o Parlamento cabo-verdiano, mas também o encontro com várias entidades e instituições nacionais.

O Presidente da Assembleia Nacional, Basílio Mosso Ramos, os Líderes Parlamentares e o Presidente da Comissão Especializada dos Assuntos Jurídicos, Direitos Humanos e Comunicação Social, serão algumas das personalidades que se encontram com a delegação timorense.

Previstos na agenda estão ainda visitas à Ministra das Finanças, Ministra do Ambiente, Habitação e Ordenamento do Território ao Presidente da Câmara Municipal da Praia, à Presidente da Comissão Nacional para os Direitos Humanos e Cidadania bem como ao Senhor Presidente da Associação Nacional dos Municípios de Cabo Verde.
          
Visitas aos Monumentos Históricos da Cidade Velha, com passagens pela Fortaleza, Pelourinho e Sé Catedral e uma deslocação á ilha de Santo Antão preenchem o programa.

ECONOMIA COLORIDA





Até recentemente, a ideia de “economia verde” era tida como um devaneio de ambientalistas, sem base teórica. Com o acirramento da crise ambiental, a “economia verde” ganhou legitimidade, apesar de ainda não ser analisada (desconsiderada) pelos economistas tradicionais porque, ao buscar alternativas sustentáveis para o processo produtivo, ela desrespeita os fundamentos da teoria atual. A utilização de preços diferentes do mercado de curto prazo e a restrição ao uso de certos recursos naturais ainda incomodam economistas. Mas a economia do século XXI não pode continuar amarrada, como a do século XX, à ideia de que a estrutura de preços momentâneos é capaz de orientar o futuro. Sabemos que as chamadas externalidades, os impactos externos à economia e ao imediato, precisam ser consideradas.

Keynes dizia que no longo prazo todos estaremos mortos, por isso, o futuro distante não importava. Mas no seu tempo o problema ambiental não existia e a economia não tinha poder de influir no longo prazo. Daqui para a frente, a sustentabilidade ambiental é condição necessária a ser considerada em qualquer economia sólida. A crise ecológica se acirrou de tal forma, e tão rapidamente, que a simples mudança nos preços, justificando a preferência por recursos renováveis, já não é suficiente para enfrentar os problemas adiante. Mesmo assim, antes de ser aceita, a economia verde já nasceu velha: porque não basta o equilíbrio ecológico.

A substituição de combustíveis fósseis por renováveis pode gerar um efeito bumerangue: o acomodamento diante da crise; e não basta a “economia verde” em cada carro, se no nível macro o número de carros cresce tanto que as florestas darão lugar a plantações de cana para alimentar toda a frota.

Também não basta a economia substituir o combustível fóssil por renovável se o perfil da demanda continuar voltado para a minoria de renda superior. A economia que dinamiza seu crescimento produzindo bens caros para a minoria, concentrando a renda, pode ser verde, mas não é a economia que o futuro precisa. Não vale a pena a “economia verde” salvar o planeta, se salvá-lo apenas para poucos. A economia do futuro precisa ser verde – no uso dos recursos naturais – e vermelha no destino de seus produtos. Precisamos de uma economia que atenda as necessidades sociais como, por exemplo, a erradicação da pobreza, a diminuição da desigualdade e a ampliação do emprego. Uma economia com valores éticos, capaz de entender que na educação e na saúde a desigualdade é imoral. Enfim, uma economia vermelha.

A economia precisa definir o conceito de riqueza. Uma “economia branca” voltada para ampliar o bem-estar e não para destruir. A produção de armas não deve ser considerada como resultado positivo da economia, embora seja importante para a defesa. O valor do PIB deve descontar a produção dos bens de destruição e serviços de segurança e também o tempo perdido pelas pessoas na ida e vinda diária de um lugar para o outro.

A economia também precisa ser amarela e manter como símbolo os produtos da ciência e da alta tecnologia. A competitividade pela redução de custos, em geral pelo desemprego, não pode ser indicador da economia do futuro. A competitividade deve estar na capacidade de invenção de novos produtos capazes de elevar o bem-estar das pessoas. Para isso ela deve ter por base os cérebros, não mais mãos e braços.

Finalmente, a economia tem que ser azul e considerar o bem-estar como mais importante do que a produção. A abolição do analfabetismo não pode ser medida apenas pelo aumento de renda do alfabetizado. O PIB baseado em automóveis que engarrafam o trânsito, mesmo com carros elétricos, ou que fluem graças a viadutos construídos em vez de escolas, hospitais e sistemas de água e esgoto, não pode ser considerado como indicador da economia do futuro. Mais importante é uma economia que libere tempo dos trabalhadores e aumente os bens públicos e aqueles imateriais da cultura. A “economia azul” deve buscar eliminar os entraves que dificultam a busca da felicidade. Pode inclusive optar por um decrescimento do PIB como forma de aumentar o bem-estar.

A “economia verde” começou a ser aceita, mas ela não representa a metáfora certa. Pelo menos cinco cores são necessárias para definir a economia do futuro: o verde da sustentabilidade ambiental; o vermelho da justiça social; o branco de uma economia produtiva para a paz; o amarelo da criação de bens de alta tecnologia; e o azul da economia comprometida mais com o bem-estar do que com a produção e a renda.

*Cristovam Buarque é professor da Universidade de Brasília e Senador pelo PDT/DF. Visite o blog de Cristovam: http://www.cristovam.org.br

Ler também:

Ouça na íntegra o programa Debates Culturais

O PESO DO VAZIO




MIA COUTO

As próprias letras das canções e os respectivos vídeo-clipes são um culto da ostentação oca e bacoca. Meninos de fatos italianos, cheios de penteados (a mostrar que lhes pesa mais o cabelo que a cabeça) e com dourados a pender dos dedos, dos dedos e do pescoço (a mostrar que precisam apenas de mostrar), meninos que cantam pouco e se repetem até à exaustão, fazem o culto deste vazio triste...

Durante anos, o sistema bancário esteve vendendo vazios. Durante esse tempo a arte esteve no empacotar esse vácuo. Esse cultivo da aparência em substituição da substância invadiu as nossas sociedades, no Norte e no Sul do planeta. Esse fascínio pelo brilho exterior estende-se a todos os domínios. Não interessa tanto quem sejas. Interessa o que vestes e como te vendes. Não interessa o que realmente sabes fazer. Interessa a arte de elaborar CVs, de acumular cursos e de te saberes colocar na montra. Não interessa o que pensas. Interessa como embrulhas o pensamento (ou a sua ausência) num bonito invólucro de palavras. Não interessa, no caso de seres governante, como governas e como produzes riqueza para a sociedade. Interessa a pompa e a circunstância. Em suma, o que pesa é o vazio.

Nas artes, o espectáculo tomou conta dessa generalizada ausência de conteúdo. Pouco importa a voz da cantora. Quem escuta a desafinação se ela rebola os quadris com sedução de gata? Quem disse que uma boa cantora tem que cantar? Numa nação em que pouco dinheiro pode salvar vidas, patrocínios chorudos foram aplicados em programas mediáticos de procura do rosto mais bonito, do corpo mais bonito.

As próprias letras das canções e os respectivos vídeo-clipes são um culto da ostentação oca e bacoca. Meninos de fatos italianos, cheios de penteados (a mostrar que lhes pesa mais o cabelo que a cabeça) e com dourados a pender dos dedos, dos dedos e do pescoço (a mostrar que precisam apenas de mostrar), meninos que cantam pouco e se repetem até à exaustão, fazem o culto deste vazio triste em que o que brilha é falso e o que é verdadeiro é mentira. Que valores se veiculam? O carro de luxo (dado pelo papá), a vida fútil, a riqueza fácil. Ai, pátria amada quanto te amam de verdade? Ai, África odiado quanto desse ódio te foi dedicado pelos próprios africanos? Quanto teremos que dar razão ao grande escritor Chinua Achebe quando disse, na carta que escreveu a Agostinho Neto: “O riso sinistro dos reis idiotas de África que, da varanda dos seus palácios de ouro, contemplam a chacina dos seus próprios povos?”

Essa substituição do conteúdo pobre pela forma e pelo aparato pobre faz parte da nossa cultura de empreendedores instantâneos. Há que criar uma empresa? O melhor é que ela não produza nada. Produzir é uma grande chatice, custa tempo e dá muito trabalho. O que está é o lobby, a compra e venda de influências, é ser empresário de sucesso sobretudo porque esse sucesso vem de ser filho de alguém. Para a empresa ser de “peso” há que se gastar tudo na fachada, no cartão de visita, na sala de recepção.

Toda esta longa introdução vem a propósito de um outro jogo de aparências. O acto de pensar foi dispensado pelo uso mecânico de uma linguagem de moda. Já falei de workshops como um espécie de idioma que preenche e legitima a proliferação de seminários, workshops e conferências que pululam de forma tão improdutiva pelo mundo inteiro. Existem termos de moda como “o desenvolvimento sustentável”. Um desses termos mágicos que dispensa qualquer tipo de raciocínio e que cauciona qualquer juízo moral ou proposta política é a expressão “comunidade local”.

Mas aqui surge uma outra operação: por artes inexplicáveis as chamadas “comunidades locais” são entendidas como agrupamentos puros, inocentes e portadores de valores sagrados. As comunidades rejeitam? Então, nada se faz. As comunidades queixam-se? É preciso compensá-las, de imediato, sem necessidade de produzir prova. As comunidades surgem como entidades fora deste mundo e olhadas como um bálsamo purificador por um certo paternalismo das chamadas potências desenvolvidas.

As comunidades estão acima de qualquer suspeita, são incorruptíveis e têm uma visão infalível sobre os destinos da humanidade. É assim que pensam uns tantos missionários dessa nova religião que se chama “desenvolvimento”. Uma tropa de associações cívicas, organizações não governamentais servem-se desse conceito santificado e santificante. Essa entidade pura não existe. Felizmente. O que há são entidades humanas, com os defeitos e as virtudes de todas as entidades compostas por pessoas reais.

O esforço de idealização promovido quer pelos profetas do desenvolvimento quer pelos defensores dos fracos não confere com a realidade que é mais complexa e mundana. O bom selvagem defendido por Rosseau nunca foi nem “bom”, nem “selvagem”. Foi simplesmente pessoa.

O PAÍS – 12.02.2011, extraído de Macua Blogs

Indonésia: CENTENAS DE PILOTOS DA GARUDA INICIARAM GREVE DE 24 HORAS




DESTAK – LUSA

Centenas de pilotos da Garuda, companhia aérea de bandeira da Indonésia, iniciaram hoje uma greve de 24 horas em protesto contra as diferenças salariais entre comandantes locais e estrangeiros.

A greve foi convocada depois de as negociações entre o sindicato de pilotos, com cerca de 600 membros, e a direção da companhia, terem falhado.

Os pilotos locais alegam auferir salários, em média, 30 por cento inferiores aos dos pilotos estrangeiros e querem que esta diferença seja eliminada.

A Garuda, que opera 395 voos diários para destinos incluindo a Europa e Médio Oriente, informou que alguns pilotos que têm atualmente responsabilidades administrativas na empresa foram hoje chamados para garantir que as operações aéreas não são afetadas.

No aeroporto de Jacarta não havia esta manhã sinais de passageiros afetados pela greve e eram visiveis aviões da Garuda a descolar.

O chefe de operações da Garuda, Ari Sapari, disse que, apesar de terem sido registados alguns atrasos, mais de 50 voos tinham partido normalmente.

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